O festival estava ficando próximo, e eu estava começando a sentir as consequências disso. Antes, eu estava mais preocupada com provas e banalidades como Castiel; Mas o festival era uma competição que todos levavam muito a sério por causa das notas extras. Não vou mentir, minhas notas são excelentes, porque eu tinha aula em todos os dias dos anos, e estava bem à frente nos estudos. Mas eu sentia que se eu ganhasse para a minha turma, seria uma forma de ajudar à todos.

Ouvi um som um tanto peculiar enquanto caminhava no parque. Não era um lobo ou cachorro, mas certamente era um animal pequeno. Segui o som até uma arvore, em que alguns garotinhos jogando pedras em uma arvore.

- Desce! – um deles gritou.

Acompanhei o olhar deles e vi uma pequena criatura com orelhas triangulares, um focinho rosado e a pelagem na coloração bege. Seus olhos eram nas mesmas cores que os meus. Porque aqueles garotos estavam machucando esse animal?

- Ei – Chamei a atenção dos garotos – Acho que vocês vão machuca-lo...

- Não enche, esquisitona – A criança voltou a tentar jogar a pedra no animal. – O gato roubou a comida do meu piquenique

Já tinha ouvido falar desse pequeno animal que agora se encolhia de medo; Me senti desesperada. Seu pelo estava um tanto ralo, com uma pequena mancha vermelha próximo as costas do animal. Porque eles estavam machucando um animal tão pequeno?

Por mero instinto, fiquei entre a arvore e as crianças. Estava começando a ficar com raiva.

- Parem, ele é pequeno! – Gritei em desespero. Eram crianças, o que eu podia fazer?

- Ele não é humano, porque você se importa? – A criança mais alta jogou uma pedra em minha direção, que raspou na têmpora.

- Vocês que não são humanos, por machucar um animal pequeno! – Talvez por eu estar sangrando, ou porque eu estava realmente nervosa, as crianças fugiram.

Ignorando o sangue que escorria pela minha testa, escalei a árvore rapidamente, sentei-me em frente ao gato e pensei no que fazer. Tentei limpar o sangue, e vi que o corte era superficial.

- Ei, gato – Estendi minha mão para ele – Vamos descer?

O animal rapidamente se interessou pela minha mão. Lambei os meus dedos e depois usou meu braço como trampolim e caiu no meu ombro. Coloquei a mão sobre ele e saltei da árvore. Pro meu azar, dei de cara com um cão. Recuei um pouco, mas seu dono apareceu antes.

- Dragon, não fique indo no... – O ruivo parou de falar no instante que me viu.

Eu me virei para “fugir”, mas senti a mão dele apertar meu pulso. Algo apertou em minha garganta, provavelmente choro. Desde que cheguei aqui, tenho chorado bem mais.

Castiel parecia angustiado. Eu não odiava ele. Então achei melhor conversar com ele logo. Minha mãe costumava conversar comigo para me instruir, para saber como eu me sentia.

MINUTOS DEPOIS

Castiel tinha arrancado um pedaço da blusa para estacar o sangue da têmpora. Ele parecia perplexo, mas depois de um tempo só parecia estar com peso.

- Eu só quero me desculpar com você – Disse cabisbaixo – Eu pensei que...

- Nathaniel não fez nada para a pessoa que você gostava – Eu falei – Porque você quer se vingar?

- Ele contou pra você afinal? – Ele riu sem graça – Eu só queria me desculpar, não me importo com ele.

- É claro que ele me contou! – Eu estava desesperada, ele queria sair dali -  Eu fiquei assustada e... Confusa. – Ele precisava saber o que eu pensava – Porque você fazia aquilo com as pessoas que você não ama?

Ele me olhou por um instante, pensativo. Depois sua expressão mudou para uma chateada.

- Você não entenderia – Começou ele – Quando seu coração é partido, não se importa de fazer isso com os outros também.

- Claro que me importo! – Disse séria – Amor é amor, vai acontecer várias vezes. – Eu sorri, lembrando das palavras de minha mãe – Você só têm que se esforçar por quem ama.

Castiel se levantou por um instante, pôs se diante de mim.

A noite já havia chego, e eu não conseguia ver as coisas com clareza. O gato ainda estava empoleirado em meu ombro, e eu gostava de senti-lo fazendo carinho em mim com a cabeça.

