Por Laura

Viro na cama, e Edgar ainda está dormindo, assim parece que tudo está perfeito, mas não está, é justamente o contrário. Um inferno me cerca fora dessas paredes, eu preciso de paz e tenho que ir embora para conseguir isso.

Talvez eu não devesse ter me entregado ao Edgar novamente. Isso pode ter alimentado as esperanças dele, mas eu já estou decidida, e não voltarei atrás. Espero que ele não pense que por causa dessa noite irei desistir do divórcio.

Mas a verdade é que eu não me arrependo dessa noite, ele veio até mim, triste, mas firme, disse que não se divorciaria de mim, que era a mulher dele e que isso não iria mudar. Então me beijou, tentei resistir, mas depois cedi e acabamos no quarto.

Foram ótimos momentos, com muitos beijos ardentes e outros até ternos, carinhos, um ato cheio de vontade, raiva e amor. Fizemos amor carregando em nossos peitos diversos sentimentos distintos e até contraditórios.

Eu precisava disso, desde que ele fora a Portugal e trouxera aquela mulher que não consigo dizer o nome e a filha, nós só discutíamos.... Ahhhh! Eu precisava senti-lo pela última vez, sentir-me unida e querida por ele, e lembrar-me assim dele, uma lembrança doce e não uma amarga de brigas sobre nossas atitudes e o fim do nosso casamento.

Levantei, me vesti, e escrevi uma carta:

“Edgar,

Eu te amo, mas o amor não é suficiente. Tenho vivido num inferno, não aguento a sensação de abandono que tenho e que é reforçada por você. Não aguento sentir-me a intrusa em sua vida, e ver que você não consegue me colocar de volta nela. Não aguento as intromissões e o jeito dissimulado e vulgar da Catarina. Não aguento essa tristeza pela perda do nosso bebê, e vê-lo com sua outra família. Eu quero e sempre quis paz. E para conseguí-la irei me divorciar de você. Preciso me separar pois isso acabará matando o nosso amor. Estou decidida, não há volta, essa noite foi uma despedida. Vou para a fazendo dos meus pais e meu advogado irá procurá-lo para acertar os detalhes do divórcio,

Laura”

Deixei a carta ao lado de Edgar na cama, e beijei o seu rosto, se no mundo só existisse nós dois, eu não o deixaria, mas havia outras pessoas e as rasteiras do destino.

Peguei minhas malas que já estavam arrumadas e saí daquela casa que entrei pensando que seria a minha prisão, mas onde eu acabara encontrando muita felicidade e amor ao lado de Edgar.