Por Laura

Quando acordei e percebi que Edgar não estava comigo. Tenho que admitir que fiquei abalada. Eu sabia que ele guardava tantos sentimentos dentro dele, e que fugira. Foi uma sensação tão ruim ... depois de uma noite tão bela.

Mas me levantei, tinha que me levantar e continuar. As coisas não estavam sendo fáceis para mim, mas eu tinha um filho, e precisava prosseguir. E não deixaria nada estragar a vida dele.

Antes de voltar para a casa da Isabel, passei na caixa postal do Paulo Lima. E tive uma boa surpresa. Havia uma mensagem de Guerra, ele encomendava outras reportagens e foi um grande alívio para mim, já que eu estava desempregada. Era uma forma de ganhar dinheiro, e uma boa maneira de ser ouvida. Fiquei tão feliz que peguei meu filho no colo e rodopiei com ele.

Também comemorei com Isabel quando cheguei a casa dela. Claro que depois contei sobre todos os problemas do dia anterior. E também sobre as coisas boas. Pois mesmo com os últimos acontecimentos, a tarde e a noite foram muito boas.

Enquanto via meu filho brincar, pensei sobre o que fazer em relação a Edgar. A nossa noite... Ela não poderia estragar as coisas, não poderia estragar a aproximação dele com o nosso filho. Eu tinha tanto medo que atrapalhasse tudo que estávamos construindo. Nosso filho era mais importante.

Quando o procurei, eu precisava dele, mas sabia que havia muitas coisas nos separando ainda, e que talvez não estivéssemos preparados para resolver. Havia a mágoa dele, as minhas preocupações com passado, o medo que ele voltasse a me fazer sofrer da mesma forma que fizera antes do divorcio, me fizesse sentir abandonada, e pior ... que fizesse isso com Toninho, coisa que não admitiria. E ainda havia Catarina, eu não acreditava que ele tivesse alguma coisa com ela, mas sabia que ela era perigosa. Mesmo que não nos incomodasse há algum tempo.

Eu não podia deixar essas coisas afetarem Toninho, se nós não estávamos preparados para conversar sem brigas, era melhor adiar. Tudo ainda era muito frágil entre Toninho e Edgar, entre Edgar e eu. Não queria brigar.

Nossa noite não precisava ser um empecilho, se tornar um motivo de discussões. Então quando Edgar me procurou naquele dia. Eu fui sensata e direta. Nós éramos adultos e a agimos de acordo com as nossas vontades. Isso não precisava ser discutido, não precisava atrapalhar o nosso filho.

Dias após, eu comecei a procurar emprego como professora. Mesmo com os artigos para o Guerra, eu queria ter outra forma de ganhar dinheiro, além do fato que também adorava dar aulas.

Mas recebi várias respostas negativas, todas as portas estavam fechadas para uma divorciada, era quase como se eu fosse uma criminosa e colocasse as crianças em risco. Mesmo assim mantive a cabeça erguida.

Edgar também começou a pesquisar escolas para Toninho. E essa busca era complicada, eu sabia pela sua demora que ele não devia estar sendo bem sucedido, só não falava nada para me preocupar.

O lado positivo é que assim pude passar mais tempo com o meu filho, não tinha um horário fixo de trabalho, e como ele não estava na escola, podia brincar com ele, dar atenção a ele, passear mais, e até dar aulas para o meu garoto. Já que para Toninho, eu era uma ótima professora e não era vista como uma criminosa.

Com Edgar as coisas tomaram um rumo inusitado. Após a noite que passamos juntos, Toninho começou a dormir lá com certa frequência, às vezes, dormia três, quatro ou a até mesmo cinco vezes por semana na casa dele. Até parecia ele morava lá.

E quando meu filho dormia, eu também acabava ficando. Na primeira noite, permaneci mais uma vez com ele, cantando para ele dormir. As lembranças da noite que passara com Edgar, aquela noite maravilhosa, não saiam da minha cabeça. Eu queria dormir mais uma vez com ele, o desejava, queria me sentir amada, seus beijos e seus toques. Aquilo me deixava tão bem. Estava tão tentada, mas consegui não ceder aos meus impulsos novamente. Outra noite com ele poderia complicar a situação.

Fui para o quarto de hóspedes, e os pensamentos não cessaram. Então Edgar apareceu na porta, ele tinha um sorriso nos lábios, mas em seu olhar havia certo temor:

– Laura, vem comigo! –ele levantou um pouco a sua mão, e não resisti, a segurei e ele me levou para o nosso quarto

Nos amamos com muita paixão. Em seus braços eu esquecia todos os problemas que nos separava, e lembrava dos sentimentos que nos unia. Como era bom estar com ele, sentir os seus beijos ardentes, o seu toque, o seu corpo, estar unida a ele.

As outras noites que dormi lá, nem tentei resistir ou impedir. Quando eu era a última a ficar com o nosso filho, ia direto ao nosso quarto, quando era ele, o ficava esperando. E quando eram os dois, nós íamos juntos.

Estar com ele era incrível, fazia eu me sentir tão bem. Eram momentos cheios de paixão, vontade, e amor. Edgar era carinhoso, atento e ardente. Às vezes nos amávamos com urgência, outras vezes com calma. Mas todas as noites eram maravilhosas.

A verdade é que não conversávamos sobre isso durante o dia. E nem tinha mais aquelas declarações ou conversas apaixonadas após nos amarmos. Ele era muito afetuoso, nunca deixou de ser, mas não falava nada. Basicamente dormíamos abraçados, mas sem dizer os nossos sentimentos.

Mesmo assim, aqueles eram momentos de entrega para mim, momentos em que eu deixava meu amor e desejo falarem mais alto. E era muito feliz. Inclusive sentia muita falta de Edgar nos dias em que dormia sozinha na casa de Isabel.