Meu Priminho Preferido escrita por gabwritter


Capítulo 8
Capítulo 7


Notas iniciais do capítulo

Mais um!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/340255/chapter/8

Ele me amava e eu o amava, e isso era mais que suficiente.

Mas é claro que valia a pena! Como eu pude pensar o contrário?

Saí como um jato do quarto, passando rapidamente pelo meu apenas para pegar minha bolsa juntamente com a chave do carro.

Eu estava dirigindo a caminho da minha felicidade.

Ouvindo minha mãe gritar perguntando para onde eu iria, passei correndo pela sala em direção ao meu carro. No instante em que eu saía da propriedade, meu pai chegava. Ele ainda buzinou, mas não fiz questão de parar. Eu finalmente tinha me decidido e não queria distrações até que eu estivesse frente a frente com Edward dizendo que eu era uma tola e o queria pra mim.

O trânsito não colaborou. Maldita Los Angeles! Enquanto estava parada na rodovia, eu pensava o que eu diria a ele. Ah, foda-se! Ele que não esperasse um discurso presidencial, já era demais eu estar atropelando a mim e a todos ao meu redor com essa atitude.

Quarenta e cinco minutos depois eu estacionei o carro em frente a casa de Alice. Agora que eu estava aqui o nervosismo aflorou dentro de mim. Abaixei o vidro do carro e apertei o botãozinho do interfone.

– Pois não? – uma voz feminina atendeu em seguida. – Poderia se identificar?

– Isabella Higginbotham. – optei por usar o nome da família, assim seja lá quem tivesse atendido me liberaria mais fácil.

Os portões pretos de mais de dois metros de altura se abriram revelando a casa de vidro que a peculiar Alice morava. A casa havia sido presente de Esme, numa tentativa de manter a filha na cidade, já que na época Alice colocou na cabeça que se mudaria para New York com o irmão. Ainda me lembro de quando minha prima ganhou as chaves da casa dos pais, eu estava presente neste dia. Alice ficou emburrada e disse que os pais estavam tentando compra-la, e ousou dizer que ela não queria o presente. Esme não desistiu e insistiu que a filha conhecesse a casa antes de tomar qualquer decisão. Dito e feito, bastou que Alice deslumbrasse a casa por fora para decidir aceitar o presente e desistir de ir embora.

 Desci do carro antes que qualquer pensamento pessimista me fizesse voltar atrás e apertei a campainha. Um minuto depois uma senhora de cabelos grisalhos e rosto terno atendeu a porta.

– Boa tarde. – ela disse cortês.

– Boa tarde, hmm, Edward está aí? – perguntei espiando sobre seus ombros, mas ninguém estava a vista.

– Senhora Bella, não? – fiz que sim com a cabeça. – A reconheci dos porta-retratos. Entre, senhora, fique a vontade.

Ela esperou que eu entrasse para fechar a porta que, destoando do resto da casa, era de madeira negra. Sentei em um dos sofás coloridos dispostos de modo meticuloso no centro da sala de estar. A senhora havia desaparecido. A sala da residência era algo que só se via em revistas de decoração, não tinha paredes e sim vidros. Cortinas brancas eram penduradas no teto dando privacidade quando fosse necessário. Os móveis eram todos de madeira negra, contrastando com os objeitos metálicos que adornavam o local. O único toque de cor eram os sofás, que mais pareciam um arco-íris em forma de assento e funcionavam perfeitamente para amenizar a neutralidade do ambiente. O melhor, sem dúvidas, era a vista. Os vidros possibilitavam a visão do perfeito jardim de Alice. A grama era cortada baixa e extremamente verde completavam a deslumbrante decoração da casa.

– Bella? – ouvi a voz de Alice. – Que surpresa! Por pouco não me achava, eu acabei de chegar.  – ela apareceu de um dos corredores com seu sorriso de fada e um longo vestido branco com um cinto dourado metálico abaixo do busto, me deu um beijo na bochecha sentando-se ao meu lado. – A que devo a honra de sua ilustre visita?

– Na verdade eu estou procurando o seu irmão.

– Oh, Bella. – seu sorriso sumiu e sua voz assumiu um tom melancólico. – Eu acabei de chegar do aeroporto. Edward voltou para New York.

Um aperto no coração foi o que eu senti.

– Como assim, Alice? Ele me ligou um pouco mais cedo pedindo pra conversar e... – ela me interrompeu.

– E no instante que você terminou aquela ligação ele ligou para a companhia aérea e pediu uma passagem pro primeiro voo que tivesse disponível. – ela falava mansa, mas com uma acusação na voz, me fazendo suspeitar que ela tivesse ouvido nossa conversa no telefone e quão estúpida eu havia sido com ele.

