Beautiful Bones escrita por loliveira


Capítulo 12
Decisões Erradas


Notas iniciais do capítulo

cap de ligação porém importante bye



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O carro da minha mãe está estacionado na calçada, então quando Owen e Ramona me deixam em casa, eu já sei que ela vai estar lá. Aceno para os dois, vendo o carro deles ir embora pela rua. São dez horas da noite e nós fomos a uma lanchonete onde vendem hambúrgueres gordurosos, pra comemorar. 

Nós ganhamos o competiçãozinha de artes, para a alegria de Owen, e para o bem do ego de Ramona. Ela passou o resto do dia esfregando na cara de Cathy e Lily (Danny nem tanto) que nós ganhamos. E foi a primeira vez que ela disse "estou orgulhosa de você" para mim. Falando a verdade, foi a primeira vez que alguém disse isso com todas as letras na minha vida, o que é legal. É diferente. E é bom sentir coisas diferentes de ódio, remorso, nostalgia e tristeza. Pela primeira vez, alguém realmente sentiu orgulho de mim. Owen até me abraçou, mas eu me livrei do abraço antes que eu pudesse ficar mais vermelha do que eu já estava por causa disso. Catherine também disse que estava orgulhosa, então quebraram o recorde de "pessoas que já sentiram orgulho da Willow em um só dia". O que me faz sentir o que eu estou sentindo. Não é bem um sentimento, com todas as letras e um nome específico. Mas eu não me importo com isso. Eu estou... contente. Acho que é a palavra que chega perto do que eu estou sentindo. Talvez... talvez seja orgulho também. 

É tão esquisito admitir que eu estou orgulhosa de mim mesma; já que eu passei minha vida toda sendo uma porcaria de pessoa. Eu sinto que eu realmente FIZ ALGO BOM e isso está me deixando com uma sensação totalmente nova, e isso me deixa, consequentemente, contente. Eu poderia dançar no meio da rua de tão bem que eu estou. Mas não vou. Os vizinhos poderiam filmar e botar no Youtube, e isso não seria agradável para mim. Principalmente  agora. Quem sabe eles não inventariam uma posição abaixo de zero na lista de perdedores, em minha homenagem, depois disso.

-Mãe? -Eu pergunto, assim que eu abro a porta. Deixo a mochila na bancada e espero ela falar alguma coisa, mas ela não diz nada. Provavelmente não escutou, já que a tevê está ligada; então vou para mais perto da sala, e falo mais alto: -Mãe? -E então eu começo a ouvir os soluços vindos do monte de cobertor no sofá. Chego mais perto e vejo ela, quase desaparecida no meio das cobertas e com vários lencinhos jogados pelo sofá. Isso parece cena de filme.  -O que aconteceu com você? -Eu pergunto, meio alarmada e meio horrorizada, já que a visão não é uma das melhores. Ela estava chorando. Não está mais porque já deve ter chorado bastante. Talvez seja por causa da gravidez... ou Will. 

-Com licença, você está bloqueando minha visão. -Ela diz com uma voz rouca, igual a de quando eu fico gripada. Ela joga um lencinho na minha direção e eu junto, assim como todos os outros e boto no lixo. 

-Mãe? Vai me responder? 

-Não. 

-Você parece uma adolescente assim, você sabe disso, não sabe? -Eu digo, com a voz doce, para ela não pirar como sempre faz quando chora. Ela senta, fazendo todas as cobertas caírem no chão, deixando em evidência as pernas desnudas e o vestido roxo. 

-Eu contei pra ele. -Ela sussurra, o olhar vazio. Eu me sento do lado dela. 

Uma onda de decepção toma conta de mim. Eu posso até imaginar o que aconteceu. Ela contou, Will pirou. O pior é que eu realmente pensei que ele fosse diferente. Que ele gostasse da minha mãe ou que ele quisesse formar uma família com ela ou algo assim. Ele parecia diferente de todos os outros possíveis-noivos da minha mãe. 

