04 - Desastre

Em plena segunda-feira e nós recebemos a linda notícia de quê o Orochimaru fraturou a perna ao ser atropelado por um carro, o que quer dizer que não teríamos mais prova dele. HÁ.HA.HA! Ô, me desculpe senhor.

A notícia se espalhou como foguete no corredor do colégio.

-Gente -Hinata entrou na sala falando em um tom elevado para que as atenções se voltassem para ela- Eu conversei com a diretora, e não vai ter prova

Ah sim... Obrigada senhor!

-Hoje! -ela deixou claro engrossando a voz- Porque o Orochimaru já conseguiu alguém pra substituir ele -a classe toda ficou revoltada, não era pra menos. Ou era?- Gente cala a boca! - gritou- Então nós não vamos ter prova hoje, mas essa semana ainda tem. A professora tá vindo aí pra gente sair mais cedo

Ah, eu fiquei revoltada!... Ele tinha era que ter fraturado a cabeça pra ver se esquecia dessa prova! Hinata finalizou e todos nos ficamos revoltados batendo com as mãos na mesa ao som de We Will Rock You do Queen. A professora -alias a única professora mulher que a minha classe tinha- adiantaria o tempo então não seria tão ruim assim. Mas que arde uma chama da revolta no meu coração, arde.

O inspetor apareceu na sala para cessar a bagunça e, todos nós nos quietamos... Por pouco tempo.

***estrela, estrela, estrela***

–Tomara que ele fique um bom tempo naquele hospital! - Reclamei fazendo bico

–Dúvido, é mais fácil ele vir dar aula de muleta - Neji disse, e eu não consegui não rir

Estávamos esperando o resto dos garotos e as garotas enquanto comíamos os nossos lanches no refeitório, já que eu Neji e Tenten terminamos a prova primeiro, e já corria o horário do intervalo, além de quê eu estava morta de fome.

–E o Darius? - Quis saber Neji. Ele mergulhava um pedaço de bolo de chocolate na boca. E discretamente repousava seu braço no ombro da namorada

–Disse que queria que eu fosse conhecer os pais dele, mas droga, um tô um pouco nervosa! Ainda não falei com os meus pais. Meu Deus eu nunca passei por isso! - Pus as mãos nos dois lados da cabeça, era tão perturbador saber que eu iria conhecer meus sogros. Eu tenho sogros, putz!

–Até aparecer alguém que tivesse coragem de pedir pra namorar você, muita coragem - Tenten cuspiu um pouco de leite da boca

Fiquei de boca aberta. Vaca! Joguei um pouco do meu Doritos nela que desviava facilmente achando graça daquilo. Só então eu me dei conta do que estava fazendo.

–A não me devolve esses Doritos, eles saíram muito caro!

Ela comeu todos que estavam na mesa e deu um sorriso de escárnio.

2X vaca! Tudo bem, dessa vez eu deixo passar.

Não tão longe senti algo brilhar diante dos meus olhos, alguma coisa na mão de Neji reluziu, e com o braço apoiado no ombro de Tenten eu não pude evitar não olhar o objeto de prata reluzente que envolvia seu dedão

–É hoje - Falei em um tom afirmativo já sabendo o que aquele objeto significava

De esguelha Tenten olhou para o braço comprido do namorado em busca de respostas.

–Meu Deus -disse pondo uma mão na boca e olhando pra mim- É hoje!

Neji se mexeu na cadeira desconfortavelmente desvencilhando o braço de seu ombro, sua expressão era meio enfurecida. Tenten por sua vez remexeu a mochila em busca do celular.

