POV – GINA

Uma semana desde a ida do Harry para a Itália.

Uma semana, capeta.

Eu estava deitada no sofá do apartamento, à cabeça em cima de duas almofadas e meus pés na outra, com um cobertor em meu corpo. Virada para a televisão, os olhos cansados, ombros doendo, e bocejando uma vez ou outra ao assistir a um comercial sobre um aparelho trouxa. Acho que anunciando uma nova marca de microondas. Isso me deixava 10x mais entediada do que eu deveria estar por assistir a programação das duas da manhã de um domingo de Dezembro.

Deixei a cabeça afundar na almofada, bufando de tédio e sem conseguir pregar os olhos. Admito que parte disso seja culpa da TPM, que também fez que eu devorasse de uma só vez, uma maldita vasilha de sorvete de morango com flocos que eu peguei para saciar a minha vontade de comer doce. Eu devia ser uma doida... 10° lá fora e eu comendo uma delícia gelada... Que diabo seria o meu problema?

O comercial acabou, e então um filme estava anunciando na televisão. Um dia (sei que “Um dia” é mais atual, eu o vi esses dias em uma madrugada em que eu não estava conseguindo dormir, mas eu o achei simplesmente foférrimo e estou doida atrás do livro, mas falta-me grana hehehehehehehe, por isso mesmo, resolvi adianta-lo alguns anos).

Era romântico. Fofo, na dose certa de açúcar. Acho que Hermione já me recomendara o livro que ele foi baseado, mas não me lembrava ao certo. E não fazia ideia se ela me falara do filme.

Uma vez, quatro dias após Harry e Rony partirem para a Itália, eu estava reclamando de enjôos e dor de cabeça. Minha amiga interpretou como gravidez e me encheu de testes. Quando me entregou tudo o que tinha preparado, a olhei nada satisfeita e um pouco confusa. Ela realmente achava que eu estava grávida? Ok existia 1% de chances, caso a camisinha tivesse estourado, ou se em alguma vez, eu e o moreno dos olhos claros esquecemos de usá-la, mas eu me lembrava de tudo, e tinha certeza que seria realmente difícil isso acontecer. Eu até andava tomando alguns remédios, mas tive que parar, a pedido da ginecologista.

Para a minha felicidade, e surpresa da morena, todos deram negativo. Sorri vitoriosa nessa hora, provando que a minha intuição estava certíssima.

Realmente uma viagem por parte da minha cunhada. Mas eu não poderia culpá-la por pensar algo assim.

Voltei minha concentração para o filme. Eu estava começando a sentir a magia de Morfeu pesar sobre meus olhos. Mexi os pés e soltei mais um bocejo, levantando os braços e colocando a minha franja atrás da orelha. Não estava entediada, eu gostei daquele passatempo, mas estar deitada em um sofá as duas e quarenta e cinco da manhã, matava qualquer um.

Dei uma olhava para o pote de sorvete, nada restava ali dentro, só uma colherzinha e a tampa. Não acreditei que devorei 10 litros daquela perdição gélida sozinha. Apostava que eu tinha engordado pelo menos três quilos naquela noite. E isso só era bom porque aumentava os seios e a bunda, tirando isso...

Quando finalmente aquela mini-diversão da TV acabou, senti como se o que eu não tivesse para fazer fosse elevado ao dobro. Eu tentava fechar os olhos, mas não conseguia isso, o que me fazia bufar, e virar naquele lugar.

Levantei-me, levando o cobertor e indo para o quarto, andando rapidamente. Girei a maçaneta e encontrei a cama vazia, com o meu travesseiro nela, com a fronha amarrotada e a parte de Harry intacta. Suspirei e dei um sorriso curto ao subir em cima da cama e pegar o travesseiro, o cheirei, lembrando do perfume que Harry usava misturado com aquele típico cheiro masculino.

Deitei-me, sentindo o sono chegar aos porcos e me invadir por completo.

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- Ok, querida, agora dê uma voltinha e mande um beijo! – o estilista Becky pediu, sim ele era um homem. Fiz o que pediu, arrancando um sorriso dele e do cameraman. – Ah, mas que perfeição!

Eu estava no meio do ensaio fotográfico para o mais novo lançamento de calças jeans de uma famosa loja. Admiti que aquilo estivesse sendo curioso e interessante, nunca tantas atenções foram voltadas para mim, e muitos menos arrumaram meu cabelo de tal forma, ou passaram maquiagem a ponto de ficar tão bela e esquecer quem era Ginvera Weasley.

- Ótimo, agora eu quero que você abra um sorriso bem grande e caminhe um metro. – ele pediu, fiz o que ele disse, sentindo meus cabelos balançarem por causa do ventilador que tinha no local. Coloquei uma mão na cintura, parando com o meu peso apoiado em uma das pernas, sorrindo abertamente com o batom vermelho que deixava meus lábios bem vivos.

- Linda, sensual, perfeita! – ele dizia, sorrindo para o fotógrafo. Eu jurava que aqueles dois tinham um caso pelos olhares que trocavam a todo o tempo e os risinhos fofos – Espero que o namorado não se incomode dessas lindas fotos pararem em comercial!

- É noivo. – eu sorri.

- Noivo? É isso aí, querida! Tem que sair pegando os bofes mesmo!– exclamou – Mas ele é muito sortudo mesmo! Imagine se eu fosse hetero com um pitéu desses! – ele sorriu. O fotógrafo levantou uma de suas sobrancelhas. Era incrível como o estilista se admitia dessa forma.

