Don continuava me olhando sem dizer nada, tentando decifrar alguma coisa que pudesse dar a certeza que eu estivesse maluco.

– Você tem ideia do que acabou de me contar? Mac... cara isso é surreal, não pode ser.Tem certeza que é ela?

– Absoluta, eu reconheceria aquela voz em qualquer lugar do mundo.

– Mas vocês se encontraram? O que conversaram exatamente? – ele me perguntou parecendo se interessar mais pelo assunto agora.

– Ela só disse meu nome, não chegamos a trocar uma palavra.

– Como pode ter tanta certeza que é ela então? Qual é Mac, pode ser qualquer um.

– Não Don, eu sei que é ela.A voz suave da Claire, a maneira como ela me chamava.

– E como a Stella fica nessa história? Você sabe muito bem que precisa contar para ela.

– Stella – sussurrei e senti meu peito se apertar – Eu a amo Don e vai me fazer deixa-la, nem a Claire e nem ninguém.

– Mac, temos um grande problema aqui cara.

– Eu sei disso Don, mas eu preciso ser sincero com a Stella e vou conversar com ela.

– O que você vai conversar comigo, Mac? - Stella me olhava um curiosa, Don me olhou e acenando com a cabeça se despediu, nos deixando sozinhos. - Então? Qual o problema?

– Senta aqui querida - a puxei carinhosamente pela mão e nos sentamos no sofá.

– Mac, o que foi? Está me assustando, é alguma coisa com você? Está doente?

– Estou bem saudável, pode ficar tranquila. - eu não sabia como chegar no assunto e ver Stella me olhando daquela forma só me deixava ainda mais angustiado. - A alguns dias tenho recebidos ligações.

– Que tipo de ligações? Oh Meus Deus, você está sendo ameaçado?

– Querida me escuta - pedi com dificuldade - As ligações não foram de ameaça, Stella... é a Claire. - ela é olhou confusa, sem entender.

– A Claire? Mas... ela está morta, Mac, o que você está dizendo? - tinha os seu olhos verdes abertos em alerta.

– Eu tenho certeza que é ela Stella, a mi... a Claire voltou.

– Isso é loucura, Mac. - ela se levantou em choque, tinha as mãos na cabeça e vi sofrimento em seus olhos. - O que está acontecendo com você? Se não quer mais ficar comigo, é só me dizer e não precisa inventar mentiras.

– Stella, por favor, me escuta - me aproximei dela, mas Stella se afastou e senti meu coração se apertar. - Eu te amo, pelo amor de Deus, você sabe disso.Quantas provas de amor eu já te dei? - perguntei desesperado.

– Mas é a Claire!- ela gritou - A sua Claire, a mulher por quem ouvi vocês falar milhares de vezes que sentia falta.A mulher que fez você se afastar de qualquer relacionamento por muito tempo.Agora me diz que ela voltou, que está viva e ... - ela parou de falar e voltou a me olhar com os olhos marejados. - Se realmente é a Claire que voltou, nosso casamento não existi, você não pode se casado com duas mulheres ao mesmo tempo.

Eu ainda não tinha pensado nisso e a chance de saber que meu casamento com a Stella era falso ou coisa parecida me fez sentir um medo grande.E se tudo aquilo fosse um sonho? E se Elise sequer tivesse nascido e se... Não!! Eu balancei a cabeça tentando afastar aquelas ideias malucas.

– Eu te amo, Mac, mas...

– Não se afaste de mim Stella, eu não suportaria ficar sem você, sem a Elise.

Ouvi ela engolir o choro, parecia ter se acalmado, talvez... Passou uma das mãos no meu rosto e eu fechei os olhos ao sentir aquele carinho.

– Você precisa entender o que se passa, o que você quer realmente..

– Eu quero você. - implorei na vaga tentativa de fazer com que ela desistisse de dizer o que pretendia.

– Talvez você precise de tempo para entender o que se passa no seu coração, meu amor.

– Você está me deixando? Está me entregando de bandeja? - perguntei com sofrimento.Eu não queria aquilo, só Deus sabia como eu não queria.

– Eu nunca te deixarei, Mac, nunca.Mas você preciso disso e quando se decidir, se si decidir por mim, eu estarei esperando por você.

Ela tentou dar um sorriso, o que não conseguiu.Ao invés disso um soluço saiu da sua boca e ela parecia fazer um grande esforçopara não desmoronar, Stella se fazia de durona, mas eu sabia como ela sofria e eu me odiava ser o culpado de tudo isso.

