Living Again escrita por Everllark


Capítulo 15
Somos amigos... Apenas amigos!


Notas iniciais do capítulo

Desculpem a demora, gente.
Espero que gostem.

Boa leitura!!



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Parecia que eu havia acabado de fechar meus olhos quando ouço a voz de Haymitch do lado de fora do meu quarto.
– Katniss, não podemos perder o vôo - Como assim, não podemos? Por acaso ele estava se incluindo? Ninguém havia me informado que Haymitch também viajaria comigo. O combinado era eu voltar para Denver e fazer companhia para minha mãe em seus momentos finais, e não discutir com Haymitch na presença de minha mãe.
De qualquer maneira, eu tinha que me arrumar para pegar o vôo, então decidi ignorar minhas teorias e rumar para o banheiro em busca de uma ducha bem quente. Eu precisava relaxar meus músculos tensos que só de pensar que ficaria horas sentada em um avião já me causavam incômodo.
Minhas malas já estavam prontas, graças à Annie. Logo, tudo o que ainda me restava fazer era me arrumar.
Peguei a primeira coisa que encontrei em meu closet, uma blusa, que Annie havia me feito comprar em nosso banho de lojas, e uma calça jeans antiga. O all star era de praxe.
Depois de pronta, puxei as malas até o topo da escada a chamei por Haymitch. Ao menos para carregar malas ele deve prestar.

Não vi nenhuma mala além da minha no porta-malas. Isso deve significar que eu entendi errado e Haymitch me levaria apenas ao aeroporto.
– Katniss - Annie me abraçava pela milésima vez naquela manhã - Se quiser, eu posso ir com você.
– Não. Está tudo bem, Annie - Tudo o que eu menos precisava era de alguém olhando-me com cara de pena a todo instante.A notícia já era dolorosa demais, eu não precisava de alguém me lembrando a todo instante que minha mãe estava morrendo.
Annie pareceu entender minha situação e deixou-me ir.

A viagem com Haymitch foi tranquila e ele não se dirigiu a mim em nenhum momento, o que foi bom já que eu não estava a fim de conversar com ninguém. Muito menos ele.
Quando o questionei se também iria para Denver, ele sorriu cinicamente e respondeu simplesmente:
– Alguém tem que ver se você vai chegar direito, Docinho - Como eu odiava este apelido.
– Já tenho dezessete anos, sei me cuidar. Não preciso de babá.
E ele me ignorou. Algo que faz com frequência.
No avião fiz de tudo para dormir. Queria que esta viagem terminasse o quanto antes. Como eu estava com saudades da minha mãe. Como será que ela estará?
Tenho medo que a minha presença leve mais sofrimento para ela.
Não sei o que eu faria se ela me mandasse ir em bora. Ela é do tipo que diz que está bem só para me deixar melhor.

Ao sair do aeroporto, Haymitch chamou um táxi. Fiz questão de sentar o mais longe possível já que ele sentou-se comigo no banco de trás.
– Katniss, não sei em que estado nós iremos encontrar sua mãe - Disse ele depois de um tempo - Ela me disse que estava fazendo o uso de cadeira de rodas e provavemente deve estar um pouco abatida.
– Eu imagino - Na verdade eu sabia uma vez que havia lido a carta que Haymitch havia recebido, mas ele não precisava saber e principalmente, eu não estava com nenhuma vontade de investir em uma conversa com ele.

