Living Again escrita por Everllark


Capítulo 2
Reviravolta


Notas iniciais do capítulo

Meus leitores e leitoras, aqui vai o primeiro capítulo da fic. Espero que aproveitem.
Boa leitura.. :D



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- Katniss, levanta!! – Escutei a voz de minha mãe já alterada – Katniss, vamos! – Disse sacudindo freneticamente meu corpo petrificado - Se não quiser levantar, tudo bem, mas saiba que não vou ficar me esgoelando aqui – Disse saindo do quarto à passos pesados.

                Essa rotina já era bem normal para mim, às vezes me pergunto quando foi que começou. Parece que sempre existiu.

                Eu tentava ignorar o máximo possível, mas sabia que uma hora teria que me levantar e encarar a vida, pois ela não nos espera, se nos atrasarmos para vivê-la, acabamos ficando de pista. Eu sei muito bem como é isso, e eu vou vivê-la. Por ele. Pela promessa.

Abri os olhos com um esforço descomunal. Tudo estava embaçado, mas aos poucos meus olhos foram se acostumando com a claridade oriunda da cortina aberta. Focalizei com certa dificuldade minha escrivaninha, organizando mentalmente os livros que deveria levar para as aulas de hoje.

Me levantei com certo cuidado para não ficar tonta e caminhei em direção ao banheiro para tomar uma boa ducha quente. Aproveitei para lavar meu cabelo que já estava ficando gorduroso.

Saí do banheiro ainda na toalha e rumei em direção ao closet. Peguei a primeira coisa que vi na minha frente, e quando me olhei no espelho, eu estava dentro de um jeans surrado e uma camiseta azul. Calcei meu all star e fui dar um jeito no ninho que eu chamo de cabelo.

- Não vai desejar bom dia, Srt. Mal educada? – Olhei para trás assustada. Eu odiava quando minha mãe me dava estes sustos!!

- Bom dia – Disse demonstrando minha irritação com sua atitude.

- Me desculpe se te assustei – Disse um pouco constrangida – Quando chegar do colégio, não se tranque no quarto e fique lá o dia inteiro. Quero conversar com você.

- Uh.. Que mudança rápida de assunto - Disse me direcionando a porta.

Não sei como ela fez isso mas, num segundo eu via meu caminho livre até a porta, e no outro via minha mãe barrando minha passagem.

- Sem ironias, por favor. Quero conversar um assunto sério contigo – Disse, fazendo sua carranca matinal.

- Tudo bem ,quando eu chegar vou ao seu escritório – Revirei os olhos ao dizer isso – Será que pode me adiantar o assunto? – Falei completamente indiferente.

- Não, eu quero conversar com você com calma. Temos assuntos muito importantes a discutir, e eles dizem respeito principalmente a você – Não gostei muito desta parte, mas tentei não demonstrar a curiosidade que começou a brotar em mim. Eu sabia que não adiantaria insistir, pois ela não me contaria, então decidi ignorar e rumei em direção à porta, agora liberada para minha passagem.

- Hum.. Não quer uma carona? Vou ter que visitar um cliente agora, então vou passar em frente ao seu colégio – Era engraçado ouvir minha mãe falar assim comigo. Nós parecíamos duas estranhas morando em uma mesma casa. Se fosse a alguns meses atrás eu abriria um largo sorriso e pularia para o banco do carona do carro. Hoje,tudo o que mais quero é ficar o mais longe possível de qualquer demonstração de afeto,e isso inclui minha mãe.

É claro que ela nunca fez nada para eu ser tão indiferente assim com ela. Isso pode parecer meio clichê, mas o problema não é ela, o problema sou eu. Tenho medo de me apegar demais às coisas e acabar me machucando depois. Não quero que isso aconteça de novo comigo.

- Não, sem problemas. Eu vou andando mesmo – Ao dizer isso, corri rapidamente para fora de casa.

Eu gostava de andar sozinha, sentir o vento bagunçar meus cabelos enquanto eu colocava a cabeça no lugar. Denver era meu lugar favorito dos EUA. Nunca gostei muito de praia nem agitação, por isso me familiarizava tanto com minha cidade natal. A calmaria da cidade era perfeita.

