Mal podia acreditar que estava em minha nova casa. Mal podia acreditar estava de oito meses. Mas, antes de chegar nos oitavo mês, aconteceram algumas coisas...

Primeiro que eu e Loki saímos do apartamento, e do centro da cidade fomos para um bairro mais sossegado. Embora fosse um pouco longe do trabalho, porém não tinha como não se apaixonar pelo lugar...

Nossa casa ficava em Nordmarka, ao norte de Oslo, no bairro de Frognersenteren, uma área bem arborizada e perto das montanhas de esqui. Além de ser sossegado era um pouco distante do centro e do barulho, era calmo e tranquilo e com locais perfeitos para caminhar e correr. Fenris ficou muito satisfeito com a ideia de ter um quintal para correr livremente.

A parte, ou melhor as partes que eu mais gostava de circular dentro dela eram o quarto da bebê e o jardim. O quarto era todo num tom amarelo bebê, suave e os moveis em tom marfim. Até mesmo meu velho Snoopy estava entre os bichinhos da prateleira, e ao lado dele estava Sleipnir, o coelho de longas orelhas que Loki tinha desde pequeno, segundo Frigga, os dois eram inseparáveis na hora de dormir.

A terapia de grávidas estava fazendo bem para mim, era descontraída e divertida, aprendemos várias coisas para pais de primeira viagem. Umas das partes mais engraçadas foi quando a terapeuta pediu para os homens vestirem barrigas de gravidas. Elas eram de tecido e feitas exatamente com o peso da barriga de uma gestante. Alguns pais ficaram emocionados, já Loki olhava para a barriga e depois para mim.

– Me sinto pesado, como se estivesse cheio de gases.

Tempos antes eu ficaria emburrada, mas hoje em dia, conhecendo ele como conheço apenas me desato a ri.

– Você parece um palito com uma bola no meio – emendei.

– Essa fala era minha – ele protestou sem esconder o riso.

A noite ele conversava com a nossa pequena, acho que ela gostava de ouvir a voz rouca dele, pois sempre ele falava ou cantava para ela, a danadinha se agitava dentro de mim dando chutes mas logo em seguida ficava quietinha. Era estranho e lindo.

Tive meu chá de bebê em casa, e Loki para minha surpresa se dispôs a me ajudar com várias ideias, como preparar a sala, a decoração toda.

– Por que laranja? – perguntei a Loki quando percebe que as toalhas, fitas e balões tinham um tom laranja.

– Cenouras – ele respondeu simplesmente.

O pior foi quando ele me mostrou todo faceiro o convite do chá que ele editou no computador com uma cenoura vestida de bebê. Uma ironia para com as minhas vontades de grávida. Agora elas pararam, não tive mas nenhum desejo repentino...

– Loki, por que a cenoura está de fraldas?

– Hã? Eu quis fazer algo diferente...

– Mais está faltando algo ainda... - coloquei o dedo indicador no queixo – Há! Uma chupeta!

– Chupetas entortam dentes – Loki fez uma careta.

– Cenouras não tem dentes – eu sorri – e coloca um lacinho também!

Depois do resultado ficamos rindo divertidos daquele convite estranho.

*

No dia do chá de bebê a casa ficou cheia de gente, amigas, parentes e até mesmo Tony Stark apareceu, mas não como o mesmo de quase três anos atrás, como o bilionário mulherengo, mas como um homem à beira do altar e em breve futuro pai. Não fiquei muito surpresa ao saber que ele e Pepper estavam juntos a cerca de um ano e meio. Ao que parecia, Pepper numa discussão pediu as contas e saiu da Stark Industries, e segundo o que Loki me contou, ele percebeu a falta que ela fazia pra ele e tal. Agora Pepper tinha uma ligeira barriguinha de seis meses e parecia bem feliz ao lado de Tony.

Tony disse que estava de férias e ficaria alguns dias em Oslo. Faceira como sou, já tratei logo de fazer algumas coisas com Pepper, e eles ficaram aqui em casa.

– E então Tony – Loki lhe deu um tapa amigável nas costas – como se sente agora?

– Ah, Lokinho, sou Tony de sempre, mas com a palavra playboy fora da minha lista de qualidades.

– Menino ou menina? – perguntei curiosa.

– Uma menina – foi Pepper que respondeu, já temos até um nome para ela.

– Annie – os dois responderam ao mesmo tempo.

– Mas e você já pensaram num nome para ela?– disse Tony - e olha que ela já tá praticamente vindo.

Eu e Loki demos aquele olhar cumplice.

– Quanto a isso meu amigo, na hora certa, saberemos.

O resto do chá transcorreu tranquilamente, teve alguns momentos engraçados como Fenris ter se estranhado com gato do vizinho que estava xeretando em nosso quintal, a competição de arrotos onde Thor descobriu que Amora arrotava mais alto que ele, embora ela tenha ficado constrangida ele a elogiou maravilhado. No fim a maioria dos convidados foi indo embora, muitos me perguntaram a referência das lembrancinhas, mini cenourinhas com frauda feitas de biscuit.

– É coisa do Loki – eu respondia rindo.

