Living Again escrita por Everllark


Capítulo 23
Don't cry


Notas iniciais do capítulo

Leitores lindos, estou de volta!!!!
Espero que gostem.

Boa Leitura!!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/341090/chapter/23

– Pronto, já está tudo resolvido - Peeta chegou de repente - Hoje à noite meu pai vai fazer um jantar para te conhecer.

– Acha que ele vai gostar de mim?

– E porque não gostaria? Você é perfeita!

– Peeta...

Não tive tempo de prosseguir. Fui impedida por sua boca que veio com intensidade de encontro à minha.

Não importa quantas vezes nos beijássemos, eu sempre me sentiria como se fosse a primeira vez. O sabor cítrico de seus lábios macios, seu aperto em minha cintura que me levava à loucura, e a capacidade de me fazer esquecer de todos à minha volta e me entregar de corpo e alma em seus braços.

– Hum... Hum...

Não era preciso me virar para saber quem era.

– Oi pra você também, Annie.

– Vocês deveriam parar de fazer estas coisas em locais públicos.

Annie sempre Annie...

– Você fala como se estivéssemos transando em público - Peeta e sua capacidade de me fazer corar.

– Se continuarem nesse ritmo, garanto que isso não vai demorar a acontecer.

– Okay, já chega! - Me meti na conversa antes que piorasse, se é que isto é possível - Não estou a fim de ouvir vocês discutirem sobre a minha vida sexual, tá?

– Não achei que iria se importar, maninha - Annie disse com falso deboche - Visto que já estavam quase mostrando como é a vida sexual de vocês em público...

– Okay, okay. Vamos Peeta.

Não esperei pela sua resposta. Puxei seu braço e quase corri em direção ao carro. Tudo o que eu mais queria era cavar um buraco para enfiar a minha cabeça.

Ele não resistiu e dirigiu em silêncio até o Ronnie's Club. Nós havíamos combinado de jogar tênnis após a aula.

Desde que Peeta havia me contado que fazia aulas de tênnis quando mais novo e já tinha até disputado diversos campeonatos, eu insisti para que ele me ensinasse a jogar. Eu sempre quis fazer aulas de tênnis e quando criança cheguei até a visitar um dos clubes que tinha perto da minha casa, mas não pude realizar este sonho pois meus pais não tinham condições de pagar pelas aulas.

– Chegamos, amor.

Ahhhh... Como eu me derretia quando ele me chamava assim.

– O que foi? Que cara é essa? - Sua testa franzida indicava sinais da sua incompreensão.

– Nada. Vamos?

O clube era de tamanho luxo que me fez ficar vários minutos observando a belíssima decoração. Era nestes momentos que minha inclinação para a arquitetura e design se aflorava. Peeta pareceu compreender e não me apressou.

Depois que nos vestimos adequadamente, fomos para a quadra onde Peeta dispensou o instrutor.

– Porque dispensou o instrutor?

– Porque eu serei seu instrutor - Ele pronunciou sua frase com uma possessividade que fez os pelos de meus corpo se arrepiarem.

– E então instrutor, qual a primeira coisa que preciso saber sobre o tênnis?

Eu não podia deixar de provocà-lo.

– Uma das coisas mais importantes do tênis é a forma como você segura a raquete, chamamos isso de empunhadura.Cada golpe tem empunhadura diferente e a outra mão que não segura à raquete torna-se um auxiliar importante, pois durante uma partida é ela quem prepara a raquete para a mão dominante pegar a empunhadura certa. No começo é comum você se perder, mas com tempo isso se torna automático - Ele prosseguiu, ignorando a minha provocação enquanto ajeitava minha mão adequadamente na raquete - A melhor forma de você segurar na raquete é como um aperto de mão num cumprimento, lembrando sempre que você nunca deve segurar a raquete com muita força.

– Okay. Fingir que está cumprimentando alguém, não segurar forte... É, acho que consigo.

– Vamos tentar então?

– Vamos - Eu disse mais animada do que esperava.