Tudo o que eu pude fazer foi rir. Ele me dava toques e parava uma vez ou outra para ajeitar meu cabelo e maquiagem. Levou umas três horas até que eles tivessem todas as fotos com todas as roupas para o comercial.

Quando eu saí dali, recebi uma sacola com várias roupas da marca para qual eu tinha feito o ensaio. Sorri gentilmente para Becky e Simon, como o fotógrafo se chamava, quando eu saí, me despedido deles com um aceno com a mão direita.

Eu caminhava pela calçada do Beco Diagonal, olhando para baixo, respirando normalmente e sentindo meu coração palpitar mais lentamente do que o habitual. Eu estava tranquila, até demais. Tudo estava ocorrendo bem e não dei algum motivo de preocupação para ninguém naquele tempo que Harry ficou fora. Era incrível como minha família, e até mesmo Harry e Mione, acharam que eu iria me perder, esquecer tudo, não comeria direito e viveria dormindo. Eles achavam que eu tinha 10 anos e não sabia fazer nada? Qual era o santo problema deles?

Várias pessoas andavam de um canto para o outro, apressadas como nunca. Acho que todos saíam dos respectivos trabalhos àquela hora. Eu não entedia porque tantos trabalhavam no Domingo. Provavelmente hora extra ou ordens dos chefes... Talvez eles fossem até mesmo empresários.

Olhava distraída para os cantos, presa em meus próprios pensamentos, sem me importar em quem estava andando à minha frente, apenas sorrindo para mim mesma, algumas vezes, como se eu fosse uma grande idiota. Imaginava o que Harry deveria estar fazendo. Será que pensava em mim? Sentia tantas saudades quanto eu? Mal esperava para vê-lo dentro de três semanas.

Senti meu corpo chocar com de uma pessoa à minha frente. Minha testa bateu no peito do rapaz, que deve que encarar a pancada da minha cabeça em seus ossos. Soltei um gemido de dor ao colocar à minha mão na parte dolorida, quando levantei os olhos e vi em que esbarrei.

- Douglas! Tudo bom?

- Não muito, acabei de levar uma testada no peito. – riu.

- Oh, meu Merlin. Desculpe-me. Eu estava distraída demais, sabe? Pensando em...

- Harry. – completou, baixando seu olhar.

- É sim. – balancei os pés – Você deve me achar uma retardada por pensar nele o tempo inteiro desde que ele foi pra Itália...

- Não te acho retardada. Você é normal com isso. Eu queria ter uma pessoa que se importasse comigo a esse tanto. – sorriu.

- Mas você sabe que uma acabará aparecendo, e ela será linda e te fará o cara mais feliz do mundo inteiro.

- Isso se ela fizesse ideia de que eu existo. Mas acho que ela nem se importa, afinal, que tipo de mulher ligaria? Tendo uma celebridade ao seu lado, que todos paparicam mesmo que tudo tenha acabado... – a voz dele soou mais fraca. Senti meu coração bater mais rápido, não de ansiedade, mas de raiva. Aquele maldito era afim de mim sim, como Camilla e Harry haviam dito, mas ele estava atacando ao meu homem – E além de o mais, creio eu que ele se importa mais consigo mesmo do que com uma menina qualquer por aí. Milhares vivem aos pés dele.

- O que está insinuando? – meu tom de voz pesou.

- Eu não insinuei nada. – levantou as mãos.

- Insinuou sim. Disse que o meu relacionamento com Harry é uma merda, e que eu possivelmente sou chifrada e que não tenho toda a atenção que ele poderia me dar, e que só um cara que “enxerga tudo de fora” conseguiria fazer isso. – cruzei os braços.

- Existem mil e uma mulheres que...

- Mas estamos falando de mim. De nós dois.

- Nós dois? Quer dizer que temos uma chance? – suspirou – Admito Gina, que você foi meio lenta em perceber tão tarde... Geralmente, as outras sempre acabam caindo aos meus encantos bem mais cedo...

- Sua intenção foi sempre essa? Você gosta de mim?

- Você acreditou mesmo que eu fosse dar uma de melhor amigo gay? (N/Ju: Para que não sabe, melhor amigo gay é aquele que tem amizade com uma menina, e que nunca ficou com ela, etc.) – levantou uma das sobrancelhas, sorrindo – Todos nós sabemos onde isso para. Na cama, sempre. E gostar de você? Bem... Admito que você me impressione como jamais ninguém nunca fez, mas não sei dizer se o que eu sinto corresponde ao gostar, ou ao apaixonar. Mas tenho a plena certeza que eu te faria bem mais feliz do que Potter jamais fará.

- E como pode se garantir tanto disso? – dei alguns passos para trás.

- Ele está na Itália e eu estou aqui.

- Mas eu nunca que me deixaria, ao menos, gostar de você, seu inútil. Você é ridículo. Porque não procura uma outra mulher? Solteira, por exemplo. Têm várias por toda a Londres.

- Simplesmente porque não me interesso nelas? - foi irônico.

- O que eu tenho que...

- Você foi uma das primeiras pessoas a aceitar minha amizade. – foi sincero.

- Uma amizade cheia de segundas intenções?

- Segundas, terceiras, quartas, todas as possíveis. Qual é, Gina? Admitamos que você seja bem mais sensual do que a maioria das outras da sua idade.

- Mesmo se eu fosse isso não é da sua conta. E quer saber mais? Eu nunca ficaria com você por que além de prepotente, não saberia nunca deixar uma mulher feliz. – dei as costas, caminhando pesadamente para outro lado para que eu pudesse apartar o mais rápido que fosse.

Atrás de mim, eu sentia que ele estava parado e que me lançava um olhar dizendo que aquilo ainda não tinha terminado.