Lado A Lado - A História ao Contrário escrita por Filipa


Capítulo 44
"Um Resto de Tudo"




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Nessa noite choveu muito, uma chuva intensa e carregada que orvalhou nos vidros das janelas como gotas de abundantes lágrimas que enfeitam os olhos humanos. Porém, quando o grande sol subiu no horizonte e rompeu o negrume da noite, a chuva cessou e no seu lugar ergueu-se, empurrada pela brisa do Inverno, a cândida luz de um amanhecer ensolarado.

Envolvidos pelo enquadramento bucólico das cortinas inertes que à janela não se deixam perturbar pelo fino sopro de ar que invade gentilmente o cómodo através das frestas, o casal desperta do sono revigorante emoldurados na cama tão próximos um do outro que podem sentir o respirar alheio. Ao esboçar dos primeiros sorrisos e mimos matinais com que se cortejam ali mesmo sem pudores por alguns momentos, Laura toma a dianteira e desocupa a cama cálida rumo ao quarto de banho. Edgar permanece um pouco mais, deleitado nos aromas de sua esposa que se repercutem pelo leito, até que o regresso dela o retira daquele estado dormente. Algo no semblante de Laura capta a atenção do advogado que, julgando-a um tanto diferente de quando saíra, a envolve pela cintura e a questiona por entre singelos beijos no rosto.

Edgar: Hum… tem alguma coisa te preocupando.

Laura: Porquê diz isso meu amor? Está tudo bem, apenas preciso que me auxilie com os botões da blusa – diz forçando um sorriso e oferecendo-lhe as costas seminuas.

Edgar: Tem certeza? Você acordou tão bem mas quando voltou do quarto de banho trazia um olhar disperso, me pareceu até triste – dispara inquisidor à medida que lhe aperta a teimosa fila de botões que decoram a blusa de renda vermelha.

Laura: Impressão sua ou, talvez esteja dizendo isso porque o senhor preferia continuar na nossa cama… – devolve tentando mudar o rumo da prosa.

Edgar: Ah mas eu assumo, queria mesmo. Não fosse pelos muitos compromissos que me esperam hoje, a senhora seria condenada a passar o dia comigo aqui… na nossa cama – diz manhoso junto à orelha dela, mordiscando-a suavemente terminado que estava o discurso.

Acometida por uma estranha melancolia interior, Laura espera o último botão tomar seu lugar na casinha rendada e vira-se para Edgar, abraçando-o tão decidida que parece querer esconder-se nele. O gesto da esposa não lhe causa admiração, já que se abraçam com frequência, mas Edgar não evita a apreensão ao reparar novamente na alteração mal disfarçada na face da jovem. Protegendo-a instintivamente entre seus braços, apertada que a sentia contra o peito, o advogado mata-lhe a vontade em silêncio e embala-a assim por breves instantes. Reconfortada naquele corpo que ela tem certamente como seu, Laura cerra os olhos e a mente tentando guerrear contra a súbita vontade de chorar que lhe invade os olhos como os pingos de chuva que ainda secam nos vidros da janela. Após uns quantos suspiros e gemidos abafados, a jovem recompõe-se e solta-se do ninho que Edgar lhe oferecera em si.

Edgar: Laura! O que há meu amor? Sabes que não gosto de te ver assim, mais ainda quando desconheço a razão do porquê. Foi alguma coisa que eu fiz ou disse? – inquere aflito afagando-lhe o rosto com ambas as mãos.

Laura: Não, pelo contrário, você é meu alento. Creio que acordei nostálgica hoje, nada de preocupante senhor advogado. Termine de se arrumar, vou espreitar as crianças e te espero lá em baixo para fazermos o dejejum – solta mais calma pondo cobro à situação inquiridora.

Edgar: Laura – chama ao vê-la encaminhar-se para a porta, – o que quer que seja que te aflige meu amor, saiba que estou aqui para te resguardar de todos os males – dispara lançando-lhe um olhar meigo e enamorado a par de um encantado sorriso que ela tempera com um beijo, significado de sua resposta e agradecimento.

O dejejum decorreu ligeiro, sem grandes demoras e sobressaltado somente pelo arroubo da entrega da matéria de António Ferreira a Carlos Guerra que, ao final do dia, a teria em mãos, pronta a ser tornada pública na primeira página do “Correio da Republica” do dia seguinte. A caminho do colégio, a bordo do automóvel, a conversa ganha contornos mais animados quando a jovem se mostra novamente orgulhosa de seu marido multifacetado e os dois partilham os planos para o dia que começa.

Edgar: Vou fazer por não me demorar no jornal, vejo que minha esposa está hoje bastante necessitada de todos os carinhos e atenção que lhe possa dedicar.

