Meu Priminho Preferido escrita por gabwritter


Capítulo 37
Capítulo 35


Notas iniciais do capítulo

HEEY, BABIES. Mais um cap pra vocês!



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O limite da velocidade fora excedido e eu acelerava cada vez mais tentando fugir daqueles abutres, mas estava difícil. As ruas estreitas da área em que eu estava dificultavam minha fuga. Um dos carros que me seguiam conseguiu emparelhar ao meu lado e o fotógrafo quase se dependurava na janela tentando tirar uma foto minha enquanto outro homem dirigia o carro. Acelerei mais um pouco e o carro a minha frente freou de repente, o carro ao meu lado com os fotógrafos também freou e, talvez numa tentativa de evitar bater no carro da frente, se jogou pra cima de mim. Por reflexo eu também joguei o carro pra esquerda e só senti o forte impacto do Bentley atingindo o poste que estava à frente. O air bag acionou, mas não saiu completamente e fora inevitável o impacto da minha cabeça no volante do carro. Tentei levantar a cabeça e ver o que se passava ao meu redor. Um cheiro de queimado entrou por minhas narinas e a tontura me atingiu. Tentei enxergar mais uma vez alguma coisa mais a dor tornou-se excruciante e então tudo se apagou.

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Eu sentia meu sono ficando mais leve e mais leve. A sensação incômoda se alastrou por meu corpo sem minha permissão. Meu olfato captou o cheiro forte e único que só um hospital possuía e então eu lembrei de tudo.

A mensagem de Jane, a reportagem sobre Edward e sua possível família, os paparazzi, o barulho de freio e o Bentley se chocando ao poste de luz que havia naquela esquina. Uma violenta pontada fez-se presente em minha cabeça quando eu tentei me mexer minimamente. A garganta seca indicava a falta de líquido que eu estava querendo com ansiedade. Meus olhos pesados me impediam de ver o que se passava ao meu redor. Ouvi um barulho de porta abrindo e fiquei atenta.

– Meu filho. – reconheci a voz da minha mãe. Era uma voz opaca e cansada. Um longo suspiro se fez presente e eu não soube dizer se era vindo dela. – Vá comer alguma coisa, por favor. – Uma voz mais grossa murmurou um “não quero” e reconheci um tsc tsc típico daqueles que Renée soltava quando era contrariada. – Você sabe que quando ela acordar e souber que você não saiu deste quarto desde que chegou e que não se alimentou direito, ela vai soltar os cachorros em cima de você. – ela tentou soar mais divertida. – Edward...

– Tia, não, por favor. – ele implorou e eu identifiquei uma tristeza profunda em seu tom. Nunca escutara Edward falar com tanta dor, tanta angústia.

– Edward... – ouvi o leve ruído que o calçado fazia no chão e logo o silêncio. – Você não tem culpa...

– Eu sei que não, mas é impossível não imaginar como seria se... – ele se interrompeu e, após um breve momento de calmaria, eu ouvi o seu choro.

Meu coração se apertou e mais uma vez eu tentei abrir meus olhos e lhe dizer que eu estava “bem”, que ele na precisava se sentir dessa forma. Eu entendia sua aflição, eu também ficaria mortificada caso algo acontecesse a ele.

Minha mãe lhe pediu calma e seu choro ficou abafado, talvez porque ele estivesse tentando sufocá-lo ou porque Renée o abraçava.

– Ela não merece, tia. Não merece! – com dificuldade discerni essas palavras em meio ao seu pranto. Como eu queria afagá-lo e lhe dar o meu amor. Como eu queria lhe dizer que não havia o porquê ficar assim, eu já estava acordada, que meu corpo estava bem e que... estaquei. O desespero se apossou de mim sem que eu permitisse, a letargia deu lugar à exasperação e eu fiquei alucinada querendo obter o controle do meu corpo. Por que eu não conseguia abrir os olhos? Por que eu não conseguia gritar? E se eu tivesse perdido os movimentos? Não! Não!

– Não! – ouvi o som da minha própria voz saindo e me acalmei um pouco mais quando percebi que havia sucedido em tentar “reviver”.

– Bella! – os telespectadores gritaram e eu senti que eles se aproximaram. Por fim consegui abrir meus olhos, mas a escuridão continuava lá. Me agoniei com a possibilidade de eu estar cega.

– Não! Não! Não! – eu gritava loucamente. Tirei forças não sei de onde e comecei a me debater na cama. Senti mãos firmes me segurando, mas a essa hora eu já estava delirando com a chance da cegueira. – AAAAAAAAH! – gritei desmedidamente.