Denver. O lugar onde passei a maior parte de minha vida.
O lugar que me trouxe sensações únicas, e me levou da alegria para a extrema tristeza.
Olhar para essa cidade me traz tanta nostalgia que me obrigo a fechar os olhos e tentar inutilmente cochilar.
É engraçado que quando perdemos um dos sentidos, outro passa a se apurar. Mesmo com meus olhos fechados pude sentir a inquietação de Haymitch ao meu lado. Fico me perguntando se ele e minha mãe se encontraram alguma vez depois do enterro de Finn.
Rever minha mãe depois de tanto tempo, e ainda por cima, nesta situação deve estar sendo bem estranho para ele. Na verdade não sei porque penso nisso. Haymitch é a última pessoa que eu consigo imaginar sentindo compaixão de alguém. As vezes imagino uma pedra no lugar de seu coração, esta seria a única explicação para a sua permanente frieza.
Sinto meu coração perder uma batida quando entramos na minha rua. A casa da minha mãe é uma das últimas, o que torna aqueles metros torturantes.
Quando finalmente estacionamos em frente a casa sinto-me congelada, sem saber o que fazer. Não tinha pensado exatamente no que faria quando finalmente encontrasse minha mãe. Eu deveria correr para abraçá-la ou apenas acenar de longe? Chorar em seu colo ou dizer que tudo ficaria bem?
– Katniss, vamos - Haymitch já estava fora do carro com as malas ao seu lado. Não havia percebido até agora que ele segurava uma pequena mala marrom, suficiente apenas para poucos dias o que significa que ele não pretende ficar muito tempo.
– Eu... eu não sei se consigo fazer isso.
– Como assim? - Haymitch estava confuso - Você não hesitou em vir quando Annie me pediu. E agora quando finalmente estamos aqui, você diz que não consegue fazer isso?
– Eu estou com medo - Nunca pensei que diria algo do tipo para Haymitch, confessar minha fragilidade - Tenho medo de como vou encontrar a mamãe. Tenho medo de fazê-la sofrer mais.
– Você não vai fazê-la sofrer mais. Ela está feliz em te ver de novo - Haymitch abriu a porta do carro e me estendeu a mão - Agora, vamos.
Peguei a mão de Haymitch, sem me importar com toda a mágoa que eu ainda guardava dele, e me permiti sair do taxi.
A casa ainda era a mesma. Os mesmos gnomos de jardim que minha mãe insistia em deixar na varanda mesmo que eu diversas vezes tivesse lhe falado que isto já estava fora de moda. A mesma porta de carvalho polida com uma fita vermelha em torno da maçaneta, simbolizando a harmonia que ela sempre quis que houvesse nesta casa. E claro, o tapete em frente à porta escrito "Bem vindo ao lar".
Tudo isso fez com que meus olhos ficassem úmidos. Mas eu não quero que minha mãe me veja assim, então esfrego os olhos na blusa e faço a melhor cara de felicidade possível enquanto Haymitch aperta a campainha e somos recebidos por uma mulher pálida e magra, com cabelos na altura da orelha e olhos fundos sentada em uma cadeira de rodas. Se eu não conhecesse minha mãe tão bem não a teria reconhecido. Olhei para Haymitch que não esboçava reação alguma e entrei.
Eu não sabia ao certo o que fazer, então esperei que alguém desse a primeira palavra. Esse alguém foi Haymitch.
– Está entregue
– Obrigada, Haymitch - Sua voz ainda era a mesma.
– Estou indo, então - Haymitch se direcionou à minha mãe - Até mais, Liza.
– Pensei que você fosse ficar - Interrompi o que minha mãe pretendia dizer.
– Não - Haymitch sorriu debochadamente. Se ele acha que eu queria que ficasse está muito enganado, eu só estranhei o fato de ter vindo até aqui comigo para depois ir em bora - Eu tenho umas coisas para resolver na cidade.
– Tem certeza que não quer ficar mais um pouco - Percebi que a pergunta de minha mãe era só por educação.
– Eu tenho que ir mesmo, Liza. Obrigado.
– Eu é que agradeço, por ter trago Katniss.
Haymitch acenou brevemente e foi em bora.
– Bem... - Eu não sabia o que dizer.
– Quer arrumar suas coisas? - Minha mãe deve ter percebido minha inquietação, pois eu nunca fico sem palavras.
– Sim, claro.
Tive que subir e descer as escadas três vezes para levar todas as coisas ao quarto já que minha mãe estava impossibilitada de me ajudar.
– Mãe... Como você está fazendo as coisas estando aqui, sozinha. Digo, sem ninguém para te ajudar.
– Eu não estou sozinha - Não sei se foi impressão minha, mas minha mãe pareceu ruborizar.
– Como assim?
– Katniss, aconteceu algumas coisas desde que você foi em bora.
– Você começou a namorar - Não havia sido uma pergunta.
– Não é bem um namoro.... Mas como você sabe?
– Convivo com você a dezessete anos, lembra? - Não pude conter um sorriso - Eu te conheço, mãe.
Percebi uma lágrima escapar de seus olhos.
– Não chore, mãe - Corri para abraçá-la. Não sabia ao certo como fazer. Tinha medo de machucá-la, mas mesmo assim o fiz.
– Você sabe que eu te amo, não é minha filha? - Ela chorava copiosamente agora - Eu queria tanto que as coisas fossem diferentes. Queria tanto poder estar sempre ao seu lado, te ajudando no que você precisasse, eu queria...
– Mãe, não é sua culpa - Eu queria tanto parecer forte para ela, mas as lágrimas me impediam - Não diga estas coisas. Você sempre esteve comigo quando eu precisei. E sempre estará. Aqui - Encaminhei a mão dela para o meu coração.
– Você não sabe quanta sorte eu tenho em tê-la.
– Você é que não sabe quanta sorte eu tenho em tê-la. Você é a melhor mãe do mundo e eu te amo, sempre vou te amar independente do que aconteça - Sequei meus olhos com a manga da minha camisa - Agora não vamos mais pensar nisso, tá? Tenho tanta coisa para te contar e eu acho que você também tem - Pisquei para ela - Eu quero saber de tudo.
Consegui arrancar um sorriso de minha mãe e isso aqueceu meu coração.
Ficamos ali conversando pelo que pareceram horas. Minha mãe me contou como conheceu Dave, seu suposto namorado. Foi no hospital, uma típica cena de filme de romance.
Dava para perceber, pelo modo como ela falava dele o quanto Dave fazia bem para minha mãe. E isto me deixou muito feliz. Saber que tinha alguém cuidando dela quando eu não pude estar.
À noite, Dave chegou e eu me deparei um im belo homem de cabelos grisalhos e porte musculoso. Ele parecia tímido, pois falou brevemente comigo e ajudou minha mãe a subir para o quarto.
Me despedi de minha mãe e fui tomar um banho, afinal eu havia acabado de chegar de viagem.
Não havia percebido o quanto estava cansada até deitar na cama e cair no sono rapidamente.

