Meu Príncipe Às Avessas escrita por Puella


Capítulo 20
Capítulo 20 - Do amargo ao doce


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem desse.... pois eu caprichei neste
Boa leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341269/chapter/20

Residência dos Narvik. Algumas horas depois.

Loki estacionou o carro, e ficamos por algum tempo sem dizer nada. Ele parecia estranho, meio taciturno. Na verdade desde quando o pai dele saíra de sua sala hoje pela tarde eu notei isso, mas preferi não perguntar nada, pelo menos até agora.

– Aconteceu alguma coisa? – eu o fitei preocupada.

– Não – ele disse, mas eu sabia que era mentira – nada de importante.

Eu semicerrei os olhos e depois olhei para frente.

– Entendo, é algo que certamente não pode me contar não é?

Nisso percebi que seus olhos me encaravam agora.

– Sigyn... – então eu o encarei – não é isso...

– Tudo bem, Loki – eu lhe acariciei o rosto – quando quiser me contar eu estarei lá, não estou te cobrando nada. Se eu puder ajudar...

Ele segurou a minha mão e deu um sorriso triste e ao mesmo tempo sincero.

– Obrigado - disse dando um beijo em minha fronte, agora colando seu nariz ao meu - e amanhã teremos o nosso jantar...

– Hum... você vai ser o cozinheiro?

– Claro, e vou fazer Graviax*, eu sei que você gosta... – ele pareceu sorrir, parecia que o incomodo havia passado.

Eu ri divertida.

– Mal posso esperar...

Depois de trocarmos alguns beijinhos eu me despedi e acompanhei seu carro até que ele dobrasse a esquina e entrei em casa, pensando em que roupa eu poderia usar para amanhã.

Sei que às vezes não soou tão sincero como eu deveria ser, ainda mais com ela, mas não é nada fácil expor suas verdadeiras fraquezas com alguém. Mas não posso negar que me sinto bem estando ao seu lado.

É como se Sigyn fosse uma espécie de bálsamo para mim.

Queria poder contar toda a angustia que eu sinto, o desgosto e tudo mais, mas acho que sou muito orgulhoso para sucumbir a esse desejo. E por falar em desejo... ultimamente meus hormônios não tem sido muito generosos comigo, ainda mais quando estou perto dela. Não sei por quanto tempo ainda me manterei no controle, minha mente tem perambulado atrás de ideias nada decentes que um virgem nem deveria se atrever a pensar. Além do que, a minha situação, seguindo padrões sociais e opinião geral, é desconfortável. Um homem de quase 28 anos recluso e virgem chega a ser um motivo de deboche. Eu particularmente não dava a mínima para isso tempos antes, mas agora, embora não admita, me sinto um pouco incomodado.

Então pensei comigo mesmo, por que as pessoas parecem se incomodar tanto com quem é virgem? Por que todo mundo acha que quem é virgem deve deixar de ser? E o que há de errado em ser virgem? Eu queria realmente que a opinão dos outros não valesse de nada – e elas quase sempre são insignificantes - , mas elas são como aqueles mosquitos que cantam no ouvido, simplesmente irritantes.

Antes de Sigyn eu nunca havia me relacionado com ninguém, e acreditava que era bem melhor assim. Mas agora estou com ela, e nós vamos nos casar e fico imaginando nós dois juntos, naquele “finalmente”. Contudo, não posso responder aos meus desejos de imediato, a coisa não é tão simples assim. Mas fica difícil quando eu fico pensando nela, nos seus lábios, nos seus cabelos, na sua pele, no jeito como ela cora...

Argh! Droga, já estou sentindo novamente!

Loki ouviu a campainha tocar, parecia ter despertado de seus pensamentos, não fazia muito tempo que chegara, estava sentado no sofá com a gravata enfroxada no pescoço. Levantou de maneira preguiçosa e caminhou em direção a porta, quem seria? Thor? Smilla? Não eram muitas pessoas que o costumavam visitar.

O caçula da família Odinson a abriu a porta e teve uma leve surpresa.

– Balder?

– Oi, Loki – o loiro respondeu, e detrás dele apareceu Thor.

– Precisamos falar com você irmãozinho – disse o mais velho.

Loki deu passagem para os dois passarem e fechou a porta em seguida.

Balder olhava tudo em volta, tão perfeitamente arrumado e limpo, era o que podia se esperar de uma pessoa que na infância era frágil e doente o tempo todo, onde tudo deveria estar limpo.

– Acho que é primeira vez que venho aqui – disse Balder.

– Então – Loki foi direto – o que querem comigo?

Os dois o encararam, Loki estava de braços cruzados e seus lábios estava retos, pelo jeito, imaginou Thor, seu irmãozinho estava mal humorado com alguma coisa.

Thor encarou Balder e disse:

– Pelo visto o velho já deve ter ido falar com ele.

– Sim – Loki chamou a atençou dos dois – era sobre isso que queriam conversar comigo?

– É – disse Balder – também... queria saber o que foi que ele disse a você?

Loki estreitou os olhos.

– O que você disse a ele? – rebateu o moreno, calmo porem enfático.

