- Para onde você está me levando ?

- Shiiiu! 

Apenas a voz de Edward era o meu guia desde que o carro prata de Edward fora estacionado e ele insistiu em não me deixar observar nada.

Sua presença atrás de mim seria ameaçadora se não fosse pela palma cálida de sua mão em meus olhos.

- Abra os olhos lentamente! 

Respirei fundo para inalar o máximo de oxigênio e fui aplaudida por um ar puro e com aroma diferente.

Abrindo meu olhar encontrei com uma vista deslumbrante.

A minha frente um oceano esverdeado.

A cor mais pura e só menos sensível do que a cor dos olhos de Edward.

Eu me sentia flutuar com o vento que envolvia meu corpo.

A canção de ninar que jorrava dos lábios de alguns pássaros.

E a tranquilidade do barulho que uma cachoeira, talvez não tão longe, exercia sobre mim.

- Oh meu Deus! - Ainda sem conseguir expressar qualquer frase concreta, Edward segurou em minha mão novamente.

Pequeno gotículas de suor escapavam da mesma.

- Vem comigo, Bella!

Sem saber o porque, confiei completamente meus instintos no homem a minha frente e o segui.

Ele entrou em uma floresta verde e com árvores volumosas.

Pássaros cantarolavam enquanto eram observados por olhos curiosos.

Todos coloridos. Todos mágicos.

Mas ainda assim, nenhum era mágico o suficiente para fazer meu olhar perde-se mais do que poucos segundos longe de Edward.

Um vento congelante trouxe consigo uma beleza ainda mais pura e medieval para ele.

Seus cabelos ondulados e bronzeados subiram e foram ao lado em direção a magnitude que atraia o vento.

A brisa salgada salpicava em meu rosto com ralas sardas.

Reparei no buraco que estávamos.

O único lugar sem qualquer árvore.

Mas ao redor, uma natureza volumosa abrigava-se por conta do frio que a brisa trazia consigo.

O arrepio de meu corpo foi capaz de fazer o olhar de Edward cair preocupado sobre mim.

- Tudo bem, Bella ?

Meus lábios tremiam assim como meu corpo.

Um pouco por frio e outro pela aproximação de Edward.

Ele realmente não sabe o poder que tem sobre mim.

Mordi meu lábio e fui atraída pelo olhar para um pequeno coelho branco.

Edward acompanhando meu olhar, olhou para o pequeno animal com desprezo.

- Por que tanta admiração por um simples animal assim ? - Sem esperar por minha resposta, ele continuou : - Ele não me parece forte. E nem de longe é bonito.

- Ele é puro. - As palavras foram sussurradas enquanto eu tentava não estragar a lembrança de um Edward simpático. - Quero dizer... Ele não precisa matar muito para viver.

Fechei os olhos para sentir com mais suavidade a respiração de Edward em minha nuca.

Sem perceber, ele já estava atrás de mim, e pelo tom de sua voz parecia irado.

- Não me admira encontrar alguém como você para defender este animal.

- Alguém... Como eu ? - A indignação e decepção, principalmente, estavam presentes em cada palavra minha.

E para não deixar inflar ainda mais seu ego, eu não hesitei em continuar com meu olhar a frente de meu corpo, nunca atrás.

- É, Bella, você sabe... - Sentir seus braços em torno de mim despertou faíscas a pouco tempo sentidas. - Alguém que precisa de proteção. Jamais protege, sempre protegida.

Sentir seus dedos procurando por minha pele trouxe uma sensação quente para meu corpo.

- Eu gostaria de proteger você, Bella. 

Seus dedos queimaram por cima de minhas cicatrizes.

Mesmo por baixo de minha camisa xadrez, as cicatrizes faiscavam de dor cada vez que seu dedo passeava por elas.

Em um movimento tentador.

Um movimento que trouxe lágrimas e ao mesmo tempo sorrisos para meu rosto.

Um sentimento que eu não poderia sentir.

Eu não era digna.

- Edward... Eu...

- Posso te levar para casa ?

Perguntas passaram por minha cabeça no décimo de um segundo que demorei para responder mas a principal foi : Por que ele não me beijou ?

Eu sou um ser tão repulsivo a ponto de não despertar tal desejo em outra pessoa ?

Mordi meu lábio e sussurrei apenas um obrigada.

Dando a volta em meu corpo, e ainda com seus dedos em minhas cicatrizes, Edward sussurrou :

- Não é que eu não goste de sua presença, Bella, mas eu estou com medo de você pegar um gripe com os ventos fortes e gelados.

- Não conheço ninguém que já tenha acontecido isso.

- E quero continuar seguindo essa regra.

Com o seu sorriso, um novo abriu-se em meu rosto também.

- Obrigada por preocupar-se comigo, Edward... De verdade. - Com palavras desajustadas e nenhuma a altura dos gestos de Edward, sussurrava com fraqueza nos lábios : - Você é, realmente, muito gentil por se preocupar com alguém que mal conhece.

Sua mão livre, agora em meu rosto, encontrou com meus lábios em um gesto romântico e confortador.

Com seus lábios perto aos meus, ele sussurrou antes de envolver seus braços em torno de meu frágil e tremido corpo :

- Sempre que você precisar, eu estarei com você, Bella.