Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 52
Capítulo 52


Notas iniciais do capítulo

Desculpem-me a demora, a falta de tempo está me perseguindo até nas férias :/
Ps: E lembrando que o mesmo texto base está em Inesperado.



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Hurricane II

Capítulo 29

O navio ia avançando pela escuridão nebulosa de dentro da ilha. A neblida densa próxima à água já tomava seu lugar nos pés dos marinheiros. A familiar névoa verde percorrendo o espaço, apenas à espreita, à espera. E, no meio daquela escuridão sem fim, apenas as luzes das lanternas eram vistas. A névoa verde, extensa e espessa, ia ziguezagueando por entre os marinheiros, tomando diferentes formas e diferentes vozes para cada um deles. Uma mulher foi formada, e passou sorrindo pelo marinheiro, pai de Gael.

– Elaine? - ele perguntou, nervoso e esperançoso.

Mas ela passou direta, disperçando-se e deixando-o atordoado.

– Eu não enxergo nada. - Drinian sussurrou para Caspian. - O nevoeiro é denso demais.

Algo em Caspian se agitou, enquando ele sentia um arrepio o atravessando antes de ouvir a voz de sua própria tentação.

– Você é uma grande decepção para mim. Você se diz meu filho. Então aja como rei.

~*~

– Edmundo... - cantarolou uma voz fina e encantadora. - Venha comigo. Seja meu rei.

E a imagem de tentação de Edmundo foi formada. A Feiticeira Branca, formosa e encantadora - como uma cobra, pronta para dar o bote em sua vítima. Edmundo arregalou os olhos, perguntando-se como se livraria dela.

– Eu deixo você governar. - dizia ela, em um oferta tentadora.

A mesma oferta que ele ouvira anos atrás. A mesma em que ele caíra e acabara como traidor, a culpa o corroendo por anos. E estava ela ali novamente, fazendo a mesma oferta. Ali, na mesma balaustrada em que ele passara alguns momentos com Lena.

Lena.

Momentos antes ele havia quase implorado que ela ficasse em seu quarto para impedir que ela se machucasse. Mas, na verdade, ele queria poupá-la disso. E se ela visse os pais dela? O que ela faria? Se recordaria de que eles estavam mortos ou cairia na ladainha deles? E então Edmundo percebeu que ele mesmo estava fazendo aquilo que temia acontecer com Lena.

– Vai embora. - ele disse, numa voz firme. - Está morta.

– Não pode me matar. - dizia ela, rodeando-a, antes de se afastar pelas escadas do leme. - Eu vou viver para sempre em sua mente, seu tolo!

– Não! - exclamou ele.

– Edmundo? - ele ouviu outra voz atrás de si.

Ele virou-se rapidamente, deparando-se com Lúcia o olhando preocupada.

– Tudo bem com você? - ela perguntou, meneando a cabeça e mostrando todos os marinheiros que o encaravam após seu grito.

– Tudo. - respondeu ele, engolindo em seco com dificuldade.

Lúcia se afastou, e Edmundo respirou fundo e fechou os olhos, procurando colocar a cabeça no lugar. Até que ouviu outra voz o chamando.

– Eddie.

Ele abriu os olhos, sempre reconhecendo aquela voz doce e olhos castanho-esverdeados em qualquer lugar.

– Ellie...

– A Feiticeira? - ela perguntou, segurando as mãos dele entre as suas. Ela se lembrava bem de sua primeira conversa com ele sobre o seu passado em Nárnia, tempos atrás.

Edmundo apenas assentiu, antes que ela o tomasse em um abraço reconfortante.

~*~

Uivos. Sons de uivos esganiçados foram ouvidos fora dos limites do Peregrino da Alvorada. Os marinheiros se aproximaram das laterais, procurando por sinais de quem - ou quê - quer que fizesse aquilo.

– Voltem! - dizia uma voz rouca e levemente esganiçada. - Se afastem!

A voz vinha de algum lugar entre as rochas isoladas naquele mar.

– Quem está aí?! - gritou Edmundo.

– Não temos medo de você! - gritou Caspian.

Silêncio.

– Nem eu de vocês! - a voz gritou de volta.