– Eu vou pra casa - ela disse, antes de sair, mas a segurei pelo braço e ela se virou, mas sem me olhar.

– Você vai estar lá quando eu chegar? Vai me esperar?

– Já sabe o que penso, Mac. Não complique mais as coisas pra mim, ok? Me solte, por favor... - ela pediu suavemente, praticamente implorando.

– Eu não posso Stell, eu não consigo...

– Você consegui sim - ela retirou minha mão e saiu apressada, sem olhar para trás.Enquanto eu fiquei ali parado,sem nenhum reação, a vi entrar no elevador e sumir de vista.Era ridículo ficar ali, eu devia ir atrás dela e implorar que não me deixasse.Meu Deus, o que eu ia fazer sem ela.

– Ela precisa de tempo, Mac, vai ser dolorido, eu sei, mas vocês vão precisar disso - ouvi Don falar bem próximo.

– Mas a questão é, será que eu vou sobreviver sem elas?

XXXXXX

Quando voltei para casa naquele mesmo dia, tudo estava no mais completo silêncio, o que era bem estranho quando se tem dois bebê sem casa, mas quando fui vê-los, Max e Aeron dormiam tranquilamente e eu não consegui conter um sorriso.Me aproximei e beijei a cabecinha de cada um deles.

Entrei no meu quarto e da Jess tirando a gravata, mas ela estava bem acordada, na verdade em pé, vestida com a sua tentadora camisola de seda que eu amava e que ela sabia que me deixava maluco.Ela olhava pela janela.

– O céu está lindo hoje, parece que nunca o vi tão estrelado.

Eu joguei meu palito e gravata em cima da cama e me aproximei dela, parando bem atrás, sentindo seu maravilhoso perfume.

– Tenho certeza que sim, você sempre se encantou pelas estrelas. - falei respirando bem perto do seu pescoço. - Como nós estamos? - perguntei de uma vez, a virando para mim e encarando aquele olhos.

– Estamos casados - ela disse simplesmente - Sou sua esposa, temos dois filhos, construímos uma família.Você realmente acha que vou me separar de você porque uma detetivizinha acha que pode te tirar de mim? De maneira alguma.Eu demorei muito para te encontrar, pra amar você...

– Jess, a Jamie não tem...

– Shi, esquece ela.Que não se encantaria por você? Lindo desse jeito? - nós dois sorrimos - Mas o que posso fazer se eu cheguei primeiro, não é? Eu sei que você me ama, Don, que respeita o que construímos.Eu confio em você, de verdade, mas não confio nela e trabalho tão perto um do outro, confesso que estou começando a me incomodar bastante com isso.

– Esquece a detetive Lovato, meu amor, eu estou aqui com você, não estou? – perguntei depositando um leve beijo em seus lábios. – Vamos aproveitar o clima, você não prefere? – ela me deu um belo sorriso e eu a puxei de encontro a mim.Um pouco cambaleando caminhamos abraçados e nos beijando, caindo em cima da cama sem nos separar.Um pouco depois ouvimos um chorinho que logo foi aumentando.

– Acho que nossos filhos precisam de atenção agora. – me afastou e logo ficou de pé do lado da cama, ajeitando a camisola. – Não me olha assim Don, são nossos filhos.

– Eu te ajudo – decidido também fiquei de pé, mas antes que Jess sumisse de vista eu a puxei novamente de encontro a mim, ela me olhou sorrindo. – Nem tente fugir de mim novamente, senhora Flack, porque iria até o fim do mundo atrás de você.

XXXXXX

Eu estava em casa, tentando entender em que ponto minha vida perfeita tinha começado a desandar.Sabia que devia ter ido atrás dela assim que Stella saiu da minha sala naquela hora, no fundo eu sabia que ia me arrepender disso.

Quando cheguei na nossa casa, não havia nenhum sinal dela e muito menos da Elise.Procurei por todos os cantos e não a encontrei.Ela tinha ido embora.Eu perdi as duas.Meu desespero foi aumentando a cada ligação que eu fazia e ela não atendia.

– Stella, sou eu... Mac, onde você está? Por favor, ligue para mim a qualquer hora.Eu não estou suportando ficar longe de vocês.Eu te amo.

Já devia ter deixado uns cinco recados, pelo menos, mas ela não me ligava, não dava sinal de vida.No fundo eu sabia que devia dar esse espaço para ela, mas quem disse que meu coração queria aceitar isso? E esse agonia, esse vazio, o que eu fazia com tudo isso?