Laura: Você sabe que nunca me canso da atenção e dos carinhos que me dispensa, eles nunca são demais – responde sugestiva olhando-o sedutora. – Meu pai ficou de me visitar esta tarde, só espero que minha mãe tenha algum compromisso e me poupe de sua presença. Hoje em particular não estou com disposição para ouvir desaforos – acrescenta num tom mais grave, avistando pela janela o alto portão da instituição.

Edgar: Fico mais tranquilo sabendo que não passarás a tarde entregue à solidão dos pensamentos muito pouco abonatórios que te rondam – replica parando a marcha do automóvel.

Laura: Não quero que passe o dia preocupado comigo, eu estou bem meu amor. Logo mais nos vemos – despede-se aprofundando o beijo que ele inicia antes de abandonar o automóvel rumo a mais uma manhã de aulas.

Enquanto Edgar segue para as pontuais visitas previamente agendadas a alguns clientes e Laura dá início à primeira aula, na residência dos antigos barões da Boavista, D. Constância orienta Luzia no preparo para o almoço quando outra criada, mais acomodada às lides da cozinha, entra na sala com um pequeno bilhete em mãos, apoiado na habitual bandeja da correspondência. Embora aborrecida com o que considera atrevimento da moça, a baronesa apanha o bilhete da bandeja e ordena às duas que saiam ao que prontamente ambas obedecem. O bilhete, não aparenta à primeira vista qualquer laivo de formalidade pelo que, após deter-se na falta de remetente por estratégicos segundos, D. Constância abre o rude papel amarelado do envelope e retira dele a curta mensagem:

“Minha cara, espero por sua adorável presença no local e hora de sempre. Marquei nossa confissão para a tarde de amanhã dado que o padre não poderá atender-nos noutra hora. Refleti bastante acerca da nossa última conversa e, adianto-lhe para descargo de minha consciência, que estou de acordo com o sugerido. Atentamente, Leopoldina Mendonça”

A destreza e o requinte de Bonifácio em enviar-lhe um recado deveras encoberto deste modo e assinado com um nome que bem poderia remeter a uma qualquer senhora sua amiga social, provoca em Constância um pavoroso desejo de rir. No entanto, as palavras camufladas do industrial depressa lhe enleiam a mente quando o entendimento da metáfora lhe ataca a razão e a baronesa se apercebe que o seu plano para por termo à vida de Catarina está prestes a começar. Ainda entregue ao desassossego da causa mas firme na sua decisão, D. Constância destrói em incontáveis retalhos o bilhete e o envelope e brada por Luzia a quem encarrega de queimar as sobras na sua frente para em seguida retomarem as orientações que haviam sido interrompidas.

Nada mais digno de apontamento sucede no dia da excelentíssima senhora que, pouco depois do meio dia, recebe efusivamente o marido para o almoço durante o qual lhe faz companhia, regada por uma enfadonha conversa de circunstância e a recusa em acompanhá-lo à casa da filha sob o pretexto de se sentir profundamente cansada e sem forças para debater uma vez mais com a jovem. Afinal, raros eram infelizmente os momentos em que as duas se permitiam a uma prosa sem acusações e cobranças, mais pela parte da sempre insatisfeita baronesa do que pela de Laura para quem era suficiente um pouco de privacidade e compreensão. O senador até estranha a atitude de sua temperamental esposa mas sem insistências desmesuradas acaba por deixá-la entregue à placidez das armações que a ocupam e parte em direção às saudades que sente de Laura.

À hora combinada, pouco antes das três e meia da tarde, Dr. Assunção sobe a escadaria de pedra na frente da residência de sua filha e leva os nós da mão direita à madeira da porta, batendo leve mas notoriamente fazendo-se sentir presente. De prontidão no aguardo de tão esperada visita, Laura apressa-se para a entrada seguida de perto por Francisco e Melissa a quem o avô nunca negava infindáveis mimos e sincero afeto. Com um sorriso no rosto mais largo do que os dias passados desde a última vez que se viram, a moça recebe-o de braços abertos e entrega-se sem delongas ao abraço que o pai lhe dá.

Dr. Assunção: Laura minha filha, que saudades querida – fala dando-lhe um beijo na fronte.

Laura: Também estava morrendo de saudades do senhor, não imagina a falta que me faz – retruca afastando-se um pouco para olhá-lo feliz.

Dr. Assunção: Você me parece abatida filha, aconteceu alguma coisa? Sente-se bem? – pergunta insistente fitando-a inquieto.

Laura: Sim, nada de mais mas entre, e cumprimente seus netos antes que eles arranquem a barra da minha saia de tanto clamar pela sua atenção – acrescenta descontraída acalentando as crianças que pulam impacientes ao seu lado esperando o colo do bondoso senhor.

