Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 9
Positivo


Notas iniciais do capítulo

esse foi um dos capítulos mais gostosos de se escrever gente ksdjhfskdjhfskfjhskfh bom dia pra vcs



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–Isso é possível? Quer dizer, você não é meio... velha? -Minha mãe olha pra para Ramona com um olhar vazio e depois para mim, irritada.

–Quem é a sua amiga? -Ramona não parece nem se incomodar com o tom de voz dela, ao invés disso, ela aceita-o como um convite para no sofá da nossa sala. Owen está andando pela sala, quase invisível, olhando os quadros na parede e reparando na decoração da minha casa, e eu encolho os ombro, meio desconfortável por estar tendo minha própria casa analisada desse jeito.

–Essa é Ramona. Ele é o Owen. -Por dois segundos, quando eu termino de falar isso, ela esquece que deveria estar brava por Ramona estar aqui e me olha esperançosa. Eu balanço a cabeça, silenciosamente confirmando que Owen não é meu amante ou algo do tipo. Ela volta com a postura de mãe grávida. Droga... ela parece MESMO grávida. -Eles me deram uma carona pra casa. A gente estava no Flier. -Eu digo, me referindo ao restaurante do Will. Quando escuta o nome dele, seus olhos arregalam.

–E agora? O que eu vou dizer pra ele? -Ela pergunta desesperada, nem parecendo a mãe que eu tenho normalmente. Se é assim que ela vai ficar daqui em diante, as coisas realmente vão mudar.

–Talvez você pode dizer pra ele que tem um bebê...?

–Ele é um homem, Willow. Como o seu pai. Ele pirou quando eu contei que estava grávida. A minha sorte é que eu já estava casada com o desgraçado quando eu contei. -Eu tento ignorar a parte em que ela diz que Will é um homem igual ao papai. Para mim, eles são pessoas completamente diferentes, mas pensar que minha mãe acha que eles são iguais... isso não é um bom sinal. Ela pensa que está casando com o papai... de novo. Eu espero que essa coisa de gravidez seja o motivo para tanta confusão mental vindo da parte dela, porque pelo menos teria uma explicação para ela estar falando as coisas que está falando. Só quando Owen pigarreia, eu lembro que os dois ainda estão aqui.

–Acho que nós vamos indo... não é, Ramona? -Ela levanta.

–Esperem. -Minha mãe diz e todos nós a encaramos surpresos. -Eu preciso de uma carona. O carro quebrou. Está na oficina.

–Como foi que você chegou em casa? -Eu pergunto a ela.

–Cindy. Sabe... da farmácia, do lado do trabalho? -Minha mãe trabalha como editora chefe do B Journal. O jornal da cidade. Então as peças começam a se encaixar.

–Foi assim que você parou pra comprar o teste. -Eu atesto, sem precisar que ela confirme. Ela balança a cabeça, concordando, mas deve estar atordoada demais para falar alguma coisa. -Aonde você quer ir?

–Para o hospital. Quero ter certeza.

–Você precisa ter agendada uma consulta pra ir, mãe. -Eu digo, delicadamente, lembrando ela.

–Não se você é amiga do obstetra. -Eu olho para Owen e Ramona, pedindo permissão, expectante. Ramona dá de ombros e Owen relaxa um pouco quando vê.

–Tanto faz, não tinha nada melhor pra fazer mesmo.

–Obrigada. -Minha mãe diz, usando suas últimas reservas de educação guardadas para Ramona, que diminuíram assim que ela perguntou se minha mãe não era velha demais. Nós voltamos para o carro, eu do lado da minha mãe e Owen e Ramona na frente. Minha está nervosa, e fica se mexendo toda hora, então para não pirar também, eu olho para o lado. Uma coisa me deixa curiosa. Ramona é linda. Não a pessoa mais amigável que eu já conheci (porém ela é melhor que Cathy), e ela provavelmente deve ter beijado alguém na vida dela. Ela não é (nem parece) uma fracassada como eu, então, por que ela nunca tem nada melhor pra fazer? Será que Owen é o único amigo dela? Por experiência própria, isso é meio triste. É claro que eu nunca vou perguntar pra ela sobre isso. Acho que ficaria pior ainda. Ramona está no volante, e Owen liga o rádio. Algumas vezes eu escuto minha mãe começar a respirar mais forte e mais rápido também, e eu evito olhar, porque sei que ela está chorando. E eu ia começar a chorar se eu visse ela chorando, e ninguém precisa da minha crise de choro.

Ramona para o carro, nós saímos e começamos a andar até lá dentro. No momento que a minha mãe entra no hospital, ela corre para o balcão de informações e então, assim que ela dá o nome da obstetra, ela corre outra vez (quanto os saltos deixam) para dentro de um elevador, e só segura para nós entrarmos. Ela não para quieta, e eu escuto Ramona suspira de irritação. Não posso culpá-la.

