Já ouviu falar em utopia? Aquela ideia de perfeição, tudo é perfeito, aquele lugar ideal. A gente também poderia se referir aquelas teorias que temos que estudas na faculdade. Mas temos também a distopia, o oposto da utopia, já dá pra perceber o que é né? Se a utopia é a teoria, logo a distopia ficaria na prática...

Mas nessa história, a utopia e a distopia seriam duas palavras: expectativa e realidade.

Ah, e junte tudo isso ao ponto de vista de uma grávida de primeira viagem.

É engraçado.

Antes de saber que estava grávida, eu não sentia nada, agora, eu tentava me acostumar com a ideia que um pequeno ser estava crescendo no meu ventre. Todos os dias eu me olhava no espelho, mas não parecia que a barriga era a mesma.

– Você não pode pensar que isso cresce de um dia para o outro.

Loki não entendia a minha súbita obsessão pela minha barriga. Até o começo do terceiro mês eu tinha constantes enjoos e vomitava, mesmo enojado Loki me ajudava a limpar a minha bagunça (nem sempre eu acertava a mira no vaso sanitário), no fim ele me abraçava me sentando no chão e alisando os meus cabelos.

Ele estava tão carinhoso, tão paternal e um tanto interessado sobre o tema gravidez. Estava pesquisando tudo o que podia sobre o tema, dietas, o que eu podia fazer o que eu não podia fazer ou comer. Era engraçado ver ele lendo revistas e livros sobre bebês ou procurando coisas no Google. Agora com três meses era possível ver a minha barriga mais pontudinha, ainda pequena. Já vi gravidas com a barriga bem evidente, bem pontudas e na minha opinião, esteticamente feias, já minha a princípio era tímida.

Agora em me encontrava numa loja com Nanna, Phil e Amora. Minha estava tentando enturma-la para o nosso bando. Amora era bem tímida e Nanna queria dar um jeito na aparência dela, já eu estava de olho na moda gestante. Pobre Amora, Nanna fez com que ela vestisse quase todas as roupas da Sparkles, ela ficou linda é claro, mas comprou apenas algumas peças alegando que não podia gastar muito.

Paramos para lanchar, enquanto Nanna amamentava Phil, que tinha nove meses agora e estava a cada dia mais bochechudo, Amora comia um sanduiche natural, já eu optei por uma salada de frutas.

– Como está a sua gravidez? - Amora me perguntou.

– É, agora melhorou um pouco, os enjoos passaram – minha voz tinha um alivio ao falar disso.

– E o Loki? – disse Nanna – Como ele tem andado.

Eu ri.

– Ele tem pesquisado tudo sobre grávidas, pediu até pra eu marcar com a nutricionista pra organizar uma dieta minha e do bebê.

– Puxa! Espera só até você senti os desejos de grávida...

– Desejos de grávida? Isso existe?

– Claro! – Nanna e Amora falaram ao mesmo tempo.

– Eu tive vontade de comer areia com caramelo – disse Nanna rindo.

– Minha tinha era louca por coxinhas de rã – disse Amora.

– Sério isso?

Não levei essa história muito a sério. Depois do passeio no shopping eu voltei para casa, era sábado e quando cheguei no apartamento encontrei Loki no escritório conversando com alguém, mas assim que ele me viu encerrou a conversa e desligou o telefone. Acho que ele achou que eu ia perguntar alguma coisa, mas não disse nada, apenas sorri e deixei a sacola no sofá e dei um agradinho em Fenris que estava deitado e veio me cumprimentar.

– Comprei umas roupas de grávida!

Ele riu e se aproximou de mim colando seus lábios nos meios, um beijo de boas-vindas. Eu já estava querendo a muito isso, então tratei intensificar um pouco o beijo, juntando o meu corpo ao dele. Já fazia algumas semanas que a gente não fazia...

Ele se afastou.

– O quê? – eu questionei – estamos há dias sem fazer – falei manhosa – não pode me negar isso.... nem a mim e nem a você mesmo...

– Sigyn.... é que sei lá...

– Sei lá o quê? – eu retorqui ficando um pouco séria.

Loki franziu as sobrancelhas.

– Eu também quero, só que – ele olhou para minha barriga e depois para mim – não acha que vai ser estranho, eu, você e o bebê... ele pode se assustar com aquela coisa....

Olhei para Loki com a melhor cara de tédio que eu tinha.

– A Dra. Skadi disse que não há problema algum – falei sorrindo.

– Mas... e se... eu te machucar?

– Você nunca me machucou Loki – falei sorrindo e pegando em seu rosto – e depois, eu não to doente, eu tô gravida....

– Tem certeza?

Eu respondi com beijo.

Depois disso fomos para o quarto...

Nos encontrávamos cansados na cama, estava relaxada e alegre. Loki fazia carinhos na minha barriga levemente saliente, depois começou a dar alguns beijinhos nela.

*

Quarto mês.

Era o dia da ultra som, hoje eu saberia o sexo do bebê. Confesso que estava muito curiosa, Loki não ficava muito atrás, tinha até feito uma aposta entre ele e os homens da família.

Balder apostava num menino.

Thor apostava num menino também.

Meu pai apostava em gêmeos.

Odin apostava um menino também.

E Loki apostava que seria uma menina.

E eu, bem não importava, mas queria um mini Loki.

E lá estava eu deitada vendo a Dra. Skadi passando aquele gel na minha barriga, Loki estava ansioso e não para de segurar a minha mão. Doutora Skadi ligou o aparelho e então vimos o pequeno pela primeira vez. Era estranho, ele era pequeno mesmo e tinha uma cabeça grandinha, encolhidinho.

Dra. Skadi sorriu.

– Está tudo bem com o bebê, nenhuma anormalidade encontrada – mas o nosso olhar curioso a fez sorrir divertida - a claro, como eu disse ela está ótima!

– Ela? – perguntamos ao mesmo tempo.

– Sim, vocês vão ter uma linda menininha!

Uma menina... fiquei com um sorriso tão esticado, mas nada superava o brilho no olhar do meu marido quando ele fitava a tela do aparelho onde víamos ela pela primeira vez....