GUILTY SMILE

Não ia dar. Estava quente demais, e a veste mais “fresca” que eu tinha era uma blusa de manga comprida, uma calça jeans, e botas para a neve. Como eu iria para uma escola pela primeira vez com isso?

– Não está tão ruim assim... – Disse minha tia. Ela parecia preocupada e queria de qualquer jeito me acalmar.

– Como... Você vive nesse calor! – Sorri, não queria preocupa-la. Afinal, fui eu quem aceitou vir e ainda demorei a chegar.

– ha há... Assim que tiver tempo, vamos comprar roupas novas pra você. Tem dinheiro na mochila e lanche, fique bem!

– Qualquer coisa eu ligo! - Se é que eu conseguiria mexer naquilo.

Bom, do início agora! Sou Ailyn Wolfart, tenho 16 anos e me mudei do Alaska para dar um rumo a minha vida. Meus pais trabalham no rumo da pescaria, então eu fico em um lugar bem frio e úmido, onde eu raramente via grama ou sentia o calor do sol. Tenho olhos azuis como os do céu do Alaska, limpos e intensos. Talvez por parte de mãe, ou pela falta de sol, meus cabelos eram brancos assim como minha pele.

Eu quis aproveitar até o ultimo minuto com meus pais, por isso cheguei ontem e não tenho nenhuma roupa para aguentar esse calor. Da casa de meus tios até a escola tinham três quadras, por isso fui a pé. O calor estava infernal, mas eu só conseguia pensar em meu primeiro dia em uma escola! Antes, eu tinha aula com meus pais em casa, então as únicas pessoas que eu via geralmente eram meus primos e o restante da família. Ocasionalmente ia ao mercado, mas nunca tinha ninguém da minha idade.

Livrando-me de meus devaneios, me vi diante de um portão de ferro, que estava aberto, com diversas pessoas provavelmente da minha idade passando. Fiquei automaticamente fascinada. Aqui era tão bonito, tinham flores e as nuvens eram mais visíveis. Como uma criança em uma loja de brinquedos, olhava para todos os lados, animada. Só quando percebi que havia batido em algo e que estava no chão, parei de olhar para o céu e me voltei para a cabeleira vermelha.

– Você não olha pra onde anda? – Disse o ruivo, parecia irritado como um lobo!

– Geralmente sim, por quê? – Respondi, em duvida pela pergunta estranha. Quer dizer, geralmente se olha não? Ainda não conheci ninguém que não o fizesse.

– Então não fique trombando nas pessoas – Disse meio confuso e nervoso ao mesmo tempo. Ele estava de jaqueta, o que me faz pensar que talvez eu não esteja tão errada assim.

– Ah, me desculpe, onde estão meus modos! – Mamãe havia dito que se algo parecia muito errado, eu devia me desculpar sinceramente. – Eu sou uma aluna nova aqui.

– E eu com isso? Só não esbarre em mim. – Ele já não parecia confuso...

– Ora, não precisa ser tão malvado! – Agora eu estava levemente aborrecida, mas porque não entendia o porquê dele estar fazendo isso.

– Eu tento. Chamo-me Castiel. – Disse ele estendendo as mãos pra mim, que ainda estava no chão. Levantei-me sem problemas, graças as mãos dele.

– Eu sou... – E nesse momento uma velinha apareceu, estava com o cabelo um tanto bagunçado, e parecia agitada.

– Senhorita Ailyn, estive procurando você! – Ela me agarrou pelo braço e me arrastou até dentro da escola, lançando um ultimo olhar que censurara Castiel. Eu o via se distanciar enquanto era levada.

Estávamos na entrada, onde havia um corredor repleto de armários e adolescentes zanzando em busca das salas. Quando a velinha soltou delicadamente meu braço, como se não tivesse acabado de me arrastar, se ajeitou e limpou o suor da testa. Sorriu pra mim e começou a se apresentar.

– Sou a diretora, bem-vinda a Sweet Amoris. Espero que se sinta a vontade na escola nova, já que é sua primeira vez. Para que encontre sua sala, recomendo que vá à sala dos representantes. Nathaniel deve lhe ajudar.

A diretora me indicou uma porta à direita e então se retirou. Como ela havia dito me dirigi até a sala dos representantes em busca do Nathaniel. Não sabia se deveria bater ou entrar, então decidi entrar porque parecia mais viável do que ficar batendo na porta. Havia algumas poucas pessoas consultando alguns papeis ou distraídas anotando alguma coisa, então tentei falar o mais claro possível.

– Bom dia, Nathaniel está? – Algumas pessoas voltaram sua atenção para mim, mas somente um rapaz loiro de olhos dourados de fato veio até mim.

– Bom dia, sou eu. Como poderia lhe ajudar? – Disse, atencioso. Ele era bem mais gentil que o ruivo, então não sabia em quem me basear para saber como eram as pessoas.

– Na verdade, eu não sei. A diretora pediu que eu lhe procurasse... Desculpe-me! – Espero que essa desculpa ajude mamãe!

– Ah, então você deve ser Ailyn do Alasca. O caso especial, como diz a diretora. – Talvez sirva afinal. – Nunca esteve em uma escola antes não é?

– É... Só estou meio perdida. – Sorri, e ele me retribuiu com uma risada refrescante e agradável.

– Ela disse que eu deveria lhe instruir, então eu vou te levar até sua sala, e no intervalo te mostro a escola. – Começamos a andar até o corredor, onde paramos em frente a uma sala.

Já não haviam pessoas no corredor, somente eu e Nathaniel, que chamou a adulta da sala e me apresentou, dizendo que eu era nova e algumas outras recomendações. Era a professora! Ela entrou novamente e preparou a turma. Meu estomago se revirou. Eu estava nervosa de verdade agora. Ficava extremamente quente com aquelas roupas junto...

Nathaniel percebeu e tocou no meu ombro de leve, me olhando nos olhos.

– Não se preocupe, se precisar de alguma coisa, pode me pedir. Temos aulas juntos, mas só posso me juntar a você mais tarde. Vemo-nos no recreio certo?

– Desculpa... Digo, obrigada! – Sorri, nervosa.

– Deve estar com calor ha há – Disse apontando para minhas roupas enquanto se afastava – Boa sorte!

Eu já não o via mais, e só me restava àquela sala repleta de desconhecidos curiosos. Entrei na sala quando ouvi a professora me chamar, e ouvi ela me apresentar.

– Essa é Ailyn Wolfart, e a partir de hoje ela será a nova aluna de intercambio da Sweet Amoris!