Tony e Pepper ficaram três dias conosco. Eu estava sentindo faltas piadas que ele contava. Loki contou a ele sobre a história de seus pais biológicos, o Tony é claro ficou abismado, e Pepper emocionada, não imaginava que ela fosse tão sensível, ou talvez fosse da gravidez, tinha me esquecido desse detalhe.

*

Algumas semanas depois eu já estava perto de completar nove meses. Minha barriga estava enorme e pesada, me sentia cansada com frequência e só queria uma boa cama e leite morno. Para consegui dormir era um pouco difícil, eu não parecia ter um sono pesado como eu costumava ter, era sensível a qualquer coisa, e como a bebê já estava praticamente de ponta a cabeça dentro da minha barriga, bem, em alguns momentos ela acertava a minha costela num chute. E foi aí que as palavras de Nanna fizeram sentido, em quase nove meses de gestação eu não tinha experimentado um chute nas costelas, doía pra caramba. E como eu dizia, dormir era cada vez mais difícil, sentia muitas dores, Loki me ajudava de todas as formas possíveis, me enchendo de almofadas e segurando uma de minhas mãos sempre que íamos dormir.

Ele estava se saindo tão bem. Quem não o conhece pensa que ele não liga para ninguém para além de si mesmo, porém eu sei que isso é penas uma autoproteção que ele usa. No fundo ele é amável com aqueles que ele ama. Loki é como uma ave de rapina com seus filhotinhos no ninho, intimidadora e perigosa, mas experimente machucar suas crias.

Era fim de tarde e eu estava relaxada na banheira alisando a minha barriga que ficava bem visível na superfície da espuma. Loki estava sentando lendo um caderninho rosa, era o diário de Lena Laufeyson. Ele estava dentro da caixa cor de rosa que Loki havia tirado do cofre do banco com aquela chave que havia vindo na carta da mãe dele.

Ele havia demorado um pouco para mexer naquelas coisas, até que, um dia ele abriu e viu o diário ali dentro e começou a ler. Agora ele lia pra mim um trechinho de quando ela havia descrevido sobre ele.

Hoje Odin veio me visitar, ele sempre vem todo os mês, por mais que eu negue, ele sempre insiste em ajudar no pagamento. Ele trouxe o Loki junto, já fazia dois meses desde que ele deixara o hospital, ele estava mais fortinho, era tão branquinho e cheio de fios pretinhos. Ele estava olhando para tudo com extrema cautela e curiosidade. Olhos dele eram bem parecidos com o meu, eu o peguei no colo, era impossível não resistir àqueles olhinhos tão curiosos....

– Que lindinho – eu falei rindo que nem uma boba – sua mão era uma fofa.

Ele fechou o diário, tinha um sorriso misterioso nos lábios.

– Quer saber?

– Hum – eu perguntei me levantando um pouco.

– Acho que já sei como nossa pequena vai se chamar.

*

Depois do banho eu já estava no quarto secando o meu cabelo, vestia um vestido bem confortável, estava sentada na cama.

– Vai ficar bem bonito mesmo – falei ensaiando o nome – Lena Odinson...Lena... me lembra Helena.

– Mas ela se chamava só Lena.

– É. Que coisa estranha – comentei.

– O quê?

– Eu tinha tomado banho justamente para passar esse mal estar.

– Que mal estar – Loki comentou ficando sério.

– Um calor, mas já estou sentido de novo.

Fiquei de pé e subitamente uma fisgada me fez sentar de novo, assustada.

– O que houve?

– Não sei – não consegui terminar pois uma dor mais forte me fez encolher o corpo e logo senti um liquido quente entre minhas pernas.

– O que é isso, xixi?

Eu olhei para baixo e vi que o meu vestido e parte do colchão haviam ficado molhados.

– O meu Deus – ofeguei – Loki, a bolsa estourou!

Loki arregalou os olhos.

Após pegarmos tudo, as coisas da nossa filha – meu marido já tinha deixado arrumado dias antes – rumamos para o hospital. Quando chequei lá as contrações ficaram mais fortes, eu gemia e me contorcia de dor na cadeira de rodas onde me colocaram. Fui levada até ala da maternidade, e para a minha aflição fiquei sabendo que a Dra. Skadi havia se acidentado a dois atrás, quebrando um de seus braços, e que o outro obstetra estava de férias, mas que eu não deveria me preocupar porque me encaminhariam uma substituta.

Após alguns minutos Loki entrou na sala e ficou comigo.

– Já liguei pra todo mundo – ele falou.

– Temos um problema – eu falei em meio a dor.

– Problema?

– Parece que a Dra. Skadi não vai fazer o meu... parto, ai...

Loki me olhou confuso.

– ... ela quebrou o braço...

Ele bufou.

– E não outra hora melhor para ela quebrar esse braço?

– Sra. Odinson – uma jovem em trajes de médica, mais baixa que eu e com cabelos castanhos presos num rabo de cavalo – sou a Dra. Foster, vou ficar responsável pelo seu parto.

– Foster? – Loki falou estreitando os olhos – Eu conheço você – ele apontou para ela.

Eu olhava a cena confusa.

– Hã? – a médica falou.

– O furacão Foster!

Eu olhei para ela e depois para ele.

– A ex do Thor? – eu falei encarando ele.