Living Again escrita por Everllark


Capítulo 3
A vida é injusta!!


Notas iniciais do capítulo

Gente, aqui vai mais um capítulo. Fiquei muito feliz, pois cheguei perto das 2000 palavras.
Nos vemos lá embaixo.
Boa leitura.



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Tudo estava girando ou era coisa da minha cabeça? Será que eu tinha ouvido direito? Eu, morar com o Haymitch? Isso era loucura!! Como minha mãe pode concordar com um absurdo desses?

Então era isso o que ela tanto queria conversar comigo. Queria dizer que iria me despachar para ir morar com o Haymitch.

Eu não podia morar com ele. Não depois de tudo o que ele fez, ou melhor, não fez.

Isso era um absurdo! É claro que eu não iria para Louisville. Eu iria ter uma conversa séria com minha mãe e ...

- Kat, está tudo bem? – Tinha até me esquecido que ele ainda estava na linha. Pude perceber a apreensão em sua voz.

- Ah.. Está sim. Eu preciso desligar, tenho aula agora – Me apressei em dizer.

 - Hum.. Tudo bem. A gente se fala. Diga à sua mãe que eu já mandei as passagens e vou estar...

- Tudo bem, eu aviso a ela. Tenho que desligar, tchau – Desliguei sem esperar pela resposta.

Eu estava sentindo tanta coisa ao mesmo tempo que eu não sabia se gritava ou se chorava. Optei por não fazer nenhum dos dois. A última coisa que eu queria era chamar a atenção de alguém.

Me levantei cambaleando e fui ao banheiro molhar o rosto que já estava encharcado pelo suor. Não sei se foi pelo nervosismo ou pelo calor. Talvez pelos dois.

***

É difícil colocar os pensamentos em ordem quando a última coisa que tem na sua cabeça é ordem. O resto das aulas passaram despercebidas por mim. A única coisa que tinha na minha cabeça era a conversa que tive com Haymitch. Não podia ser verdade. Eu não iria suportar, minha mãe não poderia ter feito isso comigo! Porque ela fez isso?

Eu queria gritar até não haver mais voz. Queria quebrar tudo o que visse na minha frente, mas resolvi ser racional e esperar uma explicação de minha mãe. Podia ter sido um engano, por mais que eu pensasse que isso era impossível. Mas não custava nada ter esperanças.

No caminho de volta para casa, pensei em todos os motivos possíveis para minha mãe me mandar morar com Haymitch, mas não havia. Eu não havia feito nada de errado. Já faziam mais de dez meses que minha rotina era a mesma: ir ao colégio, voltar para casa, almoçar, e ficar trancada no meu quarto o resto do dia. Eu nunca mais fui a festas e o meu comportamento no colégio era impecável.

Ao chegar em casa, praticamente corri em direção ao escritório de minha mãe.

- Será que você pode me explicar que história é esta de eu ir morar com o Haymitch? – Disse sem me importar com o tom rude de minha voz.

- O que? - Minha mãe parecia surpresa – Como você soube? – Ela perguntou se levantando da cama e vindo em minha direção. Eu fiquei encarando meus pés.

- Ele me ligou para dizer que tinha resolvido o problema das passagens – Então olhei para ela e a encarei com o olhar mais acusador possível – Porque você não me contou? E porque essa decisão repentina de me mandar morar com o Haymitch?

- Você não entende Katniss – Ela disse voltando a se sentar em sua cadeira – O mundo não é cor de rosa como você imagina.

- O mundo deixou de ser cor de rosa para mim a muito tempo, mãe – Eu já podia sentir as lágrimas se formando nos cantos dos meus olhos, mas não me importei em segurá-las – Você não tem esse direito. Não pode tomar uma decisão dessas por mim – As poucas lágrimas que haviam nos cantos dos meus olhos, agora estavam espalhadas por todo o meu rosto.

- Minha filha, eu escolhi o que é melhor para você – Ela disse tentando secar as lágrimas que também brotavam de seu rosto. Não era preciso dizer nada, nós duas chorávamos pelo mesmo motivo. A única diferença era que ao contrário dela, eu não tentava fingir que estava tudo bem – Eu não tenho mais condições de te manter aqui.

