Living Again escrita por Everllark


Capítulo 17
Juntos?!


Notas iniciais do capítulo

Gente, por favor, me perdoem pela imensa demora. Mas eu não estava nem um pouco inspirada, talvez pela volta às aulas.
Mas aqui vai mais um capítulo fresquinho, não foi bem como eu queria pois como eu já disse não estava muito inspirada.
Sem mais delongas.

Boa Leitura!!



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Os dias que sucederam a internação de minha mãe foram tensos.
Descobri depois de dias que Peeta estava em Denver sem o consentimento de seus pais e toda tentativa que eu tive de mandá-lo em bora foi em vão, ele insistia naquela frase "Não vou deixar você, principalmente agora".
Eu entendo que ele quisesse me apoiar, afinal minha mãe estava mal e seu quadro ia de mal a pior.
Por mais que eu tentasse me fazer de forte, Peeta sempre percebia meus olhos inchados. Me perguntei diversas vezes como ele me conhecia tão bem.
Depois que minha mãe acordou ela insistiu para que a levasse de volta para casa, afinal ela insistia em dizer que não queria morrer em um hospital. Eu entendo que tudo que ela esteja passando seja bem difícil e que dizer tudo o que pensa é melhor para ela, mas cada vez que eu ouvia ela dizer algo assim meu coração ficava mais apertado. Eu tentava me fazer de forte o tempo todo, e eu até conseguia enganar minha mãe, mas aquilo estava me estilhaçando por dentro.
Quando sentimos muita dor pensamos que nenhuma poderia se comparar algum dia com aquela, e era isto o que eu pensava após a morte de Finnick. Eu sentia como se meu coração não mais fizesse parte do meu corpo e que minha alma não via e nunca mais veria prazer na vida. Agora eu percebo que fui uma tola ao pensar isto. A dor que eu sinto ao saber que minha mãe está morrendo aos poucos e eu não posso fazer nada é indescritível. Hoje eu percebo que a dor, por mais que ela seja tenebrosa e agonizante, pode ser superada, pois as pessoas que estão ao noss redor um dia nos deixarão seja hoje, amanhã ou daqui a anos. A imortalidade não existe e por mais que vivamos décadas, nunca será suficiente para desfrutar da presença de quem se ama.
E foi pensando nisto que levei Peeta até o velho barco da família. Havia anos que eu não visitava aquele local.
– Onde estamos indo?
Pude perceber nestes dias que ficamos juntos o quanto Peeta era curioso. Mas eu não diria nada a ele, não até chegar ao barco. Eu sabia que se disesse qualquer coisa agora, perderia a coragem e eu não podia desistir. Minha decisão estava tomada. Eu não podia permitir que Peeta vivesse à mercê da minha tristeza. Afinal, Peeta não tinha culpa de eu tê-la acolhido como uma velha amiga.
No caminho até o lago, fui me lembrando de todas as experiências que tivemos aqui em Denver. Por mais que só estivéssemos aqui por um pouco mais que uma semana, era o suficiente para que eu tivesse ciência dos meus sentimentos. É claro que no início eu os estranhei, afinal eu nunca havia sentido algo assim antes por alguém que não fosse da minha família, tirando Haymitch, é claro.
Todas as palavras de conforto, abraços ou até mesmo o silêncio afinal, só de olhar em seus olhos eu já sabia o que eles queriam transmitir para mim.
Ter Peeta ao meu lado me permitiu ser mais forte, pois eu sabia que teria um ombro para chorar. Mas eu não podia permitir que fosse assim para sempre, pelo menos não para Peeta. Então eu disse as palavras que me fariam me odiar para sempre.
– Eu quero que você vá em bora - A essa hora nós já estávamos dentro do barco.
– Quantas vezes eu tenho que te dizer que eu não irei em bora? - Peeta olhava para mim mas eu não tinha coragem para encará-lo - Eu te amo, Katniss. Eu entendo que parece cedo demais para se dizer algo assim, mas para mim não é porque eu tenho pleno conhecimento dos meus sentimentos - Ele segurou meu queixo, obrigando-me a olhar em seus olhos - E eu não sou idiota a ponto de dizer que ainda não tenho certeza, porque eu tenho. Mesmo que isto seja novo para mim, eu não me imporo de entrar de cabeça e confessar para você, porque eu sei que se eu não o fizer serei infeliz.
– Mesmo que este sentimento não seja mútuo?
Parecia que meu coração era atingido por estacas. Mentir quanto a isto era realmente doloroso.
– Eu não acredito em você - Pude ver verdade em seus olhos.
– Não peço que acredite, peço que aceite - Disse friamente e caminhei para longe dele e me escorei em uma das estremidades do barco. Era triste que uma paisagem incrível como aquela fosse palco de uma história dolorosa como a nossa, ou melhor, o fim dela.
Não era preciso me analisar muito para saber que o que eu dizia era da boca para fora, que o que eu queria realmente era correr para o aconchego de seus braços. Mas eu não podia fazer isso.
Fui até o carro e peguei as malas de Peeta e o passaporte que eu havia comprado para sua volta à Louisville.
A mágoa era visível em seus olhos e eu fiz o máximo para ignorá-lo. Liguei para o táxi e informei nossa localização. Não era muito longe do aeroporto.
Antes que eu pudesse sair do barco, pude ouvir:
Você precisa tentar, nunca vai saber como poderia ter sido se não tentar Eu podia ver as lágrimas brotando do mar azul que eu tanto amava. Era duro fazer isso, mas não havia outra escolha. Era melhor assim. Era melhor apenas uma pessoa sair ferida do que duas.