Balder passou a mão pelo cabelo.

– Eu disse que não queria assumir a presidência, bem... não com essas palavras, eu disse para o pai que eu ainda não me sentia preparado para assumir o posto...

– Mas você pensa em assumir o posto, Balder?

– Não – Balder olhou para chão e depois – e eu disse a ele que talvez você podesse ser o sucessor, afinal eu não sou tão talentoso como você.

Loki poderia se gabar vendo Balder dizer aquilo, mas era o que pouco lhe interessava.

– Eu sei que nunca fui uma opção pra ele – disse o moreno – talvez ele tenha vindo atrás de mim porque você falou a respeito.

Balder franziu as sobrancelhas.

– Como pode ter tanta certeza disso?

– Eu sei oras – disse Loki querendo encerrar aquele assunto.

– Isso não faz sentido, você é nosso irmão e filho dele também – disse Thor.

Loki sentiu o peito arder, não suportava ouvir aquilo, e mal os outros dois sabiam mas, era tudo mentira.

– Sem falar que vocês dois quase não conversam, a não ser sobre negócios – disse Balder pensativo – e queria entender por que você saiu de casa de maneira tão estranha.

– Apenas quis fazer minha vida – disse Loki de maneira fria – e também para mostrar àquele velho que eu não sou mais aquele garotinho doente que ele fazia questão de manter entre quatro paredes.

– Não exagera Loki – disse Balder.

– Exagerar? – Loki deu uma risada fria – Eu nunca fui para uma escola, só estudava em casa, se Howard Stark não aparecesse lá em casa e sugerisse que eu estudasse junto com o filho dele, talvez eu nunca tivesse conseguido entrar na turma especial de Havard com 12 anos! Talvez eu estivesse ainda aqui preso até ele ter algum uso para mim, ou ser apenas o filho inteligente que fica de enfeite no retrato da família!

O jovem respirava de maneira controlada, seus olhos brilhavam mas não deixaria que suas lágrimas caíssem, não na frente dos dois irmãos. Balder não disse nada e optou por não responder, afinal nada do que fora dito ali era mentira.

Howard Stark era um amigo de sua mãe, que quando conheceu o pequeno Loki ficou fascinado pela criança. Os especialistas também haviam dito ao casal Odinson que Loki era uma criança superdotada, e Odin temia que o mesmo sofresse em contato com outras crianças, por isso nunca o colocou em uma escola. Foi nessa época que Loki conheceu o filho de Howard, Antony Stark que também era muito inteligente mas não superdotado com ele. Após fazer um teste, o pequeno Odinson entrou para a turma de jovens especiais da Universidade de Harvad, o que anos mais tarde ele chamaria de sua entrada para a liberdade.

– Se não tiverem mais nada a dizer, vão embora, por favor – disse ele apontando para a porta.

Thor e Balder se entreolharam, Thor achou melhor tomar a palavra.

– Tudo bem, Loki – disse Thor com olhar sincero – outro dia a gente conversa melhor sobre isso. Boa noite.

Os dois irmãos deixaram Loki sozinho. Ele então fechou a porta ficando de costas para esta e então deslizou lentamente até o chão e colocou a cabeça entres os joelhos. Fenris que estava dormindo levantou de seu tapete e caminhou até o seu dono, o labrador percebeu que seu dono estava triste e num gesto carinhoso lambeu-lhe os dedos. Loki levantou os olhos e sorriu triste para o cachorro.

– Você é mais amigo do que muita gente que conheço – nisso fez um cafuné no cachorro que o encara com a língua pra fora.

Sigyn estava em seu quarto quando seu celular toca.

– Loki? – diz sorrindo mas o sorriso morre logo em seguida – O que foi? Está se sentindo bem?

– Teria como você ficar comigo hoje? Preciso tanto... falar com alguém, Fenrir não me entenderia tão bem como você.... – nisso ele riu embaraçado.

– O que houve? – ela perguntou gentil.

Apenas fique comigo... por favor – ele pediu, sua voz tinha um misto de angustia e suplica.

– Espera, eu já to indo pra aí – Sigyn falou rápida. Em pouco tempo vestiu um moletom e calçou um par de tênis e fez um coque simples e saiu do quarto, pegou a bolsa e caminhou até a porta.

– Aonde vai mocinha? – perguntou seu pai que tinha um livrinho de palavras cruzadas na mão.

– Loki está com algum problema, ele me pediu para ve-lo, ele parecia tão angustiado...

– Vá lá então – ele deu um sorriso de compreensão – mas antes... – entrou na sala e depois voltou e colocou algo na mão de Sigyn, um preservativo.

– Pai! – a menina falou envergonhada.

– Hum... momentos de carência com este são muito propícios.... por isso é bom está prevenida, não?

Sigyn apenas sorriu amarelo.

“Pai, às vezes o senhor sabe ser muito inconveniente.”