Estava no quarto, precisamente jogado na cama, sequer tinha tirado a roupa do trabalho, por mais que eu quisesse colocar aquela ideia na minha cabeça, estava difícil aceitar.

XXXXXX

Era bem tarde, mas eu não conseguia dormir, era como se alguma coisa me perturbasse, me afligisse.Pela milionésima vez me levantei da cama e fui ver se estava tudo bem com a Lucy, Noah e Connor.Felizmente o três dormiam como verdadeiros anjinhos.Resolvi preparar um chá pra ver se me acalmava, me peguei lembrando da terrível experiência que tinha tido com a visita da mãe do Danny.Realmente eu queria que as coisas entre nós duas tivesse sido melhores, afinal todos iam sair ganhando, não é? Inclusive nossos filhos, que provavelmente iam adorar ter a avô tão perto.

– Posso saber o que faz acordada uma hora dessas? - Danny estava vestido com uma cueca samba canção apenas e eu sorri ao ver meu marido com o cabelo desarrumado e com o rosto sonolento.

– Estou sem sono e resolvi fazer uma boquinha, servido? - levantei minha xícara, oferecendo meu chá de camomila para ele, ele sorriu e veio até mim.

Estava sentada na cadeira da mesa da cozinha, ele me abraçou por trás e depositou um beijo na minha cabeça.

– Preferia que você estivesse lá comigo, esse chá não tem a menor graça, sabia?

– Ele é maravilhoso, um calmante... pelo menos pra mim.

Danny puxou um cadeira e sentou-se, fez com que eu me vira-se para ele e me fitou curioso.

– Eu não te vi assim desde que minha mãe nos visitou.O que foi? Ela voltou e está escondida aqui em casa? - tive que rir.

– Nem eu mesmo sei o que é que estou sentindo, sei lá, talvez, um mal pressentimento, bobagem - tentei sorrir para convencê-lo, mas ele se manteve sério, me olhava buscando alguma resposta.

– Sabe que sinto um frio na barriga quando escuto essas coisas? É como... se fosse uma premonição, coisa estranha...

– Eu sabia que não devia ter contado isso pra você, é sério Danny, é uma bobagem e logo vai passar, ok? - o beijei levemente nos lábios e me levantei - Te espero. - Tentei dar novamente meu melhor sorriso antes de sair.

XXXXXX

De novo aquela história estranha? O que estava acontecendo eu não sabia, da última vez deu no que deu e quase perdi Lindsay, quase perdi minha família, melhor dizendo.Me sentia incomodado com essa sensação estranha da minha esposa, mas o que podia fazer? Só o tempo ia dizer e eu esperava imensamente que nada interferisse novamente na minha felicidade.

XXXXXX

Quando estacionei o meu carro no dia seguinte no estacionamento do laboratório, vi Stella estacionar bem próximo ao meu.Fui ao seu encontro, desejando, implorando para que ela não fugisse de mim.

– Stella. - ela me fitou intensamente e eu sabia que ela devia ter passado a noite inteira acordada.Talvez pensando no que tinha feito?

– Como passou a noite, Mac? - perguntou com um fio de voz.

– Foi a pior noite da minha vida, eu... - me aproximei rapidamente e fiquei a poucos centímetros dela, mas sem toca-la e isso fez meu corpo inteiro doer. - Onde você estava? Porque faz isso comigo, por Deus, quer me matar? É isso?

– Eu já expliquei meu motivos, Mac, não posso fazer nada se não entendeu. - ela começou a caminhar em direção ao laboratório, mas eu não ia desistir tão facilmente,Fui atrás dela e a empurrei contra a parede, a prendendo entre meus braços.

– Porque está agindo dessa maneira Stella? Como você consegue? - tentava de alguma maneira entender aquela mulher.Vi os olhos dela se encherem de lagrimas.A puxei para mim e a abracei - Vamos passar por isso juntos, meu amor.

– Eu juro que tentei, Mac, pensei em me afastar e deixar que você decidisse o que era melhor pra você, mas... Oh meu Deus, como é difícil,mal consegui ficar uma noite sem você.

Me afastando, acariciei seu lindo rosto.

– Stella, eu sempre disse que sentia falta da Claire e não menti, mas a partir do momento que descobri o que realmente sentia por você é como se ela fosse uma linda lembrança na minha vida.Agora você é minha esposa, a mãe da minha filha, é você que eu amo e nem a Claire e nem ninguém vai ser capaz de me afastar de você. Pode me pedir qualquer coisa, menos que eu fique longe de você, porque sinto muito dizer, querida, isso não irá conseguir.Irei te vencer pelo cansaço e sabe muito bem que sou capaz de qualquer coisa pra ter você pra mim.