Essa era a minha escolha. Meu coração estava partido em mil pedaços, mas isso era melhor do que vê-lo sofrer por algo que não tinha culpa.

Saí do barco sem olhar para trás. Meu coração estava apertado, mas eu sabia que havia feito a coisa certa.

Era o melhor para nós dois.

Era o melhor para ele.

Era o pior para mim.

**

Três semanas.
Foi o tempo que ainda tive para desfrutar da presença de minha mãe. Segundo os médicos ela foi muito forte em aguentar tanto tempo.
Forte.
É, minha mãe era realmente forte.
Foi bom saber que ela morreu da forma que queria, ou quase, pelo menos.

# Flashback #

Eu tinha apenas sete anos e Finnick acabara de completar seus dez. Sua festa à fantasia havia sido muito divertida.
Minha mãe havia nos vestido de super gêmeos, por mais que eu continuasse a teimar que eu e Finn não éramos gêmeos pois ele era mais velho do que eu.
– Vocês podem não ser gêmeos, mas são irmãos - Ela dizia.
– É Kat, nós somos irmãos e se estivermos vestidos de super gêmeos teremos até a nossa frase especial.
Finnick, desde pequeno sabia o que me dizer para me convencer.
– Tá bom - Eu disse por fim - E você mãe? Vai se vestir de quê?
– Irei vestida de vovó - Ela disse sorrindo.
– Mas essa fantasia não é legal.
– É claro que é uma fantasia legal, Katniss - Ela me pegou no colo como sempre fazia para me explicar algo - Através desta fantasia estarei fantasiando o meu futuro.
– Fantasiando o futuro? - Eu devo ter feito uma cara engraçada, pois ela começou a gargalhar.
– Sim, gosto de imaginar como será quando eu estiver velinha. Você e o Finnick já estarão grandes e vão cuidar de mim.
– Eu vou cuidar de você - Cheguei para perto do ouvido dela para que Finnick não pudesse ouvir - O Finn eu acho que não, porque ele só gosta de ficar brincando de carrinho.
– Mas ele também irá te ajudar a cuidar de mim. E quando eu ficar bem velinha e não conseguir mais andar, vou sentar na rede do quintal e esperar papai do céu me buscar para morar com ele.
Lembro de ter chorado muito aquela noite com a ideia de alguém levando minha mãe para longe de mim.

