Meu Príncipe Às Avessas escrita por Puella


Capítulo 17
Capítulo 17 - O arremesso do Buquê - parte 1




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É verdade única e universal que o casamento está mais para o dia da noiva do que para o dia de celebração da união de um casal apaixonado. Todos os olhares estarão voltados apenas para ela e somente para ela, aqui o noivo é mero enfeite de festa.

Imagine um quarto repleto de mulheres histéricas olhando para a atração principal daquele dia. Nana estava linda em seu vestido branco e delicadamente rendado, tinha um laço de cetim rosa claro que ficava abaixo do busto, simples porem belíssimo.

Dava para ver que ela se controlava para não chorar de tão emocionada que estava, na noite anterior havia chorado no meu ombro porque parecia que a ficha finalmente havia caído para ela: afinal Nana não moraria mais com a gente, a partir daquele dia ela seria a Sra. Balder Odinson. Eu acabei por chorar junto com ela, mas não era de tristeza, era por outra sensação cuja qual só irmãs e irmãos compreendem.

– Meus olhos estão inchados? – ela me perguntou.

– Estão perfeitos – eu disse dando um sorriso sincero – você está linda irmã...

Nana segurou as minhas mão e me olhou nos olhos.

– Em breve será você irmãzinha!

Eu apenas ri encabulada e então nos abraçamos. Parte de mim queria muito que esse momento também chegasse...

Porem um flash cortou a minha linha de pensamento. E lá estava minha mãe com câmera posta em mãos.

– Não podia deixar de registrar um momento tão lindo como esse...

– Tão lindas, não nada mais cúmplice do que amor de irmãos e irmãs – disse Frigga, que estava usando um elegante vestido azul perolado – eu tenho duas norinhas simplesmente perfeitas!

Eu e Nana nos encaramos uma a outra completamente encabuladas.

Flores e mais flores. Era nisso que a mansão Odinson poderia se resumir agora. O aroma das tulipas, glicínias, amarílis e lírios estava começando a me deixar levemente enjoado.

– Que cara é essa irmão? – disse Thor que terminava de vestir seu terno.

Há dois meses ele havia achado um apartamento para alugar e assim finalmente deixando o meu, o que para mim foi ótimo, pelo menos agora eu não vejo mais as cuecas de Thor espalhadas pelo banheiro, apesar de que sinto às vezes falta de sua voz barulhenta e bem humorada.

– Por que tantas flores? O cheiro aqui está quase que insuportável, eu estou quase por um fio de vomitar – eu disse tapando o nariz com a minha mão.

– Loki – Thor gargalhou – são apenas flores! São perfumadas, falas como se nós estivéssemos rodeados por lixo ou esterco.

– O que o maricas está reclamando dessa vez? – Balder entrou no quarto já vestido em seu terno de noivo.

Encarei os dois franzindo o cenho.

– Loki está enjoado por causa das flores – disse Thor rindo de mim.

– Jura? – disse Balder agora rindo junto de Thor – Ora irmãozinho... se você não estivesse namorando a irmã de Nana, eu apostaria com todas as minhas fichas  que você era gay!

– Cale-se Balder! – eu respondi realmente irritado – Querem saber? Vocês são dois idiotas! Eu estou falando sério quando digo que estou enjoado...

Droga, e para piorar eu senti um pequeno volume se formar na entrada da minha garganta, podia até sentir o gosto do que eu havia comido de manhã cedo no café, foi muito rápido e quando vi eu havia mesmo vomitado. Despejei todo o meu café da manhã no paletó de Balder.

Queria ter rido e dito ‘bem feito’ mas o mal estar me impediu.

– LOKI!!!! – Balder gritou muito puto da cara.

Final de história: minha mãe ligando para alguém atrás de outro terno de última hora, Nana tendo uma crise histérica dentro quarto, Odin dando um jeito de distrair os convidados que já haviam chegado, tudo graças a mim que havia atrasado a cerimonia. Evitando possíveis conflitos eu fiquei deitado em meu quarto, Sigyn é claro ficou comigo.

– Minha irmã quer matar você – ela disse enquanto colocava um lenço úmido em minha testa.

– Ela pode até tentar – eu disse com certo humor – mas posso acabar vomitando nela também...

– Você bem que podia ter mirado outro lugar – ela disse.

– Foi muito rápido – eu disse – não posso fazer nada, glicínias me dão muito enjoo, e tem muitas delas aqui.

– Nana adora glicínias – ela disse, e finamente eu a observei, usava um vestido rosa claro, seu cabelo estava preso em um coque cheio de tranças.

– Eu não gosto do cheiro delas, mas fazer o que, o que eu penso nunca é levado em conta aqui nessa casa.

Ela apenas riu.

– Pobrezinho - ela disse afagando meu cabelo – Loki é a ovelha negra da família – embora aquelas palavras fossem pura brincadeira dela, elas tinha um efeito contrário em mim.

Loki tirou a minha mão de forma brusca e se virou de costas para mim, em um claro sinal de irritação.

– Loki? – eu perguntei preocupada – Eu disse algo errado?

Ele demorou um pouco para responder, mas logo ouvi sua voz baixa e cheia de magoa.

– Não – ele disse cabisbaixo – infelizmente você disse a verdade.

– Quê? Eu só tava brincando!

Ele me encarou e sorriu triste. Seus olhos pareciam querer me contar alguma coisa, mas ao mesmo tempo tinham receio em me contar.

– O que há, Loki? – eu falei segurando a sua mão.

Ele encarou o chão e depois olhou para mim.

– Sigyn, eu sou adotado – ele disse com a voz baixa.

– O quê? – eu disse ainda surpresa – Como assim?

– Frigga e Odin não são meus pais de verdade – ele disse.

– Mas, então por que isso seria tão ruim assim? – eu perguntei, a meu ver não tinha nada de mais em ser adotado.

– Como você mesma disse, não é algo terrível – ele disse afrouxando a gola da camisa - o problema é quando escondem isso de você por mais de 25 anos da sua vida.

– Oh, céus – eu disse – eles nunca te disseram.

– Não, e foi por causa disso que eu saí de casa... e achei melhor para não tornar a situação pior. Nem Thor e Balder sabem disso.

– Mais Thor é mais velho que você – eu disse.

– Ele mal lembra, era pequeno e Balder tinha o quê? Uns dois anos... a questão é que quase ninguém sabe – ele disse.

– Mas você sabe quem são os seus pais biológicos? – eu falei aflita.

– Não – ele me respondeu – Odin não quis me dizer, só me disse que eles queriam que eu não soubesse nada sobre eles.

– Então o sr. Odin conhece os seus verdadeiros pais.

– Sim.

– E você não pensa em descobrir quem são?

– Não – ele disse frio – eles me abandonaram, por que eu deviria procurar por eles?

Eu não disse nada, e então ele me segurou nos ombros e me fez fitar seus olhos verde azulados.

– Prometa-me que não vai contar nada a ninguém – Loki inquiriu – ninguém entendeu? Posso confiar em você não posso?

– Claro, Loki – eu responde ficando com o rosto próximo ao dele – eu não contarei nada, prometo.

Nisso ele afundou o rosto em meu colo inalando meu perfume. Ele parecia aliviado em não ter que carregar mais aquilo sozinho.

– Obrigado, Sigyn – sua voz saiu de forma suave e calma.


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