Living Again escrita por Everllark


Capítulo 20
Parece que achamos uma definição perfeita para você


Notas iniciais do capítulo

Gente, estou de volta com mais uma capítulo fresquinho para vocês, mas antes de mais nada, quero agradecer à maravilhosa Love evelark pela recomendação divina que confesso, me emocionou.
Vocês não imaginam o quando me deixam radiante saber que estão gostando da fic.
Love evelark você fez meu dia mais feliz, obrigada, de coração.

Mas como eu sei que o que vocês realmente querem é mais um capítulo, aqui vai mais um que eu acabei de terminar.
Espero que gostem.

Boa Leitura!!



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Bip... Bip... Bip...

Era o único som do ambiente, e eu agradeci por ter algo além do silêncio.

Eu não conseguia abrir meus olhos, era como se com eles eu estivesse segurando uma tonelada.

Tentei abrir minha boca e fazer com que algum som saísse dela. Mas foi em vão.

Então eu ouvi.

Um barulho abafado, como de uma porta sendo aberta seguida de vozes que eu não pude identificar nem entender.

Depois de um tempo de espera, pude sentir uma forte claridade em meus olhos e tudo se tornou vermelho, obrigando-me a abrir os olhos mesmo com o peso que sentia sobre eles.

Abri-os devagar.

A princípio tudo estava embaçado, mas as coisas foram tomando formas definidas a medida que o tempo passava. Pareceu uma eternidade até que eu pudesse finalmente entender que estava em um quarto de hospital.

– O que... – Fui interrompida rapidamente pelo médico que estava na minha frente. Minha voz estava rouca e de qualquer forma eu não conseguiria terminar aquela frase.

Uma enfermeira entrou na sala e me estendeu um copo d’água. Dei pequenos goles inicialmente, para me acostumar com a textura do líquido que desceu queimando por minha garganta. Aparentemente eu havia ficado um bom tempo aqui.

– Seus pais estão à caminho. Já foram avisados que você acordou – Disse o médico. Ele parecia ser novo, uns vinte e sete anos, talvez.

Eu apenas acenei com a cabeça.

Eu queria perguntar o que havia acontecido, mas temia ser interrompida novamente. Por isso, decidi esperar que Haymitch e Effie chegassem, o que pareceu uma eternidade. Enquanto isso, o médico, que consegui identificar como Dr. John, realizou diversos exames rápidos em mim sem dizer uma única palavra.

Foi um susto quando Effie entrou esbaforida no quarto. Ela parecia aliviada ao me ver acordada o que fez eu me lembrar minha mãe. Tentei reprimir o sentimento de tristeza e sorrir de volta para Effie.

– Oh meu Deus! Que bom que você está bem, eu fiquei tão preocupada – Effie tentou me abraçar, mas foi impedida pelo médico.

– A paciente não pode realizar movimentos bruscos por enquanto – ele disse simplesmente.

– Fico feliz que ainda esteja viva, Docinho – Haymitch se pronunciou com seu sarcasmo de sempre. Ignorei-o apenas.

– O que... o que aconteceu? – Consegui perguntar.

– Não se lembra do acidente? – Effie parecia preocupada. Olhou rapidamente para o médico, esperando uma explicação.

– O acidente de carro – Haymitch completou.

Acidente... carro...

Algo me parecia familiar naquela história, foi então que diversos flashes passaram como um borrão em minha mente.

– Annie! – Foi a primeira coisa que pronunciei ao lembrar. Eu não estava sozinha naquele carro, Annie estava dirigindo e eu no banco do passageiro – Como ela está? O que aconteceu com ela? Ela está bem? Será que alguém pode me responder alguma coisa?! – Eu já gritava a esta altura. Porque eles não me respondiam? Será que algo grave havia ocorrido com Annie? Será que ela... ?

Não. Não pode ser.

Tentei tirar estas ideias de minha cabeça, mas foi em vão. Lágrimas começaram a jorrar de meus olhos sem saber o que havia acontecido com ela.

Era tudo culpa minha. Eu não deveria ter ficado falando sem parar enquanto ela dirigia...

