Pingos De Bella. escrita por Agridoce


Capítulo 23
Capítulo 23 - Minha melhor amiga é uma vampira.


Notas iniciais do capítulo

Muito obrigada pelas recomendações. Beijos!
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- Bella! 

Alguém me balançava em um gesto desesperado.

Com os olhos entre-abertos, murmurei sonolenta:

- O que é ?

- Precisamos ir agora!

Meu olhar perdeu-se no armário a minha frente.

Eu estava em posição fetal e encarando o armário de madeira.

Respirei fundo enquanto tentava controlar minha respiração descompassada.

- Vamos, Bella!

Em um salto, eu estava de pé.

Eu não me lembrava como tinha me locomovido do banheiro a meu quarto.

Eu ainda estava sobre efeitos da cocaína quando adormeci.

- Vá se aprontar. - Parando ao lado da janela aberta de meu quarto, preparando-se para ir, Edward continuou : - Vou terminar de levar a sua mala para o carro de Alice.

- Para o carro de... Malas? Alice?

- Alice é uma vampira também, Bella, e é apenas uma mala.

- O que ?

- Ela é minha prima. - Ele suspirou cansado. - É uma longa história. Não demore!

Com uma perna dentro e a outra fora, o impedi de ir segurando em seu pulso.

- Não posso deixar Esme e Charlie.

- Bella, por favor, é para a sua segurança.

- Não, Edward! - Seu olhar cor de líbido procurou acalmar o meu, porém, eu o desviava sempre que sentia uma sensação boa, de seus poderes, procurando por minha imaginação. - Eu nem sei direito o que está acontecendo, e eu, bem, Edward... Acabei de descobrir que minha melhor amiga é uma vampira! 

Com seu corpo todo dentro de meu verde quarto novamente, Edward segurou meu rosto entre suas mãos, e sussurrou antes de encontrar meus lábios com os seus:

- Bella, tudo vai dar certo. - Edward soltou uma gargalhada para tentar quebrar o clima. - Isso, claro, se você parar de ser cabeça dura e fizer o que eu estou lhe mandando.

Eu me senti ofendida.

Ele ainda pensava, ou talvez, imaginava que eu era a sua antiga Bella.

A Bella que morreu e há dezesseis anos reencarnou em meu corpo.

Eu me afastei antes que ele o fizesse.

- Não me trate como se eu ainda fosse sua esposa!

- Bella, querida, não é isso.

- O que é, então ?

Edward passou as mãos por seu rosto e pescoço.

Ele fazia aquilo para se acalmar.

- É difícil demais para você ir embora ? Ótimo. Porque para mim é difícil ir sem você, ou seja, se você não vai... Eu também não vou.

Edward estava sentado na beira de minha cama desarrumada.

A pequenos e lentos passos, sentei ao seu lado.

- Vai dar tudo certo. Afinal, o que poderia dar errado ?

Eu senti um arrepio significante por meu corpo, porém, apenas tentei ignorá-lo.

Afinal, frases assim e que logo depois resultam em tragédias, acontecem apenas em desenhos.

- Hum... Sim. Existe algo para dar errado.

Edward procurou minhas mãos e deixei encontrá-las.

- O que vai acontecer ?

- Jane vai nos matar.

Uma lembrança estranha mas ainda assim uma lembrança passou por minha mente, e eu suspirei frustada, antes de continuar:

- Não precisa exagerar, Edward!

- Jane tem o poder mais mortal de todos os Volturi. Eu já a vi matar homens com o dobro de seu tamanho.

- Ela é... Como assim "tamanho"?

- Alice é... Digamos que... Alice é a única pessoa que eu conheço capaz de conversar por igual com Jane.

Fiz o máximo para diminuir o som do barulho de minha risada presa mas não consegui por muito tempo.

- Você está brincando comigo ? Por favor, Edward!

- Eu posso levá-la até algumas de minhas lembranças com Jane.

A risada sumiu com a mesma rapidez que existiu.

- Eu posso fazer você sentir cada átomo de seu corpo morrendo e ressurgindo das cinzas com uma dor feita para fazer você desejar a morte como jamais desejou outra coisa na vida. 

Eu estava assustada com seu olhar sobre mim.

Ele estava todo por preto.

- Edward... Eu... Eu... - Eu me encolhia a cada vez que sentia mais seu corpo chegando perto do meu, se mais perto fosse possível, porém, algo me atraia no seu olhar.

Era escuro como uma noite fria sem luar, mas ainda assim, existia um poder mágico fazendo magia sobre meu corpo.

- Eu posso escutar você gritar como todos os piratas que tentaram invadir a Itália e foram mortos por Jane. - Edward tinha o olhar de um felino cruel e desalmado. - Eu posso fazer você relembrar da dor que sentiu quando foi capturada pelo Rei Louis e Jane tentou matar você.

Pior do que saber que Edward aguentaria ouvir meus gritos de dor e perdição, foi escutar que ele ainda procurava fazer com que eu relembrasse de lembranças de outra vida.

De uma outra Bella.

Isso foi o suficiente para fazer com que eu me afastasse.

- Eu não a conheço. Jamais senti qualquer coisa que tenha vindo dessa Jena.

- Jane. - Ele me corrigiu. 

- Não importa! - As palavras saíram descontroladas e em um tom de voz exaltado.

Edward olhou por trás de meu corpo, e logo me virei, acompanhando seu olhar.

- Alice! 

