Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 7
Reencontros


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelos comentários. Esse capítulo é dedicada a todas que comentaram. Sem vocês eu não o colocaria hoje.



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Por Laura

A minha conversa do dia anterior com o Edgar ainda me incomodava, mas isso não iria acabar com o meu sábado. Tinha que encontrar com a tia Jurema pela manhã, dar as chaves da casa de Isabel, e ajudá-la um pouco com a arrumação, já que minha amiga chegaria em breve. Eu mal podia esperar pela volta dela, não a via há anos, e queria muito abraçá-la, apresentar o meu filho, e conversar pessoalmente como nos velhos tempos. A saudade era enorme.

Tia Jurema adorou conhecer Toninho. E ele também gostou muito dela. Mas eu sabia que isso aconteceria, já que ela esbanjava simpatia e bom astral.

Ficar arrumando uma casa com duas mulheres adultas, pode parecer um programa pouco animado para um menino. Mas até que ele conseguiu se divertir, ao mesmo tempo, que queria ajudar e acabava fazendo bagunça.

Pela tarde, eu havia prometido leva-lo ao jardim botânico se ele se comportasse. Não posso dizer que ele se comportou completamente, mas fingiria que sim, e o levaria da mesma forma. Uma surpresa o aguardava lá.

Fiz questão de deixa-lo mais adorável (se isso fosse possível, já que meu menino era sempre encantador). Limpo, com cabelo arrumado, e usando um terninho, que era uma das suas melhores roupas.

Toninho se sentiu incomodado com tanta arrumação e luxo. Queria tirar o casaco, ou usar outro sapato, mas lhe disse que depois que chegássemos ao Jardim Botânico, ele poderia ficar sem o paletó e os sapatos, até bagunçar os cabelos. Mas até lá, teria que permanecer arrumado.

Cheguei ao ponto do encontro e o avistei de longe. Corri para ele e o abracei:

– Pai! - estava emocionada

– Minha filha, como você está bonita! Que bom que voltou!

Encerramos o abraço e me voltei para Toninho, o carreguei e disse:

– Esse é Antônio, o meu filho. Seu neto, pai... Toninho, esse é o seu avó.

O velho Assunção nos olhava emocionado, pegou o neto em seus braços e lhe deu um abraço apertado:

– Laura, você é mãe?- ele sorria

– Sim – falei feliz e orgulhosa

– E você, Antônio é o menino mais bonito que já vi! –ele continuava emocionado

– Eu queria tanto te conhecer, vovô.

Deixei os dois brincarem e conversarem por um tempo. Ambos pareciam estar muito felizes, até aparentava que se conheciam há anos. Quando Toninho perguntou se podia correr e brincar pelos arredores, vi a oportunidade que estava esperando.

Deixei-o brincar pelas redondezas (sem sapatos e paletó) enquanto conversava com o meu pai. Nós tínhamos muito que falar. Contei sobre o passado, sobre a decisão de esconder meu filho de todos, falei do motivo da minha volta, do meu emprego e que queria fazer as coisas com calma:

– Pai, quero que você mantenha segredo, ninguém pode saber. Nem mesmo dona Constância ou o Albertinho.

– Laura, não sei se concordo com você, um dia sua mãe e seu irmão saberão de qualquer forma. Mas ao menos ao Edgar você deveria contar, ele e Antônio têm esse direito. E Edgar poder até te ajudar.

– Eu sei... pai... mas quero fazer tudo com calma. Ainda não estou preparada para apresenta-lo ao Edgar, e também não sei se quero a ajuda dele. E se a mamãe ou Albertinho souberem, essa informação não demorará a chegar nele.

– Compreendo, vou respeitar a sua decisão, filha...- ele olhou em volta, e tentou mudar de assunto – Então me conta mais sobre vocês?

– Tia Celinha está me ajudando a cuidar dele enquanto estou no trabalho. Mas quero colocá-lo numa escola pelo menos uma parte do dia. Ele é muito inteligente, sabe? É novinho, mas já lê e escreve, eu ensinei. Mas acho que terei que adiar um pouco esse plano da escola.

– Por quê?

– Ahhh... pai. Fui a alguns colégios bem conceituados, por sinal. Mas a verdade é que sou uma bibliotecária que sustenta um filho e ainda paga uma pensão. Enfim, eles são muito caros para mim. Até surgiu a possibilidade de uma bolsa ou um abatimento, Antônio teria que fazer uma prova, mas não há vagas por agora.

– Se esse é o caso, eu te ajudo, dou o dinheiro que você precisa, você o coloca na escola que quiser e até muda para um lugar melhor.

– Eu não posso aceitar. Me sustento há anos, não preciso e não quero. Pretendo continuar assim! –estava firme

– Filha, eu sou um senador. E as fazendas estão rendendo bem agora, não faria nenhuma diferença para mim.

– Não é isso. Não posso aceitar.

– Você não está sendo orgulhosa demais? E com isso não está prejudicando o futuro do seu filho?

– Pai ... não. A gente está bem.

– Eu sei, mas ao menos, me deixe pagar a escola. É pelo futuro do Antônio. –ele sorria, sabia que havia me convencido.

–Está bem. Por ele, mas só a escola e vou tentar arrumar uma forma de conseguir mais dinheiro e eu mesma pagá-la. –falei determinada

– Claro, filha. Mas até lá ficarei satisfeito em ajudar – ele me abraçou

Enquanto eu conversava com meu pai, ficava de olho em Toninho. Ele permanecia por perto, havia arrumado uma amiguinha. Uma menina magra e pálida de cabelos escuros, mais ou menos do tamanho dele.

Os dois pareciam se divertir, e nós o observávamos. Após um tempo ele e a garota se aproximaram da gente, acompanhados por uma mulher que parecia ser a babá dela:

– Mãmae, minha amiga vai embora. Ela vai muito naquela praça perto da nossa casa. Será que você não pode me levar lá amanhã? Pode ... pode? – ele tinha um olhar de súplica encantador

– É claro, o que eu não faço por você, filho? – dei um beijinho nele

– Tá vendo eu falei que ela ia deixar - ele virou contente para a garota e logo depois ela foi embora

Quando a babá e a menina já estavam longe meu pai perguntou:

– Qual o nome da sua amiguinha, Antônio?

– Ahhh... é Melissa.


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Notas finais do capítulo

Então, gostaram? Algumas sugestões? Comentem, comentários me deixam muito feliz e me fazem escrever mais rápido e melhor