Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 22
Convivência


Notas iniciais do capítulo

Meninas adorei todos os comentários e agradeço por eles. Mas meu agradecimento especial nesse capítulo vai para a laucamargo que recomendou a minha história. Valeu e espero que todas gostem.



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Por Edgar

O que mais queria era contar a Antônio que eu era o seu pai. Mas havia me comprometido com Laura que só revelaria a ele quando nós dois decidíssemos que era o momento certo. Eu estava ansioso, mas talvez fosse melhor para meu filho fazermos isso com calma.

Enquanto isso, eu o via quase todos os dias. Brinquei, conversei, e passeei com ele. Certa manhã, o levei a confeitaria Colonial e pude ver seus olhos brilharem com beleza do lugar. Era a primeira vez que ele ia lá. E minha emoção ao vê-lo assim foi indescritível.

Ele era lindo, esperto, curioso, levado, dócil, e cheio de personalidade. Era do jeito que eu sempre sonhei. O filho que sempre quis. Parecia gostar de mim e nossos momentos eram mágicos.

Mas também tinha Laura. Eu sempre a via. E mantínhamos uma relação cordial, mas com certo afastamento. O menino era muito apegado a ela, e às vezes, ela saia conosco.

A verdade é que ela causava uma batalha de sentimentos dentro de mim. Eu a admirava, a amava e a desejava, não podia mentir para mim. Isso não mudou, e nunca mudaria. Mas havia aquela mágoa me corroendo, uma raiva por ela não ter confiado em mim e ter escondido o nosso filho por tanto tempo. Quantos momentos dele eu havia perdido? Como queria ter o visto aprender a andar e a falar. Ela disse que tinha os seus motivos, eu podia imaginar quais, mas isso não fazia o meu desgosto sumir. Não podia concordar com ela.

As vezes, a mágoa desaparecia por alguns instantes, quando a via tão dedicada e amorosa com nosso filho, quando a olhava sem ela perceber, quando conversávamos sobre Antônio, ou tinha lembranças dos nossos momentos doces do passado. Eu a via e sentia aquela velha sensação de felicidade, e de que a vida era perfeita. Foi assim em nosso passeio ao jardim botânico quando ela nos olhava satisfeita ou quando antônio correu em direção a ela sorrindo feliz e mostrando um inseto que ele havia encontrado.

Mas logo depois a mágoa tomava conta de mim, e essa felicidade ia embora. Isso me corroía, sabia o mal que me fazia, mas não conseguia superar. E como gostaria de conseguir esquecer esses sentimentos ruins... por mim, por Laura e por Antônio. Eu queria tanto tê-los em minha casa, tê-la em meus braços, as nossas conversas maravilhosas, dar uma família feliz e normal ao nosso filho. Mas era tão complicado. Quem me dera as coisas fossem mais simples comigo e Laura.

Certo dia, estava colocando Antônio para dormir na casa de Isabel, era a primeira vez que colocava o meu filho para dormir. Contava uma história, Chapeuzinho Vermelho, e da mesma forma que fazia com Melissa, imitava as expressões e vozes de cada personagem, ele parecia adorar. Mas após eu terminar, ele ainda estava aceso:

– Então gostou, Antônio?

– Gostei ... – ele ficou pensativo, sabia que viria algo mais – mas o final da história que minha mãe conta é mais legal.

– O final que a sua mãe conta?

– É... a chapeuzinho morre – ele falou direto

– E você achou melhor? - perguntei surpreso

–Edgaaar ... eu estava pensando como um lobo engole a vovó e a Chapeuzinho vivas e elas saem de lá assim? A garganta do lobo era de que tamanho? – ele parecia um homenzinho, um cientista, eu não me contive e dei uma risada, depois falei sério

– Com certeza, isso é estranho, Antônio Vieira. E tenho outra pergunta para você. Como o lobo falava?

– É mesmo, Edgar, como? – ele estava curioso e colocou a mão em cima da boca

– Magia.. Antônio ...Nas historinhas há muita magia, e essas coisas podem acontecer. – me aproximei dele e beijei seu rosto com carinho- Está pronto para dormir?

– Ahhh, não... conta outra – ele fazia manha, mas a verdade é que eu também estava me divertindo

– Tá bom. Qual você prefere A Bela adormecida, Branca de neve ...

– Ah não! Essas também são histórias de meninas, agora quero uma de menino! – eu não me contive e ri novamente, ele tinha razão eram histórias de meninas, mas é que eu estava acostumado a criar uma menina, remexi a minha memória e tentei encontrar uma de menino

– Já sei... Vou contar a de Simbad, o marujo- tirei do fundo do baú

– Parece legal! Contaaaa. Contaaaa– ele parecia satisfeito

E eu comecei a narrar a história de Simbad e suas viagens. Fazia as vozes, as expressões, lutava com espadas, e ele parecia maravilhado. Após algum tempo, ele adormeceu, e antes de sair dei-lhe um beijo e falei:

– Boa noite, meu filho – ele estava dormindo, então podia chama-lo de filho.

Tenho que admitir... fora cansativo, mas extremamente divertido. Como era incrível estar com ele. Encontrei Laura na sala e ela me perguntou:

– Então como foi? Ele dormiu? – ela estava linda

– Foi ótimo, ele demorou, mas consegui fazê-lo dormir. – eu ri

– Parabéns! Realmente é uma tarefa árdua – ela sorriu, meu Deus, como estava linda

– Vou precisar renovar o meu estoque de histórias. Ele reclamou que eu queria contar só histórias de meninas! – falei, ela deu uma risada e inclinou um pouco a cabeça

– É realmente, Edgar. Lembre-se que ele é um menino, gosta de estórias de aventuras, cheias de ação. Qual história você contou?

– Simbad, o marujo.

– Tá explicado por que demorou tanto. Você contou sobre as 7 viagens?

– Uhumm. Ele é duro na queda... Falar nisso você contou uma história da Chapeuzinho Vermelho em que ela morre?

– Sim. Eu procuro mostrar a ele que nem todos os contos têm finais felizes, penso que é uma maneira de ensinar sobre a vida, que nem tudo que ele quiser, conseguirá, que há coisas ruins e nem sempre vai dar certo. Ele não parece se importar com os finais tristes, até acho que gosta de alguns, e claro ... também adora histórias cheia de lutas, heróis, aventuras... Senhor Edgar ... Não sei se você sabe, mas na versão de Charles Perrault, a Chapeuzinho e a Vovó morrem – nossa como admirei Laura naquele momento

– Não sabia ... –continuava admirado , mas ... -Eu vou embora. Já esta tarde. Boa noite, Laura – falei sorrindo

– Boa noite, Edgar. – ela ostentava o seu mais belo sorriso

Eu saia encantado, feliz, mas esses sentimentos foram sendo preenchidos pela mágoa que me corroía, Laura escondera o meu filho. Por que eu não conseguia esquecer isso e me apegar aos momentos bons?


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Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Gostaram de Toninho com Edgar? E do Edgar com Laura? O clima não tá tão bom, mas esse capítulo foi um pouco mais fofo, não? Comentem, recomendem, deem sugestões sem a participação de vocês eu não escreveria tanto.