–O alarme não desparrou amor, mas eu marquei no calendário juro que marquei - Tentou se explicar não dando tanta importância a expressão rabugenta do namorado

–E você precisa de alarme pra lembrar do nosso aniversário de namoro? - Disse sério

–Bem feito se ferrou! - Brinquei rindo da bronca que ela recebeu

–Sua vaca como você pode lembrar e eu não... - Ela disse como se aquilo fosse uma pergunta retórica

–Porque eu ainda me lembro quando vocês deram um coice nas minhas costas, foi poucos meses depois do inicio das aulas. E meses depois vocês oficializaram, dias antes do meu aniversário. Eu me lembro até hoje -falei com uma expressão afetada- Eu ainda tenho a marca nas costas! - Ri, sabendo que aquilo era mentira

Ela riu pela narina como se fosse de algo que ela não gostaria de se lembrar. Neji deixou que sua expressão séria se derretesse sendo substituído por uma expressão indiferente, ele parecia calcular sobre as palavras que eu havia dito, uma por uma.

–Vocês querem discutir sobre isso? - Neji levantou as mãos para o céu em um sinal de arrego. Estava com uma expressão divertida no rosto

Graças a Deus o refeitório estava cheio, só que, ninguém ali dava devida atenção ao que era dito entre nós, o que era bom. Eu não queria que ninguém ali lembrasse disso além de nós. Coloquei o pé direito sobre a cadeira apoiando o braço e peguei o ultimo bolinho de chocolate do Neji.

–Não é tão sofisticado quanto os Caça Fantasmas, só que... Eu coloquei esse fantasma dentro de uma garrafa, ele não me perturba mais. Eu tenho total controle sobre ele - E realmente eu tinha

O olhar dele ficou pairando sobre a sua frente, sua face era de um tom indiferente, e ele parecia analisar tudo o que eu falava. Já Tenten preferia dar mais atenção ao que falávamos.

–Aquela época... Naquele tempo... -sua voz vacilava, entretanto para tentar encontrar as palavras ele passava a mão no cabelo- Aquilo tudo foi muito louco - Disse aliviado jogando o ar dos pulmões pela narina, como se ali houvesse um peso que ele tinha descarregado

–Muito louco - Afirmei sem preocupação

Eu sabia disso, ele sabia, nós sabíamos! Alias, todos sabiam! Só que o que não sabiam era da parte pobre da história, e eu era a parte podre da história. Disso não faziam tanta questão de lembrar.

Talvez você em algum momento tivesse se perguntado... Como uma garota comum como ela se tornou amiga de pessoas tão populares? Eis que eu te respondo.

Flash Back

Vamos voltar no tempo, especificamente nos primeiros meses em que eu entrei no Konoha High School.

Referente: Mês de março primeiro ano do ensino médio.

Eu sempre sentava lá atrás nas ultimas fileiras ao lado da janela para olhar a movimentação lá fora e sentir o vento batendo no meu rosto. Ao meu lado, a minha companheira de mesa era a Tenten, naquela época não nos falávamos ainda. Quando a aula terminava eu ia do colégio pra casa. E era assim todos os dias, de casa para o colégio e do colégio para casa. Eu não tinha muitas amizades, eu era um pouco fechada e tímida a única pessoa com quem eu gostava de conversar e tinha amizade era o Sasuke, mas aquilo foi o fundamental.

Pouco tempo depois Tenten acabou puxando assunto comigo, e assim foi... Ela era mais falante e extrovertida do que eu, ela conduzia sempre a conversa e tinha sempre mais assunto que eu. E assim eu acabei me abrindo com ela. E sem perceber uma já estava passando cola para a outra, pra ela eu era o exemplo de garota estudiosa e pra mim ela era a garota extrovertida e descontraída.

Ainda no final daquele mês nosso professor de biologia, Saito, adotou um novo método. Tínhamos aula de biologia com ele duas vezes na semana, sendo que dali em diante seria uma semana de aula normal e na outra semana em uma de suas aulas entraríamos em laboratório. O laboratório era simplesmente uma sala ampla de vídeo com cadeiras e bancadas para estudo e um projetor. Ele propôs que assistíssemos comentários, filmes, ou programas que voltasse para a área biológica dados por ele.