Dr. Assunção: Ah mas que falta a minha. Entrei de rompante e nem me ative um minuto para dar as boas tardes ao pequeno cavalheiro e à pequena dama que tão cordialmente me vieram receber – dispara em meio de uma gargalhada aninhando-se à medida dos pequenos, de forma a cobrar o abraço coletivo e dividir entre os dois algumas cócegas.

Francisco: Vôvô vem brincar comigo e com a Mel – pede entusiasmado enlaçando o pescoço do senador em seus braços.

Dr. Assunção: Eu vou meu anjo, eu vou mas mais daqui a pouco, pode ser? Antes preciso conversar com a vossa mãe.

Laura: Melissa, Francisco que tal irem brincar um pouquinho com o bilboquê? Daqui a nada eu e o vôvô brincamos também.

Estimulados pela garantia dos adultos, Francisco e Melissa correm para o escritório onde habita em constante frenesim a caixa dos brinquedos mais utilizados por ambos. Bem no topo, aconchegados por uma boneca de porcelana, descansam dois bilboquês que depressa vêem a calma desfeita ao sentiram as mãos das crianças. Um pouco mais adiante, na sala de estar, Laura e Assunção acomodam-se no sofá aguardando Matilde terminar de servir o chá. A retirada da empregada serve de mote para o início do diálogo.

Dr. Assunção: Não quer me contar o que se passa?

Laura: Ah pai, melhor falarmos do senhor, me conte do seu trabalho, como tem andado – desvia fingindo um sorriso.

Dr. Assunção: Laura, eu sou seu pai e não vou sair daqui até você me dizer a razão do porquê de estar tão entristecida – persiste terno pegando-lhe na mão.

Laura: É algo íntimo, que vou-lhe contar porque é meu pai e médico e também porque me sinto tão sufocada que se não partilhar meus medos com alguém temo que posso explodir – solta enfim com a voz embargada. – O senhor sabe que depois do Francisco eu não voltei a engravidar. Durante estes anos fui-me convencendo que não há nada de anormal nisso, que eu e Edgar somos jovens e temos tempo de ter outros filhos mas, há algum tempo atrás minha mãe me chamou a atenção para isso e desde então eu não paro de pensar que talvez não possa mais gerar um filho.

Dr. Assunção: Oh minha filha, porquê não me disse isso antes? Laura, não fique assim querida, nem todas as mulheres tem a mesma propensão a engravidar facilmente, algumas demoram mais tempo mas isso não significa que são inférteis. Até porque você já tem um filho – responde tentando tranquilizá-la.

Laura: Eu sei mas ultimamente não consigo parar de pensar nisso, não sei se por medo de que não aconteça ou por me sentir atormentada com as palavras de D. Constância. Pai, eu quero tanto ser mãe novamente, dar outro filho ao Edgar que estes dias me enchi de esperanças quando me dei conta que minhas regras estavam atrasadas há mais de um par de semanas.

Dr. Assunção: Mas isso é ótimo, você sabe que é um sinal, quem sabe dessa…

Laura: Era, era um sinal, não é mais – interrompe. – Esta manhã, enquanto fazia a toilette, minhas regras desceram e por isso estou tão desolada – conta já sem conter as lágrimas. – Logo hoje que eu pensava em partilhar minha suspeita com o Edgar isto acontece – conclui num soluço dolorido.

Dr. Assunção: Filha, filha, meu amor, como me dói ver-te assim e não poder fazer nada – diz emocionado puxando-a contra o peito num abraço mais apertado como se nele tentasse conter toda a dor e o desespero da jovem. – Chore Laura, chore que te faz bem por toda essa mágoa p´ra fora.

Mudos pelos sons da comoção expressa em ambos os semblantes, absortos pela necessidade efetiva da jovem em revelar o motivo de tamanha angústia e no despejar do medo pelo choro quase copioso que se apodera dela, assim Assunção e Laura passam mais de quinze minutos. O pai esforça-se por consolar a filha e a jovem desiste de lutar contra os sentimentos buliçosos que a assolam, pondo termo às lágrimas apenas quando a presença enternecida dos pequenos exige a sua atenção. Tendo ouvido o soluçar desordenado vindo da sala, Francisco e Melissa lançaram-se no encalço do mesmo e não tardam a notar a fonte que brota dos olhos da mãe, ainda que esta se encontre enterrada no peito do avô.

Melissa: Mamãe não chore – suplica levando a mão ao rosto da professora que ao senti-los recobra a posição inicial.

Francisco: Mamãe ´tá dói-dói? – questiona manso espreitando-a do alto da sua estatura pequena.

Laura: Desculpem meus amores, a mamãe não está dói-dói nem vai mais chorar, prometo – diz imprimindo na voz uma calma que não encontra e enxugando a face húmida com as mãos. – Venham, sentem-se aqui do meu lado e dêem-se um beijo que logo toda esta tristeza vai embora – sugere tomando-os um a um nos braços e dando-lhes assento em seu colo.