Caminhamos cada um para um extremo da quadra e Peeta fez o primeiro saque, que eu não cheguei nem perto de pegar.

– Seus braços e mãos estão tensos, assim você não vai produzir golpes consistentes e limpos.

– E o que eu devo fazer?

– Apenas relaxe...

E funcionou. É claro que eu não ganhei de Peeta, mas consegui marcar alguns pontos.

No final, foi bem divertido e eu saí do clube com um sorriso de orelha a orelha.

– E então, gostou? - Peeta me perguntou enquanto entrávamos no carro.

– Eu amei. E você foi um ótimo instrutor.

– Mas é claro. Eu sou demais.

– E muito metido, esqueceu desta parte - Diise dando-lhe um beijo na bochecha.

– Essa parte a gente ignora.

Não resisti a uma boa gargalhada. Peeta seria sempre Peeta e eu amava isso.

– Venho te buscar daqui a duas horas, pode ser?

Estávamos em frente a minha casa detestando o momento em que teríamos que nos separa, mesmo que viéssemos a nos encontrar daqui a algumas horas.

– Tudo bem - E como sempre nos despedimos com um beijo maravilhosamente interminável - Tenho que ir.

E corri para casa sem olhar para trás.

Como de praxe, fui em busca da ajuda de Annie para decidir o que vestir.

– Annie preciso da sua ajuda - disse entrando em seu quarto sem nem me importar em olhar o interior di recinto.

– Eu já imaginava - Disse ela me estendendo um belíssimo e comportado vestido preto (http://www1.pictures.stylebistro.com/pc/Jennifer+Lawrence+Dresses+Skirts+Little+Black+e40PdFzW00Wl.jpg).

– Annie, é lindo!

– E não é meu, é seu - Ela me entregou, sorrindo - Passei em uma boutique que foi inaugurada essa semana e dei de cra com essa belezinha aqui. Achei a sua cara.

– Nem sei como agradecer, Annie.

– Vai lá e termina de conquistar os Mellarks - Ela disse sorrindo e me deu uma piscadela - Mas ainda falta um detalhe: Cabelo e Make. Vai tomar banho que eu vou fazer a minha mágica.

Annie realmente não estava exagerando quando se referiu aos seu dotes. Mágica é a palavra perfeita para descrever o que acabara de acontecer comigo. Meus cabelos estavam soltos e minha maquiagem bem leve realçando meus olhos cinzentos.

Eu me sentia ótima.

– Como isso é possível? - Foi a primeira coisa que Peeta disse quando abri a porta da sala para que ele entrasse.

– O que?

– Você ficar ainda mais linda do que já é.

– Você adora me deixar envergonhada, não é? - Disse mirando meus próprios pés.

– Eu adoro quando você fica vermelha assim.

– Você já disse isso.

– E vou ficar repetindo - Ele sorriu para mim - Pelo menos até você perceber o quanto é linda.

– Sei que estou bonita - Tentei parecer petulante, mas não rolou.

– Você é linda sempre.

E me beijou. Não um beijo quente e urgente, mas um beijo calmo e com paixão, como se quisesse me mostrar através daquele ato todo amor que sentia por mim.

– E então, vamos? - Ele disse ainda ofegante me estendendo sua mão.

– Vamos.

Din don...

O som da campainha fez meu coração bater mais acelerado.

– Ei, relaxa - Peeta intensificou mais o aperto em minha mão transmitindo tranquilidade.

Fomos recepcionados pelo mordomo que acenou brevemente para Peeta antes de abrir a porta e permitir nossa passagem.

– Então esta é a tão comentada Katniss - Disse a moça que eu havia visto antes na festa fracassada de Peeta em sua casa - Eu sou Allison, a nova mamãe do Peeta.

– Muito prazer - E estendi minha mão para a sua em um cumprimento formal que foi rapidamente aceito.

– Venham, vamos para a sala de estar.

– Onde está meu pai?

