ICEgirl escrita por NKIDDO


Capítulo 5
||EPISÓDIO 5 「Lágrimas prateadas」


Notas iniciais do capítulo

Hum, eu vou ter que dar uma freiada porque se nao a fic acaba mt rapido, entao eu preciso de ideia legais.



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Meus passos estavam pesados e barulhentos naquele corredor vazio. As botas eram um tanto pesadas e eu sentia como se não fosse alcançar o ruivo. Um braço erguido, e então eu chamei por ele. Castiel parou, e eu pude alcança-lo.

- O que você quer? – Ele disse, ríspido.

- Eu quero entender... – Arfei, estava um pouco cansada, pois havia corrido de boca aberta – Porque tudo que eu digo e faço parece errado!

Certo, pela primeira vez na minha vida eu tinha perdido um pouco o controle. Eu estava me sentindo estranhamente nervosa, porque nada fazia sentido? Porque todos eram tão diferentes de tudo que eu conhecia? Eu tinha que saber.

- Não é questão de estar certo ou errado – Disse, cansado – Olha, não sei como era sua vida antes, mas aqui as coisas mudam.  Você é uma garota, e não pode andar sozinha à noite.

- Por quê? Eu caçava a noite!  - Disse – Além do mais, você deve estar certo nessa questão, eu nunca falei com jovens da minha idade antes...

Ele ficou levemente surpreso, mas ficou claro que naquele momento algo estava fazendo sentido pra ele. Talvez eu explicar como eu me sinto ou o que eu era pudesse ajudar. Às vezes eu me distraia com Castiel. Com seu jeito estranho de falar; os cabelos vermelhos e os olhos.

- Certo. Pense assim, pessoas da sua idade do sexo oposto querem... – Ele pensou por um instante – Não sei como te explicar isso. Talvez... Querem beijar você, querem tocar você.

- Mas isso não é coisa de casais? Não precisaria ser namorado, eu poderia apenas tirar isso de você, digo, um beijo? – Perguntei. Ele parecia muito chateado em falar de tudo isso.

- Algo assim. Algumas pessoas são assim.

- Então, obrigada por me salvar, Castiel – Eu disse fazendo um reverencia. – De verdade.

- Que exagerada, você – Castiel tinha habilidades pra sumir, e mais uma vez ele o fez. Deixou-me sozinha.

Abaixei a cabeça, solitária. Porque meus pais nunca me contaram a verdade? Porque eles não me prepararam pra vida? Cada dia que passa, ficava feliz em ter saído do Alasca. Não estava sendo mal agradecida, só queria a verdade. Eles pretendiam me esconder pra sempre?

- Ei, você está bem? – Ouvi Nathaniel, e não pude me conter.

Simplesmente corri até ele e chorei em seus braços, assim como fazia quando estava chateada com alguma coisa e corria para os meus pais. Nunca fazia muito barulho ao chorar, porque eu mesma não gostava de estar chorando. Parecia errado, era errado.

- Ei, Calma! – Nath parecia estar sem jeito, e aparentemente não sabia o que fazer comigo.

Nem eu sabia.

- Eu sou uma boba!

Ele me afastou um pouco de seu peito para me encarar, mas quando finalmente o fez, me abraçou novamente. Não sabia muito sobre Nath, mas ele não era o tipo de pessoa que sabia lidar com sentimentos, aparentemente. Nisso, talvez fossemos iguais.

Houve um momento em que eu me aquietei. Talvez por ter chorado tudo o que eu tinha direito, ou pelo calor que eu sentia ao estar abraçada a Nath, suas batidas cardíacas se igualavam as minhas. Afastamo-nos, envergonhados.

- Me desculpe, eu não queria perder o controle dessa forma. – Disse, arrependida – Só estava um pouco confusa.

- Olha, eu não entendo direito o que está acontecendo, mas... – Ele olhou diretamente, seus olhos brilhavam - Não hesite em me pedir ajuda.

- Nath... – Eu limpei as lagrimas que ainda restavam de meu rosto e sorri.

