Abri os olhos ainda tonta, quando dei por mim estava em uma cama, que reconheci ser a cama de Loki. Me levantei lentamente sentando e então vi Loki sentado do outro lado conversando com uma jovem loira mais baixa que eu, ela usava um moletom verde-água e os cabelos bagunçados num coque mal feito e óculos de moldura preta. Ambos me fitaram quando notaram que eu havia acordado.

Loki tinha uma expressão de alivio no rosto. Já a garota, cujo a qual não lembrava o nome perguntou:

– Se sente melhor, senhorita?

E então aquelas cenas voltaram a passar na minha cabeça. E senti o estômago embrulhar de novo. Institivamente coloquei a mão na boca. Tanto Loki quanto a moça se encararam.

– Acho que depois de ter visto o que viu ainda não esteja tão bem assim... – meu marido comentou.

Que diabo está acontecendo? Você deve estar se perguntando. Só voltando a fita para lhe explicar. E antes que me pergunte também, sim, Nanna teve o seu bebê, os dois estão ótimos.

Depois que recebi a ligação de Frigga eu e Loki saímos às pressas de casa, rumando para a mansão. Entremos na sala principal onde se encontravam Odin, Frigga e meus pais. Balder estava com Nanna no andar de cima com Marta e a equipe médica.

– Como ela está?

– Bom, ela estava com oito dedos de dilatação – Frigga respondeu.

– Não tinha mais como esperar – minha mãe falou, ela estava afoita, não sabia se chorava ou se entrava em “pânico de mãe”.

– Oito dedos? – Loki parecia ser o mais alheio ali.

– É Loki – eu responde meio impaciente devido a minha preocupação, ele me encarou ainda confuso.

– Peraí, deixa eu ver se eu entendi – ele colocou a mão na testa como se estivesse processando algo – primeiro ela estourou a uma tal bolsa, e agora esses oito dedos de dilatação, o que está havendo afinal?

Nesse momento cheguei a duvidar que meu marido tinha mesmo dois doutorados.

– Nanna vai ter um bebê, é só isso que precisa saber, Loki.

Neste momento Thor aparece ofegante e com ele uma garota que eu não conhecia.

– Ufa! Cheguei bem a tempo!

Nós seis encaramos a desconhecida que estava do lado dele, ela usava um conjunto de moletom largo para o corpo, tinha estatura mediana e cabelos loiros, diante de nossos olhares ela ficou visivelmente corada.

Thor olhou para nós e depois para a garota.

– Ah, que coisa, a minha! Pessoal esta é minha vizinha Amora Incantare, ela me deu uma carona até aqui, ah ela também é enfermeira.

– P-prazer conhecê-los – ela se encolheu mais ainda.

– O que houve com seu carro Thor? – Odin perguntou.

– O pneu tinha furado.

Thor rapidamente quebrou o silencio.

– E Nanna como ela está?

– Ela deve estar princípio de trabalho de parto – Frigga respondeu.

– E os oito dedos?

Todos encaramos Loki, o único confuso ali.

– Oito dedos! Nossa então o pequeno já está com pressa de nascer! – Thor falou animado.

Loki comprimiu as sobrancelhas, se eu não estivesse tão tensa teria rido da cara dele.

– Quê que tem os oito dedos?

– Loki – Thor explicou como se estivesse falando de dois mais dois – quê que tem é que a vagina de Nanna estava com oito dedos de dilatação.

Meus pais e meus sogros arregalaram os olhos, Loki ainda surpreso pegou suas duas mãos deixando penas oito dedos e encarou Thor chocado.

– Isso não é mais uma vagina, é um vaginão!

Ninguém conseguiu ficar sério.

Depois de algumas horas a coisa começou a desenrolar, os gritos de Nanna encheram o corredor, eu estava do lado de fora com Loki, Thor, Odin, meu pai e a vizinha de Thor, coitada se sentindo uma completa intrusa.

Senti uma vontade puxar conversa com ela, mais meu estado emocional me impedia. Nanna havia me pedido dias antes que lhe fizesse companhia, mas eu neguei veemente, ela ficou sentida, mas depois me entendeu. Loki então conversou com a garota, para minha surpresa, e logo ele e Thor conversavam com ela sobre partos, contrações, placentas e outras coisas que me deixaram levemente enjoada.

Me afastei um pouco do grupo e fiquei próximo a porta, entres os gritos de minha irmão ouvia outras coisas como palavras de força e incentivo para a ela, vindas de Balder, ora minha mãe, Frigga e Marta. Nem sei o que me levou a querer ficar perto da porta, tão pouco abri a porta.

Mas, aconteceu que eu abri a porta e ouvir os gritos e vozes ainda mais altas, e então a cena: minha irmã dentro de uma piscina plástica, de um lado Balder lhe segurava com a mão, do outro minha mãe lhe segurava a mão e Marta bem ao lado lhe afagava os cabelos dizendo palavras de conforto e segurança, e médica que olhava para dentro da piscina onde.... aquilo era a cabeça de um bebê?! Pois eu estava vendo a cena de costa para todos, Nanna estava com parte traseira empinada, e de onde eu estava tinha o ângulo perfeito. Aquilo foi mais traumatizante que o vídeo de biologia.

Dei um grito histérico.

E então todos: Nanna, Balder, minha mãe, Marta e a Médica me encararam assustados. Frigga surgiu com algumas toalhas do outro lado do quarto.

– Sigyn?

E então tudo balançou e eu senti meu corpo pender para algum lado.

E foi isso.

Algumas horas depois eu criei coragem para ver Nanna, achei que ela estaria zangada comigo, mas não, perguntou se eu estava bem, e então eu conheci o meu pequeno sobrinho, Philip. Nanna o olhava com um devoção que beirava o exagero, já eu o achei estranho, vermelho e engelhado com os olhinhos que mal se abriam. Fiquei surpresa quando fitei Loki e ele encarava o pequeno com certo encanto. Ele perguntou a Nanna se podia segura-lo, Balder ficou alegre e Nanna entregou a ele. Todo desconfiado ele segurou o bebê.

– Que pequeno – ele disse encarando o pequeno – mas também se fosse maior esgaçaria sua mãe!

– Loki! – Nanna e Balder responderam em uníssono.

– É, depois de nove meses, uma bolsa estourada e 8 dedos de dilatação, aqui está você com essa carinha de joelho no colo do titio....

Os demais riram, apenas eu parecia meio em transe ali, observando meu marido segurando Phil.

Depois de algum tempo voltamos para casa.

– Você está bem? – a voz de Loki me trouxe a realidade enquanto estávamos no quarto.

– Mais ou menos.

– É não é pra menos, ver a vagina da sua irmã com uma cabeça pra fora, não é todo dia que se vê isso – ele disse como se estivesse falando do tempo.

– Loki – eu virei pra ele.

– Tá parei.

Eu deitei na cama e ele deitou do meu lado mas sem me abraçar, sabia que eu queria ficar um pouco sozinha.

– Não quer falar nada? – ele ainda perguntou fazendo carinho em meus cabelos.

– Você acha que a gente deveria ter filhos?

– Acho mais legal ser tio – ele respondeu.

– Eu também – respondi sentindo o sono vir.