Meu Príncipe Às Avessas escrita por Puella


Capítulo 10
Capítulo 10 - Sensações de ambos os lados


Notas iniciais do capítulo

Oi galera!

Depois de uma semana atípica (estive nos protestos aqui da minha cidade, afinal temos que nós mobilizar) eu passei aqui para postar mais cap. pra descontrair um pouquinho. Ele não tem grandes surpresas, é de um requinte simples, mas externaliza um pouco o que Loki pensa da Sigyn e de como ele a via antes de apaixonar por ela...
Boa Leitura



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Inebriada.

É a palavra que posso escolher para descrever o que estou sentindo. Depois que cheguei em minha casa caminhei do quarto, e do quarto fui para o banheiro. Agora estava relaxada na banheira, sentindo a boa sensação fluir em cada poro da minha pele, enquanto me lembrava dos beijos que foram trocados no fim da tarde.

Nenhum de nós voltou para a empresa, Loki apenas pegou seu carro e me levou para casa, ficamos alguns minutos em silencio, apenas ouvindo o barulho dos grilos do lado de fora.

– Então é isso – eu falei olhando para as minhas mãos – er... você quer entrar?

– Não – ele falou me encarando – por hoje eu vou resistir aos quitutes da sua mãe.

Eu acabei rindo, e de forma tímida cheguei perto de seu rosto e depositei um beijo na bochecha. Travesso ele puxou rápido e me beijou nos lábios. Tentei me afastar mais ele me segurava firme.

– Não... – eu balbuciei entre um beijo e outro – alguém pode ver a gente.

Ele me soltou e me encarou um pouco contrariado.

– Que estraga prazeres que você é Srta. Narvik.

– Mas foi você mesmo que disse para sermos discretos – eu disse apertando o nariz dele de leve – lembrar?

Loki fez um bico, eu achei graça daquilo.

– Posso fazer um pedido? – eu perguntei.

– Depende – ele falou.

– Como assim? Eu faço tudo o que você pede!

– Tudo o que eu peço... – ele me sorriu maliciosamente.

– Você entendeu o que eu quis dizer, cabecinha empoleirada – falei colocando o dedo nele. Um dia ainda vou descobrir porque Loki gosta tanto duplos sentidos.

– Fala logo então – e ele disse se fazendo de falso rendido.

– Me chame apenas de Sigyn – eu falei com a voz doce.

– Por que isso de repente? – ele me fitou com a sobrancelha arqueada.

– Você quase não me chama assim – eu respondi apoiando a cabeça em seu ombro.

– Como quiser Sigyn – ele disse de forma lenta e charmosa, o que me fez corar – mas confesso que vou sentir falta da Srta. Narvik.

– Elas são a mesma pessoa seu bobinho!

Depois disso nos rimos.

Involuntariamente sorri pelo canto e me afundei ainda mais na banheira. Já havia lido muitas coisas sobre o que eu estou sentindo neste exato momento, o que vai de êxtase de pura alegria e leveza a uma sensação de inconsequência adolescente. Embora eu já esteja na casa dos vinte anos, sentir esse tipo de coisa é algo realmente estranho, como se eu estivesse atrasado, pois não passei por coisas que a grande maioria das pessoas juga que deve se ter primeiramente na adolescência.

O fato é de que nem tudo vem igual para todos, alguns descobrem antes, outros só depois. Já eu, bem, eu apenas descobri no momento em que o meu tempo me permitiu.

Oslo, centro da cidade, apartamento de Loki Odinson

Certa vez um pensador francês do século XVI* disse que as pessoas sempre estão mudando sua concepção sobre o mundo. Bem ele não estava errado. Vejo por mim mesmo, que sempre fui frio, calculista e talvez um pouco mesquinho que sempre se se escondeu na imagem de um bom filho dedicado aos negócios da família – mas sem nunca ter sido reconhecido por isso.

Eu sempre acreditei que o meu trabalho era a coisa mais importante que eu tinha, o fato de meus funcionários me temerem me dava um imenso prazer porque adrenalina fluía em minhas veias. O que me divertia era que eles me odiavam – e me odeiam – mas jamais teriam a audácia de falar o que pensavam de mim na minha cara, e por isso continuariam a ser o que sempre foram e são: medíocres.

Por muitas vezes eu procurava entre eles alguém que fosse capaz de mostrar-se diferente, pois mesmo botando o terror em todos eu me sentia terrivelmente entediado.

E foi aí que me apareceu figura de Sigyn Narvik. De começo quando a vi com aquelas franjinhas na testa e os pés juntos, eu a julguei como os demais, para ter a minha prova eu a torturaria durante uma semana, com eu havia feito com tantas outras candidatas. Nos primeiros quatro dias eu estava plenamente convicto de não ficaria com ela com assistente, porém no ultimo dia ela fez o que nenhum funcionário sequer havia feito comigo.

Ela me afrontou e me questionou devidamente, ela fez o que eu queria perfeitamente. Ela era uma pessoa bem intencionada e determinada.

Ela não me temia.

Ela foi teimosa e inconsequente.

Exatamente com eu sou.

Embora ela tenha ficado comigo, eu nunca facilitei nada, adorava provoca-la, me divertia ao ver que ela me respondia e falava comigo como se fossemos íntimos. Nossas trocas de respostas ácidas pareciam melodias aos meus ouvidos. Ela não era só eficiente no trabalho, por muitas vezes ela tentava ser minha amiga. Ela era tal como Thor era comigo. Sigyn era gentil em meios as suas respostas atravessadas.

Mas então coisa foi tomando um controle muito grande, e quando dei por mim, “aquilo” havia se despertado.

Eu não a via mais como minha assistente, ela era uma mulher também, me pegava muitas vezes pensando em como seria sentir a textura de sua pele, tocar em seus cabelos, e sinceramente, por que raios ela os deixa sempre amarrados? Quando me deparei com esses pensamentos me recriminei por um bom tempo.

Quando fui até a sua casa eu a invejei profundamente e entendi o porquê de Balder falar tão bem daquela família. Eles eram acolhedores, diferente da minha que me fez sair de casa por não me deixar respirar. Nem sei se posso chamar a minha família de família, assim por dizer. Mas tudo mudou graças aquele dia em que eu havia descoberto tudo. Eu então saí de casa, pouco tempo antes de Sigyn se tornar minha assistente.

Mas mudando de foco, os últimos dias que sucederam só me fizeram ter certeza do que eu estava sentindo e desejando. De estar apaixonado - não me acostumei ainda com essa palavra.

Estar apaixonado é como uma droga viciante, e pra piorar te faz sentir-se como um jovem ansioso e inexperiente. Queria tê-la aqui comigo, mas só me resta me conformar em ter que olhar para a cara de Fenrir me olhando com a língua para fora.


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Notas finais do capítulo

* Aqui Loki estava se referindo ao pensador Michel de Montaigne, conhecido o criador do estilo literário conhecido como ensaios pessoais - vale conferir, ele é muito bom!
O próximo vai ser mais longo!
Comentem!

Bjs!