Acordei na cama. Nem me lembro como cheguei no quarto, só me recordo de adormecido com Loki em meus braços. No café apenas aquele silêncio, até Loki me mostrar a chave que eu lembrei ser a chave que tinha vindo na carta da mãe dele. Ao que parece atrás da carta tinha uma observação feita por ela sobre algumas coisas que estavam guardadas em um cofre particular no banco.

Mais tarde fomos ao banco, dentro do cofre havia uma caixa de veludo rosa, Loki não teve coragem de abri-la a princípio. No dia seguinte Odin e Frigga vieram ao nosso apartamento. Frigga me parabenizou pela gravidez, ela parecia bem feliz com a notícia, mas eu também sabia que ela não estava ali só por causa disso. Então achei melhor que Loki ficasse a sós com eles e então sai com Fenris para passear.

Afinal era um assunto a ser resolvido entre os três, e sinceramente, espero que as coisas tomem o melhor rumo possível.

–

Loki, Frigga e Odin estavam sentados no sofá. A esposa de Odin já estava ciente de toda a situação, e após conversarem um pouco os dois decidiram que tinham que falar com o filho. Uma conversa que deveriam ter tido com ele há bastante tempo.

Loki pensava que antes ele normalmente daria início a conversa, e entre uma fala e outra um timing perfeito para despejar sua acidez por sempre ter se sentindo um estranho dentro da família por tantos anos, talvez se ele soubesse de seus pais verdadeiros desde o começo as coisas poderiam ter sido diferentes. Não poderiam?

Loki não dizia nada, não queria falar nada, esperava que eles dissessem alguma coisa, por isso apenas encarava os dois, mas no fundo não sabia se ficaria calado por muito tempo.

– Loki – Frigga começou ainda incerta – bem, Odin me contou tudo e...

Ele achou melhor falar.

– Bem – ele a cortou – acho que podemos ser mais diretos, eu já sei tudo o que deveria saber, tudo o que vocês não me contaram durante todo esse tempo. Minha mãe explicou tudo na carta – ele pausou por um momento olhando para o chão – e acabou, e é isso.

O casal se entreolhou e depois fitou o caçula.

– Eu sei o que esperam – ele disse calmo – esperam que eu perdoe vocês, que nós possamos viver como um família perfeita de novo.

Não tinha sarcasmo em sua voz, e então continuo.

– Pode não parecer mas – ele sorriu triste – eu sempre quis isto, mais até que qualquer um de vocês. Eu pensei muito ontem. Eu vou ser pai. Caramba! Eu vou ser pai! – ele mexeu no cabelo que teimava cair em seu rosto – E fico aliviado em ter a certeza de que ele, meu filho ou filha não vai passar pelo que eu passei.

Odin apenas observava o filho falar, Frigga sentia que seus olhos teimavam em se molhar.

– Ela falou bem de vocês, realmente. Disse coisas muito boas a seu respeito. E, eu demorei muito para entender a postura de vocês em alguns momentos. Vocês realmente se importam comigo, mas acho que esse segredo todo atrapalhou tudo. Talvez sem ele no caminho as coisas tivesse fluido melhor entre a gente.

O jovem fez uma careta.

– Eu perdoou vocês – Frigga tinha um sorriso tímido no rosto – mas ainda estou um pouco zangado – tinha um leve tom infantil na voz masculina – portanto tratem de ir devagar.

–

Eu perdoe os velhos, depois de quase quatro anos de ressentimentos e fingindo aparências. E embora eu tentasse parecer zangado isso não impediu que Frigga, quero dizer mamãe me abraçasse num abraço sufocador. E ainda para minha surpresa, Odin se juntou a nós dois me dando alguns tapinhas.

– Bem que vocês poderiam me tratar a sim o tempo inteiro – disse com certa dificuldade já que suas cabeças prensavam meu rosto.

Os dois apenas riram.

Algum tempo depois, naquele mesmo dia Thor e Balder e o resto da parentela soube de toda a história. Balder ficou surpreso, e Thor também. No fim foi fui esmagado de novo, pelos dois.

– Você sempre será o nosso irmãozinho!

O Sr. Narvik era icônico como sempre:

– Oras, isso explica o fato de você ter cabelo preto!

A Sra. Narvik ficou emocionada com a história dos meus pais, disse várias vezes que daria para transformar num best-seller de sucesso, nessa hora notei que Sigyn parecia implorar para que uma cratera aparecesse sob seus pés, eu apenas ri, afinal minha sogra não estava tão enganada assim.

Já Amora, a nova namorada – isso mesmo – do Thor parecia meio por fora do que acontecia. E então, o assunto mais importante, a gravidez de Sigyn logo em seguida roubou a cena naquele jantar agradável na casa dos pais dela.

Minha esposa estava sendo entretida pelas outras ali presentes, já eu e os outros conversamos no outro lado da sala, quando Phil saiu do colo migrando para o meu, já que estava sentado do lado, ele me fitou banguelinha e com vários fios loiros pela cabeça, os olhos eram castanhos como os de Nanna.

– Ei Phil – eu falei carregando pelos bracinhos – de quem você gosta mais, de mim ou do seu pai?

– Lógico que de mim neh! – Balder fingiu uma cara de indignação.

Phil riu para mim mostrando sua gengiva rosada, balançando suas mãos gordinhas, eu o coloquei ele perto do meu rosto então fitamos Balder.

– Ei, acho que tem alguém com muito ciúme aqui...

– Ciúme é? – Balder riu divertido.

Entreguei Phil para Balder no entanto foi engraçado ouvir o resmungo de protesto por parte dele.

Todos riram daquilo.

Fiquei pensando que fazia muito tempo que não me sentia assim tão bem em família, e também fiquei admirado ao perceber que gostava tanto.