Lado A Lado - A História ao Contrário escrita por Filipa


Capítulo 8
"O Início da Derrocada"




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Laura acorda cedo. Apesar dos acontecimentos do dia anterior, seu apetite voraz a impede de continuar na cama. Cansada depois de mais uma noite sem dormir se levanta devagar e pega uma manga que, do cesto sobre a cómoda, a tenta. Enquanto saboreia a suculenta fruta, a jovem olha maliciosamente Edgar ainda adormecido. Ela o deseja. A raiva que ainda sente dele a atiça ainda mais. “Boba! Como posso querê-lo depois de tudo o que está acontecendo? Assim adormecido me lembra tanto o Edgar que eu amo. Não, não devo! Deve ser a gravidez que me deixa desse jeito.” Tentando conter esses pensamentos, Laura termina de comer a manga e se arruma. Despertado pela movimentação da esposa, o advogado se levanta. A conversa é de circunstância. Laura continua chateada e Edgar com medo de piorar ainda mais a situação. Receoso e já depois de estarem prontos, ele se aproxima de Laura e toca seu ventre esboçando um largo sorriso. Vendo que ela não o impede, Edgar arrisca e a envolve num abraço doce e apertado. Ao tentarem se soltar seus rostos se tocam e não resistem a trocar um beijo quente e carinhoso. Porém, Laura logo se solta e vai em direção à porta.

Laura: Escrevi uma carta para a Isabel. Vou descer e pedir para enviarem. Te espero lá em baixo para tomarmos o café da manhã.

Edgar: Tudo bem, eu não demoro.


A cidade está agitada. Uma amálgama de gente percorre a baixa da capital uns, calmamente analisando as vitrines de moda europeia outros, apressados para dar início aos afazeres do dia. No meio da multidão Laura e Edgar param em frente a um edifício neoclássico cuja fachada cravada de placas anuncia o que procuravam: “Dr. Afonso Marques – Médico”



Como ficara combinado, Catarina enviara nessa manhã um pequeno bilhete informando da consulta com o médico de Melissa. No 2º andar do prédio o jovem Dr. Marques aguardava com Catarina a chegada de Laura e Edgar. Apreensiva, a cantora chegara bem cedo. Estava tudo acertado. A troco de favores vários, Catarina convence o médico a forjar um diagnóstico mais grave do que era na realidade. Ouvem-se batidas na porta. O médico abre e Laura e Edgar entram.


Dr. Marques: Boa tarde senhor, senhora…

Laura e Edgar entram retribuindo o cumprimento do médico.

Catarina: Olá Edgar… Laura

Edgar: Olá Catarina. Como está a Melissa?

Catarina: Bem, dentro do possível. Ficou com a empregada. Ela adorou você, dormiu como uma anjinho  diz sorrindo cínica.

Edgar: Dr. Marques, preciso que nos explique qual a real situação de Melissa.

Dr. Marques: Claro, eu vou explicar. Melissa nasceu fraca dos pulmões, sofre de asma, do tipo mais grave. Isso requer cuidados especiais, o remédio ajuda mas, como médico, devo alertar que o clima português não favorece a saúde da menina.

Edgar: É tão grave assim? O que se pode fazer então Dr.?

Dr. Marques: Bom, eu aconselho o senhor a levar a menina ao Brasil. É pequena ainda, os ares de lá lhe fariam muito bem.

Laura fica em choque com as palavras do médico. Se a situação já não era boa, agora estava se tornando um pesadelo. Desesperada e já certa de que Edgar iria ouvir os conselhos do médico, Laura faz menção de se levantar mas sente uma tontura e quase desmaia.

Edgar: Laura? Laura fala comigo, o que houve? – questiona ansioso segurando-a nos braços.

Dr. Marques: Calma Sr. Vieira. Por favor, coloque a sua esposa na marquesa.

Edgar: Deve ser só um mal estar passageiro. Normal devido à gravidez.

Catarina fica atónita com a revelação. “Não!” – exclama sem se dar conta de que falara em voz alta.

Edgar: Não o quê Catarina?

Catarina: Não… não posso crer que já está tão tarde… eu preciso ir… a empregada tem hora p´ra sair. Amanhã nos falamos melhor. Estimo as melhoras de sua esposa e… parabéns.

Seus olhos fervem destilando um ódio de morte por Laura. “Que ódio, que ódio, que raiva dessa fidalga nojenta. Grávida de Edgar! Não acredito. Preciso dar um jeito nessa criança e nesse casamento. Ah Laura, minha cara… você vai provar a vingança de Catarina Ribeiro. Você vai arrepender-se de ter cruzado o meu caminho.”

Enquanto isso, Laura recupera lentamente as forças e implora para voltar ao hotel. Edgar assente e os dois deixam o consultório do médico. Horas depois estão já no quarto do hotel. Laura termina de fazer uma refeição ligeira sob o olhar controlador e meigo de Edgar.

Edgar: Estou de olho em você! Tem que comer tudo, viu dona Laura. Nosso filho precisa que você se alimente bem e eu preciso ver você sorrindo de novo p´ra mim.

Laura: Nós deveríamos estar comemorando essa gravidez mas, ao invés, estamos aqui nesse impasse…

Edgar: Meu amor não fique assim. Você não imagina como me dói te ver sofrendo desse jeito. Logo logo tudo isso será resolvido e nós poderemos retomar a nossa vida.

Laura: Engraçado! Você fala como se realmente isso fosse possível. Agora me responda com sinceridade Edgar. Você vai fazer o que o médico falou? Vai levar a menina para o Rio? E a mãe dela? O que pensa fazer com ela?

Edgar fica em silêncio.

Laura: Vamos, responda! O que vai fazer agora Edgar?


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