– Bella, amor, calma! Está doendo? – Edward falou muito próximo a mim.

– AAAAH! – berrei novamente.

– Renée, chame o médico! – ele falou com urgência. – Bella, se acalme, por favor, o médico está vindo. Calma, amor.

– Edward. – chamei com a voz trêmula.

– Sou eu. Shi, o médico está vindo. – senti um carinho fraco em meus cabelos.

– O que houve? – uma voz mais grave perguntou e eu logo reconheci o médico, Dr. Campbell, o que sempre cuidava de algum enfermo em nossa família.

– Ela começou a gritar. – Edward respondeu agitado.

– Isabella, você está sentindo alguma dor? – o médico indagou.

– Não.

– Então qual o motivo dos gritos?

– Eu não consigo enxergar! Não vejo nada! – falei, voltando a me desesperar.

– Acalme-se. Há uma venda nos seus olhos. – ele falou simplesmente e de repente me senti ridícula com minha atitude, mas a sensação que me dominava era o intenso alivio que tomava conta de cada célula do meu organismo. – Você sofreu um traumatismo craniano considerado leve e que não lhe acarretou problemas neurológicos. No entanto, há uma grande corte em sua testa que necessitará de algum tratamento para desaparecer cem por cento, mas isso é fácil de se resolver e não requer medidas drásticas.

– E por que meus olhos estão vendados?

– Sua sorte foi que o air bag acionou, ou então suas concussões seriam muito maiores. Com a batida, você teve um trauma ocular que gerou o que chamados de hifema, que nada mais é do que uma lesão superficial no olho, mas que precisa ser tratada. O impacto fez com que um vaso sanguíneo do seu olho estoura-se, vazando sangue por todo o seu olho esquerdo. Foi necessário uma intervenção cirúrgica, nada grave, a situação já está controlada e seu olho já está normal, apenas um pouco avermelhado, mas isso passa com o tempo.

Enquanto o doutor me explicava o acontecido, eu me assustei inúmeras vezes, para então relaxar novamente e ter certeza de que estava bem.

– Me desculpem pela gritaria. – pedi, totalmente envergonhada da cena que eu havia representado.

– Está bem, meu bebê, isso acontece. – mamãe acariciou meu cabelo.

– Vou chamar as enfermeiras e providenciar para que tirem a venda dos seus olhos, mas a da cabeça terá de ficar por mais um tempo. – Dr. Campbell avisou e, após eu assentir, saiu da sala chamando por enfermeiras. Senti beijos em minha mão esquerda e logo ouvi uma oração advinda de dona Renée.

– Obrigada, Senhor, obrigada por salvar a minha filha. – ela agradecia. Diminuiu o tom e continuou sua reza, mas parei de me concentrar quando senti a respiração ritmada de Edward bater contra minha bochecha, e logo em seguida seus lábios se encostando à minha pele.

– Eu te amo tanto... – ele sussurrou. – Tanto... – seu rosto desceu um pouco mais e fui regalada com um leve e quase imperceptível selinho.

– Vou deixar vocês a sós. Irei avisar a todos que acordou, neném. – Renée avisou e logo saiu. No instante que se passou, senti novamente os lábios de Edward sobre os meus, mas dessa vez com mais intensidade.

– Tem noção de como eu fiquei, Bella? – ele começou. – Eu estava com Emmett num restaurante. Conversávamos sobre como seria agora que eu também administraria a sede de Los Angeles. As televisões passavam um jornal local quando eu vi seu rosto. De repente apareceram fotos de um carro contra um poste e eu logo reconheci o Bentley. Foi até engraçado, eu comecei a gritar para aumentarem o volume da televisão e, acho que por verem meu estado, todos se calaram e eu pude ouvir perfeitamente a jornalista dizer que você tinha sofrido um acidente minutos antes. O capô do carro estava em chamas e eu só fiquei mais desesperado ainda. Emmett me trouxe até aqui e eu não sai desde então.

– Eu sei. Também ouvi que o senhor não esta comendo nada? – tentei soar divertida para aliviar a tensão. – Não quero meu homem caquético e magricelo. – seu riso foi leve e descontraído, o suficiente para que meu corpo se arrepiasse ao ouvir aquele som, satisfeita por fazê-lo se sentir um pouco melhor.

– Culpado. – ele declarou.

– Se eu já pudesse enxergar, puxaria sua orelha, senhor Cullen.

– Se você pudesse fazer isso, eu deixaria, apenas para te ver acordada e me dando bronca, e não dormindo e imóvel nessa maca.