– Katniss, acalme-se – Effie me abraçou apertado, ignorando os protestos do médico – Annie está bem. Ela está bem, está no quarto ao lado do seu se recuperando. Fique tranquila, ela apenas quebrou a perna.

– Annie... ela... – foi o que saiu em meio aos soluços.

– Está. Vai ficar tudo bem – ela respondeu maternalmente – Você era a nossa maior preocupação. Estava em coma à quase três dias.

Três dias?!

Espera... Se Annie havia quebrado a perna e eles achavam que isto era o de menos, o que será que havia acontecido comigo?

Olhei para o meu corpo pela primeira vez desde que tinha acordado aquele dia. Meus braços estavam conectados a diversos aparelhos, um deles produzia aquele bip irritante. Eu possuía diversos arranhões e várias partes do meu corpo estavam enfaixadas.

– O que aconteceu comigo? – olhei para o médico esperando uma explicação.

– O acidente corrompeu um de seus órgãos – o Dr. John explicava – fomos obrigados a extrair o seu baço. Mas não se preocupe – ele acrescentou rapidamente – uma pessoa pode viver tranquilamente sem o baço, pois uma vez retirado, outros órgão como como o fígado ou os nódulos linfáticos, começam a desempenhar um papel mais importante no sistema imunológico.

– Quais precauções ela terá que tomar, doutor? – perguntou Effie, aflita.

– Viver sem o baço exigirá que vacinas sejam administradas para reduzir o risco de infecções. As contra pneumococo, meningococo e Haemophilus influenza do tipo B podem ajudar na proteção contra infecções. Nesta condição, é melhor tomar vacinas contra a gripe anualmente para diminuir as chances de ser contrair por infecções bacterianas. Tenha em mente que elas não são infalíveis. Mesmo recebendo a vacina, você ainda pode ter uma infecção. Quando for ao médico ou dentista, certifique-se de informar que não tem o baço – ele frisou bem esta parte - Em caso de uma emergência e de perda de consciência, use uma pulseira ou colar de alerta médico informando sua condição. Além disso, sugiro levar um cartão de alerta médico em sua carteira, com instruções especiais para os profissionais de saúde.

Fiquei um pouco assustada com aquela quantidade de informações, mas tentei não pensar muito nisto. Segundo o Dr. John eu poderia viver bem, e isto bastava.

– Recomendo deixar a paciente descansar um pouco – o médico continuou – ela acabou de voltar de um coma leve, mas ainda assim um repouso é aconselhável.

– É claro, doutor – Haymitch disse já saindo do quarto puxando uma Effie relutante em me deixar só.

– Eu vou ficar bem, Tia Effie. – eu disse.

Por fim ela sorriu e fechou a porta atrás de si.

Eu sei que o ideal era eu ficar em repouso ou até mesmo dormir, mas fala sério! Eu já havia ficado dormindo por três dias e eles ainda queriam que eu dormisse mais?!

Desconectei os aparelhos que estavam grudados em mim, o que foi muito bom já que parei de ouvir aquele bip idiota.

Até aquele momento não havia reparado nas flores que haviam ao lado da janela. Deviam ter ao menos uns dez buquês.

Comecei a cheirá-las e a ler os cartões que vinham junto. O primeiro que peguei era de Gale.

“Catnip, vê se acorda logo! Estou com saudades de te perturbar, você não imagina o quanto faz falta.”

Gale... Nunca pensei que um dia fosse gostar tanto de alguém assim. Nos poucos meses que nos conhecemos já posso considerá-lo meu melhor amigo.

Encontrei um belo buquê de lírios acompanhado de um cartãozinho rosa que supus ser de Madge, e acertei. Nele ela dizia que tudo ficaria bem e que em pouco tempo nós iríamos estar juntas novamente.

Cheirei cada uma das flores que estavam ali assim como li os cartões que as acompanhavam, até que cheguei em uma flor solitária. Era um Girassol.

Não havia remetente, mas era seguido da seguinte mensagem:

“A flor de girassol significa felicidade. A cor amarela ou os tons cor de laranja das pétalas simbolizam calor, lealdade, entusiasmo e vitalidade, refletindo a energia positiva do sol. No entanto, o girassol também pode representar altivez. É, parece que achamos uma definição perfeita para você.