– Ele...é. Ficou preso no trabalho, mas virá correndo assim que conseguir - Eu podia ver o desconforto que ela sentia. Mas ela não tinha culpa, afinal.

– Está tudo bem, Peeta. Teremos muitas outras oportunidades para nos conhecer.

– Não, não teremos - Ele parecia decidido - Vamos jantar?

O jantar foi silencioso, com umas perguntas aqui e alguns comentários ali por parte de Allison. Eu até tentei dialogar um pouco, mas o humor de Peeta tornava o ambiente pesado e desconfortável.

– O que acham de comer a sobremesa agora? - Allison chamou um dos empregados que voltou com mais dois ao seu encalço carregando uma bela bandeja prateada - Já comeu Tartufi, Katniss.

– Não - Eu disse estranhando o nome esquisito - Nunca nem ouvi falar.

– Você vai adorar - Allison sorriu antes de prosseguir - Tartufi é um sorvete de chocolate recheado de creme ao Marsala e fonduta.

Sua explicação de nada serviu para mim, uma vez que eu não sabia o que era Marsala e muito menos fonduta. Então optei por apenas sorrir e retirar a tampa da pequena bandeja que foi colocada à minha frente.

Aparentemente, a sobremesa parecia apetitosa. E não foi com decepção que senti o sabor adocicadamente cítrico em minha boca.

– É uma delícia, Allison!

–Não disse que iria gostar? Peeta adora, não é mesmo querido? - Peeta apenas confirmou brevemente com a cabeça - Em uma de minhas viagens à Itália eu passei em um pequeno Café em uma das ruas secundárias de Veneza. Quando peguei o cardápio, achei o nome deste prato bem peculiar e decidi experimentar. Foi paixão à primeira vista, ou melhor, mordida.

Eu sorri, mas apenas por educação. Acredito que em outra ocasião eu tivesse rido, não da sua história, mas por constatar o quanto a mulher que se sentava à mesa conosco era socialight. Mas com Peeta do jeito que estava, nem se eu quisesse, conseguiria aparentar normalidade.

–Acho melhor eu te levar para casa, Katniss - Me espantei ao ouvir sua voz.

–Mas já, querido? - A voz estridente e exageradamente educada de Allison se manifestou - Vamos conversar mais um pouco...

–Sobre o que? Suas inúmeras viagens pela Europa ou sobre a diferença entre rosa e salmon - Sua voz estava um pouco alterada - Eu te garanto que a Katniss só está atenta aos seus assuntos fúteis por pura educação.

Não sei quem estava mais espantada: Eu, por nunca imaginar o menino doce e amoroso que eu conhecia agir daquela maneira com alguém que parecia se preocupar tanto com ele; ou Allison, que pareceu perder uma batida ao ouvi-lo proferir tais palavras.

–Isso não foi legal - Foi a única coisa que saiu de minha boca após o longo silêncio que se seguiu.

–Vamos, Katniss...

Peeta ameaçou pegar minha mão, mas eu desviei rapidamente.

–Não, nós não vamos - Tentei parecer o mais firme possível - eu vou.

–O que quer dizer com isso?

–Quer dizer que eu vou sozinha para casa...

–Para de palhaçada, Katniss. Eu te trouxe, e eu vou te levar de volta e em segurança para a sua casa.

–Acho melhor não - Peeta estava transtornado. Talvez ele não percebesse o quanto deixava transparecer através de suas palavras - Você deveria ficar e ... pensar um pouco.

–E como você pretende ir embora?

–Não sei, mas eu dou um jeito - Me virei para Allison tentando formar o meu melhor sorriso - Foi um prazer conhecê-la.

–O prazer foi todo meu - Ela veio me abraçar - Apareça mais vezes, querida. Será sempre muito bem vinda.

–Claro. É só marcar.

E sai, sem ao menos me despedir de Peeta. O mordomo que abriu a porta em nossa chegada foi o mesmo que abriu para a minha saida.

Peguei o celular em minha bolsa e disquei o primeiro número que veio a minha mente.