– Eu não acredito nisso! – falei exasperada. – Eu não posso acreditar, Alice. Quando eu finalmente decido abandonar o mundo e me entregar pra ele, isso acontece.

– Talvez seja um pouco tarde para isso, Bella. – ela disse ainda com o tom acusatório.

– O que você quer dizer com isso?

– Quero dizer que por mais que eu te ame, ele é meu irmão e eu não vou deixar que você o trate mal. Eu ouvi o que você disse a ele. Meu irmão te ama, estava disposto a enfrentar a tudo e a todos por você e você o desmoraliza, o trata daquela forma.

– EU ME ARREPENDI! Não vê? Por que acha que estou aqui atrás dele?

– Como eu disse, é tarde demais. – abaixei a cabeça sem coragem de encará-la. Eu queria bater em Alice, mas tinha a consciência de que ela estava certa. A única errada na história toda era eu. – Me desculpe, Bella. Eu me deixei levar pela raiva. – ela puxou minhas mãos e as segurou em seu colo. – Eu só não aguentei ver meu irmão chorando e tomei suas dores.

– Tudo bem, Alice. – murmurei, ainda sem coragem de encarar seus olhos.

– Me desculpe de verdade. Eu te entendo. Compreendo como deve estar sendo difícil pra você, ainda mais depois dessas fotos que vazaram hoje. Eu só não consegui frear minha língua. Prima, olhe pra mim. – fiz o que ela pediu. – Me desculpe, sim?

Assenti começando a chorar. Eu estava me tornando um chorona de primeira classe esses últimos meses, mas não tinha como evitar. De ímpeto senti ela me abraçar. Devolvi o abraço aproveitando o colo da minha melhor amiga.

Alice era, além de minha prima, minha melhor amiga e confidente. Sempre ao meu lado, ela me apoiava em todas as minhas decisões, independente de qualquer coisa. Quando éramos pequenas sempre levávamos broncas juntas, sempre metidas nas piores confusões juntamente com Emmett, que apesar de ser meu primo mais velho e irmão de Alice, seu espírito infantil sempre o trazia para nossos rolos. Éramos o trio parada dura, como Emm nos apelidava. Éramos inseparáveis, até que Emmett começou a namorar e se distanciou. Sobramos eu e Alice para infernizar a vida regrada dos Higginbotham. Minha mãe não ligava, achava graça de nossas artimanhas e nos acobertava toda vez que tinha a oportunidade. Já Esme não. Ela colocava Alice de castigo e a proibia até de sair de seu quarto, tudo porque, segundo ela, Alice era uma moça da alta sociedade e deveria se comportar como tal. Claro que eu não preciso dizer quem é a filha preferida da Dona Eleanor.

– Calma, Bellinha. Tudo vai se resolver. – ela dizia afagando meus cabelos e me apertando mais quando meu corpo pulava em consequência dos meus soluços. – Vamos esperar dar o tempo de o avião pousar. Daí você fala com ele.

– Isso... Isso é um sinal, Allie. Um sinal que eu não devo ceder, que eu devo ficar longe dele.

– Ah, superstição agora não, por favor! – seu tom de voz me repreendia. – Seu celular está aí? Pegue-o.

Me separei dela para abrir minha bolsa e pegar o celular.

– Agora ligue pra ele, deixe um recado na caixa de mensagens e seja convincente. Te espero na cozinha. – ela saiu me dando a privacidade para me declarar a ele por celular.

Respirei fundo algumas vezes para me acalmar antes de discar os números que se gravaram na minha mente desde a primeira vez que eu os digitei.

– Oi, você ligou para Edward Cullen. No momento não posso atender, deixe seu recado e eu retornarei assim que possível. Obrigado.  – sua voz, mesmo que na gravação, fez meu corpo estremecer e, agora que eu estava decidida a tê-lo, não via a hora de ouvir essa mesma voz sussurrando nos meus ouvidos.