- O que? Eu não estou entendendo nada, será que ninguém consegue dizer o motivo disso?!  – Eu já podia sentir minha voz estridente, mas não me importei. Eu queria botar tudo para fora. Queria dizer para ela que não adiantava a desculpa que me desse, ninguém iria me obrigar a morar com ele – Quer saber, não importa. Eu não vou morar com o Haymitch. Eu não quero vê-lo nunca mais!! – Disse rumando para a porta.

Minha mãe segurou meu braço com força desnecessária e me virou de frente para ela.

- Deixe de ser crianças, Katniss – Encarei os olhos de minha mãe, eles eram severos – Já faz mais de dez meses. Eu relevei suas rebeldias antes porque sabia que você estava sofrendo, mas não vai dar para ser assim para sempre. Você tem que superar. Não adianta mais chorar. Você tem que aceitar, ele não vai voltar. Ele se foi, e agora está mais do que na hora de você seguir em frente e viver a sua vida.

Eu não sabia o que dizer. Eu estava preparando mentalmente diversas coisas para cuspir para ela, mas agora a única coisa que eu conseguia fazer era piscar meus olhos perplexa como que ela havia acabado de dizer.

Então era assim? Eu tinha que fingir que ele nunca existiu? Só porque ele não está mais aqui conosco, eu deveria fingir que ele nunca esteve? Que ele nunca foi importante para mim?

- Katniss, me desculpe – Disse minha mãe ao perceber o meu silêncio – Eu não queria ter falado assim contigo.

Eu abri minha boca, mas não consegui fazer com que som algum saísse dela. Sai do escritório. Quando cheguei ao meu quarto foi que percebi que minha mãe vinha atrás de mim.

- Eu peguei algumas malas para você arrumar suas coisas – Olhei para minha cama. Em cima dela havia meia dúzia de malas pequenas, médias e grandes azuis caneta.

- Eu já disse que não vou embora – Consegui dizer.

- Katniss, minha filha, isso não é escolha sua. E nem minha na verdade – Ela se sentou na minha cama com o olhar cansado. Eu não estava entendendo nada. Como não era escolha dela? É claro que era escolha dela – A empresa em que eu trabalho faliu,então os donos selecionaram alguns funcionários para trabalhar na empresa nova que eles estão montando. Eu fui uma destas pessoas.

- Ainda não entendi a parte ruim dessa história – Me permiti dizer.

- A questão é que a empresa irá me pagar apenas 48% do meu salário anterior – Ela respondeu sem tirar os olhos dos meus – É uma diferença muito grande. Não é o suficiente para mim continuar te sustentando.

- Eu posso trabalhar – Disse rapidamente.

- Não, este é o seu ano definitivo. Eu não vou permitir que nada atrapalhe os seus estudos – Disse ela como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

- E você acha que me mudar de estado não vai atrapalhar meus estudos? – Eu precisava usar todos os artifícios possíveis para continuar em Denver.

- Katniss, não adianta insistir. Você vai para Louisville e pronto. Agora, por favor, arrume suas malas que amanhã de manhã é o seu vôo – Dito isto, ela saiu do quarto, me deixando sozinha com minha insatisfação.

Então era assim? Ela decidia tudo e eu teria que aceitar sem reclamar? Minha mãe podia até me obrigar a ir para Louisville, mas eu iria fazer com que ela e Haymitch se arrependessem dessa decisão.

***

Quanto mais perto do aeroporto nós chegávamos mais nervosa eu ficava. Por mais que eu não tivesse ninguém de quem sentir saudades, além de minha mãe, eu sentia que estava deixando algo para trás.

- Katniss, pegue um carrinho para mim colocar as malas – Eu nem havia percebido que nós já estávamos no estacionamento do aeroporto. Minha cabeça estava tão longe que fiquei uma eternidade observando os carrinhos à minha frente sem saber o que fazer. Fui despertada quando uma garota loira esbarrou em mim,me carregando junto com ela para o chão.

