Lado A Lado - A História ao Contrário escrita por Filipa


Capítulo 7
"A Discussão"




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Após deixarem Catarina para trás, Laura e Edgar se dirigem ao quarto. Abalada ela retira seu braço do de Edgar e entra primeiro no aposento. Edgar a segue. Alheio ao sofrimento da esposa e ainda enfeitiçado pela presença de Melissa ele não se segura e comenta:

Edgar: Você viu como ela é linda? Minha filha… que doce de menina, tão encantadora e ela se parece muito com….

Laura: Isso… continua Edgar! Eu preciso mesmo ouvir isso depois do que acabo de presenciar. Eu mereço mesmo ficar ouvindo meu marido eufórico falando de uma criança que a ex amante diz ser dele.

Edgar: Laura, por favor. Porquê está reagindo assim? A menina não tem culpa de nada…

Laura: Claro que não tem. A menina é a única inocente nessa história toda. Mas você? Como você pôde Edgar? Que mulher é aquela? Como você conseguiu se envolver com uma mulher da estirpe dessa Catarina? – questiona sem disfarçar o asco que sente ao proferir o nome da cantora.

Edgar: Era… era outra época, eu era um estudante… A gente já conversou sobre isso Laura. A Melissa existe, não adianta ficar remoendo o passado.

Laura: Curioso! Você nem por um momento questionou a paternidade da Melissa. Você realmente acredita que é o pai dessa criança mas e se não for? Eu até entendo que hoje não era o momento mas a gente precisa saber Edgar. Você precisa perguntar…

Estupefacto Edgar olha Laura como se a ideia dela o ofendesse.

Edgar: Ahm? Você não está falando sério Laura. Que absurdo é esse agora? Não! Eu não vou questionar isso, seria uma falta de respeito para com a Catarina. Ela não mentiria p´ra mim sobre um assunto tão sério.

Laura: Meu Deus! – grita levantando as mãos – Como você é ingénuo Edgar. Eu é que não acredito no que estou ouvindo. Será que você não percebe que essa sua ingenuidade é, provavelmente, o que a levou a te procurar? – prossegue incrédula.

Edgar: ´Tá vendo? Por isso eu não queria que você viesse comigo. Você está deixando seus ciúmes interferirem no seu discernimento mas tudo bem você não deve ficar nervosa, afinal está gráv…

Laura: Chega! Para Edgar, para de falar. Eu não estou reconhecendo o meu marido nesse homem que está aqui na minha frente. Ciúmes… agora vai ser assim! Eu sou a ciumenta e essa mulher o anjo que te deu o filho que você tanto queria.

Edgar: Laura, você está misturando as coisas. Não é assim, eu te amo, vamos ter um filho…

Laura não permanece para ouvir o resto da conversa. Estarrecida se tranca no banheiro e perde o controle deixando seu corpo deslizar pela porta até ao chão. Toda a raiva, humilhação, nojo e medo que vinha sentido se revelam num doloroso choro. “Poderá ficar pior?” – questiona-se. Com algum esforço se levanta e coloca-se em frente ao espelho. Encarando seu rosto inchado e seus cabelos desgrenhados pela revolta, a jovem se perde por alguns segundos em imagens felizes dos momentos bons que vivera com Edgar. Com a mão no ventre e num discurso carregado de emoção, Laura fala pela primeira vez com seu bebê.

Laura: Oi. Eu não sei se você pode me ouvir… sou a sua mãe bebê… meu bebê. Apesar de você ainda ser muito pequenininho eu já te amo muito e, por você, eu vou fazer a coisa certa. Você vai me dar forças p´ra decidir o que é melhor p´ra todos nós. Não se preocupe, fique tranquilo meu amor. Tudo o que eu mais desejo agora é que você se desenvolva forte.

Do outro lado da porta, sentado no sofá, Edgar tenta se acalmar enquanto passa a mão pelos cabelos. Já sem paletó se levanta e para de frente para a porta do banheiro onde Laura continua trancada. Pensa em bater mas não sabe o que dizer. Por fim se decide mas quando se prepara para bater Laura roda o punho e abre a porta. Ambos se entreolham por um breve momento. Edgar se prepara para falar mas é interrompido pela esposa.

Laura: Não perca seu tempo com explicações desnecessárias. Amanhã teremos um dia cheio. Vou dormir. Boa noite. – afirma encaminhando-se para a cama.

Edgar: Você precisa se alimentar. Vou pedir alguma coisa p´ra nós.

Um silêncio arrepiante se instala no quarto.

Edgar: Laura? Por favor! Vamos passar mais uma noite brigados? Eu não aguento ver você assim meu amor. Eu sei que devia ter pensado melhor minhas palavras…

Laura: Não peça desculpa por algo que você não sente de fato Edgar. Você foi bem claro em suas palavras. Entendi bem seu recado. Realmente eu fui ingénua também… quando acreditei que o meu marido era diferente dos outros homens. Não, você é como eles, o ranço machista também corre em suas veias. Perdi a fome, vou dormir.

Seus corpos estão lado a lado naquela cama estranha mas suas almas mais afastadas do que nunca. Edgar admira a esposa que se colocara de costas p´ra ele. Quer abraçá-la, protegê-la de tudo aquilo, pedir desculpas mas não sabe como. Seu pensamento está com a menina que carregou nos braços naquela tarde que agora lhe parecia tão longínqua. Apesar de exausto, não consegue afastar o turbilhão de pensamentos que o invadem e teima a adormecer. Suavemente se inclina sobre Laura e lhe beija carinhosamente o ombro nu. Fingindo dormir ela cerra firmemente os olhos deixando cair a última lágrima do dia. Apartados na cama os dois finalmente adormecem.


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