– Hm, Ed, é Bella. Eu... – suspirei sem saber quais palavras usar. – Eu estou na casa de Alice, vim aqui procurar você e ela me disse que tinha acabado de lhe deixar no aeroporto. – minha voz estava rouca devido ao choro. – Eu.. Bem, eu queria conversar com você... Me desculpar pelo jeito que lhe tratei mais cedo e... Ah, Edward, eu vim aqui para enfim lhe dizer que eu já não suporto mais a distância entre nós. – resolvi falar a verdade e o motivo da minha ligação de uma vez. – Eu não sei onde eu chegaria negando você, mas isso é algo que não posso fazer mais. Eu te amo. Eu te amo e te quero pra mim. Estou disposta a lutar contra tudo por você. Eu sei que errei muito contigo e espero de verdade que você possa me perdoar. Sei também que você deve ter sofrido muito mais que eu diante da minha falsa rejeição mas... Me perdoa, meu amor. Eu fui uma tola tentando ficar longe de você quando na verdade a única coisa que eu quero é estar ao seu lado. Eu te amo, Ed, muito! Passar aqueles dias com você em New York foi mágico, foram os melhores dias da minha vida. Maluca foi o que eu fui por me afastar de você, mas eu estou pagando pelas minhas atitudes. Eu enfim compreendi que ficar longe de ti só me faz mal, prova disso é a vida miserável que estou levando desde que desembarquei no LAX há alguns meses atrás. Por favor, me ligue assim que ouvir essa mensagem, nem que seja para me xingar ou dizer que não me quer mais, que me odeia, mas não me deixe nessa agonia que eu estou agora não sabendo o que você está pensando de mim. Não esquece: eu te amo e também não vou desistir de você.

Terminei a ligação contente com minhas palavras, acho que estava bom por hora. Me dirigi até a cozinha encontrando Alice com a “barriga no fogão” fazendo brigadeiro.

– Já que estamos as duas na merda, nada melhor que um brigadeiro pra celebrar. – ela se explicou diante da minha feição inquisitiva.

– Estou precisando mesmo, amiga. – Eu e Allie nos tratávamos assim. Nos considerávamos mais amigas do que primas. – Eu sei que eu estou na merda, mas você...?

– Terminei com Jasper ontem a noite. – ela disse como quem não quer nada.

– VOCÊ O QUE?

– Na verdade, foi ele quem terminou comigo. – ela continuava despreocupada.

Fechei minha boca que estava aberta pelo choque de seu comunicado. Alice e Jasper namoravam há dois anos e se amavam mais que tudo. Era nítido o amor entre eles. Faziam tudo juntos, viviam um para o outro. Eu simplesmente não podia acreditar. Era impossível que algum dos dois tivesse coragem de acabar o relacionamento.

– Como assim, Allie? O que aconteceu?

– Ah, Bella, eu estou tão puta com essa situação toda que nem triste eu consigo ficar. Se lembra que eu te falei que Jasper queria casar por pressão da mãe dele? – assenti positivamente esperando ela continuar. – Então, ontem a gente tava aqui em casa assistindo um filme, estava aquele clima leve de sempre, até ele começar esse assunto de casamento de novo. Poxa, eu ainda tenho vinte e três anos. Eu o amo, mas não quero me casar agora. Ainda mais por pressão daquela bruaca velha da minha sogra.

Alice vivia esse dilema há uns quatro meses. Ela se considerava jovem demais para casar, queria aproveitar mais a vida, claro, com Jasper ao lado, mas não via a necessidade de um casamento, não agora. Mas os Whitlock era como os Higginbotham, prezavam a moral e os bons costumes. O casamento era mais uma “tradição” a ser seguida.

– Não é como se eu não quisesse me casar nunca. Mas porra, ele tem que entender o meu lado. Jasper começou a namorar comigo já sabendo como eu era, como eu sou. Desde o início ele sabia não encontraria uma mocinha submissa ao sobrenome, e ele disse que não se importava, que ele estava comigo justamente por eu ser quem eu sou. E agora me vem com essa palhaçada de “ou aceita se casar comigo ou terminamos aqui”. Acho que você já sabe a minha resposta.

– Você deve estar acabada, amiga. E eu aqui te dando mais trabalho. – eu estava constrangida por não dar a devida atenção que ela merecia, muito pelo contrário, eu só criava mais problemas para ela.

– Não estou, Bella. A raiva que eu estou sentindo dele é tão grande que a tristeza ‘tá passando longe de mim.  – ela dizia mexendo a colher na panela com mais força, transpassando sua raiva em suas ações. – Aquele animal! Argh!

Seria cômico se não fosse uma desgraça. Alice bufava e se desfazia em palavras de baixo calão. Acabei soltando um risinho sem conseguir me controlar.

– Fico feliz em saber que minha desgraça lhe diverte. – ela disse irônica.

– Desculpa, - soltei entre risos. – mas você fica realmente engraçada dizendo essas coisas. – ela só bufou mais.

– Acabei, amém! – ele elevou as mãos para cima como se estivesse agradecendo pela melhor das dádivas. – Parece que tudo está contra mim, até esse chocolate que demorou demais pra ficar pronto. – ela virou o brigadeiro num prato que já estava separado e meteu o dedo na panela. – Porra!