***

Acordei no dia seguinte com o sol batendo em meu rosto. Dormi tão rapidamente que devo ter esquecido de fechar a cortina. Levantei cambaleante e feche-a me protegendo do sol.
Fui tomar um banho, e como o tempo estava ameno escolhi um short azul e uma blusa verde musgo,acho que Annie teria aprovado este look.
Como minhas coisas ainda estavam nas malas, resolvi arrumá -las no armário. Foi um processo rápido, mas o suficiente para me cansar.
– Mãe - Chamei assim que desci as escadas.
– Ela está na casa de uma amiga - A voz de Dave era grave e forte - Pediu para que eu avisasse que não demorará.

– Obrigada - Caminhei até ele - Por tudo. Por cuidar da minha mãe, por trazer alegria a ela quando eu não pude...
– Eu amo sua mãe, Katniss - Seus olhos cintilaram com a menção da palavra "amor" - Eu sei que nós não nos conhecemos a tanto tempo assim, mas para mim, é o suficiente para eu ter conhecimento dos meus sentimentos por ela.
– Ela está tão feliz - Uma lágrima caia de meu rosto - E ver minha mãe feliz apesar de toda essa situação, também me deixa feliz. Obrigada por cuidar dela.
– Eu daria minha vida por ela.
Ele veio até mim e me abraçou ternamente.
– Agora, pare de chorar - Ele sorria agora - Você é uma bela moça. Não deve chorar.
Não reprimi a gargalhada que veio a seguir. Acho que eu e Dave vamos nos dar bem. Se eu levar em consideração tudo o que ele já fez por minha mãe, todo o apoio, terei uma dívida eterna com ele.
– Porque você não vai passear um pouco? - Dave já estava na cozinha. Além de amar minha mãe ainda sabe cozinhar. Isso é ótimo! - Liza me disse que você adora andar pela cidade.
– É bom para pensar. Amo o clima de Denver - Olhei para ele por um instante - Tem razão, acho que vou caminhar um pouco.
Fui para o quarto, coloquei uma roupa adequada e fui.
– Avise à minha mãe que não demorarei muito. E qualquer coisa não hesite em me ligar - Disse antes de sair pela porta.
– Tudo bem - Ouvi já do lado de fora.
Denver é uma cidade maravilhosa, e só de estar aqui já sinto um renovo.
Ao caminhar pelo parque parecia que eu nunca havia saido daqui. A sensação de estar em casa era maravilhosa.
Mesmo com tudo o que estava acontecendo, eu sentia-me leve ao saber que minha mãe estava feliz e amando. Ver a felicidade estampada no rosto pálido de minha mãe fazia com que nada mais importasse. E daí que ela está morrendo? Pelo menos ela tem uma coisa maravilhosa, coisa esta que me faz sentir inveja por nunca ter esperimentado. Pelo menos, não de verdade.
O amor é algo estranho. As pessoas morrem e matam por ele, mas a troco de que? O que o amor traz? Eu não entendo. Nunca valorizei muito este sentimento, até porque nunca o tinha visto, pelo menos, não com pessoas reais. Todos sabemos o que é o amor através dos filmes românticos ou livros apaixonantes, mas nem todos podem dizer que já o sentiu ou viu.
Minha mãe e Haymitch sempre tiveram um casamento equilibrado. Brigas? É claro que tinha, afinal, isto é algo fundamental da natureza humana. No entanto, eu nunca os vi demonstrar um ao outro nenhum sentimento mais forte que o respeito.
– Olha se não é a Everdeen? - Ouço alguém dizer atrás de mim.
– Katniss, é você? - Dessa vez é outra pessoa, pois a voz é diferente.