# Flashback off #

Tirando a ausência de Finnick e a precocidade, sua morte foi bem como ela imaginava. Naquele dia minha mãe insistiu para ficar sozinha na rede e nós não a impedimos. Era como se ela soubesse que havia chegado sua hora e quisesse nos poupar de estar presente.
Eu fui a primeira a vê-la. Havia preparado um suco de laranja já que ela devia ser hidratada frquentemente, e após perceber que ela não me respondia decidi ficar de frente para a rede.
Se eu não a tivesse tocado e sentido sua pele fria, teria encarado seu silêncio como um cochilo. Minha mãe tinha a aparência leve e descançada, não parecia em nada aquela mulher doente que vivia à base de remédios.
Ela enfim pode descançar em paz.

**

– Como você está? - Dave me perguntou pela milésima vez aquele dia.
– Bem - Minha resposta foi mais um murmúrio.
– Liguei para o Haymitch, ele já mandou a passagem de volta.
– Eu não vou voltar pra Louisville! Meu lugar é aqui.
Mesmo que Denver fosse um lugar de péssimas lembrança, pelo menos eu não teria quem amar para depois sofrer.
– Mas os seus estudos...
O interrompi.
– Tenho recebido vídeoaulas diariamente além das provas por email. Dave, eu não tenho porque voltar.
– Mas você é menor de idade. Querendo ou não, seu pai tem a sua guarda agora, e acredito que ele não vá querer te deixar morar em Denver sozinha.
Haymitch. Sempre uma pedra no meu sapato.
Será que ele não percebe que eu não posso voltar pra Louisville, que eu não posso perder mais alguém que eu amo?
Eu não posso mais nutrir este sentimento presente no meu peito, seja por quem for.
Annie, a garota tagarela e irritante que me mostrou que podemos ter irmãos sem que sejam de sangue.
Gale, sempre cheio de piadas e gracinhas. Aquele que sempre sabe o que dizer na hora certa, roubando-me um sorriso onde eu nunca pensei que fosse possível.
E Peeta... Peeta.... Não existem palavras que possam descrevê-lo. No início me pareceu um tremendo de um mulherengo, mas com o tempo pude perceber um garoto romântico e sensível sob a fachada de playboy. Nunca pensei que alguém pudesse me enxergar tão profundamente, através de minha alma. Mas Peeta conseguiu. Os dias que passei ao seu lado foram maravilhosos e me mostraram que eu preciso de amor.... Mesmo que eu não o queria.
Na verdade, não é que eu não queira amar, mas o amor me trás sensações tão boas que nos faz prendermo-nos a eles com unhas e dentes. Mas quando este amor nos é tirado, junto com ele vai a nossa alma. Nossa vida.

Eu sei disso. Mais do que ninguém.
Já tive esta sensação duas vezes e não suportaria sentí-la de novo. Um ser sem alma é um ser vazio e já não há mais nada em mim para que possa ser tirado a não ser minha própria vida. Se bem que com isso eu finalmente poderia ter paz e me encontrar com Finn e minha mãe. Mas esta seria uma atitude covarde, e essa era uma das coisas que Finnick dizia a mim em sua carta "...não seja covarde, encare as coisas de cabeça. Sei que se você está lendo esta carta é porque eu já estou morto, mas não me arrependo de nenhuma de minhas decisões, pois elas me levaram à verdadeira felicidade. Mesmo que só tenha durado alguns meses..."

