Laura E Edgar - Uma Outra História escrita por Cíntia


Capítulo 18
Filhos


Notas iniciais do capítulo

Obrigada pelos comentários, está com 99, quase chegamos a centena kkk. Esse capítulo é dedicado a todas que estão comentando. Espero que gostem.



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Por Laura

Tentei me mexer e senti os braços dele a minha volta. Por momentos cheguei a pensar que a noite passada fora um sonho, mas com Edgar me abraçando, constatei que era verdade. Eu havia passado a noite com ele. E que noite! Que noite extraordinária! Só de pensar eu me arrepiava!

Consigo me desvencilhar do seu abraço e vejo o rosto dele sereno, ele está dormindo, e parece sorrir. Está tão belo, um príncipe esperando ser despertado por um beijo de uma princesa. Não consigo resistir e beijo sua face de forma suave, pois não pretendo acordá-lo.

Mas deixo os devaneios por um momento e penso na realidade. Será que eu agira bem? Nós mal conversamos e viemos parar aqui. Edgar parecia estar mais disposto a isso. Já que admitira e se desculpara por alguns dos seus erros, mas havia outros, além das situações do passado e do presente que precisavam ser resolvidas. Eu fora impulsiva. Devia ter resolvido as coisas com calma, afinal, era mãe e deveria ter pensando mais em meu filho. Mas Edgar … daquele jeito … com aquelas palavras … aquele olhar … eu não consegui, perto dele ficava tão fraca.

Agora já não tinha como voltar atrás e eu não estava arrependida. Era melhor olhar pra frente, e resolver as nossas pendências juntos e com calma.

Começava a escutar o barulho da cidade acordando e a ver os primeiros raios de sol entrando pela janela. Já estava amanhecendo! Meu Deus, estava amanhecendo! E eu ainda estava com Edgar na nossa antiga casa. Não devia ter dormido aqui. Toninho estava na casa de Isabel sem mim. Eu nunca havia dormido longe dele, ele iria se assustar.

Me levantei apressada, tentando não fazer barulho para o Edgar não acordar. Mas acho que não fui tão bem sucedida, quando já estava terminando de me arrumar, percebi que ele se mexia e falava confuso:

– Laura? Laura? - me procurava pela cama

– Eu estou aqui.- respondi, ele me olhou aliviado, eu sorria e ele também abriu um sorriso

–Que bom, pensei que fora um sonho, ou que você tivesse me abandonado novamente como daquela vez que partiu.- essa frase mexeu comigo, ele ainda se lembrava da nossa última noite, a noite em que concebemos Toninho e que ele acordara sozinho

– Não, Edgar... - eu me aproximei dele, toquei em seu rosto e lhe dei um selinho – Eu não farei mais isso! - depois voltei a me arrumar em frente ao espelho - Me ajuda aqui!

Ele se levantou e me ajudava com a roupa:

– Fazer isso é um sacrifício.- ele falou sério

– Sacrifício?- perguntei confusa

– Te ajudar a vestir quando o que eu desejo é despir – ele ostentava um sorriso insinuante e nos beijamos com vontade

– Olha que menino sapeca, continua assim que te coloco de castigo – falei sorrindo após descolar os meus lábios dos dele

– Não! Um castigo seu é muita crueldade !- ele falou como se fosse algo sério, eu voltei a me arrumar e ele continuou -Então para que essa roupa toda? - me virei e vi seu olhar devasso e ao mesmo tempo manhoso

– Tenho que ir! - eu sorri

– Ahh,... mas já? Hoje é sábado, e é cedo … È, cedo, não é? - ele ainda estava um pouco desnorteado

– Sim, é cedo … -eu ri, e me voltei para o espelho- Mas eu tenho um filho, que nunca dormiu longe de mim. Quero tentar chegar antes que ele acorde.

– Claro, seu filho .. - notei um tom desanimado na voz dele, mas achei que era só manha– Aliás, sobre meu filho …

Pensei que estava na hora de contar, eu não conseguiria esconder por muito mais tempo, e aquele parecia ser um momento apropriado, mesmo que depois viesse uma baita discussão. Mas quando me virei, vi o olhar dele. Sua expressão havia mudado, estava sombria, triste, quase decepcionada. O que poderia ter ocasionado uma mudança tão drástica? Aí, lembrei que falara do meu filho:

– O que foi, Edgar? O que aconteceu?- disse de forma dura

– Nada.- ele tentava evitar o assunto, e começou a se vestir, mas eu já havia percebido e pressionei

– O meu filho? Esse é o problema?

– Laura … é que ...– ele mal conseguia falar

– É o meu filho, Edgar. Pensei que você já o aceitasse.