– Você não vai me deixar em paz nunca, não é? - ela esboçou um sorriso.

– Nunca - Era demais pra mim ficar longe dela.Eu a beijei com carinho e antes que as coisas ficassem mais sérias, eu me afastei a contra gosto. - Eu adoraria dar meia volta e levar você pra casa, mas sabe que precisamos entrar.

– Tem certeza? Não prefere ir pra casa e passar o dia inteiro na cama - ela falou bem próximo ao meu ouvido, fazendo um arrepio percorrer todo o meu corpo.

– Stella...

– Tudo bem detetive, não vou mais te torturar.

Vai entender aquela essa mulher.Ainda sorrindo, ela me puxou pela mão indo em direção ao elevador,acabamos encontrando Don saindo do mesmo.

– Ora, estava a procura de vocês dois, posso saber porque a demora, casal Taylor?

– Não Don, você não pode.Algum caso? - perguntei, mudando de assunto.

– Na verdade sim.Podemos ir até sua sala e conversar um pouco?

Nós três subimos até o andar onde ficava a minha sala, Stella se despediu com um beijo.

– Conversamos depois, acabei me lembrando que preciso comprar fraldas para a Elise, vou até a farmácia da esquina e volto em alguns minutos.

– Acho que esqueci meu celular no carro, poderia pegar pra mim?

– Claro que sim - sorrindo ela saiu e eu fiquei ali parado por um tempo, até o Don me chamar para a realidade.

– Mac, eu sei que a Stella é linda, mas temos trabalho a fazer. - desviando minha atenção, eu sorri para ele.

– Você sabe a mudança que essa mulher fez na minha vida, Don, sabe como a Stella é especial. - falava enquanto caminhávamos até minha sala.

– Sei sim, você vive repetindo isso a todo momento.

Abri a porta e me sentei na cadeira em frente a minha mesa, Don na minha frente.

– Então, o que temos?

– Outro bilhete, mas dessa vez...

– Dessa vez? - insisti.

– Ele foi mais direto, não sei Mac, não estou gostando nada disso.As coisas estão ficando ainda mais perigosas.

– Me deixa vez essa bilhete, Don.

Ele mexeu no bolso na calça que usava e me entregou um pequeno saco plástico, onde nele tinha um pequeno pedaço de papel.Abri a gaveta da minha mesa e pequei um par de luvas.

– " a hora das belas detetives estão chegando, está preparado?

–Onde ele foi encontrado?

– Ela matou mais uma pessoa, hoje pela manhã

– Meu Deus, Flack, quando isso vai acabar? Essa assassino está matando pessoas inocentes e até agora não conseguimos achar uma pista decente que nos leve até ele. - a raiva estava me dominando e eu sentia o sangue ferver nas minhas veias. - Você sabe muito bem o que ele quis dizer com isso, não sabe?

– Na verdade sim, mas...

– Don, ele quer as nossas esposas, a Jess, a Stella correm perigo. - o nome da minha esposa saiu em um sussurro e eu senti mundo sumir em minha volta.

– Mas por que? Elas são casadas! - Don estava tão nervoso quanto eu, mas realmente não fazia sentido algum.

– É a única conclusão que se pode chegar nesse momento.

XXXXXX

Andei rapidamente até o carro do Mac e achei seu celular no porta luvas, e assim que o peguei na mão, começou a tocar.Fiquei um pouco excitante se deveria atender ou não.

– Alô? - o telefone ficou mudo por alguns segundos.Meu coração começou a bater acelerado, será que era quem eu estava imaginando?

– Stella? Imagino que o Mac já deve ter contado sobre mim.

– Claire? - Eu nunca ia imaginar que algum dia falaria com ela, também não era para menos, porque para todos os efeitos ela estava morta.

– Eu preciso conversar com o Mac, pessoalmente.

Eu não sabia o que dizer, o que pensar.Meu Deus, o que eu ia fazer?

– Como vou saber que você é mesmo a Claire?

– Vai chegar o momento que isso vai se confirmar, Stella, eu e Mac nos amamos e você sabe disso.Eu não queria causar sofrimento para ninguém, mas... ele vai voltar .

Desliguei o celular e sai rapidamente dali, as lagrimas voltaram a correr pelo meu rosto. Eu estava apavorada com a possibilidade de perder Mac, que a família que construímos juntos terminasse dessa forma.Ouvi uma batida no vidro do carro e levantei minha cabeça, Lindsay me olhava preocupada.