- Tenho que ir agora... Vejo-te depois.

Ele acenou e sumiu no corredor, provavelmente foi à sala do grêmio.  O dia tinha sido turbulento... Sem falta hoje iria a uma biblioteca pesquisar. Fui até o banheiro feminino lavar o rosto, mesmo que já tivesse parado, ainda podia sentir que tinha chorado.

O banheiro era simples. Havia alguns boxes e logo a frente pias com espelhos. A temática era rosa com porcelana. Aparentemente o banheiro estava vazio, e eu fiquei aliviada. Até agora, estava tentando me acostumar com a ideia de que tinha banheiros coletivos. Era meio desagradável, sem falar que muito anti-higiênico. Abaixei minha cabeça na pia, lavando bem o rosto e quando o ergui vi a Ambre no reflexo do espelho atrás de mim.

- Quer alguma coisa? – perguntei confusa. Percebi que ela escondia as mãos nas costas, atiçando minha curiosidade. Espremi os olhos pra melhorar o foco.

- Na-na-nina-não – Ela disse ao perceber que eu tentava olhar o que ela tinha.

Virei-me de frente pra ela, então ela sorriu.

- É verdade que você roubou o Ken? – perguntei.

- Além de querer pegar o meu irmão, também quer o quatro olhos? – Ela riu – Mas você não deixa nada escapar não e mesmo?

- Pegar seu irmão? – Minha cabeça doía – Não sei do que você está falando...

- Não se faça de boba! – Ela disse, levando as mãos ao meu rosto, e apertando-o com força – Vi vocês juntos no corredor!

- Nathaniel? – Pensei alto – Não estou “pegando” ninguém! Ele só...

- Não importa! – Interrompeu-me, depois largou meu rosto e agarrou meus cabelos com a mesma mão. – Que tal um corte novo? Assim você se enturma de repente, ha há.

Ela fez força para que eu me virasse de volta para o espelho, e no reflexo pude ver algo brilhante em sua mão passando pelos meus cabelos. Foi tudo tão rápido que não tive chance de agir; Vi fios prateados caindo pesadamente contra o chão.

“Os cabelos mais lindos do mundo” minha mãe costumava dizer isso. Meu pai era alto e forte, barbudo; Cabelos escuros e olhos da mesma cor que o lago em que pescávamos quase todos os dias. Já minha mãe, tinha cabelos prateados e olhos escuros como uma noite sem luar. Segundo minha mãe, eu tinha nascido de uma bela mistura dos dois, e me orgulhava disso.

“- Filha, se algum dia você decidir que quer conhecer outros lugares... – Ela disse trançando meus cabelos enquanto olhávamos para os pinheiros esverdeados que exalavam um cheiro precioso para nós, que vivíamos com tanto frio que era impossível sentir cheiro às vezes – Lembre-se de que todos são diferentes, e com isso, incompletos. E algum dia, você vai achar uma diferença que complete a sua. Isso se chama amor.”

Mesmo assim, agora eu estava chorando. Essas lembranças a muito esquecidas agora faziam um pouco de sentido. Sim, todos eram diferentes. Se Ambre achava que iria me ajudar cortando meus cabelos dessa forma, eu iria aceitar isso. Mesmo não gostando.

- Obrigada – Eu disse em meio a lagrimas, que retornaram mais rápido que pude prever.

- Você... Eu odeio você! – Ela esbravejou – Porque você nunca fica infeliz! Eu vou destruir você algum dia!

Ela me empurrou de leve, e foi embora, insatisfeita. Não entendo, ela não fez o que queria? Bom, um dia eu entenderia. Sequei as lágrimas e lavei o rosto novamente. Meu cabelo estava curto agora, e comprido em algumas partes. Eu não sabia muito bem se como mulher eu estava bonita, porque pra mim minha mãe era o único exemplo que eu tinha.

- Vai saber – Disse me recompondo. Saí do banheiro e fui em direção a saída.


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Notas finais do capítulo

Ah, mais um final drámatico haha
preciso dar um jeito de publicar a fic, ideias???