Lembro-me de tentar de todas as formas possíveis descobrir a que felicidade ele se referia. Talvez esta felicidade pudesse aplacar a dor insuportável que se fazia presente em meu peito desde sua morte.
Mas eu não descobri.
Este trecho sempre foi uma icógnita para mim. Mas ao menos uma coisa eu sabia. Finnick estava feliz, e era isso o que importava.
Mesmo que eu sofresse pela sua morte, eu sabia que ele estava em um lugar muito melhor o que fazia com que a dor valesse à pena.
Certa vez, em uma aula de filosofia, minha professora, a senhora Hogs, disse algo que me fez refletir por semanas:

"A morte pode parecer obscura e cuel, mas ela é nada mais nada menos do que mais uma etapa da vida. Pode parecer ironia relacionar morte e vida, duas coisas aparentemente distintas mas elas são mais parecidas do que imaginamos."

Confesso que isto me ajudou muito, por mais que não fosse o suficiente. Mas eu passei a encarar a morte de Finn como uma viagem ao Caribe, já que ele sempre quis ir para lá. E sempre que eu me sentia triste devido a sua falta, eu o imaginava surfando e aproveitando o sol que ele nunca teve a oportunidade de sentir.
Eu o imaginava feliz e sorridente, como ele sempre foi. E isso me permitia dormir à noite.

**

Eu estava de frente para Gale, Annie e Clove. Foi uma surpresa quando os encontrei me esperando em frente ao portão de desembarque do aeroporto com uma plaquinha escrito "Bem vinda de volta, Catnip".
Claro que a parte da plaquinha foi obra do Gale.
Não hesitei em correr e abraçá-los como se me agarrasse à vida, afinal, eles eram a minha vida.
– Katniss, você vai pirar com a quantidade de trabalhos que a Srt. Stewart colocou para nós.
Todos rimos de sua declaração.
Annie sempre Annie.
– Não liga pra ela não, Catnip. Essa aí é viciada em estudos.
Gale disse enquanto me puxava para um abraço apertado.
– Senti sua falta - Eu disse para ele.
– Também senti a sua - Ele olhava em meus olhos - Essas duas aqui são muito chatas. Nunca entram no clima das brincadeiras.
– Ah... Fala sério, Gale. Suas brincadeiras são sem pé nem cabeça.
– Eu não acho, Clove.
– É isso aí, Catnip.
– Sabia que eu já estou até começando a gostar deste apelido ridículo?
Nós já andávamos em direção ao estacionamento.
– Mas é claro que você iria gostar, afinal, fui eu que fiz.
O caminho até em casa foi assim, repleto de palhaçadas e zoações. Na última vez que fiz este trajeto, pareceu demorar uma eternidade. Agora, passou tão rápido que eu quase pedi para voltarmos ao aeroporto de novo.

– Está entregue, Sr. Abernath.
Gale se pronunciou assim que passamos pela porta da sala.
– Obrigada, Gale.
Haymitch... sorria. Sorria? Como assim? Achei que ele não soubesse esboçar emoções positivas, e pior ainda, que elas podiam ser verdadeiras. Sim, eu podia ver que seus olhos transmitiam o mesmo sentimento que sua boca. Gratidão.
– Não foi nada. É sempre um prazer rever a Catnip.
E dizendo isto, Gale me pegou em seus braços e me girou no ar.
– Sinto muito, Catnip, mas vou ter que ir agora. Meu pai inventou de me levar para conhecer melhor o campo de trabalho em que ele atua. Te buscar me ajudou a me livrar dele por um tempo.
Ele fez uma careta engraçada, me fazendo rir. Annie e Clove ficaram olhando para nós com cara de " esses dois aí são loucos de pedra", mas nem ligamos. Afinal, somos felizes com nossas loucuras e é isso o que importa.
– Você vem comigo, Clove? Eu te deixo em casa.
– Não Gale, obrigada. Vou ficar aqui com as meninas, mais tarde chamo um taxi.
– Tudo bem, então.
Ele se despediu das meninas e eu o levei até a porta.
– Não se preocupe, vai ser legar conhecer melhor o que seu pai faz. Quem sabe assim você não se identifica com alguma coisa?
Disse enquanto o abraçava pela enésima vez aquee dia.
– É, quem sabe...
Certo dia, eu e Gale estávamos discutindo sobre o que faríamos quando acabasse o colegial (que por sinal não estava muito longe).
Eu sempre soube que queria fazer arquitetura e estava cada vez mais certa disso com o passar do tempo. Sempre me imaginei projetando casas e monumentos e diversas vezes me peguei imaginando qual seria a inspiração que os arquitetos teriam ao projetar tal coisa. Espero que quando chegar a minha hora eu possa achar a minha inspiração.
Já Gale nunca soube ao certo o que queria fazer. Não que ele não gostasse de nada, pelo contrário. Gale sempre foi bom em tudo, desde exatas à humanas. E isso era o que mais o dexava louco.
A hora de decidirmos nosso futuro estava chegando e ele não tinha a mínima ideia de qual carreira seguir.
Acompanhei ele até o carro e recebi o último abraço do dia.