Estou travando uma batalha interna. Me virar e aguentar mais piadas ao meu respeito ou fingir que não ouvi e sair andando. Fugir é uma proposta tentadora, mas eu devo parar de ser covarde e começar a encarar meus problemas de cabeça erguida.
E é pensando nisto que me viro e dou o melhor sorriso que encontro.
– Olá pessoal
– Pensei que estivesse em Louisville morando com o papai - Todos começaram a rir da piada. Sinceramente, eu não havia entendido a graça, mas como de uns meses pra cá tudo relacionado a mim era motivo de piada, não me preocupei em tentar entender.
– Sim, eu estava - Disse ignorando os comentários a meu respeito - Mas precisei voltar. Imagino que já saibam o porque, já que minha vida pessoal passou a ser pública.
– E eu imagino que vocês deveriam ter um pouco mais de consideração - Ouço uma voz familiar atrás de mim. A princípio não consigo me mexer devido ao choque. Como ele sabia que eu estava aqui, e principalmente, porque ele estava aqui?
Sinto sua mão em meu ombro direito e me viro lentamente, encontrando um mar de um azul sem fim.
– Peeta...
– Vamos em bora daqui - Ele parece chateado. Percebo seu olhar duro para as pessoas ao meu redor. Deixo que Peeta me guie para longe do grupo que ficara nos observando se afastar.
– Como você.... O que faz.... - Eram tantas perguntas.
– Começar com um obrigado já seria de bom tamanho - Por mais que soasse sério, o sorriso em seus lábios entregava seu real sentimento.
– Obrigada - Não pude conter o sorriso - Agora você pode responder às minhas perguntas?
– Tudo bem - Ele bufou - A Annie me disse que você tinha vindo para Louisville e o porque desta decisão repentina.
– Isso ainda não explica o fato de você ter vindo atrás de mim - Eu arqueei a sobrancelha.
– Queria ter certeza de que você estava bem - Ele passava a mão nervosamente pelos cabelos - Eu fiquei preocupado com você.
– Você nem me conhece direito.
– Eu não preciso saber todo o histórico de uma pessoa para me preocupar com ela - Porque ele precisa ter este sorriso de canto tão encantador?
– Como me achou aqui? Quer dizer... Como sabia que eu estava aqui, na praça.
– Eu passei na sua casa. E o Dave, por sinal, ele é muito legal - Eu sorri - Me disse que havia te convencido a sair um pouco de casa. Você pode achar que não te conheço direito, mas eu sei que você gosta de praças, logo, este foi o primeiro lugar que eu decidi te procurar.
– Não foi isso o que eu quis dizer - Nos sentamos no banco em frente ao lago que eu brincava de tacar pedras com Finnick - É que... Bem, eu não estou te repreendendo por se preocupar comigo, apenas acho estranha sua decisão de vir atrás de mim se você poderia ligar ou saber notícias minhas através da Annie.
– Eu não quero só saber notícias suas, eu quero te apoiar - Ele olhou bem fundo nos meus olhos, impedindo-me de desviar o olhar - Quero que você saiba que pode contar comigo. E que você me considere pelo menos seu amigo.
– Você é meu amigo - Eu disse simplesmente.
– Fico feliz... Por hora.
Ignorei seu comentário e o puxei. Já estava quase na hora do almoço e eu havia dito a minha mãe que não demoraria.
– Temos que ir.
– Mas já? Acabei de chegar!
Peeta me puxou de volta e relutante, sentei ao seu lado.
– Eu ainda te devo um sorvete, lembra? - Gargalhei - O que foi?
– Estou vendo que seu horário de refeições é bem desregulado.
– Só um pouquinho
Continuei gargalhando e desaa vez ele me acompanhou.