– Stella, o que aconteceu? Porque está chorando?

– Como você se sentiria se uma ex- namorada do Danny ou... uma pessoa que ele amou muito voltasse?

– Bom... ficaria bem preocupada, mas... eu...

– A Claire voltou, Lindsay - eu a interrompi ainda chorosa - Ela o ama e ele.. no fundo também a ama, só não tem certeza disso, porque ele não a viu, mas quando isso acontecer.

Lindsay me olhava sem entender nada e eu contei tudo o que me Mac havia me falado e sobre o telefonema.

– Meu Deus Stella, isso é tão... surreal, mas querida olhe pra mim. - Tentei manter meu olhar firme, Lindsay segurou meu rosto entre as suas mãos. - Não faça nada que vá se arrepender depois, eu tenho certeza que o Mac te ama e é louco por você, acho que nunca vi um homem tão apaixonado como ele, nem mesmo o Danny é assim.Você vai contar pra ele desse telefonema?

– Não sei, acho que sim, mas... estou com medo, muito.

– Onde está aquela mulher confiante, teimosa e dona de si que eu conheço?

– Lindsay... quando se trata do Mac eu mudo completamente, o medo de perde-lo é tão grande que toda a minha força foi embora e eu nem sei mais o que fazer.

– Eu sei que você vai fazer a melhor coisa, vai tomar a melhor decisão.

XXXXXX

Stella voltou para minha sala um pouco depois da saída do Don, eu sabia que alguma coisa estava errada assim que ela saiu do elevador.Seu olhar demonstrava alguma coisa que eu não sabia decifrar, mas ela não estava bem e eu sabia.Ela deu uma leve batida na porta da minha sala e entrou, foi nesse momento que vi que ela tinha chorado.

– Eu trouxe seu celular, se precisar de alguma coisa estou na minha sala.- deu meia volta e ia sair quando a chamei.

– O que aconteceu? - a segurava firmemente pela cintura e Stella não me olhava diretamente nos olhos e isso me deixava ainda mais nervoso.

– A Claire... ela ligou.

– O que ela te disse? É por isso que você ficou assim? -

– Mac, ela... ela disse que te ama e que...você vai voltar.

– Escuta, olha pra mim.Eu não repetir o que já te disse, mas você sabe.Eu a amo Stella, mas eu preciso que você confie nesse amor, tudo o que eu quero é te amar, cuidar de você, da nossa filha.Eu serei sempre seu e você meu amor, sempre será minha, querendo ou não. - sorri para ela e Stella me abraçou.

A muito tempo eu não a via daquele jeito, tão frágil e tão carente de carinho.

XXXXXX

Eu não entendia porque Don parecia tão nervoso nesse últimos dias e começava a achar que era novamente algum problema com a sua companheira de trabalho, o que será que Jamie estava tramando? Eu não queria fazer uma cena sem saber nada com toda certeza, mas se aquela mulher achava que eu ia facilitar, estava completamente enganada.

Quando estacionei em frente a delegacia, entrei sem ser notada da forma mais sigilosa possível e praticamente quase ninguém notou minha presença, felizmente Don não estava ali e eu acreditava que ele estivesse no laboratório.Vi Jamie tomando um café na cozinha.

– Como vai detetive Lovato?

– Senhora Angell - ela sorriu para mim e podia jurar que era falso e ela não tinha gostado nada da minha visita surpresa.- Don não está,acredito que tenha ido conversa com o Mac, ele é um detetive muito aplicado - sorriu.

– Não conversar com o meu marido, na verdade queria conversar com você Jamie.

– Comigo? O que seria?

– Eu não nasci ontem e desde o primeiro momento que vi você com o Don eu notei o seu interesse por ele.Só quero que saiba que ele é meu marido e não vou deixar mulher alguma tentar tira-lo de mim.

– O que é isso, Jess? Uma ameaça?

– Não sou do tipo que faz ameaças, detetive Lovato, só aviso.Eu amo o Don e tenho certeza que ele me ama também, só não quero que uma mulher do seu tipo tente estragar a nossa vida.

– Você devia ser mais confiante.

A pouco paciência que eu ainda tinha foi por água abaixo.Empurrei Jamie com todas as minhas forças contra a parede e a segurei firmemente.A prendi de costas para mim e segurava seus braços por trás.

– Eu não estou brincando Jamie, eu não estou brincando.Não se meta com o meu homem, não prejudique minha família ou pisarei em você como se fosse uma formiguinha, você entendeu?