– Você é muito jegue mesmo, ein. – essa só revirou os olhos e voltou a chupar o dedo vermelho pela queimadura recém adquirida.

– Eu só não te mato porque eu te amo, sua vaca! – dei de ombros sem ligar para suas ofensas. Peguei o prato com o brigadeiro e o coloquei no freezer.

– Allie, quem era aquela senhora que atendeu a porta? Eu nunca a vi aqui.

– Ah, aquela é a Dona Lucy. Um amor de pessoa. Minha mãe a contratou para cuidar de mim, já sabe como Esme é. Mas não reclamo, ela cozinha bem demais. E nada como encontrar sua casa arrumada e cheirosa quando chega do trabalho, né?

Alice era decoradora de interiores, por isso sua casa era o estopim da decoração. Ela era a vice presidente da Dekoration, a empresa de decoração dos Higginbotham. Eu era a única Higginbotham que não trabalhava em alguma empresa da família, algo que incomodava e muito minha avó. Eu era a exceção para tudo. Todos os meus parentes tinham formação em universidades da Ivy League, menos eu, que havia feito inúmeros cursos de teatro em busca do meu sonho.

– Deixei gravado na televisão o filme Diário de Uma Paixão, mas estava tomando coragem pra assistir. Hoje você vai aguentar a barra comigo.

Aceitei o convite que mais parecia uma ordem dela e após esperar um pouco o brigadeiro esfriar, fomos para o mini cinema que havia na casa dela.

Duas horas e três minutos depois, estávamos as duas com os olhos e narizes completamente vermelhos, Alice soluçava e eu a acompanhava.

– Ah, Bella, que lindo, que lindo, que lindo... OH MY GOD, que lindo! – ela repetia sem parar, inconformada com tamanho amor. – Bella, olha pra mim, me diga como eu estou. – reparei seus lábios tremendo e o nariz estava ficando, se possível, mais vermelho.

– Uma ogra! – rimos buscando um pouco de descontração. – Como é possível, Allie, como é possível um amor desses? Eles passaram sete anos separados, ele escreveu um ano pra ela, todos os dias, 365 cartas... E o fato de ele continuar ao lado dela mesma quando ela não se lembrava nem dele e nem da família. E esse final? Será que eles morreram? E aquela cena dos cisnes? Tudo tão lindo! Ele até fez a casa que ela queria...

– Eu sei, Bella, eu sei! Como eu queria um amor desses pra mim... – ela ficou angustiada. – Mas não, tudo que eu tenho é um homem que diz me amar mas não enfrenta a família para isso demonstrar o oposto.

Me identifiquei com Jasper, afinal, até algumas horas atrás eu fazia a mesma coisa que ele.

– Alice, dê tempo ao tempo, daqui a pouco Jasper cai em si, assim como eu, e volta correndo pra você.

– Eu espero, Bella, porque até agora eu ‘to levando tudo na calma, sendo paciente, não estou me desesperando. Porque se ele me ama como diz que ama, ele vai voltar.

Encarei o relógio notando que ainda faltavam mais ou menos duas horas até que Edward chegasse em New York e ouvisse minhas mensagens.

– Sabe como eu estou me sentindo, amiga? – voltei minha atenção a ela.

– Como, Lice?

– Eu to me sentindo a bosta da mosca do cocô do cavalo do bandido. – com essa eu não tive como me conter, explodi numa sonora gargalhada. – E você ainda fica rindo? To muito bem acompanhada...

– Ô meu deus, olha o drama.

– Olha o drama o caralho, eu fui dispensada!

Taquei a almofada na cabeça dela pra ver se ela parava de falar besteiras.

– Sua bruta! – ela me xingou.

Ficamos conversando bobagens e nem vi o tempo passar. Olhei para o prato que continha o chocolate e tudo o que vi foi o prato limpo e duas colheres. Instantaneamente senti uma pontada em minha barriga.

– Puta que pariu! – saí em disparada em direção ao banheiro sentindo a dor em minha barriga aumentar. Ouvi as gargalhadas de Alice enquanto eu me aliviava. Lavei as mãos e voltei à sala. – Eu juro que mais dois segundos e eu ia sujar esse estofado.

– Credo, sua imunda! – eu já ia responder seu insulto quando ouvi meu celular tocando.

Corri até a sala de estar procurando por ele. O encontrei em cima da mesa de centro e ali na tela, materializado em letras, estava o nome o causador das minhas noites sem sono, das minhas lágrimas e dos meus sorrisos, estava ali o nome do amor da minha vida: Edward.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

AAH, estou muito feliz com os comentários. Apesar de poucos, me motivam a escrever mais pra vocês.

I hope you enjoy!