Quando chegamos em casa, minha mãe já estava. Essa é uma experiência nova para mim. Por mais que eu e Peeta não estivéssemos namorando, levar um garoto para ficar na minha casa era um tanto... estranho.
– Mãe, este é o Peeta. Um amigo do colégio - Disse apontando para Peeta.
– Amigo? - Ela segurava o riso e fazia questão de não esconder isto.
– Sim, amigo - Falei de cara fechada.
– Tudo bem - Disse ela levantando os braços em sinal de rendição - Tudo bem. Dave colocou as coisas do Peeta no quarto do Finnick.
– O quê?! - O grito saiu sem minha permissão.
– O quarto não ficará intocado para sempre, Katniss - Minha mãe soava severa - E além do mais, é o único quarto disponível para Peeta.
– Eu posso ficar em um hotel, Senhora Everdeen - Havia me esquecido que Peeta estava ali, ouvindo nossa discussão. A vergonha me tomou completamente.
– Não será necessário, Peeta - Minha mãe falava com ele, mas olhava para mim.
– Façam o que quiserem - Respondi à pergunta silenciosa de minha mãe e saí pela porta da cozinha.
As lágrima que já banhavam meu rosto me impediam de ver para onde eu andava. Mas isso não fazia diferença, de qualquer forma eu não tinha para onde ir. A única coisa que eu conseguia fazer era sair correndo. Sem rumo.

**

~~ Flashback ~~

–... e ela disse que foi - Havia acontecido tanta coisa desde que Finn havia ido para a faculdade que quando ele finalmente voltou para o natal eu não conseguia sair de perto dele. Mas Finnick parecia sempre estar viajando, como se sua cabeça estivesse em outro mundo - Você não está prestando atenção em nada do que eu estou dizendo, não é?
– Me desculpe, Kat - Ele passou a mão em meus cabelos - Eu estou preocupado.
– Com o que? - Olhei em seus olhos transmitindo confiança - Sabe que pode contar comigo.
– Er...- Ele desviou os olhos dos meus - Eu estou preocupado com umas provas que vou ter na próxima semana. É isso.
– Então porque você desviou os olhos quando falou comigo? - Arqueei a sobrancelha - Eu te conheço, esqueceu?
Finnick gargalhou e eu fui contagiada.
– Não quero te envolver nisso, Kat.
– Então realmente existe algo te preocupando além das provas.
– Sim, Srt. "Eu te conheço" - Ele me abraçou - Mas não vou te contar nada.
– Quer dizer que você não confia em mim? - Fingi choro.
– Você sabe que pressão psicológica não funciona em mim, Kat.
Eu bufei e Finnick riu da minha infantilidade.

~~ Flashback off ~~

– Katniss!
Ouço Finnick me chamar mas sua voz está diferente. Mas grossa e potente.
Não deve ser a voz de Finn, mas se não for, de quem seria?
Percebo que ele parece exasperado.
Deve estar preocupado com algo, mas porque estaria chamando por mim?
Será que ele precisa de ajuda?
Tento me levantar, mas meus músculos não me obedecem.
Tento gritar, mas o que sai de minha boca é apenas uma lamúria ininteligível.
Então sinto um toque. Um toque quente e macio em meu rosto.
Até então eu não havia percebido que meus olhos estavam fechados.
Quando os abro, perco-me na imensidão azul de seus olhos e desejo-me afogar naquele mar. Não me importaria se não me achassem, na verdade, eu gostaria que não me achassem.
Ficamos assim, nos encarando pelo que pareceram horas.
– Katniss - Peeta foi o primeiro a sair do estado de torpor - Eu te procurei por toda parte. Quase morri de preocupação.
– Me desculpe, eu...
– Não tem porque você me pedir desculpas - Ele me ajudou a se levantar e colocou meu rosto entre suas mãos - Eu vou para um hotel, já conversei com sua mãe.
– Peeta... - Tentei me levantar, mas meus braços me traíram e só não fui de encontro ao chão porque Peeta me segurou firmemente.
– Está tudo bem. Não tem problema - Ele sorria.
– Você não vai para um hotel - Eu poderia ser muita coisa, menos mal educada.
– E onde é que eu vou dormir - Ele sorriu de canto antes de completar - No seu quarto?
– Exatamente
Devo tê-lo assustado com minha repentina decisão, pois rápidamente abandonou o sorriso que carregava em seu belo rosto e arregalou os olhos.