Ouvi passos próximos e me afastei.

– Jess! Como vai? Não sabia que você estava aqui, veio visitar o maridão? - Camille, uma outra detetive me abraçou.

– Na verdade sim, mas ele não esta, então estava aqui conversando com a detetive Lovato.Bom preciso ir que tenho trabalho a fazer, até mais Camille, detetive Lovato...

Sai da delegacia me sentindo mais confiante do que nunca, eu precisava ter feito aquilo, se foi a atitude correta eu não sei e tinha quase certeza que Don não ia gostar nada de saber disso, mas eu estava pouco de importando Jamie tinha que entender de uma vez por toda que eu não era boba e sabia o que estava acontecendo.

XXXXXX

Eu sabia que mais cedo o mais tarde eu ia ter que contar para a Stella daquele novo bilhete, mas por enquanto cheguei conclusão, junto com o Don, que nossas esposas deviam ser vigiadas por alguém da policia, eu não ia suportar se alguma coisa acontecesse com a minha família.

O dia estava bem movimentado e para varias eu tina vários relatórios para terminar.Estava a caminho de uma cena, no estacionamento do laboratório quando ouvi aquela voz.

– Mac... - eu não precisava me virar para saber quem era, mas quando fiz isso, ela estava ali, parada, olhando para mim.Claire não tinha mudado nada e eu não sabia como agir, o que perguntar ao vê-la.Aos poucos ela veio se aproximando e... Meu Deus, como ela estava linda. Ainda mantinha os longos cabelos ruivos, e mesmo que nesse momento não estivesse sorrindo, sabia que seu sorriso continuava o mesmo, encantador.

– Como vai, Mac?

– Você não é real, não pode ser - ela tentou dar um sorriso e acariciou meu rosto.

– Sim, eu sou, estou aqui, de volta... meu amor.

Retirei sua mão com rapidez do meu rosto e ela pareceu surpresa.

– Você não pode simplesmente aparecer e achar que está tudo bem, Eu achei que você estava morta, por Deus, Claire, eu era seu marido, porque se escondeu de mim? Tem ideia do anos de sofrimento que eu passei achando que tinha te perdido para sempre? - deixei que todo sentimento de angústia e sofrimento falasse por mim.Eu via nos olhos dela a mesma coisa.

– Me perdoe Mac, mas... eu... não tive culpa, eu juro.

– Não teve culpa? Você ficou vários anos escondida e vai saber Deus o que estava fazendo, enquanto eu, aqui sofria feito um condenado. - a raiva me dominava.

– Precisamos conversar, Mac, por favor, você precisa entender o que realmente aconteceu.Não tome nenhuma conclusão precipitada antes de saber a verdade.

Eu respirava com dificuldade, Claire tinha um olhar triste e angustiado.

– Vamos até a minha sala - eu não queria parecer ríspido, mas não estava com a menor vontade de parecer cavaleiro naquele momento.Ela me seguiu até o elevador e subimos em silêncio, algumas pessoas nos olhavam curiosos e eu sentia vontade de mandar todos para o inferno.Abri a porta da minha sala e deixei que ela entrasse primeiro.

– Aqui poderemos conversar em paz - abaixei as persianas, Claire estava em pé no meio da sala - Pode se sentar.

Era estranho estar perto dela agora, depois de tanto tempo.Era incrível como ela parecia não ter mudado nada.

XXXXXX

Assim que vi os dois saírem do elevador, sabia que aquela mulher era a tal da Claire e senti meu coração se apertar e agradeci por Stella não estar no laboratório naquele momento.Estava indo para o vestiário quando cruzei com os dois no corredor, Mac pareceu nem notar a minha presença e eu podia ver em seus olhos a angustia.

– O que vai ser desses dois... - sussurrei para mim mesmo, enquanto guardava meu jaleco no armário.

– Falando sozinha, meu amor? - Danny me abraçou por trás e eu me virei para ele sem me soltar dos seus braços.

– Sim, as vezes precisamos conversar com nós mesmo, sabia? - me senti uma idiota por falar isso, mas acabei ganhando um beijo carinhoso.

– Mac deve estar recebendo alguém bem importante e não deseja ser incomodado, já faz mais de meia hora que passo em frente a sua sala e as persianas estão abaixadas.

– E é importante sim - me afastei e me sentei em um banco de madeira ali perto sendo acompanhada pelo Danny.

– Você sabe quem é? - ele me perguntou curioso.