– Desculpa. – murmurei meu pedido, querendo implicitamente o perdão pelo sofrimento que lhe causei.

– Amor, sabe que não precisa se desculpar. Essa foi apenas a reação de um louco apaixonado por uma mulher e que não aceita que ela seja machucada nem por uma farpa que seja. – me emocionei com sua declaração. – Eu vou fazer algo, Bella. Tenha a certeza disso. Esses paparazzi foram longe demais. Você sofreu um acidente. Por Deus! Você perdeu o... você... – ele se interrompeu.

– Perdi o que, Edward?

– Você poderia ter perdido a vida. Esses caras constantemente estão nos causando problemas, mas dessa vez eles foram demais, amor. E dessa vez eles foram tão burros que fotografaram até mesmo o seu acidente e venderam todas as fotos para um site sensacionalista. Temos a prova de que eles provocaram o acidente, Bella. E é bom que eles se preparem para os tribunais. O advogado da família já foi solicitado.

Edward falava com tamanha convicção e raiva que eu não teria como discutir, e pra falar a verdade, eu nem queria. Também já estava farta das complicações que aquela trupe impunha à minha vida. Era hora de eles terem o merecido.

Só de recordar tudo o que eu já havia passado por culpa da mídia, minha vontade era de conseguir uma ordem que os exterminassem da face da Terra, tamanha era o descontento que eles já haviam me causado. Mas tudo que vai, volta. Logo eu me sentia mais tranquila com a situação toda.

– E como estão Tanya e Charlotte? – perguntei assim que me lembrei delas.

– Ficaram no hotel. Eu imagino que você tenha visto a reportagem.

– Vi sim, e foi por isso que comecei a correr. – a respiração de Edward se alterou um pouco.

– Bella... – ele iniciou, mas logo parou. Eu sabia que havia algo a ser dito, ele estava estranho demais, aflito demais, triste demais. – Amor...

Duas batidas na porta nos tiraram de nossa bolha. Imaginei que seriam as enfermeiras que iriam tirar a venda, mas fiquei curiosa ao sentir Edward ofegando ao meu lado.

– Quem está aí? – indaguei.

– Sou eu, Bella. – reconheci a voz de Esme e gelei. Eles ainda não tinha se encontrado, e eu não havia mais falado com ela depois da nossa conversa, não sabia como a tratar, ainda mais diante dele. Senti sua aproximação e ela agarrou minha mão solta, fazendo uma leve caricia ali. – Como você está?

– Um pouco incômoda, mas bem. – externei.

– Eu sei que minhas palavras não vão acalentar ou abrandar seu coração, mas eu realmente sinto muito pelo... – ela parou de falar de uma hora pra outra. – Pelo seu acidente. – completou após alguns segundos. – Fiquei sabendo que Edward já entrou em contato com o advogado e quero que saiba que lutarei junto com ele para dar uma lição nesses desocupados.

– Obrigada, tia.

Alguns segundos de silêncio percorreram até Esme se pronunciar novamente.

– Filho... – Esme chamou. – Eu não pretendia ter essa conversa assim com você, e nem a terei. Mas antes que você estranhe algo, eu procurei Isabella. Eu reconheci meus erros, pedi perdão. E ela me perdoou. Por tudo. – ela fez uma breve pausa. Apertei a mão de Edward que eu segurava, tentado passar a ele meu apoio. – Eu também pedirei à você, mas não aqui e não agora. Conversaremos com calma depois. Eu vou lhe explicar tudo, assim como fiz com Bella. Eu só quero que saiba que eu não mais serei um empecilho na vida de vocês, que a partir de agora vocês tem mais uma aliada.

As mãos dos dois me abandonaram e eu imaginei que eles estivessem se abraçando. Ouvi murmúrios de ambos. Edward agradecendo-a por sua atitude, Esme se desculpando por tudo. Por mais que, como minha sogra explicou, aquele não fosse o momento propício para a conversa, o que fosse falado depois seria apenas para enfatizar sua mudança em relação a nós. Agora, mãe e filho estavam unidos de novo.

– Com licença. – uma voz feminina chamou. – Vim tirar sua venda, Srta. Higginbotham. – a moça, que deveria ser a enfermeira, avisou.

– Oh, eu vou aguardar na sala de espera, então. – Esme se despediu. – E devo dizer, Bella, ela está lotada de pessoas fervorosas por lhe ver. Estão afoitos desde que Renée falou que você acordou.

– Há quanto tempo eu estava dormindo?

