Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 9
Dúvidas


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários, esse capítulo é dedicado a todas que comentaram.



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Por Laura

Eu andava pela rua pensando em meu fim de semana. Começando pela minha briga com Edgar que me deixava nervosa e receosa, passando pelo reencontro com meu pai (foi tão bom vê-lo com meu filho) e depois as minhas dúvidas referente a nova amiguinha de Toninho.

Eu podia está sendo paranoica, mas a menina tinha o mesmo nome da filha de Edgar, Melissa. E pela conversa que tive com a babá dela no domingo, ela sofria de asma e seu aniversário de 7 anos não estava muito longe. Ou seja, era doentinha como ela e tinha a mesma idade.

Melissa era frágil, magra, e pequena para a idade, mesmo sendo quase 2 anos mais velha que meu filho era um pouco menor do ele. Ela também não corria por muito tempo já que se cansava logo.

Não sei, mas algo me dizia que o destino estava me pregando uma peça. Que aquela Melissa era filha do Edgar e portanto irmã do meu filho.

Pensei em evitar encontros com a garota, mas não era justo e também não vi tanto perigo. Toninho gostava dela, e aparentemente a mãe não a levava para passear. E se ela fosse mesmo a irmã do meu filho, era bom que eles brincassem como amigos.


Esses pensamentos me dominavam quando esbarrei com alguém inesperado e indesejado, parecia até um sinal. Catarina me lançou um olhar de surpresa, eu me mantive firme, acenei com a cabeça e continuei com passos apressados em direção ao meu serviço.

Me joguei no trabalho. Havia muitas coisas me perturbando, me sentia pressionada com tantos acontecimentos e reencontros, como se em breve eu não tivesse mais saída e tudo despencaria em minha cabeça. Mas felizmente, o serviço conseguia me distrair dessa angústia.

O meu turno já havia chegado ao fim e ao sair da biblioteca, escutei uma voz bem conhecida, parecia outro sinal de que as coisas se complicariam mais:

– Oi. - disse Edgar sorridente, pelo menos dessa vez ele parecia estar de bom humor, e foi ótimo ver aquele sorriso novamente

– Oi- respondi no susto, mas me recuperei e por fim até sorri

– Eu pensei que poderíamos conversar. - ele continuava amável com um leve sorriso nos lábios

– Estamos conversando, não estamos?

– Laura, não vim brigar. Você disse que poderíamos conversar quando eu estivesse mais tranquilo. Eu estou mais tranquilo.

– Estou vendo. - falei com certa ironia quase provocando-o- E você disse que não me procuraria mais ... Mas pode falar.

– Laura... eu disse muitas coisas que não devia naquele dia... Prometo me esforçar para não brigarmos. Mas queria conversar em um lugar mais reservado. Podemos tomar um café ou jantar?

– Edgar, eu não posso, estou sem tempo agora. Tenho que pegar meu bonde.- ele não sabia, mas não podia demorar por causa do meu filho

– Ao menos posso te acompanhar até o bonde? - ele lançou um sorriso iluminado e um olhar quase de súplica que me fizeram lembrar Toninho e as várias situações em que eu não conseguia negar coisas a ele, Edgar ainda mexia comigo, muito mais do eu imaginava

– Pode – disse sorrindo e balançando a minha cabeça afirmativamente

Eu ia dar um passo, quando ele chegou mais perto de mim, de forma que parecia que ia fazer algo comigo, senti o seu cheiro, e cheguei a esperar o seu toque. Respirei fundo, eu queria que ele se aproximasse e não sabia como agir. Ele foi movendo os braços em minha direção, mas parou antes de me alcançar e disse:

– Posso? - ele queria carregar os meus livros, fiquei muda por um tempo, precisava me recuperar

– Claro! - disse um pouco constrangida, deveria estar com o rosto vermelho

Ele foi aproximando as mãos com cuidado e por instantes e de leve tocou em meu braço, o que deve ter me deixada mais vermelha ainda, mas logo após pegou os meus livros. Dei o primeiro passo e ele veio me seguindo:

– Então além de carregar livros pesados o que você tem feito na biblioteca? - ele falou em tom brincalhão

– Ajudado em pesquisas, atendido leitores, e ... ministrado aulas especiais – abri um sorriso ao final

– Claro, você não podia deixar de dar aulas, é uma excelente professora! Sou testemunha disso – ele lançou um olhar no fundo dos meus olhos e depois para minha boca o que até deixou minhas pernas um pouco bambas

– Obrigada – foi só isso que consegui falar

– É verdade... Há quanto tempo você está trabalhando aqui?

– Há cerca de 3 semanas.-falei olhando para o caminho, mas depois voltei a olhar em seu rosto

– Não é muito tempo.- seus olhos pareciam encantados

– Não é.

– Sabe de uma coisa, isso é um absurdo. - ele riu

– Absurdo? - eu sorri sem entender

– Esse trabalho árduo! Obrigando mulheres adoráveis como você a levar livros tão pesados para a casa. Toda bibliotecária deveria ter um ajudante, um homem forte para ajudá-las a levar seus livros até o bonde. - ele riu e eu também

– Vou exigir isso na próxima reunião da biblioteca.

Já estávamos próximos do bonde, e ele parou:

– Laura – seu tom era sério – Jante comigo amanhã na no... minha casa. Acho que precisamos de uma conversa reservada.

– Edgar, não sei... Isso não vai dar certo …. voltar lá ... a gente assim … - na verdade eu estava com mais medo do que eu faria do que dele

– Uma conversa, um jantar. O que há de mal nisso? Lembre-se que nós já fomos muito amigos antes …

– Tá bom, mas jantar é difícil para mim. Eu consigo um tempo para o almoço, que tal as 2?

– É um almoço um pouco tarde, mas que seja, as 2 então. E Laura ...- ele me entregou os livros, se aproximou de mim e falou quase sussurrando - é horrível brigar com você, mas eu prefiro brigar do que ficar sem te ver.

Eu não respondi e com o coração disparado entrei no bonde e soltei um suspiro. Ainda consegui ver Edgar olhando para mim e sorrindo.

Eu estava perdida, não podia ceder assim, agora não era só eu, tinha o meu filho. E somente com aquela conversa amável, ele conseguira desencavar sentimentos, desejos e sensações que há muito tempo eu escondera.

Soltei mais um suspiro e outro tipo de emoção tomou conta de mim. Era medo, era culpa. Esse Edgar me fez lembrar do Edgar do início do nosso casamento, gentil, prestativo, divertido e sedutor. O homem que ao meu lado sonhou tanto em termos um filho, e de quem não teria justificativas de esconder o Antônio. Eu havia tomado a decisão certa? Já até imaginava quanta raiva o consumiria no momento em que revelasse o meu segredo.

Mas aos poucos, as sensações desse último encontro foram retornando, e um sorriso voltou a se abrir em meus lábios. Não dava para controlar, eu estava feliz.



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Notas finais do capítulo

Então comentem, façam sugestões para deixar meu coração mais feliz e escrever mais tá?