Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 39
Suspeita


Notas iniciais do capítulo

Meninas obrigada por tantos comentários. Eu fiquei tão feliz. Esse capítulo é dedicado a todas que comentaram.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342481/chapter/39

Por Laura

Os últimos dias tinham sido maravilhosos. Eu e Edgar havíamos nos reconciliado, nosso filho já sabia que ele era o seu pai, e se acostumava com isso. Curtíamos a nossa rotina familiar, éramos uma família de verdade. Uma família feliz.

Edgar estava muito animado com a minha gravidez. Às vezes, até parecia um bobo. Ele tinha medo de me machucar ao me tocar. Beijava e acariciava a minha barriga sempre que estávamos sozinhos. Quase não dava para reparar nada ainda, mas ele cismou que a barriga crescia todos os dias, e que ele notava isso.

Mas tenho que confessar que me deixava muito feliz. Eu não tive isso em nenhuma das duas vezes que estive grávida antes. Edgar não esteve comigo em nenhuma delas. E isso me fez tanta falta, então vê-lo babão, carinhoso, ser mimada, tê-lo comigo nesse momento não tinha valor. Era a melhor coisa do mundo.

Mas até que eu andava um pouco cismada com ele. Houve um dia que entrei no escritório e percebi que ele escondeu um papel. E como sempre fui muito curiosa, não iria sossegar até descobrir o que ele aprontava. Tentei perguntar veladamente, mas ele gaguejou, e deu uma resposta insatisfatória. Havia alguma coisa ali. Eu sabia...

Uma tarde, ele estava no escritório há algum tempo, espiei e percebi que ele escrevia concentrado. Entrei sem fazer muito barulho. Quando ele percebeu, já estava à frente dele, e o impedi que guardasse o papel:

– Laura...- ele parecia um menino sapeca que foi pego fazendo coisa feia

– Edgar... O que você tanto escreve que eu não posso ver? Já estou começando a achar que tem algo errado –falei brava, ele ainda me olhou um pouco e disse

– Tá bom ...pode ler – se deu por vencido

Eu peguei o papel e comecei a ler. Era uma reportagem, muito bem escrita por sinal, e o estilo não me era estranho:

– Uma reportagem? Me lembra o.... Edgar, você é o Antônio Ferreira?- tive um estalo

– È. Bem ... sou - ele parecia sem graça, e cruzou os braços – Meu amor ...não vamos brigar por causa disso, né? – ele estava preocupado

– Meu amor... não ... Não é motivo para brigas. Antônio Ferreira é um jornalista brilhante, aliás, você é brilhante. Agora por que tanto segredo? – eu ria, estava orgulhosa.

– Ahh... Laura nem sei por que não te contei... Nós conversamos sobre as reportagens naquela noite, mas a gente ainda não estava muito bem e... Sei lá, depois fiquei com medo de você se preocupar já que eu escrevo sobre alguns assuntos polêmicos. Não queria te deixar preocupada em seu atual estado. – me aproximei dele e o beijei

– Obrigada, meu amor. Por aquela reportagem... sobre as mulheres... Foi para mim, não foi?

– Sim. – ele sorria satisfeito

– Edgar ... eu também seria um pouco hipócrita se brigasse com você por causa disso – resolvi falar sobre mim- Fiquei com medo que você contasse ao Guerra ... mas bem... eu sou o Paulo Lima.

– Paulo Lima?- ele perguntou surpreso, confirmei com a cabeça e ele continuou, parecia sério – Paulo Lima? Quer dizer então que sou casado com um homem?

– Bobo – dei um tapinha nele, ele me assustou por um momento, depois consegui sorrir.

– Mas eu não posso me casar com um homem. Eu fui enganado, teremos que rever a nossa situação – ele ainda continuava sério e eu gargalhei.

– Você sabe o quanto sou mulher... Edgar – o beijei com urgência e ele correspondeu o beijo

– Meu amor... você é tão talentosa, tão notável, estou tão orgulhoso. A escola ... então vai seguir as suas ideias... – ele falou depois de recuperar o fôlego, sorria, parecia satisfeito.

Conversamos sobre o fato de eu usar um pseudônimo masculino, ele queria que contasse a Guerra logo. Mas não sei se era uma decisão fácil, sabia o quanto Carlos Guerra era machista. E as coisas estavam tão boas depois de tantos momentos ruins, não queria problemas, não queria passar raiva.

Edgar disse que me apoiaria e eu pensei na ideia. Seria ótimo assinar as minhas matérias com meu próprio nome, sabia que haveria preconceitos, mas talvez já estivesse na hora de enfrentá-los. Com meu amor ao meu lado seria mais fácil.

Mas decidi esperar um pouco, no dia seguinte Melissa viria para casa e passaria uma semana com a gente. Resolvi pensar durante esses dias.

Edgar estava tão animado quando Melissa chegou. Eu sabia o que aquilo significava para ele. Era ver sua família completa reunida. Sabia que ele esperava por isso ansiosamente. Era uma situação muito bonita, mas que podia ser complicada, eu tinha medo por ele. Se algo errado acontecesse, o afetaria muito.

Os primeiros momentos foram ótimos. Edgar era carinhoso com os dois filhos e brincou com eles. Na hora de dormir contou história para ambos juntos. Ele estava tão feliz, e a noite eu era recompensada, estando em seus braços, vendo o seu sorriso, escutando as suas risadas. Era tão bom vê-lo assim.

Nos dias seguintes, não quis falar nada para não acabar com o encanto de Edgar. Mas comecei a notar que meu filho estava estranho, andava triste. Um dia, ele me perguntou que se alguém tentasse bater nele, se eu ficaria brava, se ele reagisse. Eu não queria vê-lo apanhar, disse que não podia procurar briga, mas ele também não precisava ser covarde, se não tivesse outra opção, era melhor lutar, ele podia se defender. Fiquei impressionada com isso, e tentei descobrir se algum colega batia nele, e ele negou. Mas reafirmei, caso acontecesse deveria falar com algum professor.

Certa noite, ele pareceu decepcionado porque não teria aula no dia seguinte. Era o dia de algum santo e os padres deram um recesso. Eu sabia que meu menino era muito inteligente, e muito aplicado na escola, mas me preocupou o fato dele estar gostando mais de ficar no colégio do que em casa. Será que havia alguma coisa errada? Não tinha nada concreto em mãos, mas resolvi prestar atenção.

Só que no dia que ele não teve aula, senti uma dor na barriga. Fiquei um pouco preocupada com o bebê, apesar de não me parecer grave, não queria assustar o Edgar, então resolvi ir ao médico sem comentar isso com ele. Pedi que ele e Matilde prestassem atenção nas crianças e fui para tirar essa preocupação da cabeça. Só esperava que tudo continuasse calmo em casa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então O que está acontecendo na casa de Laura e Edgar? E o mais importante o que vai acontecer?
Espero que tenham gostado. Comentem pois isso sempre me anima a escrever mais e mais rápido.