Pingos De Bella. escrita por Agridoce


Capítulo 18
Capítulo 18 - Perigo.


Notas iniciais do capítulo

Muito muito muito obrigada por essa linda recomendação!!! É isso que me motiva a continuar. Muito obrigada. Beijos!
Comentem!!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/342460/chapter/18

A cada passo meu o barulho do salto agulha reluzia pelo corredor lotado de pessoas vazias que me encaravam surpresas.

Nunca me senti tão formada.

Tão viva.

Tão eu.

O couro de minha roupa marcava cada centímetro, agora, desejada por meninos que jamais me notaram.

Todos se perguntavam: Deu a louca na Bella?

O mais frustante era que nem mesmo eu poderia responder.

A jaqueta apertou o lugar marcado por cicatrizes recentes feitas na noite passada enquanto eu erguia meu braço e alcançava meu armário.

- Ai meu Deus! 

A voz conhecida de minha amiga me fez virar para trás e fechar a porta do armário cinza em uma só batida.

- O que aconteceu com você, Bells ?

- Gostou ? - Assovios de um grupo de jogadores americanos do time da escola foi ouvido quando girei cento e oitenta graus para Alice. - Você mesma disse que eu precisava redefinir meu estilo.

- Mas... Bells... Isso é... - Como uma criança que acabará de ganhar um novo brinquedo, ela deu alguns pulos despertando atenção : - Isso é tão... Incrível!

- Eu sei.

Logo, Jasper nos encontrou e enquanto eu os seguia em direção a classe de espanhol, por um momento... Um breve momento pensei em Edward.

E o porque de meu coração estar sangrando agora.

- Você vem, certo Bells ?

A voz do louro me despertou.

- Ah... Desculpe, eu estava com a cabeça longe.

- Como sempre nos últimos dias. - Ele sussurrou com um sorriso malicioso em seu rosto. - Você vai para a excursão de história ?

- Ér... Sim. 

Logo os dois esqueceram de minha presença e consegui algum tempo para reunir meus pensamentos.

A maquiagem pesada demais para um dia claro, a roupa de couro e o salto agulha estavam me matando a cada segundo.

Ou talvez, apenas,  a saudade que sentia de Edward.

Saber que ele preferia uma mulher morta a mim foi terrível para meu orgulho.

Ou para toda a minha vida.

Eu nem mesmo reclamei quando fui obrigada a praticar sexo oral em Charlie quando cheguei da casa dos Cullen's.

Eu simplesmente estava lá e não estava.

Meu corpo sim porém meu espírito não.

Eu me encontrava oca e sentia que a única chance de sair bem dessa terrível história seria dando um ponto final a minha rala existência.

- Eu... Eu já volto! 

Antes dos múrmuros do casal, em pernadas longas, atravessei todo o campo escolar e rapidamente fui até o estacionamento.

Eu estava com o carro de Esme.

Dei partida e em menos de um minuto estava na rodovia em direção a minha casa.

Uma música melancólica sobre um amor não correspondido era o único som, além de minha respiração, no veículo azul.

O sol estava a todo vapor e alguns carros passavam por mim na paisagem amarela deserta.

Eu olhava para o nada e sentia tudo.

Tudo que eu insistia em omitir por essa roupa guerreava contra meu partido coração.

Eu sentia que a única saída era a morte.

E eu sabia a maneira mais fácil de consegui-la.

- Chega de cortes. - Eu sussurrava para o motor barulhento da lata velha. - Chega de sangue. Fácil. Rápido. E sem dor.

Eu tentava concentrar minha mente naquela falsa esperança que do outro lado algo melhor estava a minha espera, quando na verdade, o melhor para mim estava ao meu lado.

O meu Edward.

Que fora arrancado com tanta rapidez e não pude, ou talvez fui fraca demais, para conseguir lutar por ele.

O salpicar da salina fez meu rosto arder a medida que me aproximava do lugar mais importante para mim.