Minha voz foi de alívio por saber que ainda existia alguém conhecido e que não desejava minha morte, ou quase morte, no local.

- Amiga, por que estão demorando ? - Suas roupas eram escuras, assim como dos outros Cullen's, menos Renée, mas feitas de um pano angelical. - Emm está subindo pelas paredes.

"Literalmente."

Ouvi Edward e Alice suspirarem enquanto repetiam juntos.

- Como assim ? - Minha voz era quase um sussurro.

"Videntes não se encaixam no tipo consigo-lidar-com-as-visões-perturbadoras-enquanto-estou-nervoso."

Eu nada disse, apenas, encaixei meu olhar em um outro canto do quarto.

- O que ainda estamos fazendo aqui ? - Alice parecia bastante nervosa e tremia. - Vamos logo!

Caminhando até o lado oposto ao dela, ainda de costas, sussurrei:

- Eu não vou!

Sua risada de sino invadiu meus ouvidos.

- Certo... Certo... Acabou a palhaçada! 

Sem qualquer reação por minha parte, fui arrastada, literalmente, para dentro do banheiro de minha casa.

- O que você está fazendo, Alice ?

Sem mexer na fechadura, apenas com uma leve inclinação de cabeça por Alice, a tranca da porta foi ativada.

Agora eu entendia porque os pais de Alice jamais a pegaram transando com Jasper.

- Jasper está me esperando!

- Ele... Ele sabe que você é... 

Seu sorriso era zombador e sua cara era de uma criança travessa.

- Ele só não sabe, como também, é um vampiro.

Eles só podiam estar de sacanagem com a minha cara!

Todos no mundo eram vampiros ?

Quer dizer... Todos no Texas ?

- E por que vocês nunca me falaram ?

- Tio Car pediu segredo. - Ela tentava me despir enquanto abria o chuveiro com a sua mente ou sei lá o que. - Ele achou que era melhor para você e Edward.

Carlisle.

Claro, sempre o bom Carlisle. 

- Eu ainda sei tirar minha roupa. 

Com um sorriso, ela sussurrou:

- Ui! Edward ensinou direito.

- Alice!

- Desculpe, amiga! Esqueci de seu pai e...

Enquanto afundava meu corpo na água fria, respirava fundo e tentava inalar o máximo de oxigênio para tentar centralizar todos os pensamentos em pequenas caixas em meu cérebro para colocar tudo em ordem.

/

- Irei esperar por você na casa da senhora. Fork's. - Edward encostou nossos lábios em um beijo casto

Assenti em resposta.

Com um aceno, Alice voou por minha janela, seguida por Edward.

Eu mordia meu lábio enquanto descia os degraus.

Um por um.

Sem fazer qualquer ruído.

Esme e Charlie estavam sentados no sofá remendado assistindo qualquer programa de TV.

- Pai. Mãe. 

Os dois olharam-se curiosos pela minha chamada repentina.

- Sim, Bella ?

Esme vestia um vestido sensual.

Ao lado de meu pai, uma cerveja pela metade ocupava o lugar do telefone fixo.

- Eu... Eu estou indo embora...

Deixei a frase no ar sem completá-la.

Os dois não fizeram nada, apenas, desviaram o olhar para o programa novamente.

- Sabe que não me importo com horários. - Esme acendia um cigarro.

- Eu sim. - Charlie dava mais um gole em sua cerveja com a garrafa verde. - Meu boquete não pode ser tarde.

Tentei ao máximo respirar fundo e manter minha concentração, porém, a fumaça entupia minhas narinas.

- Eu estou indo embora... Tipo... Para sempre. 

Esme riu e Charlie engoliu todo o resto de sua cerveja em um gole.

- Isabella Marie Swan! 

Esme caminhava a passos apressados e descalços até o primeiro degrau onde eu estava.

- Como assim... Para sempre ?

- É, mãe, tipo... Nunca mais eu vou voltar.

- Quem é o pai ?

- O que ?

Charlie já estava de pé.

- Você está grávida ? Sabia que você herdaria a safadeza de sua mãe.

Esme virou em direção a meu pai, e eu me preparava para mais uma de suas discussões.

- Se eu estou assim, e neste lugar, é por culpa sua! Toda sua!

Como uma criança de anos atrás, levei minhas mãos a lateral de meu rosto, tentando me proteger da escuridão de suas vozes.

"Você é forte agora, Bella!"

A voz misteriosa, novamente, apareceu em minha cabeça.

- Eu fiz de tudo por essa menina!

- Estuprar uma criança de sete anos não é uma coisa boa, Charlie!

"Vá, Bella! Segure firme!"

Em um salto, eu corri em direção a porta.

- Já chega! - Minha mão estava na maçaneta e eu me preparava para abrir quando escutei a voz de Esme atrás de mim. 

- Você vai voltar, certo ?

Por medo de olhar nos olhos chocolates de Esme, respirei fundo, e controlei a minha voz trêmula.

Esme jamais foi um exemplo de mãe, porém, em meus primeiros anos escolares, sempre que eu ia dormir, ela cantava uma deliciosa música enquanto eu me deleitava em um sono infantil.

- Diga que vai voltar, Bella!

- Espero não voltar para essa escuridão... Jamais. 

Antes de escutar o barulho da porta rangendo enquanto encontrava o som dos gritos de Esme, sussurrei e me perdi pelo sol no céu azul de verão:

- Adeus, Esme! Sempre irei amá-la!


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