Essa, definitivamente era minha hora do dia favorita. Era o único momento que eu conseguia esquecer meus problemas, medos e aflições. Até chegar ao colégio, é claro. A dois quarteirões de distância eu já podia ouvir a multidão escandalosa que rumava para o local que eu deveria suportar durante 6 horas e trinta minutos do meu dia.

Ser obrigada a ficar naquele colégio era uma tortura. Tentei convencer minha mãe a fazer um supletivo à distancia,mas foi em vão. Ela insistia na idéia de que não era a mesma coisa, pois o ensino era inferior. Mas para mim o problema não era o ensino,  eu estava pouco me importando para o que eu iria aprender ou deixar de aprender. O que eu mais queria era não ter que encarar todos os dias a cara dos alunos desta escola, os cochichos e fofocas sobre minha vida.

Desde que ele foi embora, minha vida virou motivo de piada no colégio. Eu virei a como eles chamavam “Srta. Me deixa em paz que eu quero ficar sozinha”. No início era horrível, as únicas pessoas que me chamavam de Katniss ou Srta. Everdeen eram os professores e o diretor. Mas com o tempo a piada pareceu perder a graça e desde então passei a ser uma pessoa quase que completamente invisível para a maioria dos alunos daquele colégio.

Fui a primeira a entrar na sala de aula, nem mesmo o professor estava presente. Aproveitei, e corri para a minha carteira bem no fundo da sala. Peguei exemplar de Clarke* e fiquei lendo até o professor entrar e começar a encher o quadro.

As aulas anteriores ao intervalo foram como sempre maçantes. Fiquei de certa forma feliz quando fomos liberados para o intervalo, pois se olhando pelo lado positivo, eu só teria que agüentar mais três tempos de aula. Fui para o meu lugar de sempre, atrás do ginásio poliesportivo do colégio. Lá era um lugar que eu sabia que não teria ninguém.

Já estava abrindo meu livro para continuar minha leitura, quando meu celular toca. Fiquei meio ressentida a atender. Fazia tanto tempo que eu não falava com ele que já havia até me esquecido que seu sangue ainda corria por minhas veias.

- Oi – Atendi como se falasse com um estranho, pois na verdade era assim que eu o considerava. Um estranho.

- Oi Kat, como está? – Sua voz era enérgica e estranhamente feliz.

- Bem – Respondi indiferente.

- Hum.. Ok – Senti certa inquietação em sua voz – Já resolvi o problema das passagens. Você parte no sábado de manhã. Vou estar te esperando no aeroporto. Já preparou as malas?

Minha cabeça começou a girar. Eu não estava entendendo nada do que estava acontecendo. Passagens. Avião. Aeroporto Malas. O que significava tudo isso?

- O que? Eu não estou entendendo? – Disse depois de um silêncio desconfortável – Viajar? Como assim?

- Hum.. Sua mãe ainda não te contou, né? – Ele disse meio apreensivo – Bem que Effie pediu para mim esperar um pouco,para ter certeza de que ela já teria te contado.

- Contado o que? Será que você pode ser mais claro?! – Perguntei com a voz um pouco estridente. Agradeci por estar bem afastada de qualquer ser humano, ou seria alvo demais uma tonelada de cochichos.

- Kat,minha filha, você vai vir para Louisville – Disse ele,como se fosse a coisa mais normal do mundo – Morar comigo.

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 *  http://www.skoob.com.br/livro/240723-clarke


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Notas finais do capítulo

Essa ligação foi sem dúvidas um balde de água fria para a Kat, né?
Bem, gente, ainda não sei quando vou postar o próximo capítulo, mas vou tentar ser o mais breve possível. Como já disse esse é o meu ano de vestibular, então pf, não me abandonem se eu demorar um pouquinho :(
Agradeço a Ana Mellark, Girl on Fire e Devoradora de livros pelos comentários.
Já vou dizendo que quanto mais comentários, mais feliz eu fico e mais inspirada também.. Rs.
Até o próximo cap.
Bjs..