– O acidente foi ontem, amor. Graças a Deus você não entrou em coma. O médico previu que você acordaria hoje por essa hora, e todos vieram lhe esperar. – sorri, feliz por saber que eu tinha amigos e familiares que se preocupavam de tal forma comigo. – Há alguns fans aí fora. Estão acampados, orando por você.

– Jura? Esme, por favor, já que você vai lá fora, pode dizer a esses fans que eu estou bem e que agradeço muitíssimo pelo apoio deles? – perguntei a ela meio incerta. Ainda não tinha intimidade o suficiente com ela para fazer um pedido desses, mas ela não se importaria, se importaria?

– Claro que sim. Fique tranquila que darei o recado. Com licença. – a porta se fechou e logo a enfermeira se aproximou.

– Eu vou diminuir a intensidade da luz, assim você não estranhará a claridade. – ela comunicou. Assenti do jeito que dava e logo senti mãos leves trabalhando em meu rosto. – Não se mexa, senão posso lhe cortar.

Ela então começou a cortar a tira de gaze e pouco tempo depois me vi livre da atadura. Fechei meu olhos automaticamente, mesmo a leve intensidade da luz estava me incomodando.

– É normal esse incômodo no início, não se preocupe.

Fui abrindo os olhos lentamente até me acostumar com a claridade, pisquei mil vezes durante o processo. Assim que firmei minha visão e enxerguei tudo com nitidez, virei meu olhar até Edward e suspirei. Ficar, mesmo que por pouco tempo, sem vê-lo, me doeu. O alivio que me atingiu foi enorme e ele, percebendo isso, logo se aproximou de mim.

– Eu sempre estive aqui. Sempre estive e sempre estarei. – suas palavras funcionaram como um forte tranquilizante em meu coração. Levei minha mão até seu rosto másculo e acariciei seu queixo, sentindo a textura da barba por fazer. Seus olhos estavam em verde intenso, rodeado por olheiras roxas.

– Eu amo você. – proclamei, mais uma vez, meus sentimentos. Eu jamais me cansaria de fazer isso. Não quando o sentimento era tão verdadeiro e abundante dentro de mim.

– Eu também te amo, meu amor. – Edward me deu um rápido selinho e eu escutei o suspiro que a enfermeira tinha deixado escapar. Ela nos assistia com olhos clínicos, olhos apaixonados, nos apreciando e jamais com inveja, isso era perceptível.

– Vejo que já está livre da atadura. – Dr. Campbell entrou novamente no quarto.

– Sim, doutor.

Ele puxou uma pequena lanterna do seu jaleco e focou a luz em meus olhos. Tive como primeira reação me fechar diante daquela luz, mas aos poucos os abri novamente.

– Bem, seu olho direito está em perfeitas condições. O esquerdo ainda está avermelhado, mas receitarei um bom colírio e logo logo estará tão bem quanto o direito.

– Obrigada, doutor. – agradeci.

– Não há de quê, Isabella. Cuido de você desde que era um bebê e lhe ver bem é o que me basta. – ele sorriu paternalmente. – Mas agora vamos às recomendações. Você ficará em observação até amanhã, quando faremos uma nova tomografia apenas para certificar de que seu cérebro também está perfeito.

– Tudo bem.

– Sugiro que você descanse bastante, e não pegue pesado em nada. O trauma pode ter sido leve, mas nada impede que futuras sequelas apareçam, então, tome cuidado nesses primeiros dias. Conversei com sua nutricionista e, diante do seu estado e pelo o que passou, sua dieta vai ser alterada, mas isso ela conversará com você mais tarde. – Assenti. – Eu de fato estou feliz que você está bem, Isabella, e eu realmente sinto muito pelo bebê...

– Doutor, não... – Edward interrompeu o médico e depois se calou. Os olhares dos três se caíram sobre mim e eu os mirei confusa.

– Que bebê? – questionei alarmada.

– Oh. – o médico ofegou. – Eu não sabia, achei que já tinham contado.

Encarei Edward e ele abaixou a cabeça. Voltei a fitar o profissional à minha frente e seu olhar sobre mim era de pena.

– Não! – exclamei quando entendi o que aconteceu.

– Você estava grávida, Isabella.


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Notas finais do capítulo

Olá, meus amores, como estão? Eu estou bem, amém.

Aí está o capitulo, o que acharam? Como será a reação da Bella?

Mais uma vez, eu lhes agradeço pelos comentários. De verdade. O apoio que recebo é sensacional e indispensável para que eu continue escrevendo. Obrigada!

I hope you enjoy!