- Me desculpe. Oh.. Como sou desastrada – Disse me ajudando a se levantar – Está tudo bem com você? Eu te machuquei? Me desculpe.

- Não, está tudo bem – Me apressei a dizer.

- Oi, eu sou Madge – Ela disse me estendendo a mão.

- Katniss – Disse apertando sua mão.

- Sua primeira viagem? – Ela perguntou como se fosse óbvio.

- Sim, como sabe? – Perguntei meio intrigada.

- Você está com o guia de viajantes de primeira viagem na mão – Eu não tinha nem reparado que tinha trago isto comigo. Minha mãe ficou a manhã inteira me dando dicas sobre o que fazer e não fazer enquanto estivesse no avião. E me obrigou ainda a levar isso comigo caso tivesse alguma dúvida. Confesso que não entendi o motivo de toda esta apreensão já que qualquer dúvida eu poderia tirar com a aeromoça. Mas resolvi não questionar – Este guia é ótimo, dei um deste para minha mãe. Olhe aqui – Disse ela abrindo o pequeno livro em minha mão Tem todas as técnicas para não ficar com medo.

- Hum.. Interessante – Disse apenas para não desapontá-la.

A empolgação de Madge seria contagiante se não fossem as circunstâncias da minha viagem.

- Katniss, venha logo!! – Ouvi minha mãe gritar. Havia até me esquecido do meu objetivo.

- Eu preciso ir – Disse me dirigindo a Madge.

- Tudo bem – Ela abriu um largo sorriso e me abraçou. Se qualquer pessoa estranha chegasse e me abraçasse, eu rapidamente a afastaria, mas com Madge era diferente. Eu sentia que esta não seria a última vez que nos encontraríamos – Foi um prazer te conhecer, Katniss.

- O prazer foi meu, Madge – Disse lhe retribuindo o sorriso.

Peguei o carrinho e fui em direção ao carro, onde minha mãe estava parada com uma carranca de dar medo.

- Porque demorou tanto?Era só um carrinho – Não entendi o motivo de tanto mau humor. Eu não havia feito nada que a irritasse, que eu saiba.

- É que eu conheci uma garota – Respondi, ignorando seu humor ácido – Nós nos esbarramos e então ficamos conversando.

- Hum.. Ok – Ela disse – Tem certeza que era uma garota? Não se preocupe, filha, não me importo em falar de garotos com você.

- Vamos, mãe. Não quero me atrasar para o check-in – Disse mudando rapidamente de assunto.

Eu odiava quando minha mãe ficava se metendo na minha vida sentimental.

- Ai filha, eu vou sentir tanta saudade – Disse ela me abraçando com os olhos marejados de lágrimas.

- É só me deixar ficar – Eu tinha que tentar.

- Nós já conversamos sobre isso, Katniss – Disse ela me olhando seriamente.

- Mesmos que nós tivéssemos conversado cem vezes sobre esse assunto, eu ainda assim não iria aceitar – Disse com cara de criança pirracenta – Mas então não fique falando que vai ficar com saudades de mim – Disse chateada.

- Tudo bem, não falo mais nada. Vamos, já está na segunda chamada para o seu vôo – Disse ela me empurrando para a porta de embarque.

O vôo foi tranquilo. Entrei no avião, me dirigi ao meu assento, peguei um livro e passei todo o trajeto da viagem me deliciando com a história. Foi bom distrair a mente por um tempo. Não precisar se preocupar com o que eu encontraria em Louisville.

Eu, definitivamente, iria ter o pior ano da minha vida, mas não ficaria sozinha nessa,  eu iria carregar minha mãe e Haymitch junto.   


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado!!
Aceito feliz, comentários e recomendações. :)
Ainda não comecei o próximo cap (pois estudo de segunda à sábado de manhã e de tarde) então eu acho que vou demorar um pouquinho para postar. Mas qualquer momento livre que eu tiver, vou correndo escrever.
Beijos.