Era uma praia belíssima. As pequenas ondas quebravam fazendo cócegas em meus pés.
Eu andava sem me preocupar com nada.
O barulho das ondas naquela praia deserta me relaxavam...

– Meu Deus, Katniss. Quantas vezes mais vou ter que chamar seu nome para você acordar?!
Annie me balançava frenéticamente tentando a todo custo me acordar.
– Umm... Ai, Annie. Deixa eu ficar na cama só mais um pouquinho.
Meus olhos ainda estavam fechados e eu fazia um esforço descomunal para fazer com que o som saísse de minha boca.
– Não mesmo, mocinha. Você acha que eu não conheço o seu jogo? Dizer que vai ficar mais um pouco na cama pra me enrolar e não ir pra escola? Não vem que não tem!
– A Annie, deixa de ser chata.
– Vai levantar pelo modo fácil ou pelo difícil?
Ela não estava nem um pouco a fim de facilitar.
– Okay, okay.
Estendi minhas mãos em sinal de rendição.
– Você venceu. Agora, já que fiz o que você queria você poderia pelo menos pegar minha roupa no closet?
– Já peguei, e está tudo no banheiro. Agora vamos logo porque eu não tenho o dia todo. Você tem vinte minutos.
– Vinte?!
Era praticamente impossível eu me arrumar em vinte minutos.
– Isso mesmo, vinte. Quem mandou ficar enrolando. Estou te esperando lá em baixo.
E dito isso, saiu do quarto sem me dar direito de resposta.

Eu não sei o que era pior, ter que ver Peeta ou o olhar de pena das pessoas ao meu redor.
É claro que Annie e Haymitch não ficaram fofocando para a cidade inteira sobre a morte de minha mãe, mas é impossível que ninguém soubesse o porque do meu sumiço nas últimas semanas.
Fico me perguntando qual foi a explicação de Peeta... Ah, quer saber? Eu não me importo com o que ele tenha falado, se bem que eu gostaria que tivesse dito que esteve comigo nos últimos dias, coisa que eu tenho absoluta certeza que ele não fez se levarmos em conta nossa conversa no barco.
Ele parecia magoado, e isso me feria.
Mas foi melhor assim.
Decido parar de viajar em pensamentos e prestar atenção na conversa que Annie acha que estamos tendo. Parei de prestar atenção a tanto tempo que não entendo mais nada do que ela fala.
– Você não estava prestando atenção em nada do que eu disse não é?
É claro que ela percebeu.
– Annie, me desculpe, eu...
– Está tudo bem. Eu entendo.
Não precisei dizer mais nada. Ela voltou a concentrar sua atenção na direção e permaneceu todo o resto do caminho para a escola em silêncio.