- Certo então – Ele sorriu, astuto – Não reclame, vou me esforçar de agora em diante.

Castiel foi embora da mesma forma que chegou; Sempre tão rápido que eu não conseguia acompanha-lo com o olhar por muito tempo. Como sempre foi, como sempre será.

Semanas depois

Tia aceitou ficar com o gato, contanto que eu me responsabilizasse pelos atos dele; Passeava com ele todos os dias, nem sempre era com a minha vontade, e sim a dele. Decidi deixar o nome dele de “Doutor Luvinhas”. Luvinhas gostava de ficar empoleirado em meu ombro ou em cima da minha cabeça, e como ele era pequeno não pesava. Ele me seguia pra onde eu fosse, na escola, eu descobri que ele entrava em minha mochila depois ficava em alguma árvore me esperando.

Hoje era finalmente o dia do festival esportivo, e nesse momento eu estava passando pelo portão da escola. Assim que entrei, me vi rodeada de pequenas vendas alimentícias, várias pessoas comprando, pessoas que não eram da escola.

Doutor Luvinhas ficou animado com o cheiro de peixe, e acabou bagunçando um pouco meu cabelo, já que ele decidiu ficar na minha cabeça hoje. Passei rapidamente pelo corredor, o grêmio e finalmente cheguei na minha sala. As garotas e garotos já estavam vestidos à caráter: Os meninos com calças de abrigo vermelha, camisa branca e todas as camisas tinham um nome nas costas. As garotas uma blusa branca e um shorts de ginastica vermelho.

Assim que me notaram, todos ficaram com os olhos sobre mim. Será que tinha algo errado comigo? Eu escovei os dentes e tomei banho. Todas as garotas se aproximaram dizendo “Onw que fofo” ou “deixa eu fazer carinho”. Apontei para a mesa do professor e o Luvinhas pulou da minha cabeça até ela, deixando que as garotas o acariciem. Os meninos também pareciam interessados em tocar neles, mas os adverti.

- Ele não gosta muito de homens – Disse preocupada.

Doutor luvinhas, quando chegou, adorou imensamente minha tia. Tinha brincado com ela, deixado que ela o cuidasse e desse banho. Mas quando Charlie chegou, quis imediatamente tocar nele, porque ele tem um fraco com gatos, mas Luvinhas deu um “tapa” na mão dele e saiu com a calda empinada.

Enquanto as garotas brincavam, me aproximei de Nath, que já parecia querer falar comigo. Os garotos se reuniram e não falavam de outra coisa sem ser a competição.

- Obrigado por traze-lo, as garotas estavam nervosas – Ele riu.  – Aqui, como você é a líder feminina, elas decidiram fazer um especial para você, como esse aqui.

Nath virou-se de costas e eu pude ver que o que tinha escrito era diferente “Representante” e o seu nome estava em um tamanho menor logo abaixo. Depois me entregou uma sacola com roupas e uma pequena presilha vermelha.

- Porque a presilha? – Observei as garotas, e nenhuma delas usava algo assim.

- Hoje é seu aniversário não é? – Nath sorriu envergonhado – Ser representante e ter toda aquela papelada vale alguma coisa certo?

Eu havia me esquecido completamente disso. Geralmente, minha mãe me lembrava no dia, uma vez que eu fazia a mesma coisa todo ano, as vezes eu não tinha ideia de que dia era. Ela me acordava com carinho e café da manhã. Meu pai trazia os nossos lobos de estimação para dentro, e eles me davam uma lambida no rosto. Eu sentia falta disso, mas também estava feliz aqui, e agora eu tinha o senhor Luvinhas. Não me sinto sozinha mais.

Agradeci a ele com um abraço, e me segurei para não chorar com aqueles sentimentos acumulados. Eu tinha que ganhar por essa turma.

Fui até o banheiro feminino mais próximo, me vesti rapidamente e coloquei a presilha. Lembrei que tinha algo diferente escrito então me virei de costas na frente do espelho para ver. “Ice Girl” e meu nome em tamanho menor embaixo.

Eu ri sozinha. Talvez o melhor apelido que tivessem me dado até agora. Me lembrava de casa. Era perfeito, Ice girl.