– Não vai nem acreditar....Lembra-se da Claire?

– Claro que sim, a ex-mulher do Mac que morreu no ataque de 11 de Setembro.Não vai me dizer que... Mac está participando de algum encontro espírita para falar com ela, é isso?

– Não seja bobo, Danny, claro que não é isso.Na verdade, ela está lá sim, mas em carne e osso, Claire não morreu.

– Como assim não morreu? - ele me perguntou surpreso. - Mas... como? Onde ela estava todo esse tempo?

– É isso que eu queria saber também, querido, e acredito que seja exatamente isso que eles estão conversando, lá dentro.'

– Imagino como a Stella deve estar se sentindo.

– Bem preocupada na verdade, eu diria.Você acha que existe a possibilidade do Mac voltar para a Claire?

– Do jeito que ele é louco por ela e ama a família que construíram? Claro que não.Ele pode até ficar balançado com a volta da ex-esposa, mas agora é a Stella que está do seu lado, ele a ama muito.

– É você tem razão, mas eu me preocupo com ela.

– Não podemos nos meter nisso, querida, agora é com eles... Stella e Mac vão saber o que fazer.Mas mudando de assunto, não acha que está muito cedo para ir embora?

– Tenho que levar as crianças no Pediatra, consulta de rotina.

– O Connor está crescendo bem rápido, não é? Não vejo a hora de levar os três para ver um jogo de beisebol.

– Calma Danny, ainda vai demorar um pouco para isso acontecer.-me levantei disposta a ir logo embora - Preciso ir logo ou vou me atrasar, nos encontramos no jantar?

Ele ficou de pé em frente a mim e me deu um selinho

– Claro que sim.

Poucos minutos depois passei novamente em frente a sala do Mac e as persianas continuavam abaixadas e fiquei nervosa com aquilo.

– Tudo vai ficar bem,

XXXXXX

Tudo o que ela me dizia fazia sentido, mas era tão difícil aceitar.

– Você está me dizendo que em todos esses anos, estava vivendo em uma Vila com outra identidade porque tinha perdido a memória?

– Sim... Mac, eu escapei por pouco.Minha sorte é que uma médica muito bondosa cuidou de mim todo esse tempo e consegui me recuperar dos ferimentos, mas não minha memória.

– E porque essa médica "tão bondosa" não falou sobre você com as autoridades? Será que ela não pensou que poderia ter alguém que gostaria de saber que você estava bem? Você tem a ideia do que eu passei achando que você tinha morrido?Eu queria saber que você estava viva, Claire.

– Eu não a culpo por me esconder, Mac, não sei, mas... eu senti medo de descobrir quem eu era e acho que ela entendeu.Mas você não fica feliz em saber que estou bem agora? Que estou viva? Que eu voltei... pra você?

Ela tinha os olhos marejados, eu permanecia na minha cadeira olhando fixamente para ela, ali na minha frente.

– Surpreso seria a palavra mais adequada nesse momento, mas... claro que fico feliz que você esteja bem, viva.Agora... não pode chegar de repente e achar que podemos continuar nossa vida de casados, isso não é possível Claire.Eu me casei, tenho uma nova esposa que amo muito e tenho uma filha também.

– Mac, esse seu casamento não é legal e você sabe muito bem disso, não é? Não pode continuar com a Stella agora porque eu voltei e eu sou a sua esposa, não pode ter um segundo casamento, sabe disso.

É claro que eu sabia disso.Ela achava que eu era algum idiota? Mas a ideia de saber que Stella não ia continuar sendo a minha esposa me deixava desesperado, eu não podia perde-la.

– Claire... nós vivemos momentos maravilhoso e eu a amei muito, me entreguei completamente a você e ao amor que sentíamos um pelo outro.

– Então querido, vamos recomeçar... - ela pediu chorosa e foi até mim, ajoelhando-se do lado da minha cadeira.

– Não podemos e já te expliquei o motivo.Posso te ajudar no que for preciso, mas não vou mudar minha vida por sua causa, se precisar escolher entre você e a Stella, eu escolho ela, vamos nos separar legalmente e tudo vai continuar como antes.

– Continuar como antes? Vai fingir que eu continuo morta e vai seguir com sua vida perfeita e de conto de fadas?

– Não foi isso que eu quis dizer, mas não estou com a menor vontade de continuar com essa conversa nesse momento.Claire, eu te respeito e adoro você, mas por favor, não complique as coisas para mim.Estarei aqui para o que precisar, mas não me peça para apagar tudo o que eu vive depois da " sua morte", eu não consigo.

