ICEgirl escrita por NKIDDO


Capítulo 13
||EPISÓDIO 13「Sonhos」


Notas iniciais do capítulo

Então, mais um capitulo "historia". Agradeço pelas pessoas que novas que andam comentando, e as mais antigas também!



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Assim que cheguei no apartamento de minha tia – que se chama Tia – dei de cara com ela cozinhando. A sala e a cozinha eram abertas, ligando as duas por uma mesa simples de vidro. O apartamento tinha dois quartos e um banheiro, fora a cozinha e a sala. Era simples, mas bem bonito. Comparado a minha casa, eles eram praticamente ricos.

- Ai – Chamou Tia – Como foi a escola?

Ela estava com um avental azul, seus longos cabelos castanhos presos em um rabo elegante. Ela cozinhava algo que parecia bom, e fez meu estomago reagir.

- Foi boa Tia – Disse distraidamente enquanto espiava o que tinha na panela – Passei em uma “academia de box” ou algo assim, foi divertido – Sorri.

Ela me olhou daquele jeito novamente. Desde que eu contei o motivo de estar com os cabelos curtos, ela me olhava assim. Não imagino porque, era tão ruim assim?

- Sua mãe está esperando uma ligação – Disse Charlie.

Charlie era moreno e alto, tinha um corpo bonito e jovial segundo minha tia. Eu não tinha decidido se era bonito ou não, não entendia esse “padrão” de beleza; Mas quando ele andava sem camisa, eu desviava os olhos envergonhada.

Tia era irmã de minha mãe, que antes morava na cidade grande, mas em uma viagem para o Alasca se apaixonou por meu pai. Ela era professora de uma universidade, e Tia é arquiteta. Dava para ver que as duas eram irmãs só de conversar com elas; As duas tinham uma voz e um sorriso malicioso idêntico!

Tia optou por um apartamento simples porque ela e Charlie viajam muito, já que ele é advogado.

Tia me contou que ela teve um sonho em que eu morava com ela e fazia faculdade, só então ela se tocou que eu estava na idade próxima e decidiu me dar a “escolha”. Como ela gosta de mim, e eu gosto muito dela e Charlie, aceitei.

Charlie entregou o telefone sem fio na minha mão, já que eu não sabia mexer muito nesses aparelhos elétricos, eles me ajudavam. Mesmo com todo o esforço, eu tinha muita dificuldade pra compreender a tecnologia.

- Ai, é o verde – Ele se referia ao botão para ligar – E pode ir pro quarto conversar.

- Obrigada – Assim que agradeci, fui até meu quarto e me sentei na cama.

- Ailyn? – Reconheci a voz de minha mãe do outro lado da linha.

- Mãe! – Disse animada, depois perguntei onde estava o papai.

- Seu pai está em temporada de caça, então não pode vir – Explicou – Mas manda lembranças e diz que sente sua falta.

Eu sabia que meu pai estava trabalhando em dobro para tentar mandar algum dinheiro, mesmo com Tia dizendo que banca sem problemas.

- Eu entendo – Disse – Também sinto saudades, tudo aqui é tão diferente. Não sei o que fazer...

- Não se preocupe filha, tenho certeza que seus esforços vão alcançar as pessoas. Você só tem que ser você mesma.

- Mamãe – Mudei meu som levemente, para um mais sério – Quando alguém diz que ama você, o que se deve fazer?

- Ora ora! – Disse minha mãe, alegre, com aquele tom malicioso habitual – Sabia que a minha linda filha ia arrasar corações!

- Não, eu não fiz nada mãe! – Não queria que ela entendesse que eu machuquei alguém...

- Pff, Ailyn, é só uma brincadeira – Ela bufou – Eu já contei pra você que antes do seu pai, eu tive outros namorados?

- Não – Disse confusa. Pensei que depois de namoro era casamento mesmo que, pensando bem não tivesse lógica. Mãe tinha gostado de outras pessoas antes do papai? Era possível gostar de mais de uma pessoa ao mesmo tempo?

- Lyn, o amor aparece diversas vezes, não é sempre que nós acertamos – Ela disse pensativa – Amor é o melhor dos sentimentos, se sentir que corresponde alguém, lute por ele! Eu pulei nos braços do seu pai – Ela riu.

- Que constrangedor mãe! – Eu fiquei com vergonha, por algum motivo, o afeto das pessoas me deixava assim. E minha mãe era sapeca, se escondia do meu pai e depois lhe assustava. Era como uma raposa.

- Ora, ninguém deve julgar você filha, faça o que seus instintos dizem!

Nós falamos sobre vários assuntos, como escola, atividades que tenho feito e o fato de meu cabelo estar curto. Contei a verdade e ela compreendeu meu ponto de vista, afinal, era minha mãe. Pensei sobre contar sobre Castiel, mas meus “instintos” disseram que isso não era algo que eu deveria dizer a ela.

Nessa noite, sonhei com um dos piores dias da minha vida.

DREAM ON

Eu tinha 14 anos na época. Eu e meu pai estávamos caçando aves, já que era aniversário de minha mãe e era sua comida favorita.

Nós dois carregávamos arcos com uma alja de flechas. Cada arco tinha um pouco menos que a nossa altura, e era um dos meus objetos favoritos de caça.

A neve abaixo dos nossos pés, estava mais densa que o habitual, tornando mais fácil nossa missão “aniversário da mamãe”; Pinheiros altos proibiam o sol de atrapalhar nossa visão das aves. Estávamos esperando alguns minutos, com o arco pronto, os dedos praticamente congelando enquanto puxávamos a flecha; Olhos atentos.