–Mãe, respira.

–Quieta. Eu estou nervosa demais pra isso. -Eu me limito a revirar os olhos. Owen bate com o cotovelo no meu braço e eu viro para encarar ele. O elevador abre, e minha mãe voa para fora, sem esperar pela gente dessa vez. Eu sei o caminho, já que minha tia teve o bebê ano passado aqui, então vou guiando a gente pelos corredores.

–Ela sabe que estresse faz mal, não é? -Tento descobrir se é uma brincadeira, já que tudo para Owen parece ser, mas ele está fazendo uma cara muito, muito séria. Então escolho acreditar que ele está verdadeiramente preocupado.

–Acho que sim. Ou não. Cadê a Ramona? -Eu olho para o lado, mas não a encontro, então Owen aponta para trás e eu me viro. Ela está falando no celular... e estranhamente, está sorrindo. Ela não sorri com muita frequência. Só quando é para rir da minha cara. Ou provocar Owen. Nós deixamos ela em paz e sentamos nas cadeiras estofadas azuis, fora do consultório, dentro do hospital.

–Eu entendo que vocês são filhos da diretora, e isso pode influenciar na escolha do tema do comitê -Eu começo. -Mas eu não posso fazer isso.

Owen revira os olhos, claramente irritado.

–Por que não?

–Quando eu tive que falar em público, na festa de noivado da minha mãe? Eu joguei vinho no vestido da menina que vai ser dama de honra. Quando eu fui falar, na formatura do ensino fundamental? Eu deixei o microfone cair. Aquele que fica grudado no pedestal. O que você me diz disso? Eu sou um desastre e eu sempre erro o que falar. Vocês não querem que eu fale, sério. -Ele respira fundo, então se aproxima e fala.

–Sabe aquela regrinha de matemática? Negativo vezes negativo igual a positivo? -Eu faço que sim um cabeça mas não entendo aonde ele quer chegar. -É isso que você tem que fazer. Ou melhor, isso que você já está fazendo. Multiplique o que deu errado na festa de noivado pelo que deu errado na sua formatura, que então você vai ter um resultado positivo.

–Isso foi a coisa mais sem noção que eu já ouvi. -Digo, sincera. Ele inspira outra vez, para começar de novo.

–O bom de você ter errado várias vezes, é que agora você sabe o que é que tem que fazer certo. O que você sente quando está falando em público?

–Julgada. Nervosa.

–Aí é que está. Primeiro: o fato de você nunca ter beijado alguém na vida não influência nas escolhas das pessoas. Elas não vão achar o discurso menos verídico só porque ninguém enfiou a língua na sua boca.

–Isso foi...

–...Nojento, é. Eu sei. Foi mal. -Ele diz, com remorso. -Continuando. Ser julgada, você pode excluir da lista, porque um: ninguém sabe que você nunca foi beijada a menos que você diga pra eles. O comitê é feito por nerds e entusiastas querendo o baile mais perfeito da história. E dois: eles não querem saber da sua vida pessoal, eles querem saber sobre o conteúdo que você trouxe. E o nosso conteúdo é muito bom. Se bem que, se você quiser acrescentar que já foi para Paris, e tudo mais, por mim beleza. -Eu faço uma careta e ele ri, depois continua: -E nervosa. Bote essa palavra pra queimar na fogueira. Você não tem motivos pra ficar nervosa. Ou eles vão gostar. Ou não vão. Simples.

–O que isso tem a ver com a regra de matemática?

–Esse é o meu ponto. Agora você sabe o que te impede de fazer um discurso excelente, porque você já errou bastante nesse aspecto. Agora, é só usar todo o conhecimento de todas aquelas vezes que as coisas deram errado, e transformar em algo positivo, como uma ninja de tão boa que você vai ser pra falar em público. -Eu sorrio levemente. Não vejo outra escolha a não ser aceitar ir falar com o comitê.

–Tudo bem. Mas -Eu alerto, quando vejo o sorriso vitorioso querendo sair da boca dele. -Estou fazendo isso só pra poder ganhar o título de ninja. Não pense que o SEU discurso foi tão bom assim. -Ela bufa, fingindo nojo.

–Eu sei que meu discurso foi bom. Não preciso ouvir de ninguém pra saber disso.

–Você é sempre tão... feliz? -Eu pergunto, confusa e ele ri. Mas ao invés de responder ele olha para cima, onde Ramona está. Então eu percebo que nós estávamos muito perto, sussurrando. Olho pra baixo. Depois para Ramona, mas ela não parece incomodada, ela parece... feliz. Como Owen. Ela senta na cadeira do meu lado, e eu vejo minha mãe saindo do consultório. Chorando, e com um "grávida" escrito por todo o rosto dela.


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Notas finais do capítulo

bye