Assim que acordamos, eu, Iris, Violetta e Rosalya decidimos aproveitar o nosso último dia ao máximo.

Ficamos um tempo nas termas, brincamos na neve – eu subia em árvores para que elas não me acertassem -, almoçamos juntas e por fim ficamos jogando “ping-pong”. Naquele dia, eu não pude jogar. Ken... Eu decidi que iria esquecer você. Minha mãe sempre disse que promessas são valiosas, e você prometeu que me ligaria. Não odeio Ken, mas... Lembrar dele era doloroso. Não vi Nathaniel e Castiel o dia todo. Eu me sentia meio estranha em relação a tudo que aconteceu, porque pensando bem, Castiel fazia “aquilo” com um monte de garotas, e eu já havia sido beijada pelos dois. Me sentia impura de alguma forma. Conversei um pouco com Rosalya – já que eu a considerava uma amiga de confiança – e ela me disse que desde que fosse com amor, eu não deveria me sentir assim.

Ping-pong era divertido, e era bem fácil de jogar.

- Está bem Ailyn, assim eu nunca vou enfrentar a Violetta! – Resmungou Rosalya. Violetta gargalhou um tanto suave, e nós ficamos surpresas. Não era sempre que ela ria.

- Certo, vou me sentar um pouco – Entreguei a raquete à Rosalya e depois ela fez todo uma preparação.

- Agora, sinta minha ira!

Eu me sentei para observar elas jogando, mas logo que sentei senti algo tocando de leve meu ombro. Era Garry. Ele sorriu e disse que queria falar comigo, então pedi licença por um tempo.

Nós dois caminhamos um pouco, e chegamos até um corredor estreito. Garry parou ali, e eu parei junto. Ele sorriu por uns instante e “puxou” algo das coisas. Magica? Eu adoro mágica!

Era algo parecido com um cristal. Ele me mostrou mais perto, e lá tinha uma rosa congelada.

- É o que você estava procurando, não é? – Ele me entregou para que eu pudesse avaliar. Por uns instante fiquei girando lentamente para poder olhar. Era uma flor branca muito bonita, mas não saberia dizer qual era.

- É sim, é algo bem parecido com um Lírio! – Ele empinou o nariz, satisfeito – Infelizmente...Encontrei duas, e pensei que você poderia carregar uma para mim.

Eu segurei por um tempo, imóvel. Depois de longos minutos nos encarando, ele finalmente começou a rir muito alto.

- Ailyn, você é incrível! – Ele limpou uma lagrima dos olhos. Eu o fiz chorar? – Você carregou direitinho, pode ficar para você.

Eu olhei para o objeto em minhas mãos. Um “cristal” transparente, com algo que parecia água dentro, embora não se mexesse como tal. Nas pontas uma espécie de enfeite de metal, mais para segurar do que enfeitar.

- Obrigada, Garry! – O abracei forte, quase esmagando – Eu nunca ganhei um presente, exceto uma vez do Nathaniel em meu aniversário!

“– Porque a presilha? – Observei as garotas, e nenhuma delas usava algo assim.

– Hoje é seu aniversário não é? – Nath sorriu envergonhado – Ser representante e ter toda aquela papelada vale alguma coisa certo?”

- Seu aniversário foi quando? Podemos considerar como presente de aniversário.

- 22 de maio – Disse pensativa, eu nunca fui muito situada em datas, então mal lembrava de meu aniversário.

- É uma boa data... – Ele disse, depois passou a mão na testa – Me faz lembrar alguma coisa.

Depois disso, passamos o dia conversando. Eu gostava muito de falar com Garry, e ele sempre me agradecia por tê-lo encontrado. Ele me contou que a mãe dele deixou o pai e foi morar com seu novo marido e que raramente falava com ela. Perguntei se ele gostava dela, e ele ficou indiferente. “Não a conheço para julgar”. Seu pai lutou para ficar com ele, e como seu pai era rico, ganhou.

Iris, Violetta e Rosalya me buscaram mais tarde, o ônibus me esperava e eu deveria levar minhas malas – que já estavam prontas – e partir. Despedi-me de Garry e trocamos números, e então ele prometeu que me visitaria algum dia.