–Quer conversar sobre isso?

–Não, Madge. Eu só quero fechar meus olhos e dormir para que esse dia acabe logo.

E foi o que aconteceu, mas não na minha amada cama.

–--

–Mas Finn, você tem que vir para o dia de ação de graças. É tradição.

Eu havia ficado muito chateada quando Finnick me ligou dizendo que não iria nos visitar no feriado.

Eu já te expliquei, Kat - Sua voz parecia cansada - Tenho muitas coisas para fazer aqui na faculdade e quero aproveitar o feriado para resolvê-las.

Eu não queria ser egoísta, nem um pouco. Mas os feriados eram as únicas oportunidades que eu tinha de ver Finnick e saber que ele não viria me deixava completamente desolada.

Um forte estrondo do outro lado da linha me tirou de meus devaneios.

Aconteceu alguma coisa?... - Pude ouvir a voz de Finn falando com alguém. Não sabia que ele dividia o quarto com alguém.

Está tudo bem... - Era uma voz feminina.

Kat, eu tenho que desligar. Não fique com raiva de mim, eu prometo que apareço aí assim que tiver uma oportunidade.

–--

–Annie!

Meu grito repentino foi seguido do grito de espanto de Madge.

–Niss, mas que susto! Pensei que estivesse dormindo.

–Mas eu estava...

Então tudo voltou à minha mente. Não podia ser, era muita coincidência...

Sai do carro que já estava estacionado na frente de casa ignorando os gritos de protesto por parte de Madge.

–Porque você nunca me contou? - Gritei entrando no quarto de Annie.

–Contar? O que?

–Que você o conhecia - Disse furiosamente apontando o dedo em sua direção.

Annie deve ter entendido, pois conseguiu ficar mais branca do que já é e isso fez com que meu sangue subisse tamanha era a raiva que eu sentia dela.

–Eu... eu...Como você...

–Isso não interessa. Eu apenas fui burra demais em não desconfiar - Eu podia sentir a raiva pulando de cada uma de minhas palavras - Mas alguém... Haymitch sabe?

–Não.

–Ao menos não fui a única idiota da história.

–Katniss, eu... eu só não queria causar mais sofrimento. E tudo que eu mais queria era poder esquecer. Como se isso fosse possível - Ela disse a última parte como que para si mesma.

–Como você tem coragem de dizer uma coisa dessas? Esquecer o Finn? Você está louca? Ele não pode ser esquecido, ele... ele...

Eu não consegui dizer mais nada, pois o choro impediu que qualquer palavra coerente saísse de minha boca.

Annie tentou chegar até mim para me afagar, mas eu rapidamente a afastei. A última coisa que eu queria era sua pena.

–Então vocês se conheceram em Yale - Não era uma pergunta.

–Sim. Nos conhecemos em uma das festas do Campus - Annie sentou-se ao meu lado olhando para o nada enquanto me contava.

"Meu pai é professor de história em Yale, e esta foi a única razão da minha mãe permitir que eu fosse para lá. Não que isso adiantasse muita coisa, afinal, meu pai nunca foi do tipo presente.

Eu me lembro quando ele chegou até mim dizendo que uma garota bonita não devia ficar sozinha no bar. Finnick sempre adorou fazer piada, até mesmo quando as coisas começaram a complicar ele não perdia o bom humor. Claro que o grande motivo era para parecer bem na minha frente, afinal, eu não podia me estressar.

Formar um relacionamento com Finnick foi fácil e mantê-lo, maravilhoso. Por mais que não tivesse durado tanto tempo, foi a época mais especial da minha vida. E quando veio a notícia, é claro, foi um susto, mas este logo foi substituído pela excitação de ter um filho. A única coisa que nós esquecemos era que eu era uma colegial e ele ainda fazia faculdade. Nós não tínhamos dinheiro para bancar uma criança. Não sem a ajuda de nossos pais, mas ele não queria isso. Finnick queria provar que era capaz.