Até que uma ave cruzou nossa visão, atiramos ao mesmo tempo e a ave caiu logo em seguida. Tínhamos espirrado um pouco de tinta na flecha para identificarmos quem matou, uma brincadeirinha nossa.

- Eu pego!

Fui em direção que tinha visto o animal cair, passando alguns pinheiros e arbustos. Minha respiração era visível, e parecia uma fumaça. Avistei a ave a quatro metros de mim, e com um lobo velho e preto zanzando perto dele.

Tentei me manter calma, pois ele tinha percebido minha presença. Recuei vagarosamente, mas quando meu pai chamou o lobo correu em minha direção; Eu também corri o mais rápido que pude, ficando sempre um metro de distância do lobo. Então pisei em falso e caí, e a garra do lobo rasgou fundo em minha pele deixando três linhas laterais na minha coxa esquerda.

Eu dei um coice no lobo com força, em seguida uma flecha atravessou a cabeça do lobo.

- Filha, você está bem?!

Eu fiquei bem, mas ainda existia três rasgos em minha coxa esquerda.

DREAM OFF

Acordei com meu celular e seu toque estranho vibrando na cômoda. Tirei a cabeça – que estava atolada – do travesseiro com algum esforço, e tateei até sentir o aparelho. Levei o celular as orelhas. Seria Ken? Meu coração bateu mais forte com esse pensamento, mas era apenas meu bom amigo Alexy.

- Nathaniel concordou em aprender a tocar bateria! – Contou animadamente.

- Como convenceu ele?! – Perguntei surpresa, me levantando da cama.

- Ontem, ele foi atrás de você – Falou – E eu aproveitei e contei sobre o nosso problema, daí ele topou.

Já ouvia o som rotineiro dentro do apartamento. Conseguia escutar os passos de Tia, indo de lá pra cá. Comecei a andar pelo quarto enquanto conversávamos sobre algumas “bobagens”. Desde que eu comecei a falar com Alexy, minha vida ficou mais divertida e fácil.

- E mais uma coisa – Ele pareceu pensar um pouco – Dei seu endereço para ele.

Nosso assunto estava tão distante que não entendi.

- Pra quem?

- Nathaniel, ora – Ele riu.

- Ai! – Escutei minha tia chamar – Pode vir aqui?

Disse a alexy que minha tia chamava, e que falaria com ele mais tarde. Parece que haveria algum ensaio pela tarde, então ele passaria por lá. Demorou um tempo até ele entender que eu não sabia desligar, e que era pra ele fazer isso. Fui saltitando até a sala, meu dia estava bom e sem preocupações, a notícia fora ótima.

- O que tem para o ca-

Parei de falar, de caminhar, respirar talvez. Nathaniel estava bebericando um café, conversando amigavelmente com meu tio. Minha tia preparava torradas. Pensei em mil coisas que ele poderia querer estando ali, e as opções eram horríveis.

- Desculpe aparecer tão cedo – Começou ele – Mas eu tinha que falar com você com urgência.

Ah, pensei que fosse outra coisa! Sorri para ele, dei bom dia para todos, me sentei e peguei uma torrada. Ele me fitou por um breve momento e desviou o olhar com as bochechas vermelhas.

- Desculpe a curiosidade mas – Ele olhou para as minhas pernas visíveis, já que eu estava de camisola – O que foi essa cicatriz?

Ele apontou para as minhas coxas. A cicatriz das três garras ficava de lado na minha coxa esquerda, meio difícil não ver uma vez que eu era branca. As sardinhas que eu tinha sumiram dali.

- Foi um lobo – Dei a última mordida na torrada e bati uma mão contra a outra.

- ORA, VOCÊ NÃO SABE?! – Minha tia praticamente brotou no meio de nós dois e me jogou para o chão.

Ela e minha mãe sempre faziam isso, sem dó. Chegava a ser cômico, mas geralmente faziam isso para me constranger. Mudavam o tom de voz para um de orgulho, como se tivessem contando alguma fofoca, exibindo algo.

- Tia, é melhor n-

- Minha irmã casou-se com um caçador muito habilidoso! Ele ensinou Ai desde pequena a caçar! – Ela me olhou com o famoso “sinta vergonha muahahahah”.

- Ah é mesmo? – Nath parecia interessado, mas também estava segurando o riso pelas palhaçadas da minha tia.

Levantei-me do chão. Porque titia, porque? Ela queria muito que eu escolhesse um marido aqui, qualquer pessoa bonita serviria, segundo ela. Ela era bem namoradeira até encontrar o bom Charlie, e obviamente não queria que eu me casasse de fato com o primeiro, mas sabia que eu não entendia o comportamento adolescente e abusava disso para me colocar em situações estranhas. Bem, desde então o carteiro me entrega a correspondência pessoalmente.

- ... Fiquei apavorada quando ela apareceu na sala com uma lança quando fui visita-los! – Ela riu – Tão pequena! Perguntou se eu queria peixe ou alguma outra carne para o jantar. Com 10 anos!

- Isso é surpreendente – Ele gargalhou suavemente, provavelmente imaginando a cena.

Eles continuaram conversando, mas eu fiquei tão sem graça que corri para o meu quarto e me vesti. Tinha que tira-lo dali o quanto antes. Porque Tia, porque??


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Notas finais do capítulo

Que animal será que a Ailyn parece?



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