O lugar em que descobri o meu sentimento por Edward.

Desligando o motor, abri a porta barulhenta e respirei fundo.

Eu gostaria de aproveitar o máximo a sensação de ter ar em meus pulmões novamente.

Seria a última vez.

Meus instintos me guiaram até a cachoeira que ouvi no dia em que estive aqui.

Com alguns desafios pelo caminho, tombos em pedras e alguns árvores, consegui chegar ao destino desejado por mim.

A nascente da cachoeira.

O ar aqui era quase falível e meu corpo tentava esquentar-se naturalmente.

Meu instinto de sobrevivência falando mais alto.

Inclinei a cabeça até conseguir alcançar a vista, ou quase, do meu destino final.

Eu estava louca para sentir a sensação de liberdade e desespero.

Ambas provocavam uma adrenalina maravilhosa em meu corpo.

- É... A queda vai ser feia.

Uma voz aguda misturou-se entre o barulho que a natureza produzia.

Meu corpo virou-se todo em direção a voz.

Encontrei um menino, talvez com seus quinze anos, semi-nu, encostado em uma pedra.

- O que ?

- Você não parece ser tão velha para ouvir tão mal.

Seu tom zombador fez minha mente voltar até o momento em que conheci Emmett.

De uma maneira, meu corpo produziu um sentimento estranho.

Afeto.

Uma sensação de pureza tomou conta de mim e percebi que mesmo sem conhecer Emm tão bem... Eu iria sentir falta de suas futuras piadas.

- O que você está fazendo aqui ? - Meus braços cruzaram-se na altura de meus seios e permaneci séria.

- Eu pergunto a mesma coisa a você. - Caminhando como um felino até onde eu estava, meu corpo procurou por segurança, por Edward. - Eu a vi com um monstro outro dia aqui. - Seu rosto aproximou-se de meu pescoço, me preparando para o pior, apenas senti sua respiração pesada.

Ele estava me cheirando!

- Você não é como ele... Ainda bem.

- Por que ?

- Porque seria uma pena te matar. - Com um sorriso em seus lábios, apresentou-se como um perfeito cavalheiro: - Meu nome é Jacob, senhorita, mas me chame de Jake.

Eu nada respondi.

Não desejava falar com esse menino a qualquer mais segundo no final de minha vida.

Essa não era a lembrança que desejava compartilhar em meus pensamentos finais.

Desejava apenas a sensação de liberdade.

E desespero.

- O que você faz aqui ? Ainda mais... Sozinha ?

- Eu... Bem... Eu... Er... 

Sua risada foi constante quando percebeu minha falha tentativa de mentir.

- Pode dizer a verdade.

- Eu desejava pular deste ponto.

- Quer se matar ?

Ele tinha um semblante sério agora.

- Eu...

- Ande, venha! - Esticando a enorme mão para mim, sussurrou : - Segure minha mão e levarei você de volta em segurança.

Andando para trás, arrisquei olhar para trás, e notei que estava a um palmo da queda.

Prendi a respiração.

- Não faça isso!

Fim.

Era isso que eu pensava enquanto abria meus braços, me tornando um gigante pássaro, e deixava meu corpo flutuar em direção a seu fim.

Minha alma estava livre quando senti o impacto da água.

Um pedaço lutava para ir até a superfície e obter a quantidade precisa de oxigênio, porém, a parte vencedora ordenava para deixar meu corpo cair na escuridão, pois lá, eu seria feliz.

E todos os meus sonhos tornariam-se reais.

Eu seria feliz com o meu amor.

Eu seria livre.

Isso até sentir duas fortes mãos apertando meus braços com força.

Antes de poder recuperar a consciência e agredir o causador do fim de minha perfeita fantasia, eu mergulhei em uma escuridão, e nessa escuridão, existia apenas duas coisas, as mais importantes para mim: Edward e o nosso amor.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!