E foi por isso que ele começou a se aventurar nos rachas. De início eu não aprovei, nem um pouco. Tinha tanto medo de algo acontecer a ele, mas com o tempo percebi o quanto ele era bom e com o dinheiro que ganhava nós já estávamos comprando as coisas para o bebê.

Eu estava tão feliz. Finnick estudava de manhã e de tarde. As noites nós passávamos juntos em seu apartamento conversando amenidades e claro, namorando.

Certa noite ele chegou até mim e disse que tinha chegado um cara novo no Campus dizendo querer desafiá-lo para um racha. Segundo ele, estava sendo oferecido trinta mil dólares para quem ganhasse. Finnick estava tão animado pela possibilidade de ganhar esses trinta mil que pouco se importou em investigar sobre seu oponente, coisa que eu fiz. O que achei foi espantoso. Gloss, como ele era conhecido, foi acusado de ser o culpado de dois acidentes em corridas de rachas de Los Angeles.

Eu juro que tentei convencê-lo a desistir, mas Finnick é muito cabeça dura quando quer. Ele me garantiu que ficaria bem e que ganhar este dinheiro iria nos ajudar muito. Eu não podia fazer nada, a não ser apoiá-lo.

No dia da corrida eu passei muito mal e não pude acompanhá-lo. E ele teve que ir sozinho.

Eu estava em nosso apartamento quando Matt, o melhor amigo dele chegou no meio da madrugada. Eu estranhei, afinal, ele nunca aparecia quando o Finnick não estava, e antes mesmo que ele dissesse qualquer coisa eu já sabia o que havia acontecido.

Eu não consegui chorar e isso foi muito pior. Guardar aquele sentimento dentro de mim me matava aos poucos, mas o pior não era isto. Eu estava esperando um filho do Finnick e por mais que eu me repudie por dizer isso, eu cheguei a odiá-lo por me lembrar do Finnick a todo momento.

A decisão que eu tomei não foi fácil. E se eu não tivesse pedido a ajuda do meu pai, juro que não conseguiria.

Quando Lizzie nasceu, a família que a adotaria já esperava por ela no hospital. Eu havia decidido não olhá-la, pois não queria criar algum vínculo que me acovardasse em entregá-la, mas não consegui. Ela era tão linda. Tinha os olhos verdes e os cabelos acobreados dele. Mas eu já tinha me comprometido em entregá-la e foi o que fiz. Com grande pesar, sim. Mas o fiz."

–Por favor, Katniss. Não me odeie por isso, mas eu era imatura e estava sofrendo demais. Eu acabara de perder o homem que mais amei em toda a minha vida.

Eu olhava para Annie e nas incessantes lágrimas que insistiam em escapar por seus olhos, mas não conseguia sentir nada.

Nem compaixão e nem raiva.

Eu estava vazia.

–Diz alguma coisa, Katniss - Annie começou a me sacudir esperando alguma reação minha. Mas era muita informação. Era muita coisa para absorver.

Olhei para ela com olhos vazios antes de dizer:

–Eu vou para o meu quarto.

E deixei uma Annie chorosa e desolada para trás.

Eu não sabia o que pensar.

Eu não sabia como agir.

Eu nem ao menos conseguia chorar.

Não sei quando peguei no sono, mas acordei com os raios solares batendo em meu rosto. Eu não estava em condições de ir à escola, mas não importa o que dissesse à Haymitch, ele não me deixaria faltar.

Sai de casa com uma maçã na mão enquanto esperava por Madge. Por mais que fosse uma tagarela nata, Madge sabia quando era hora de ficar quieta, e essa era uma delas.

Por todo o caminho até o colégio, nenhuma palavra foi pronunciada e eu agradeci as céus quando minha amiga ligou o rádio impedindo que o silêncio se tornasse desconfortável.

O primeiro tempo foi terrível. Ter Annie e Gale na mesma sala e me sentar afastada deles foi torturante. Por mais que eu já estivesse brigada com Gale a algumas semanas, ficar longe dele ainda me doía.