Prometer, né?

「Lírios choram」

Depois que cheguei, as coisas começaram a ficar difíceis na escola. Eu passava a maior parte do tempo com Rosalya e Senhor Luvinhas, que me assistiam nos treinos de basquete. Difícil porque muitos acidentes têm acontecido comigo. Baldes de água, tropeços e todos os tipos de coisas. Rosalya já não sabia se era Ambre ou Debrah, mas queria que isso parasse.

Terminei meu treino de basquete e sorri na direção de Luvinhas e Rosalya. Percebi que havia mais uma pessoa me assistindo, Nathaniel.

- O campeonato vai ser pesado, ainda mais para você Ailyn, então treine bastante! – Disse o senhor Guibs.

- Pode deixar, senhor! – Disse alegremente. Drake, Dajan, Armin, Alexy e Castiel se aproximaram e logo em seguida senti um braço deslizando pelas minhas costas.

- Relaxa treinador – Disse Drake – Protegemos a nossa mocinha.

- Espero eu senhor Drake – Disse com nariz empinado, enquanto ia embora – Podem machuca-la!

Assim que ele foi embora, Alexy me puxou até a arquibancada, onde os três me esperavam. Percebi que Nathaniel também estava suado. Chegava a ser estranho ver o representante suado, uma vez que ele geralmente estava de baixo do ar-condicionado estudando.

- Bom treino! – Comemorou Rosalya enquanto Luvinhas pulava em meu ombro.

- Obrigada, temos que treinar bastante – Falei enquanto passava a mão na cabeça de meu gato. – Porque está suando Nath?

- Box – Disse desviando o olhar, corado. Ele tinha vergonha? Quando ele abaixou a cabeça, percebi algo muito estranho em seu maxilar.

- Nath? – Cheguei perto dele para avaliar a ferida – Você está machucado!

- Ah, isso? – Ele riu – Foi no box, relaxe.

Eles queriam passear um pouco pela cidade, então eu tomei um banho rápido no vestuário. Assim que terminei, eles já estavam à minha espera, sorri.

Durante o caminho, tive que lidar com senhor luvinhas, que cada vez que via um menino começava a rosnar. Eu queria entender porque ele fazia isso... Ele não faz isso quando está sozinho.

Talvez ele só esteja querendo me proteger.

Fomos até uma cafeteria relaxar, e percebi que era bem ao lado do restaurante em que comi com Ken. Não! Eu tinha que esquecê-lo.

- ... E vocês já decidiram com quem vão ao Baile de formatura? – Questionou, Rosalya – Vocês sabem, vou levar o meu Keith!

- O que é um baile? – Perguntei.

Acho que até o senhor Luvinhas havia me encarado abismado. O que há de errado?! Seja lá o que fosse um baile, com certeza não tinha no Alaska.

- É como... – Rosalya pensava.

- ... Uma festa? – Eu fiz que entendi e Alexy prosseguiu – No final do ano, é como uma despedida, em que todos comemoram o ano letivo.

Eles me explicaram que eu poderia optar por ir com um par ou não, geralmente para ter alguém com quem ficar o tempo todo ou porque eram namorados. E também, eu teria que usar um “vestido”.

- Ok, o que é um vestido? – Perguntei mais uma vez, e desta vez senhor Luvinhas até abaixou a cabeça. – Pare Luvinhas – Resmunguei e ele ergueu a cabeça, depois saltou para a minha cabeça.

- É tipo uma blusa grudada com uma saia – Explicou Nath, que deu de ombros quando todos olharam para ele – É como eu vejo!

- Então basicamente é para comer, se divertir, dançar e ter um vestido? – Perguntei.

- É por ai – Disseram os três.

Parecia divertidíssimo! Me animei na mesma hora. Por um minuto, permiti-me imaginar em uma “blusa-saia” dançando como a mamãe fazia quando conseguíamos algum sinal no rádio lá de casa. Era tão bonito!

Depois disso, me preparei para o torneio que viria, as provas e o baile. O ano estava acabando, e eu ainda não pensei muito sobre o que eu realmente queria fazer da vida. Deveria me decidir logo, uma vez que saí do Alaska e me “aposentei” como caçadora.