Vê se acorda logo, Garota Quente. Estou sentindo muita falta de você sabe o quê”

Com certeza não era necessário remetente. Peeta... Cada dia mais surpreendente.

Às vezes acho que o entendo, e outras que não conheço nem um por cento de sua personalidade. Fico pensando se este romantismo dele começou agora, depois de me conhecer ou se ele é assim romântico com todas as garotas e galinha para quem olha a relação de fora.

Mas é melhor não ficar quebrando a minha cabeça com isso. O que quer que eu tenha que saber sobre ele, eu vou acabar descobrindo uma hora ou outra. O que me resta é esperar.

Mas eu não estava muito a fim de vivenciar a palavra espera neste momento e muito menos ali, sozinha. Então lembrei que a Tia Effie havia dito que Annie estava no quarto ao lado.

Decidi visita-la.

Abri a porta lentamente e olhei para os dois lados do enorme corredor branco. Não havia ninguém à vista, então sai.

Só havia um problema. Eu sabia que Annie estava no quarto ao lado do meu, mas não qual dos lados. Optei por começar pelo da esquerda.

A porta estava destrancada, então virei a maçaneta lentamente e coloquei a cabeça para dentro.

O quarto era exatamente igual ao meu, com exceção da ausência de flores. Esta foi a primeira coisa que eu estranhei, como eu, Katniss Everdeen ganhei tantas flores e Annie que era um doce de pessoa nenhuma?

Minha confusão foi respondida com um grito vindo da pessoa esparramada no sofá ao lado da cama.

Com certeza aquele não era o quarto de Annie...

Sai do quarto sem nem fechar a porta e andei o mais rápido que meu corpo debilitado conseguiu até o outro quarto que supostamente deveria ser o de Annie.

– Katniss, o que faz aqui? – Perguntou uma Annie espantada e confusa ao mesmo tempo.

– Oi para você também... – eu disse ironicamente.

– Você não deveria ter saído do seu quarto! Acabou de acordar de um coma – Annie estava aparentemente alterada – Katniss, você é louca?!

– Eu estou bem – disse me sentando no sofá ao lado de sua cama – Não aguentava mais ficar naquele quarto sozinha. Já dormi por três dias, o que mais eles querem que eu durma?

Annie não aguentou e gargalhou diante da minha insatisfação.

– Só você mesma para dizer uma coisa dessas – ela disse ainda se recuperando do ataque de risos – Katniss... bem, é que... eu queria te pedir desculpas pelo que aconteceu. Eu não deveria ter desviado a visão da direção...

– Deixa disso, Annie – eu olhei em seus olhos tentando assim lhe assegurar – A culpa não foi sua – Eu que deveria começar a calar a boca de vez em quando.

Ela apenas sorriu e passou a mirar as próprias mãos machucadas. Ficamos assim em silêncio por um bom tempo, apenas aproveitando a sensação de não estarmos sozinhas.

– Aí está você – disse o Dr. John entrando no quarto de repente – o que faz fora do seu quarto, mocinha.

– Eu estou bem. Não queria ficar sozinha e não estava com a mínima vontade de dormir.

– Eu entendo – ele disse complacente – Mas não deveria ter saído sem avisar e muito menos ter desconectado os cabos de seus braços – ele disse olhando para meus braços. Olhei-os também pela primeira vez desde que sai do meu quarto e reparei que no lugar dos cabos tinham pequenas fileiras de sangue seco escorrido, o que me provocou náuseas.

Minha visão escureceu e a última coisa que vi foram braços estendidos em minha direção.

** Dois dias depois **

– Eu vou ficar bem, Tia Effie – Disse entrando em meu quarto.

– Tem certeza? Qualquer coisa me chame – Ela estava relutante em me deixar só, mas isso era tudo o que eu queria no momento. Depois que eu desmaiei no quarto de hospital onde Annie estava passei a ficar em constante monitoramento. Me surpreendi quando dois dias depois recebi alta. Isto era realmente um alívio – E não se esqueça dos seus remédios.

