DEBRAH POV’S

Estava caminhando pelo corredor até a sala de jogos, na esperança de encontrar algum idiota para passar o tempo quando esbarro em alguém. Escutei um pedido de desculpas, e quando me virei contemplei uma cabeleira loira passeando com uma garota de cabelos prateados. Ailyn.

Arg! Vê-la me deixava espumando de raiva. Como uma menina tão tapada foi taxada de heroína?

Há alguns dias atrás, fui tentar conversar com Castiel, e ele me ignorou completamente. Disse que não estava interessado em ficar perto de mim e muito menos ficar famoso às minhas custas. Se não fosse pelo meu auto controle, teria pulado no pescoço lindo dele.

Foi então que eu procurei a garota do show. Eu era “nova” no colégio, e precisava de um capacho para andar comigo. E o que eu encontro? A vagabunda com o MEU Castiel! Era nela que ele estava interessado?

Corri para qualquer pessoa para me informar: Quem era ela? De onde veio?

Eis que descubro que é uma aluna nova e popular no colégio por vir do Alaska e vencer o festival escolar sem maiores dificuldades. Ela era um tanto sincera e ingênua. Ou seja: Fácil de enganar.

Tentei mentir para ela, na intenção de fazer ela sumir por um tempo, mas ela volta e ainda como heroína, trazendo um garoto lindo junto com ela. Sortuda desgraçada. Tentaria seduzi-lo mais tarde, precisava de todos do meu lado.

E agora, ela esbarra em mim com Nathaniel, o certinho que me recusou antes, então me aproveitei dele e fiz com que Castiel o odiasse.

Segui os dois até lá fora, mas me escondi alguns metros antes. Eles conversaram como idiotas por um tempo, mas depois algo muito interessante começou a acontecer: Eles se beijaram. 

Vi a oportunidade perfeita. Corri até Castiel e o tirei daquele joguinho estupido, levando-o ao verdadeiro jogo emocionante. Ele veio se queixando, mas ao ver a cena ficou quieto.

- Achei que ia gostar de ver – Eu falei de nariz empinado, mas quando olhei para ele percebi que ele não sabia mais da minha existência.

Seus olhos estavam em choque, Castiel estava perplexo como jamais o vira. Fitei Ailyn, que subitamente começou a chorar e se separou de Nathaniel. Ele parecia confuso no início, mas depois fez que entendeu. Ailyn estava cabisbaixa.

- Me desculpe... – Começou Nathaniel – A culpa foi minha, eu não devia...

- Espero que... O seu coração esteja bem – Ela era idiota? – Eu vou... Olhar...

Antes de completar essa se levantou e saiu correndo, limpando as lágrimas da face, deixando algumas no ar. Uma das mãos de Nathaniel haviam se erguido na direção dela, mas logo se encolheu.

- Esse Nat-

Castiel deixou-me falando sozinha novamente e foi até Nathaniel. Ergueu o loiro pelo casaco, mas o loiro mal reagiu.

- Você sempre faz isso com as garotinhas inocentes? – Castiel parecia mais decepcionado do que brabo.

- Eu não queria magoa-la – Ele erguei o rosto – É só que eu gosto dela. Queria protege-la...

Castiel parecia ter lembrado de alguma coisa, porque deixou Nathaniel e foi atrás de Ailyn, ou assim supus.

AILYN POV’S

Porque eu havia fugido de Nath afinal? Eu estava muito confusa, não entendia porque todos estavam tentando tocar meus lábios, ou talvez eu simplesmente não entendesse o significado de todos aqueles beijos.

As lágrimas tinham parado, e eu também. Fiquei um tempo mirando a paisagem congelada, em meio ao nada. Os chalés estavam afastados, não longe, mas o suficiente para me dar um tempo para pensar.

Respirei fundo, deixando o ar gélido noturno me preencher. O que eu faço mamãe?

Ouço passos, pesados o suficiente para afundar na neve. Seria Nathaniel? Mas eu me enganei, porque quando girei os calcanhares vi o ruivo. Ele parecia sentir dor. Estaria Castiel machucado em algum lugar?

- Castiel – Corri até ele, e por algum motivo o abracei por impulso – Está machucado?

O ruivo estava com uma jaqueta bege, um cachecol enrolado no pescoço devido ao frio; Quando o abracei, senti a jaqueta um tanto úmida pela neve, nada que eu não estivesse acostumada. Seus braços se ergueram e logo em seguida suas mãos foram em lugares diferentes. Uma sustentou meu abraço não planejado, e a outra afagava minha cabeça.

Eu não havia pedido por isso, mas se soubesse o quão confortante seria, teria pedido.

Nos separamos suavemente, apenas alguns centímetros. Eu sorri, sem jeito.

- Obrigada – Ele sustentou meu olhar, e seus olhos estavam me chamando – É bom que você apareça no nada às vezes.

Ele apenas riu, mesmo que antes parecesse estar machucado.

- E você? – Ele me pegou de surpresa – Está bem?

Fiquei confusa. Era ele quem apareceu com dor no olhar e me encontrou. Ou será que ele realmente estava me procurando? De fato tinha algo me incomodando a algum tempo, e por alguma razão vi necessidade de contar à ele.

- O que beijos significam afinal?

Castiel estreitou os olhos, um tanto confuso. Ouvi um suspiro escapar por seus lábios.

- Eu diria que é uma das maiores demonstrações de afeto que o ser humano têm – Ele disse, pensativo – Demonstra coisas como paixão, amor e carinho.

Ao dizer esses três sentimentos, ele corou suavemente. Eu senti vontade de rir, mas não o fiz, ele estava sério demais, mas nunca o vi corar. Como lábios poderiam demonstrar tantos sentimentos? Era tão bom quanto diziam? Eu sei que teoricamente tinha feito diversas vezes, mas não era a mesma coisa. Eu sempre era beijada e não beijava. Então fiz algo um tanto impensado. Por mera curiosidade.

Fiquei na ponta dos pés e apoiei meus braços em seu peito. Hesitei por um breve instante, assim que senti sua respiração quente formando uma “fumaça” devido ao frio, mas depois prossegui com a ideia.

Fiz como Castiel e Nathiel haviam feito antes; Mais ou menos. Deixei meus lábios tocarem nos dele levemente, com os olhos fechados. A partir daí, não sabia mais o que fazer. Os lábios dele eram quentes, e os meus um tanto frios. Tentei mover meus lábios e logo em seguida senti Castiel assumindo o controle dos meus planos de curiosidade.

- Você beija mal – Ele riu entre beijos.

Ele me deu diversos beijos, alguns mais longos, outros mais curtos. Depois ele fez o mesmo do “nosso primeiro beijo”. Fez com que eu abrisse a boca e deixasse sua língua invadir a mesma. Mas dessa vez ele meio que a empurrava, então eu tentei fazer o mesmo que ele.

Seus braços me envolveram, e desta vez, eu me senti um tanto feliz. Castiel foi a primeira pessoa que eu conheci, e talvez eu gostasse dele. Permiti-me desfrutar daquele novo sentimento por algum tempo.

Ao longe desta vez? Eu não sentia nada, apenas o ruivo à minha frente.