Saito fez questão de juntar duas turmas num mesmo lugar, a minha e a terceira turma do primeiro ano da qual ele também era encarregado de dar a aula de biologia. Já eu e Tenten sempre nos sentávamos juntas, pois era uma bagunça! No final do vídeo Saito nos sentava em grupo para fazermos trabalho em conjunto, algo relacionado ao vídeo.

Formamos um grupo misturado, eu Tenten e mais um pessoal da terceira turma do primeiro ano. Tenten pegou amizade com eles rápido! E isso foi tão sério que eles passaram a se sentar com a gente na hora do intervalo, a loira e dois garotos cabeludos.

E assim os dias foram se passando e eu sempre trombava com eles no corredor nos início da aula. Comecei a reparar no segundo garoto cabeludo, ele tinha os cabelos soltos até os ombros eu não sei por que, mas aquilo me atraía. Não trocávamos muitas palavras só quando eu estava na presença da Tenten ou quando estávamos em intervalo. Eu era um pouco medrosa sentia calafrios toda vez que ele estava por perto a ponto de Tenten achar que eu estava com anemia. Ele sempre procurava ficar por perto e sempre tentava puxar assunto comigo nos intervalos que era quando nos encontrávamos mais. Ele me encarava, sempre fazia isso, eu cheguei a me perguntar se ele já desconfiava.

***estrela, estrela, estrela***

–Sakura, para de ficar assim se você não chegar nele alguém vai chegar - Ela me disse na maior paz do mundo

Tenten já tinha percebido meu interesse pelo Neji, mas parecia que sofria mais que eu com o meu estado de ansiedade. Eu não conseguia, não conseguia falar com ele, eu tinha uma trava dentro de mim.

–Eu não consigo já te disse isso!

–Se você não falar eu vou falar! - Disse irritada

Abri a boca desesperada

–Eu espero que você não faça isso

De fato eu esperava, mas em que mundo o garoto do qual eu estou afim chegaria finalmente em mim? Ninguém tem bola de cristal para adivinhar!

Três dias depois daquele dia em uma terça-feira chuvosa o sinal do intervalo tocou, eu corri junto a Tenten para irmos juntas ao refeitório. Entrei na pequena fila para comprar fanta e um e uma porção de chickens de frango e ela me deu o dinheiro dela para comprar o dela até ir ao banheiro. Ao voltar para a mesa em que encontrava Ino e Sai encontrei a mochila dela coloquei o lanche dela perto da sua mochila, no entanto Ino e Sai faziam questão de me distrair conversando comigo, eles, eram os únicos com quem eu conseguia conversar normalmente além da Tenten. Mal percebemos quando o intervalo havia acabado e nem assim Tenten tinha voltado. Eu já estava discando o número do celular dela quando a via no corredor perto da porta da nossa sala de aula conversando com Neji. Ela mal me viu ali, estava de costas falando com ele que era um pouco mais alto que ela.

Ele apertou os lábios como se tivesse dizendo: foi mal, e ao mesmo tempo num um sinal de desculpas. Sua postura era normal, ele estava com os braços cruzados à frente do corpo e de repente passou a mão pelo cabelo jogando-o para trás. Ele sorria de vez em quando olhando diretamente nos olhos dela. Nenhum dos dois tinha de fato percebido que eu os observava ali, eu estava a uma distância segura deles, o que era bom. Aproveitei que o corredor ainda estava cheio e entrei na sala sem ser percebida. Pouco tempo depois ele passou na frente da minha sala provavelmente indo para a sala dele, no mesmo instante ela entrou e afundou o traseiro na cadeira ao meu lado.

–O que vocês estavam conversando? - Fui direta, sem rodeios

Ela não disse nada até o momento, abriu sua mochila tirando de lá o material e o lanche que eu tinha quadrado ali dentro.

–Sobre você Sakura - Ela falou indiferente olhando pra mim para ver a minha reação

Eu fiquei gelada então ela prossegui.

–Eu disse a ele o que você sentia - Ela engoliu a seco

–QUE?! -minha voz foi um pouco exaltada, mas não chamou muita atenção- Eu não tô acreditando Tenten!