Algum tempo depois Sigyn já estava em frente a porta do apartamento de Loki, ela apertou a campainha, e ouviu passos rápidos do outro lado, porta se abriu revalendo a figura de seu então noivo. Sigyn nunca o vira tão triste antes, ele não deu espaço para que ela falasse e apenas a abraçou com força, como se sua vida dependesse daquilo.

– Loki – Sigyn retribuiu, também abraçando forte, fazendo um cafuné em seus cabelos escuros – o que há?

Ele não disse nada, mas ela podia sentir que seu ombro estava úmido, ele estava chorando silenciosamente. Envergonhado Loki separou dela tentando limpar as lágrimas que haviam caído.

A jovem fechou a porta e segurando a mão dele foram até o sofá onde sentaram, de forma carinhosa ela limpou algumas lágrimas e deu beijo em sua bochecha, ele segurou uma de suas mãos e beijou. Os dois ficaram em silencio, talvez ele ainda não quisesse falar a respeito, pensou Sigyn.

– Tem todo o tempo que quiser Loki – ela disse meiga.

– Obrigado – ele disse.

O moreno então afundou o rosto no colo dela, Sigyn o abraçou fazendo carinho em seus cabelos. Loki suspirou.

– Queria apenas ficar com você e nada mais – ele disse.

– Estou bem aqui – ela respondeu.

Ele voltou a encara-la e ambos se beijaram de forma suave e lenta. O beijo aos poucos tomou certa intensidade, com uma mão Loki desfez o coque que prendia o cabelo de Sigyn, então brincava com seus fios e também precorria a costa da jovem com suas mãos. Se separaram para tomar um pouco de ar, mas logo depois já estavam aos beijos de novo, porém dessa vez, um beijo mais exigente. O moreno percorria linha do rosto da jovem, o pescoço e o colo, sua mão trilhou sozinha até um dos seios da jovem, dando leve aperto, o que fez Sigyn corar e soltar um gemido tímido. O que fez com que Loki interrompesse o beijo e desse conta do que estava fazendo. Ambos olharam para mão dele que estava no seio dela.

– D-desculpe – disse Loki puxando a mão envergonhado.

Sigyn ainda estava corada mas não dissera nada.

– Acho que é melhor pararmos por aqui – ele riu sem graça.

– Nunca achei que meu pai fosse estar certo - disse jovem que tirou do bolso um preservativo – ele me deu isso antes de sair de casa.

Loki engoliu em seco.

– Bem – ela corou novamente – eu nunca fiz isso antes...

– Eu também não – ele disse sem perceber.

Ela o olhou incrédula, e Loki se puniu mentalmente por ter deixado escapar.

– Sério? – ela perguntou.

Ele corou, só pela vermelhidão de seu rosto a verdade ficou bem obvia. Sigyn riu, ele fez um biquinho.

– Que lindinho! – ela disse.

– “Lindinho”? – ele comentou emburrado.

– Claro! São poucos os rapazes que fazem isso – ela falava acariciando o rosto dele – é lindo... se guardar só para quem você ama. Eu por exemplo, só faria amor com você e ninguém mais... – ela corava agora.

Ambos se encaravam silenciosamente agora, haviam amor e desejo no olhar dos dois, estavam tão próximos que podiam sentir suas respirações.

– Eu te quero – a jovem disse num suspiro.

Os dois agora estavam no quarto, se encarando.

– Honestamente – disse Loki – não sei por onde começar...

– Nem eu - disse a jovem – normalmente os casais ficam pelados.

Não tiveram como não rir do comentário.

Sigyn tirou o tênis e o moletom, a jovem mordeu os lábios nervosa, por baixo do moletom ela usava uma camisa branca do Snoopy. Loki havia desabotoado a camisa revelando uma regata branca por debaixo desta, e por fim ele ficou sem a regata, e depois a calça, ficando apenas de cueca samba canção, Sigyn o fitou, ele era magro, mas tinham músculos definidos, e era bem branco.

– Eu sei que eu não sou do tipo musculoso e tal – ele disse envergonhado.

– Eu nunca gostei de musculosos – Sigyn disse e ele riu.

A jovem então tirou a blusa revelando um sutiã com desenhos de estampa delicada de morangos depois a calça jeans. Loki deu um meio sorriso. E quando ela tornou a fita-lo ele já estava bem próximo à ela. Ele passou suas mãos ao redor da cintura dela puxando-a para mais perto dele lhe olhando nos olhos.

Eram dois adultos mas sentiam como adolescentes, estavam envergonhados mas, ao mesmo tempo, excitados e curiosos. Tornaram a se beijar novamente, com desejo, Loki a carregou no colo, colocando a jovem delicadamente na cama.

– Tem certeza? – ele ainda perguntou.

Ela apenas o beijou de volta. Os dois preferiram não pensar no que fazer e deixaram que seus corpos conduzissem sozinhos todo o resto. Apesar de inexperientes, eles não pareciam se importar com isso,pois teriam muito tempo para aprender.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E então mereço comentários? Recomendações?
Bjs e até o próximo!

Graviax é um prato típico norueguês, é feito com salmão curado com sal e açúcar, temperados com endro e, opcionalmente, com outras ervas e temperos. É a comida preferida da Sigyn.