Dr. Assunção: Até porque chegou a hora de irmos brincar um pouquinho com vocês. Já pensaram na brincadeira que querem fazer? Só não vale correr que eu não tenho mais idade para isso – adverte sorridente numa tentativa de desanuviar o ambiente.

Francisco: Conta uma história vôvô, por favor.

Dr. Assunção: E porque não? Acho uma ótima ideia Francisco. Se Melissa estiver de acordo já sei até que história vou contar…

Melissa: Sim, eu também quero ouvir – concorda animada.

Dr. Assunção: Pois muito bem, estão a postos? Era uma vez…

A história é uma dessas que os adultos inventam por vezes, baseados em si mesmos, para aplacar as necessidades fantasiosas das crianças que tanto vibram ao escutá-las. A narração prolongou-se pelo tempo indispensável ao entretenimento dos pequenos e ao ponto em que as cores voltaram a ornamentar o rosto de Laura. A visita de Assunção dura quase toda a tarde mas não mais tocam no assunto inicial. Antes, o senador relata à moça seus intentos em aproveitar o seu cargo político para implementar medidas sanitárias e que zelem pela saúde da população, nomeadamente em locais ermos da cidade onde praticamente nunca chegam os demais bens ao serviço da comunidade.

No fim da tarde, como planeado, Edgar encontra Guerra no seu reduzido escritório na redação do jornal tendo em mãos a secreta pasta onde guarda a tão esperada e delicada matéria sobre a corrupção no judiciário. Num momento de descontração como habitualmente são quase todos em que se encontram, o jornalista dá-lhe as boas vindas informais e recebe-o com um meio abraço.

Guerra: Pensei que teria que dar entrada num requerimento para ter o prazer de uma visita sua.

Edgar: Que é isso Guerra? Tem acontecido tanta coisa, umas atropelando as outras que nem tenho tido tempo p´ra respirar.

Guerra: Entendo, trouxe a matéria?

Edgar: Claro, prometido é devido. Aqui está – indica estendendo a pasta ao amigo. – Leia e veja se está do teu agrado. Deu trabalho p´ra confirmar todas as suspeitas mas no fim rendeu um bom texto, consistente e sem falhas, creio – adianta ainda em pé, mal controlando a ansiedade, seguindo com os olhos o jornalista que lê sentado à secretária.

Guerra: Edgar! – exclama boquiaberto ainda preso ao papel diante de si. – Eu sabia, eu sabia que não haveria um jornalista melhor do que o António Ferreira p´ra fazer esta denúncia. Amanhã o Rio de Janeiro vai acordar em chamas com a manchete do “Diário da Republica”.

Edgar: E vociferando impropérios a respeito do António Ferreira.

Guerra: Que ninguém sabe que é você. Sente-se um pouco, vamos conversar. Como vai a Laura? – pergunta convidando-o para a cadeira à sua frente.

Edgar: Bem, apesar das circunstâncias. Hoje amanheceu um tanto tristonha mas garantiu-me que não era nada. Vou parar na banca p´ra comprar um ramo de alecrim antes de voltar p´ra casa – conta sorrindo com o prelúdio da felicidade da esposa ao receber a oferta.

Guerra: É, eu é que me meti numa enrascada esses dias… e uma daquelas que tem nome e sobrenome – inicia transparecendo um semblante sisudo.

Edgar: Pela sua cara eu acho que até adivinho o nome dessa enrascada…

Guerra: A Célia anda impaciente para casar – continua preocupado.

Edgar: Quem diria, Celinha fisgando o maior solteirão da capital – ri debochado do ar grave do amigo. – Ah, não faça essa cara Guerra, falo por experiência própria, casar com a Laura foi a melhor coisa que me aconteceu – confessa enamorado.

Guerra: Preciso pensar, não me sinto preparado para dar um passo como esse.

Edgar: Então enquanto você afoga as mágoas e o raciocínio nos papéis, eu vou p´ra casa, ver minha amada família – afirma levantando-se.

Guerra: Vai lá, eu vou entregar a matéria e mandar ordenar os tipos. Não quero atrasos na tiragem de amanhã – conclui batendo a porta do gabinete atrás do advogado.

As despedidas fazem-se como à chegada, sem maiores formalidades e demoras. Na rua, antes de alcançar o automóvel estacionado um pouco mais adiante, Edgar cumpre as próprias pretensões e para um momento na banca de flores ao lado do jornal para adquirir um belo e cheio ramo de alecrim. Com as flores transpirando suavidade no banco vazio ao seu lado, Edgar conduz avidamente até casa onde entra notoriamente feliz, desejoso por beijar uma vez mais os doces lábios de Laura e abraçar os filhos. 


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