Lembranças Do Inverno escrita por Ellen Brasil


Capítulo 16
Descobertas


Notas iniciais do capítulo

Eu espero que vcs estejam gostando na historia, pode mandar opniões, criticas :)



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— Gabriely, entra já pra dentro! — minha mãe vem em direção a Daniel. — Nunca mais encoste um dedo na minha filha está me ouvindo rapaz? — ele fica em silêncio. Daniel toca em minha mão, e com um simples toque ele consegue dizer “fica bem”.

— Você não tem esse direito de se intrometer assim em minha vida! — falei irritada.

— Tenho, sou a sua mãe!

— E eu a sua filha! Será que não tenho o direito de saber quem é seu novo “namoradinho”? — ela vai para o quarto sem dá satisfações.

E eu... Eu estava bem. Estava namorando com Daniel, namorando... Puxa, eu nunca tinha namorado antes. Já fiquei com poucos garotos, sempre me prendi a esse romantismo bobo, e deixei de “aproveitar a vida” como “as meninas” dizem, “as meninas” que ficaram com a metade da escola, “as meninas” que tiraram a virgindade com o primeiro garoto que viu na rua. Se aproveitar a vida for isso, prefiro esperar o cara certo.

No dia seguinte levanto ansiosa pra ir pra escola, claro... Pra ver Daniel. Me arrumo cedo e nem espero minha mãe terminar o almoço, resolvo comer alguma coisa na cantina da escola pra não ter que esbarrar com ela e ter mais uma discussão. A comida da cantina era horrível, mas valia o esforço.

A campainha toca e eu corro pra atender. Era Pedro. Ele me abraça e fala:

— Vamos a pé hoje. O ônibus da escola quebrou.

— Putz... Só porque hoje eu queria chegar cedo isso acontece. — risos.

O trajeto era um pouco longe, mas a gente ia conversando então parecia ser perto.

— Como vai o namoro Gabi? — Pedro diz curioso.

— Ah num sei... Daniel é mais velho, deve gostar de sair, não sei como isso vai ser. Espera, agora que eu dei de conta. Eu não sei nada sobre ele. — Lembrei de suas palavras na noite anterior. “Gabi, tem umas coisas que você não sabe da minha vida. Eu não quero forçar a barra então aos poucos eu vou te contando ta?”

— E porque você aceitou esse namoro garota?

— Porque eu amo ele. E você? Sabe alguma coisa da Luiza? — ele fica calado, acho que pra gente não discutir.

Chego na escola. Todos me olham da cabeça aos pés e comentam baixinho: “Olha a nova namorada do Daniel”, “Ela é feia”, “Ele é muito gato, ela não merece ele”, “Fazem um casal bonitinho”, “Que menina sortuda”... Sabia que ia ter que aturar o julgamento das pessoas, abaixo a cabeça e a primeira pessoa que eu esbarro é Melissa, parecia que estava me esperando.

— Gabi! Sabia que o Dani não vem hoje? — “Dani?”, mas que intimidade era essa? Ela ta aprontando!

— Não, não sabia. Como você sabe? — fico enciumada.

— A mãe dele está doente.

— Doente de que?

— Menina, você não sabe nada do seu namorado hein? Ela tem câncer. — Câncer? Câncer? Aquelas palavras vinham na minha mente. Coitado do Daniel, mas como que ele não tinha me contado uma coisa tão seria? Eu tinha que fazer alguma coisa.

— Melissa, eu sei que você não gosta de mim, mas por favor me leva na casa dele. Por favor. — imploro.

— Ok. Vamos lá. — tivemos que pegar dois ônibus. Melissa não fala nada, fica em total silêncio. Ela só queria acabar com o meu namoro com Daniel. Chegamos na tal casa. Era enorme, dava três casas da minha. Tinha até seguranças na porta. Ela entra parecendo que era uma visita freqüente, como se fosse amiga da família. Vejo Daniel no jardim, pegando alguma coisa.

— Daniel! — grito.

— Gabi? Melissa? Vocês aqui? — fica surpreso.

— A gente precisa conversar. — pego em sua mão.

— Trouxe a cinderela pra te ver. — Melissa diz irônica.

— Gabi, preciso te falar uma coisa. Minha mãe tem câncer, eu tenho que cuidar dela. Uma hora dessas meu pai deve ta na cama com outra mulher. Eu não tenho ninguém Gabi. Só você. Desculpa não ter te falado... Mas, eu não tive coragem, as palavras não saiam. — ele chora que chega até soluçar. Fecho os olhos e abraço-o fortemente. Meu coração fica apertado, sem saber o que falar. Sem saber como consolá-lo. Naquele momento, se desse pra mim roubar a dor dele eu roubaria.

— Vai ficar tudo bem. Eu vou está contigo. — meus olhos enchem de lágrimas.

— Quero te apresentar minha mãe, ela é uma pessoa maravilhosa. Vai adorar te conhecer. — ele abre um lindo sorriso.

A casa dele era enorme que dava pra se perder. Melissa fica do lado de fora, preferiu não entrar, claro, pois o plano dela tava dando errado. Lá tinha muitas empregadas, mas Daniel parecia sozinho no meio de tanta gente trabalhando. A gente entra no quarto dela, ela tinha perdido seus cabelos, tava muito magra que me surpreendi com a sua fraqueza, tão abatida. Estava almoçando, mas parecia não ter comido quase nada. A cena me faz ter vontade de chorar. Ela faz força pra falar:

— Quem é essa bela moça?

— Minha namorada, mãe. — Daniel responde emocionado. Ela sorrir querendo dizer “prazer”.

— Que menina linda! Você é a Gabriely não é? Me chamo Sophia. O Daniel me falou muito de você. Fazem um lindo casal. — rir, mas tosse em seguida.

— Obrigada. Eu gosto muito do seu filho. — Daniel me olha encantado. Sorriu segurando o choro. Uma mulher tão fraca, tão jovem, com tanta coisa pra aproveitar na vida e está nesse estado. E eu aqui reclamando da minha vida. Meu Deus, quanta falta de agradecimento a minha.

— Senta aqui. Quero conversar com você. — sento do seu lado. Ela conta histórias de Daniel quando pequeno, de suas travessuras... O tempo passa e eu nem percebo.

— Eu tenho que ir agora. Ta ficando tarde. Foi um prazer te conhecer. Venho sempre te visitar quando dê. — Eu a abraço. Daniel me acompanha até a porta e pede pra me levarem pra casa. Melissa já tinha ido, não agüentou a espera.

— Eu quero te falar uma coisa. — ele diz olhando atentamente em meus olhos. — Obrigado por tudo Gabi, você é o meu anjo. — eu o beijo apaixonadamente. Entro no carro e olho pro relógio, a aula na escola não havia acabado ainda, então, decidi ir direto pra casa, dizer a minha mãe que a aula tinha terminado mais cedo não ia fazer mal, uma mentirinha não ia matar ninguém. Subo as escadas querendo me desculpar por tudo que tinha dito pra ela, queria que tudo desse certo dali adiante. Achei que não havia ninguém em casa, mas lembrei que ela sempre dorme naquele horário. Abri o seu quarto e me surpreendi.

— Mãe? Quem é esse homem? — Estavam dormindo juntos. Ela acorda assustada.

— Gabriely? — fica nervosa. O homem acorda e olha pra mim serrando os olhos. Era o pai de Daniel! Lembro dele quando Daniel estava drogado e ele apareceu. Mas, como assim? Tinha que ser justo com minha mãe?


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Notas finais do capítulo

Continuem lendo ;D