Eu sentia certos olhares de Annie direcionados a mim, mas fiz questão de ignorar.

Eu não podia fraquejar.

No segundo tempo, percebi a ausência de Peeta, é claro. Ele não era do tipo que se atrasa, não quando está sozinho, pelo menos. Será que eu havia sido muito dura com ele?

Mas ele não deveria ter agido daquela maneira. Descontar a sua raiva nos outros não tornará as coisas diferentes.

Mas foi com grande surpresa que ouvi sua voz entoando pela sala:

–Me desculpe pelo atraso, professor.

Nossos olhos se encontraram por um segundo antes dele se sentar ao lado de Debbie, uma garota de nossa sala.

Confesso que senti certo ciúme, mas quem começou isso fui eu. Não podia reclamar.

Só esperava que ele refletisse e percebesse que esse tipo de atitude idiota não leva ninguém a lugar nenhum.

–O que está acontecendo? - Clove me impediu de sair após o término da aula - Você e o Peeta estão... distantes.

–A gente teve uma pequena discussão, só isso - Tentei parecer o mais indiferente possível.

–Hum... é uma pena, vocês formão um casal tão bonitinho.

–Foi só uma briga - Não entendi o porque de seu comentário - Nós não terminamos.

–Tudo bem, eu tenho que ir agora. Foi bom conversar com você, Katniss.

E saiu.

Pelo visto ela só queria saber se eu e Peeta ainda estávamos namorando. Mas porque?

Será que ela estava interessada nele? Mas eu nunca notei nada antes. Talvez eu estivesse inebriada demais por Peeta Mellark que não percebi nada a minha volta, o que não é uma novidade.

Ir para o refeitório estava fora de cogitação, então puxei Madge para os jardins em frente ao colégio e ficamos as duas ali. Cada uma com seu livro imersa em histórias perfeitas com garantia de finais felizes. Pena que a realidade não era assim.

–E então, vai falar com eles ou não? - Madge me interrompeu de repente.

–Como assim?

–Você me entendeu, Katniss - Ela pegou meu livro de minhas mãos para que eu dedicasse minha atenção a ela totalmente - Eu sei o porque de você estar sem falar com o Gale, mas a história com a Annie e o Peeta para mim é uma icógnita.

–O Peeta... Bem, vou esperar ele falar comigo. Já a Annie... Eu não sei. Não sei o que estou sentindo em relação a ela. É muito confuso. Não sei como agir em uma situação como essas.

–Você pode contar comigo para o que precisar, sabe disso não é?

–É claro que eu sei. Mas por ora, prefiro não pensar em problemas e a história do meu livro está boa demais para ser interrompida.

Peguei o livro de suas mãos e voltei à minha leitura até que o sinal tocou, obrigando-nos a voltar para a aula.

Pelo menos eu teria Madge dessa vez.

–Será que a gente pode conversar? - Gale bloqueou o meu caminho.

Eu estava indo com Madge para o seu carro.

–Se você quiser conversar...

Foi o que eu disse.

–... E não brigar.

Não quero brigar com você - E sua atitude me pegou desprevenida. Ele me abraçou - Senti tanto a sua falta, Catnip.

–Eu também senti a sua, Gale - E sem que eu pudesse impedir, algumas lágrimas escorreram por meus olhos.

–Me perdoe, eu sei que fui um idiota. Você é minha melhor amiga, e eu deveria estar com você o tempo todo, principalmente agora.

–Madge...

–Não brigue com ela. Madge só está querendo o seu bem. Ela se preocupa com você, e me mostrou que eu também me preocupo, e muito.

–Gale, você não tem noção do quanto me faz bem ouvir estas coisas, principalmente comigo de você.

–Ei, nada de choro - Ele levantou uma de suas mãos para secar minhas lágrimas - Eu estou aqui agora, pode contar comigo.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

E o que me dizem??? Muitas revelações, eu sei. :D :D



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Living Again" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.