-E o que aconteceu? -Eu inspiro, e continuo: -Tudo bem, mãe. É natural um homem pirar por causa disso, eu aposto que ele vai vir pedir desculpas e querer fazer as pazes. Eu acho que ele te ama de verdade. Não se desespere. 

-Eu preciso que você ligue pra Ms. Binoche. E para os fotógrafos e para o resto da porcaria de pessoal que você já contratou. -A cada palavra dela, meu coração afunda para aquela familiar tristeza, outra vez. 

-Mãe...

-Eu estou falando sério. Preciso que você  ligue antes que eu tenha que pagar pelo prejuízo. E você tem que ligar para cancelar o voo da minha mãe também. 

-A... A vovó vinha? -Eu pergunto surpresa. Minha avó nunca foi convidada para um casamento da minha mãe. Nunca. Nem o primeiro. 

-A família inteira vinha. -Meu queixo vai até lá embaixo. Se eu achava que minha avó vir era surpresa, isso é ainda mais. Minha família tem uma relação delicada com minha mãe.Ou talvez eles não aceitem que  minha mãe já se separou, tem uma filha de dezesseis anos, e continua usando roupas de Barbie. Ou roupas do tamanho de uma. 

-Você convidou eles?...Por quê? -Eu pergunto, incrédula. Nem em um milhão de anos eu imaginaria que ela algum dia convidaria minha família para vir para o casamento. Eles não são o tipo de gente que você gostaria de passar algumas horas no mesmo lugar. Eles provavelmente te encheriam de indiretas ofensivas e botariam defeito em tudo. Sem contar que eles vivem no outro lado do país, então se é um choque minha mãe convidar eles, não quero nem começar a processar o fato de que eles concordaram em vir. 

-Eu não sei porquê. E preciso que você avise seu pai também. 

-Espera. Você convidou ELE também? -Ela faz uma careta e só faz que sim com a cabeça. -Por quê? -E eu me arrependo de ter perguntado assim que ela começa a chorar outra vez. -Finja que eu não disse isso. 

-É uma boa ideia. -Ela funga. 

-Ah... Mãe... Ele não te merecia, você vai encontrar alguém melhor. Que ame o bebê também. E eu vou sempre estar aqui. Eu vou sempre ser a sua filha também. -Eu tento consolá-la, mas ela chora mais forte ainda. 

-Eu não acho que algum dia eu vou achar alguém melhor que ele. Ele não pirou, Willow. -Eu a encaro, confusa. 

-Como assim? Ele não cancelou o casamento? 

-Eu pirei. Eu contei pra ele, e ele ficou em choque, como qualquer homem normal nessa Terra. Mas ele não foi embora. Ele começou a falar de berços e carrinhos de bebê e de dinheiro para creche e eu pirei. Ele não ia embora, como eu esperava que ele fizesse. -Eu fecho os olhos.

-Ah, não. O que você fez? -Eu pergunto, esquecendo que ela está tão frágil quanto... bem, um bebê. 

-Eu comecei a gritar por qualquer coisa. Eu só estava pirando, você sabe como eu fico quando eu piro. Ele mandou eu falar baixo, escutar ele e me acalmar, mas eu não conseguia parar de falar, e então, quando ele ficou em silêncio...

-O quê? -Eu me forço a dizer. 

-Eu mandei ele embora. -E ela começa a chorar outra vez. E eu não sei se eu a abraço eu se dou um belo tapa nela. Essa é minha mãe. Sempre tomando as piores decisões possíveis. Me pergunto o que eu faria no lugar dela, mas devido as circunstâncias, não posso dizer ao certo. 

-Então... então é oficial? -Eu não quero que seja, porque eu realmente gosto de Will. Ele faz minha mãe feliz e eu não quero que ela perca a única segunda chance (que vale a pena) dela. Mas não posso tomar decisões por minha mãe, então, por enquanto, não há nada que eu possa fazer. 

-É oficial, o casamento está cancelado. 


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Notas finais do capítulo

E OBRIGADA PELOS COMENTÁRIOS NO CAPÍTULO ANTERIOR. ME FIZERAM CHORAR POR ALGUMAS HORAS, MUITO, MUITO OBRIGADA ♥



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