Eu fiz com que ela se levantasse, Claire ainda tinha os olhos molhados e eu me senti péssimo.

– Posso pelo menos abraça-lo? - eu não podia negar um simples abraço para ela, balancei a cabeça afirmadamente e ela veio para os meus braços.

– Você foi a melhor pessoa que conheci nesse mundo, Mac, eu te amo e vou te amar para sempre.

Foi exatamente assim que eu e ela estávamos, quando Stella abriu a porta e nos viu.

XXXXXX

Ter três crianças no carro , com um congestionamento gigantesco estava sendo uma tarefa bem complicada e eu estava começando a ficar nervosa porque Connor começava a chorar, provavelmente de fome ou porque já estava na hora de trocar sua fralda.

– Calma meu amorzinho, já estamos chegando em casa e vou amamenta-lo - voltei minha atenção para os carros parados na minha frente e deu um longo suspiro. - Pelo menos é isso o que eu espero.

Ouvi meu celular tocar e atendi rapidamente.

– Onde vocês estão? Já cheguei em casa e não os encontrei.

– Pegamos um trânsito gigantesco e acho que vamos demorar um pouco ainda.Pior que está bem tarde e as crianças já estão com fome e precisando trocar as fraldas.A papinha das crianças que eu tinha o Noah e a Lucy terminaram com os últimos potinhos e vou precisar trocar o Connor aqui mesmo, além de amamenta-lo.

– Que lugar vocês estão exatamente? Eu vou encontra-los.

– Danny, não precisa.Estamos bem longe de casa e vai ser impossível você chegar de carro aqui.

– Lindsay, nem que eu precise ir a pé, eu vou até você e não vou deixar meus filhos com fome, ok? Onde você estão?

Eu sorri, esse era o homem que eu amava.

– Estamos na Avenida Washigthon Pears, em frente ao Cafee Dear - falei me abaixando um pouco para ver a placa com nome do simpático café.- Mas Danny, podemos não estar aqui quando você chegar, a coisas estão andando de vagar, mas está indo...

– Não tem problema, eu acho vocês.

– Só tome cuidado e... - senti um batida forte na traseira do meu carro e o celular caiu da minha mão, olhei apavorada para trás para saber se meus filhos estavam bem e todos os três choravam assustados.

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– Lindsay? O que aconteceu? Lindsay!!! - eu gritei em pânico ao ouvir no fundo o choro de medo e desespero do meus filhos.

Joguei o telefone no chão e peguei a chave do meu carro.Sabia que estava sendo irresponsavel correndo daquela forma mas era a minha família, e eu não suportava a ideia de que alguma coisa grave poderia estar acontecendo.Devo ter passado em vários sinais vermelho e dirigia como um louco, eu sabia.Felizmente as ruas que eu passei estavam com o seu trânsito normal.E isso parecia bom, mas na verdade eu só vi o ato da minha irresponsabilidade quando cruzei um avenida em alta velocidade e um outro carro bateu com toda a força do lado do passageiro, depois daquilo eu não vi mais nada e tudo se tornou escuro.

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Eu me sentia muito bem, ter dado uma escapada para ver a Elise tinha sido a melhor coisa que tinha feito hoje.

– Já estava com saudades desse seu sorriso, Stella. - ouvi Adam falar enquanto eu caminhava em direção a minha sala depois de sair do vestiário.

– A Elise melhorou meu dia, Adam, não tem como ficar triste ao ver o sorrisinho lindo da minha princesa.E você precisa ir visita-la mais vezes.

– Pode deixar que vou sim, até comprei algo que sei que ela vai adorar.

– Hun... estou curiosa. - acabamos chegando até a sala do Mac.

– Acho que deve ser bem importante porque ele já está ali a algum tempo.

– Sabe quem ele está recebendo?

– Desculpe, Stella, mas eu estava analisando algumas coisas e não vi.

– Tudo bem, será que faço mal em interromper por algum segundo? Precisava muito passar um recado para ele, mas Mac odeia ser interrompido.

– Você é a senhora Taylor, Mac nunca ficaria bravo com você, nem por isso nem por nada, vai por mim.

Adam se afastou e eu ainda fiquei parada em frente a porta da sala do meu marido, excitante se deveria entrar ou não.

– Eu não vou demorar, é só um recado afinal - sorri e bati lentamente na porta antes de entra. - Mac desculpe inte... - O que vi na minha frente me deixou até sem ar.Mac abraçava carinhosamente uma mulher e por Deus... era a Claire.