Antes De Um Olá. escrita por StardustWink


Capítulo 1
Oneshot.


Notas iniciais do capítulo

Isso é o que acontece quando você descobre que não viu o último capítulo do seu antigo desenho animado favorito e acaba viciando nele outra vez. (Ou seja, deixe-me surtar com o fato de que o meu otp de infância se casa no futuro, cof.)
Ps: Eu usei os nomes originais dos personagens. (Hoagie= nº 2, Wally = nº 4 e Kuki = nº 3.)



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Tem uma garota na sala ao lado cujo rosto lhe é familiar.

Não, eles nunca se falaram na vida, e em seus encontros curtos no corredor não tinham trocado nada além de olhares breves. Mas havia algo nela - talvez em seu cabelo longo e negro, seus olhos levemente puxados e seu sorriso quase que constante - que despertava um sentimento estranho e triste em si mesmo.

Era como se ela já estivesse lá em sua vida inteira, mas que ele só tivesse a encontrado no presente. Como se houvesse algo que ele quisesse puxar de suas memórias ao pensar nela e simplesmente não estava mais lá.

Era estranho. Estranho, não fazia sentido e o deixava ainda mais frustrado.

E ele não gostava disso. Coisas complicadas demais nunca foram seu forte, e o loiro preferia muito mais uma resposta concreta e simples do que uma metáfora coberta de névoa e mistério.

Por esse motivo, não era de se esperar que ele tentasse saber quem exatamente essa tal garota misteriosa era, certo? Certo.

Sua primeira escolha foi seu melhor amigo desde sempre, Hoagie.

E de sempre, ele quis dizer desde que se conhecia por gente. O que devia ser lá pelos seus treze anos de idade, já que ele nunca conseguia lembrar direito das coisas infantis e idiotas que fazia antes disso.

Enfim, essa primeira experiência não foi muito efetiva. Aquele idiota estava ocupado demais sonhando com a linda/incrível/engraçada/perfeita/insira-seu-adjetivo-enjoado-aqui da irmã da Abigail para sequer ouvir o que ele estava dizendo.

Ugh, que estúpido. Ele chegava a sentir pena de seu amigo por sonhar com algo tão impossível como ficar com aquela garota.

Sua segunda opção fora, coincidentemente, a própria Abigail, já que aparentemente ela e a desconhecida se conheciam. Tudo o que ela fizera fora rir da cara dele do nada como se existisse uma piada sobre isso que fosse desconhecida pelo mesmo.

(O loiro percebeu o brilho triste em seus olhos ao encará-lo, porém, o que o deixou ainda mais confuso.)

– Por que você não fala com ela? - A garota tinha sugerido. Piscando umas cinco vezes seguidas, ele engoliu em seco e respondeu que não, eles não se conheciam, como ele sequer falaria com ela?

– Só tenta, Wally. - Abigail tinha um sorriso sábio demais para alguém de apenas 16 anos. - Pode se surpreender.

E, claro, ele não tentou. A garota provavelmente o acharia estranho.

Mas não deixou de observá-la secretamente quando esta passava pelo corredor, acompanhada de outras garotas. E por mais que Hoagie começasse a o irritar falando que ele tinha uma “queda” por ela (e não era isso, claro!), aquilo se tornara quase que uma rotina, após alguns dias.

Logo alguns pensamentos tornaram-se comuns em sua cabeça, o distraindo de seus jogos de basquete, classes, estudos, tudo.

Hm, ela fica bem de cabelo preso.

Ela parece mais feliz que o normal. Será que foi bem no teste de matemática?

Verde fica bonito nela.

Qual é o seu nome?

– Eu não vou te falar, você que pergunte a outra pessoa. - Ele tentara, mas Abigail realmente não estava ajudando.

Porém algo simples como um nome não importava para alguém que a conhecia apenas por observá-la de longe. E talvez, se ele o descobrisse, já poderia ser classificado como “stalker”, então deixou por isso mesmo.

Assim, a garota misteriosa foi lentamente tomando conta de seus pensamentos como um parasita.

– Você devia ouvir o que a Abbie te fala, - Seu melhor amigo suspirara.

– Vamos, eu não sabia que você era tão covarde! - A morena cruzara os braços, irritada.

– Irmão idiota, com medo de uma garota! - Até o seu irmão caçula estava caçoando da cara dele.

O que você está esperando?! Sua própria mente o pressionara.

Só um olá, Wally. Só um olá.

O que poderia dar errado?

Ele cruzou o corredor errado de propósito um dia, passando por salas que não conhecia, procurando e procurando até ver Ela com livros nas mãos abrindo um armário com uma chave pequenina-

Um chaveiro de um desenho animado irritante e velho preso à chave, e num instante de distração ele sentira uma dor repentina em sua testa.

– Ah! - Uma voz melodiosa cortou o ar, chegou aos seus ouvidos e puxou mais borrões apagados para sua mente já confusa. - Você está bem?

Seus olhos cor de ônix emanavam uma preocupação familiar.

Tudo nela era familiar, mais do que nunca ali e naquele momento.

– Estou. - Ele engoliu em seco, - Estou, sim.

O chaveiro pequeno de macaco colorido laranja ainda nas mãos dela, uma mão livre puxando sua franja para o lado para inspecionar o vermelho que se formara ao bater a cabeça na porta do armário.

– Você devia tomar mais cuidado, - A garota comentou, deixando seus dedos finos percorrerem o machucado por mais tempo que deveriam. - Eu não tinha te visto, uh...

Ele sentiu sua garganta se constringir.

–... Wally. - Murmurou baixo. - P-pode me chamar de Wally.

A estranha sorriu, grata por uma resposta à sua pergunta silenciosa. Algo em seus olhos o contou que ela esperava para saber seu nome tanto quanto ele.

– Meu nome é Kuki. - Foi o que ouviu em seguida. - É um prazer, Wally.

Seu nome ressoou na voz dela como se pertencesse aos seus lábios há um longo, longo tempo.

Ele sorri outra vez, hesitante, e o sorriso dela aumenta.

Tudo se encaixa, como se nunca tivesse se separado em primeiro lugar.

(E realmente nunca se separou, por amor ser algo que transcende memórias perdidas.)


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Notas finais do capítulo

É curto, mas espero que vocês tenham gostado. ;v; Para os confusos, a Abigail é a única que ainda está na KnD e não teve a sua memória apagada. Tadinha dela, tendo que ver seus amigos esquecerem uns dos outros assim. *sigh*
Até mais! ♥