As duas primeiras aulas haviam sido insuportáveis, pois eu não conseguia me concentrar em nada do que os professores diziam e não tinha Annie e Gale para me fazer companhia.
Ainda não havia visto Peeta, o que era um alívio. Mas sentia falta de olhar para os aqueles oceanos que ele insistia em chamar de olhos.
– Aí está você.
Reconheci a voz do professor Blings antes meso que ele entrasse em meu campo de visão.
– Olá professor.
– Olá Katniss. Será que você poderia ir na minha sala antes de ir para casa? Preciso conversar com você.
– Sim, claro.
– Já vou indo então. Já estou atrasado para a próxima aula.
Disse ele verificando o relógio de pulso. Observei-o desaparecer e entrei na sala para a aula de História da Arte. Assim que entrei pude ver Gale sentado no fundo da sala, fui até ele e sentei na cadeira vaga ao seu lado.
– Fala aí, Catnip.
– Oi pra você também.
Eu disse rindo.
– Vi você conversano com o Sr. Blings antes de entrar na sala. Aconteceu alguma coisa?
Quis saber, aparentemente preocupado.
– Não, está tudo bem. Não se preocupe - Assegurei - O Sr. Blings pediu para que eu fosse à sua sala antes de ir pra casa. Só isso.
– Ah sim. Deve ser algum trabalho. Você faltou uma quantidade significativa de provas, precisa repôr.
Apenas assenti.
O professor entrou e sala e pediu o silêncio da turma. A matéria era completamente entediante o que fez com que quase metade da turma dormisse. Como ele optou por slides, as luzes foram apagadas impedindo que ele visse a pequena porcentagem de alunos que prestava atenção ao que ele dizia.
Gale dormiu ainda no início da aula. Seu sono era tão profundo que pude ver uma pequena baba escapando pela lateral de seus lábios. Tirei uma foto, iria usar isso contra ele quando tivesse oportunidade.
Mesmo dormindo, Gale me transmitia tranquilidade e eu vi as aulas seguintes voando.
No intervalo nos encontramos com Clove e Glimmer, uma amiga dela. Era o tipo de pessoa que te fazia se sentir inferior só de olhá-la. Sua pele era clara e seus cabelos loiros, mesmo que pintados, caiam em cascatas até os seus ombros, camando mais atenção para os seus olhos azuis.
Pude perceber os diversos olhares masculinos em sua direção. Ela nem ligava, já devia estar acostumada com isto.
Conversamos um pouco, mas eu não estava muito a fim.
– Com licença.
Disse me levantando da mesa.
– Está tudo bem?

– Sim. Eu vou pra sala de aula, tenho que resolver algumas coisas.
– Quer que eu...
– Não Gale, está tudo bem fique aí. Annie deve estar lá, qualquer coisa falo com ela.
Ele pareceu acreditar e assentiu com a cabeça.
Sai do refeitório e ao invés de seguir para o corredor onde ficavam as salas, fui para a biblioteca. Lá não haveria ninguém.
Cumprimentei a bibliotecária e segui para a estante mais afastada. Peguei um livro e me permiti baixar a guarda. Pude ver pelo espelho que separava as estantes minha aparência pálida. Não sabia que eu estava tão ruim assim.
Olhei para o título que eu segurava em minhas mãos:

"O Sopro de Vida"