– Não se preocupe. Eu tenho todos os horários anotados – Abri a porta do quarto como uma deixa para ela se retirar. Não queria ser mal educada, afinal ela estava preocupada comigo, mas eu precisava de um tempo para mim. Precisava ficar um pouco sozinha – E se eu precisar de alguma ajuda, eu chamo.

E então ela finalmente relaxou, mas antes de sair disse:

– Eu sei que devo estar parecendo uma chata, mas eu me preocupo com você. E por mais que você ache que não, o Haymitch também – Desviei meu olhar do dela, não queria falar sobre o Haymitch – Ele te ama muito, e você não imagina o quanto ele ficou louco quando soube do acidente – Ela deu um longo suspiro antes de prosseguir – Ele já sofreu muito, não sei o que ele faria se perdesse mais alguém que ama.

Eu não sabia o que dizer. É claro que eu guardava muitos ressentimentos dele ainda, e isto me impedia de ver o verdadeiro Haymitch que se esconde por trás daquela máscara de sarcasmo. Acho que no fim das contas nós somos mais parecidos do que pensamos: duas pessoas quebradas que tentam juntar os cacos e seguir em frente. Se bem que eu acho que ele tem lidado com isto melhor do que eu...

Direcionei um fraco sorriso para Effie antes de entrar no quarto e fechar a porta atrás de mim.

Peguei meu celular na escrivaninha e me surpreendi com seus poucos arranhões. Annie havia me dito que o carro tinha sido completamente destruído, e olhando para nós duas, também não saímos ilesas. Já este maldito celular estava bem. Mas que ironia!!

O celular possuía tantas chamadas não atendidas que eu não sabia por onde começar, então optei por não ligar para ninguém.

Deitei na minha cama, e dormi. Afinal, amanhã a rotina iria voltar ao normal.

– Niss!! Ai meu Deus!! Como você está? – Madge gritou assim que me viu no estacionamento do colégio.

– Estou bem, Madge – Não aguentava mais dizer estas palavras para as pessoas – Só fui impedida de realizar muito esforço. Já burlei as regras vindo para o colégio, ao menos esta eu vou obedecer – sorrimos juntas.

O dia foi basicamente isto. Abraços e mais abraços, perguntas de como eu estava e atenção redobrada. Annie estava de muletas devido à perna quebrada e foi ajudada por Peeta a todo momento. Confesso que fiquei com um pouco de ciúmes, mas eu não podia reclamar, afinal, fui eu quem havia dado a ideia de não contarmos a ninguém que estávamos juntos. O que restava era esperar que tivéssemos um momento sozinhos.

Durante a aula de história, percebi seu olhar em mim diversas vezes de forma interrogativa. Depois de um tempo, senti meu celular vibrar.

De: Peeta

Para: Katniss

Quando vou poder ficar com você também?”

Olhei para o lado entendi. Eu estava com Gale.

De: Katniss

Para: Peeta

Effie disse que viria nos buscar, digo a ela que tenho que terminar um trabalho

Olhei para frente e vi ele digitar compulsivamente no celular.

De: Peeta

Para: Katniss:

Vou te levar para almoçar, topa? Diga à Effie que este trabalho é muito demorado, quero aproveitar os cinco dias que fiquei longe de você. Foi difícil, sabia?”

Não pude evitar que um sorriso brotasse de meus lábios. Gale olhou interrogativamente para mim.

– Eu sei que a aula é um saco, mas rir da Srta. Linns é maldade – ele disse brincalhão.

– Não consigo evitar – Disse simplesmente, torcendo para que ele não reparasse que o motivo de minha ligeira felicidade era outro.

Não respondi a mensagem de Peeta, ou Gale iria reparar, então quando ele virou para trás em busca de uma resposta, dei um pequena piscadela. Pude repara na elevação de suas orelhas com o sorriso que ele provavelmente estaria dando.

Fiquei feliz em ser a razão do sorriso.


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Notas finais do capítulo

Me digam o que acharam e façam uma escritora feliz!!



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