– Katniss... Não acredito que sua mãe vá deixar nós dois dormirmos no mesmo quarto - Peeta parecia realmente preocupado.
– Não se preocupe. Deixe que com a Senhora Liza Everdeen eu me entendo.
Isso pareceu convencê-lo.
Peeta se levantou e segurou minha mão, ajudando-me a fazer o mesmo.
Voltamos para casa de mãos dadas, mas eu não me importei com isto.
– Mãe? - Chamei-a entrando em casa com Peeta.
– Cozinha - Ela disse simplesmente.
– Fique aqui - Disse direcionando-me a Peeta.
Ao entrar na cozinha, encontrei minha mãe de costas para a porta preparando algo.
– O que está fazendo? - O cheiro estava bom.
– Sua sopa favorita - Ela virou-se para mim com um belo sorriso nos lábios.
– Sopa de mandioca com salsinha? - Meus olhos brilharam só com a menção ao meu prato favorito.
– Sim.
– Mãe. Sobre o peeta...
– Eu sei. Nós já conversamos sobre isso - Ela sorria ternamente para mim - Ele disse que não tem problema em ficar em um hotel. Eu até me ofereci para pagar, mas ele recusou.
– Na verdade, o Peeta nã vai para um hotel - Queria me livrar logo disso.
– Como assim? - Ela franziu as sobrancelhas mostrando as marcas da idade - Não temos outro quarto disponível para ele.
– Na verdade, temos sim - Sorri cinicamente antes de continuar - O meu quarto.
– E você irá dormir onde?
– No meu quarto - Acho que havia deixado isto óbvio - É claro!
– Pensei que vocês fossem só amigos - Ela voltou-se novamente para a sopa que por sinal, estava com um cheiro maravilhoso.
– Mas nós somos amigos - Porque alguém pensaria o contrário? - Só amigos.
– Sei...
– Mãe! - Eu devia estar vermelha como um tomate.
– Tudo bem. Não direi mais nada - Ela levantou os braços em sinal de rendição com um sorrisinho nos lábios.
– E então? - Porque ela tinha que enrolar tanto?
– Vocês podem dormir juntos - Liza Everdeen sabia como me provocar - Mais eu ficarei de olho.
– Não será necessário - Disse de costas para ela enquanto saia da cozinha.
– Isso é o que vamos ver - Foi a última coisa que ouvi antes de alcançar a cozinha.

Ajudei Peeta a levar suas coisas para o meu quarto e separei algumas roupas de cama para tornar mais confortável o pequeno sofá-cama do quarto.
Passamos o resto do dia assistindo TV e se deliciando com a sopa de minha mãe.
– É realmente muito boa - Peeta já havia repetido a sopa duas vezes.
– Percebi que você gostou - Não pude reprimir o bocejo. Já era quase onze da noite. Eu estava exausta, o dia havia sido longo.
– Está com sono? - Peeta contornou meus ombros com seus braços.
– Sim - Minha visão já estava embaçada.
– Vamos, eu te ajudo a subir - Peeta me estendeu a mão que eu peguei sem hesitar. Juntos, caminhamos até o meu quarto.
– Nunca achei uma oportunidade de estreiar este sofá-cama até hoje - Disse indicando o pequeno móvel à frente.
– Você nunca o usou?!
– É claro que sim - Disse me sentando na cama - Mas não como cama.
Abri o armário e peguei um conjunto de dormir confortável.
– Volto já - Disse enquanto saia do quarto.
Tomei um banho rápido e quando voltei, Peeta já havia tranformado o pequeno sofá em uma cama.
– É bem confortável - Ele estava sentado na cama enquanto remexia sua mala - Onde fica o banheiro?
– Primeira porta à direita - Observei Peeta sair do quarto.
Ele voltou pouco tempo depois, no entanto a inconsciência me arrastava para longe.
Um leve toque na testa foi a última coisa que senti antes de ser levada para o mundo dos sonhos.


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Notas finais do capítulo

Por favor, me digam se gostaram.
:D



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