Só podia ser brincadeira.
Fiquei ali analisando a capa do livro até ouvir o sinal tocar.
Enquanto guardava o livro, pude ver a bibliotecária se apresenta ao meu lado.
– Já estou saindo.
Assegurei.
– Não irá levar nenhum livro?
Ela perguntou confusa.
Olhei para o título que eu acabara de guardar e peguei-o de volta.
– Vou levar este aqui.
– Só um momento, vou arquivar.
Ela saiu e eu a segui.
Quando entrei na sala, esta já estava cheia. Ao me sentar ao lado de Gale, pude ver seu olhar de interrogação, mas não perguntou nada.
Tentei parecer alheia à sua testa franzida e a sua mão segurando a minha.
– Está tudo bem, Gale.
Eu disse finalmente.
– Você sabe que pode contar comigo, Catnip.
– Eu sei - Respirei fundo - Quando eu quiser me abrir com alguém, esse alguém será você, você sabe disso. Mas no momento eu só quero ficar só com meus pensamentos.
– Não irei mais insistir. Quando estiver preparada, saiba que estarei pronto para te ouvir.
Ele me abraçou bem apertado e me deu um beijo casto na testa.
Passamos a prestar atenção na aula que passou voando, assim como as seguintes que tive a companhia de Annie e Madge.
Até então, não havia visto Peeta, o que me deixava ao mesmo tempo aliviada e aflita.
– Tenho que ir à sala do Sr. Blings - Disse à Annie ao final das aulas - Pode indo, eu chamo um táxi.
– Tem certeza, eu posso esperar. Não tem problema.
– Não. Eu sei que você tem um monte de coisas para fazer em casa, não quero te atrasar.
E sai antes que ela arranjasse argumentos suficientes para me convencer de que ela poderia ficar.
Enquanto caminhava para a sala do Sr. Blings, comecei a ouvir grunhidos vindos de um corredor próximo.
Comecei aseguir o som que ficava cada vez mais alto a medida que eu me aproximava. Virei no corredor e pude observar duas pessoas se agarrando. Seus movimentos eram tão rápidos que era difícil identificá-los, a única coisa que pude perceber foi a cabeleira loira que os dois possuíam.
Comecei a me afastar lentamente, não queria que eles me pegassem observando seu momento de intimidade.
Como eu não sou nem um pouco desastrada, tropecei em algo, fazendo barulho suficiente para que dois pares de olhos azuis virassem em minha direção.
Um deles era de um azul bonito que chamava a atenção de qualquer um. Mas o outro, ofuscava qualquer outro que estivesse ao seu lado. Olhar para aqueles olhos era como olhar para o mar em toda a sua imensidão. Ele me analisava e pude reconhecer o mesmo olhar que diversas vezes me transmitiu confiança ser dirigido a mim raiva e resentimento.
Tentei correr o mais rápido possível. Entrei ainda correndo e ofegante na sala d Sr. Blings.
– Srta. Everdeen?!
Ele exclamou assustado.
– Sim. É que... eu.... eu fiquei com medo de que o senhor não estivesse mais na sala.
– Eu não iria em bora sem antes falar com vocês.
– Vocês? - Perguntei.
Pude ouvir a porta sendo aberta, seguida da explicação para a minha pergunta vinda da boca do Sr. Blings.
– Sente-se, Sr. Mellark. Estávamos só te esperando.
Ele esperou que Peeta sentasse ao.meu lado e prosseguiu:
– Como vocês sabem, perderam uma quantidade significativa de provas e precisamos arranjar um jeito de repô-las. No entanto, nós não podemos fazer provas novas para vocês. Então, a Sr. Coin me permitiu preparar um trabalho para que vocês pudessem apresentar, substituindo todas as provas que perderam.
– Nós falaremos sobre o mesmo tema?
Ouvi Peeta perguntar. Não ousei olhá-lo.
– Mas é claro. Afinal, vocês farão o trabalho juntos.
– Juntos?!
Exclamamos em uníssono.
O Sr. Blings explicou como queria que fosse a aresentação e a abordagem do tema que seria de nossa escolha. Depois disso nos dispensou.
– Isso vai ser terrível.
Disse Peeta assim que saimos da sala do Sr. Blings.
– É, eu sei.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me dugam o que acharam!!!

Eu decidi adiantar um pouquinho as coisas e espero que vocês tenham gostado.
Gente, vocês sabem que esta é minha primeira fic, logo tudo é bovo para mim. Contudo eu queria pedir uma coisa do fundo do meu coração. Se vocês realmente estão gostando da fic recomendem, por favor. Eu nunca recebi uma recomendação :(
Por favor, façam uma autora feliz!!!
Beijocas! :D



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