Fiquei brava, só de pensar o que ela poderia ter dito a ele fez meu coração pular sobre o meu peito! Tentei ficar calma. E ajudou um pouco.

–Ele disse alguma coisa pelo menos? - Perguntei no meu tom mais desesperado apertando meu casaco

–Eu disse a ele que você tinha se interessado... Mas que era muito na sua, falei pra ele tentar pelo menos conversar com você vai que rolasse alguma coisa, só que ele disse que entendia pediu desculpas e achou melhor deixar como está. Ou seja, em outras palavras ele disse que não queria.

Tenten olhou para as mãos desolada, e eu fiquei pior ainda. Eu nunca dava sorte quando gostava de alguém. Era deprimente! Decepcionante.

Eu fiquei magoada, como ele poderia dizer não se ele sempre me lançava olhares? O que havia de errado com ele afinal? Comecei a xinga-lo mentalmente, aquilo me enfurecia! Eu fazia questão de ignora-lo no laboratório, no refeitório... Eu fazia uma força absurda para não fitar o seu rosto. Ino, Sai e Hinata me olhavam estranho toda vez que ele estava por perto, por quê eu parecia incomodada, batia o pé toda, suspirava, e isso de alguma forma acabou afetando eles. Só que eles eram os únicos que não sabiam de nada. Hinata a garota que tinha acabado ser transferida do turno da tarde menos ainda, ela ficou na minha classe, se juntou à nós nos trabalhos do laboratório e nos intervalos.

Estávamos no final de abril tudo estava como tinha que ser, eu ainda ignorava Neji, mesmo ainda gostando dele. Tenten estava a um passo de tirar sua carteira de habitação por isso passava os intervalos estudando no campo. Por causa disso eu acabei passando mais tempo com Ino e Hinata do que com ela.

Eu me lembro até hoje, mas é uma coisa que não me perturba mais. Estava chuvoso naquele dia, caia muita água lá fora, então o professor de educação física preferiu que fizéssemos aula no ginásio, que era fechado. Começamos um jogo de queimado e eu sempre saía porque eu sempre era acertada pela bola! Chegou a um ponto que o treinador preferiu que eu ficasse na arquibancada. Tenten tinha sumido eu imaginei que ela estivesse estudando... Hinata tinha saído também então aproveitamos para ir ao banheiro porque além de suada eu precisava muito fazer xixi. Depois de aliviadas, saímos do banheiro e fomos dar uma volta, Hinata andou em passos rápidos até o segundo portão principal do colégio e lá vimos Tenten com Neji sentada na ponta da escada onde não batia chuva. Enquanto ainda caminhamos ao seu encontro a vi se inclinar para trás para receber o beijo dele, ele pôs o braço em volta do corpo dela para trazê-la mais para perto, ela estava vestindo o casaco dele! Eu parei no batente do portão não acreditando, fiquei imóvel.

Hinata passou por mim e se agachou na frente dela pondo suas mãos pequenas em seus ombros, proferindo algumas palavras. Tenten se levantou primeiro, após, passou as mãos discretamente sobras as nádegas para limpar qualquer vestígio de poeira da calça de ginástica. Ela levantou Neji e o trouxe para si.

Mas ao virar e me ver ao pé da escada ela deu um passo para trás. Ela ficou espantada com a minha expressão fácil, era um misto de raiva e traição, eu queria quebrar ela ao meio! Tenten e Neji, como isso nunca passou mela minha cabeça?!

Eu não queria estar ao ponto de agredi-la eu não era disso, mas a minha raiva borbulhava como uma lava pronta pra espirar e destruir tudo pela frente! Tive vontade de chorar. Com lágrimas quase escapando dos meus olhos eu disse com o punho cerrado sobre a minha mão direita.

–VOCÊ... É UMA VACA FILHA DA PUTA!

Continua...

Tiam - Tá aí uma revelação bem assustadora!

Eu tô com o tempo muito corrido hoje, não deu pra postar o resto, mas amanhã trago a 2° parte, certo?