– Eu estou tentando. Entenda, imaginar você com outro, é tão … doloroso! - senti como se ele tivesse me enganado, ele ainda achava que eu era uma posse dele

– E daí? Nos estávamos separados, podia fazer o que quiser. Não sou uma coisa ... sua - podia contar a verdade, mas ele estava sendo possessivo, imaturo e machista

Já havia terminado de me arrumar, e sai pela porta, ainda parei para respirar antes de descer as escadas. Minhas emoções estavam a flor da pele.

Eu tinha aberto a porta de saída, quando Edgar apareceu totalmente desarrumado. Vestia a calça e a camisa. Mas os suspensórios ainda estavam caídos na pernas e apenas alguns botões da camisa estavam abotoados. O cabelo bagunçado, o olhar desconsolado, se o vissem assim na rua, era capaz de confundi-lo com um louco ou bêbado, logo ele que sempre andava tão garboso:

– Por favor, Laura. Não vá assim... - tenho que admitir que aquela visão dele me afetou e eu parei – Vamos conversar.

– Sim, vamos conversar... – até que conseguia falar de maneira calma – Há alguns anos, Edgar, você chegou com a Melissa e a Catarina. Nessa mesma casa, sem nem me consultar, quando eu havia acabado de perder o nosso bebê. Você achava que tudo era muito natural, que eu tinha que aceitar tudo, e engolir os meus sentimentos. E não foi compreensivo comigo.

– Mas a situação era diferente, Laura.

– Por que era diferente? Porque quando você conheceu a Catarina, não me amava, mas era o meu noivo, e me traiu. E eu estive separada de você nesses anos todos e não devia satisfações. Ou por que você é homem e eu sou uma mulher, que deve aceitar tudo? Será que é por isso que não pode aceitar o meu filho?

– Você não aceitou a Melissa, Laura. - ele falou como se fosse dono da razão

– O que? Edgar, como não aceitei? Você não entendeu, é? A Melissa, apesar de me ferir, eu aceitei, a menina não tinha culpa. O que nunca aceitei foi a Catarina. Ela intrometendo na nossa vida, me humilhando. E você compactuando com ela, me fazendo sentir cada vez pior. Você é um egoísta só consegue pensar em seus sentimentos, e os meus?-ele conseguira me deixar muito irritada

Edgar ficou mudo por um tempo. Parecia não saber o que responder, eu já preparava para ir embora, quando ele pegou de maneira suave em meu braço e me olhou com súplica:

– Eu nunca quis que você se sentisse assim, me desculpa, naquela época ...não imaginava … Mas vou te pedir para pensar em mim agora, se você se sentiu tão mal, então deve imaginar como estou me sentido, tente compreender.. da minha parte, vou tentar aceitar seu filho. Só que ainda … não consegui.

Aquelas palavras me atingiram em cheio, eu estava disposta a conversar mais, a resolver as coisas. Mas a porta se abriu e aquela mulher entrou com a filha. Eu reconheci a menina que brincara com meu filho, estava certa, ela era a irmã dele. Nós as olhamos surpresos. Mas em pouco tempo, notei certa raiva nele:

– Catarina, o que está fazendo aqui?

– Edgar, me desculpe. Não queria interromper e aparecer tão cedo, mas é que não tinha com quem deixar a Melissa. E você sabe que pode acontecer alguma coisa, ela não pode ficar sozinha – sua voz era irritantemente estridente, e sua preocupação me parecia tão falsa

– Você não interrompeu nada, Catarina. Nós já havíamos terminado a nossa conversa – falei de cabeça erguida

– Não vá – ele me pedia, enquanto aquela mulher entrava e se colocava à vontade

– Tchau, Edgar . Tchau, Melissa. - falei

– Tchau, Dona Laura – disse a menina me reconhecendo

Eu saí e fechei a porta atrás de mim. Edgar estava sendo intolerante, possessivo e até mesmo imaturo. Mas tinha razão em um ponto, eu conseguia entender um pouco o sofrimento dele ao pensar que Toninho era filho de outro. Talvez, aquela história estivesse indo longe demais. Talvez eu devesse falar a verdade, poupá-lo disso e desencadear novas brigas, pois sei que sua reação não seria branda.

Mas aquela mulher interrompendo a nossa conversa. Invadindo a casa, agindo da mesma maneira que me incomodava tanto, e ele não tendo uma reação adequada, mostrava que ainda tínhamos diversos problemas além dos referentes ao meu garoto, e sua rejeição a ele. Não sabia o que pensar, e o que faria a seguir. Precisava de um tempo para esfriar a cabeça e arranjar as minhas ideias.

A nossa noite tinha sido maravilhosa, inebriante, inesquecível. Pena que nos deparamos com tantos problemas pela manhã. Assim, não sabia se fora um erro, um ato precipitado, mas o tempo me mostraria o que aquela noite significaria.


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Notas finais do capítulo

Humm... o início tava tão bonito, mas acabou em briga, né?
Então o que acharam? Alguma sugestão? Espero que tenham gostando, e assim comentem pois comentários me deixam feliz e me estimulam a escrever mais.