Edmundo levou segundos para pensar. Se afastou do lado de Caspian e, enquanto ia em direção à Lúcia e Lena, pegou sua lanterna que estava presa junto às cordas. Assim que se acendeu, o moreno direcionou o feixe de luz pelas rochas próximas, até que encontrou quem queria. Um homem baixo e extremamente magro, com cabelos e barba longos e levemente grisalhos.

– Vão embora! - exclamou o homem, protegendo os olhos da luz repentina.

– Não vamos embora! - gritou Caspian de volta.

– Não vão me derrotar!

O homem empunhou a espada que tinha em mãos e o punho pareceu um tanto quanto familiar aos olhos de Edmundo.

– Caspian, a espada dele! - exclamou Edmundo.

O homem abaixou a espada, querendo preservar seu único bem.

– Lorde Rupe. - reconheceu Caspian, descendo as escadas do leme.

O homem andou até a beira da rocha, procurando se afastar daquela luz que cegava seus olhos acostumados à escuridão.

– Você não manda em mim! - gritou ele.

– Não ataquem! - ordenou Caspian e, assim, os arqueiros recuaram. - Vamos trazê-lo a bordo, rápido!

Dois marinheiros e um fauno pegaram algumas cordas com uma âncora amarrada, para lançar ao longe e ajudá-lo a subir a bordo. Mas nem foi preciso o esforço deles, pois logo ouviram um rugido vindo de detrás do lorde. Era Eustáquio, que pegava o homem assustado pela garras e o levava em segurança para o convés do Peregrino. Ele foi posto em segurança no navio, mas logo repeliu qualquer que estivesse tentando ajudar, amedrontado com qualquer possível ataque sobre ele.

– Se acalme, milorde. - disse Caspian, tentando se aproximar.

– Longe, demônios! - gritou o lorde, tentando repeli-los para longe com sua espada.

– Não, milorde. - disse Caspian, procurando acalmá-lo. - Não viemos ferir o senhor. Eu sou seu rei, Caspian.

– Caspian? - perguntou o homem, ainda meio delirante no meio dos marinheiros que apontavam suas armas em forma de defesa. Ele se virou para Caspian, respirando fundo e claramente atônito. De olhos arregalados, andou até ele de joelhos. Colocou dois dedos sobre o rosto de Caspian, com uma expressão de adoração e admiração. - Milorde.

Todos observavam a cena um pouco curiosos. O homem repentinamente se levantou, atônito e nervoso.

– Não devia ter vindo. Não há como sair daqui. - ele disse de modo desesperado, antes de se virar para os outros marinheiros e gritar ordens desesperadas. - Rápido, virem o barco antes que seja tarde demais!

– Já temos a espada, vamos! - concordou Edmundo.

– Dê meia-volta, Drinian. - ordenou Caspian, vendo o quanto o lorde estava desesperado com a situação.

– Sim, senhor majestade! - Drinian logo subiu em direção ao leme, e Caspian logo ia atrás, se não fosse pelo lorde lhe dizendo.

– Não pensem! - disse ele, paralisado no lugar e com o braço estendido para Caspian, que estava parado no movimento de ir atrás do capitão. - Não deixem que saibam de seus medos, ou vão se transformar!

Um flash de imaginação. Foi tudo o que Edmundo viu em sua mente, segundos antes de perceber que tudo ia pelos ares.

– Essa não. - ele murmurou, mais para si mesmo que para outros, enquanto fechava os olhos e respirava fundo, tentando tirar a imagem de sua mente.

Lena se aproximou do círculo, receosa.

– Edmundo. - disse Lúcia, desesperada ao ouvir o lamentou do irmão. - Em que foi que você pensou, afinal?

Edmundo abriu os olhos, e empalideceu após engolir em seco.

– Me desculpa! - ele pediu a todos, ao perceber que agora todos estavam em perigo por sua culpa.

Andou até o parapeito do navio, seguido por Lena. Um pedregulho ao longe se moveu, e afundou no mar até então calmo.

– Jura, Eddie? - disse Lena, com um tom de desespero irônico. Mesmo nos piores momentos, ela não perderia a graça. - Meses, Edmundo Pevensie, passamos meses no mar e você não esqueceu a droga da serpente?!

– Eu não tenho culpa, Lena! - disse ele, apertando as mãos sobre a madeira da balaustrada.

– É, não tem! - ela respondeu ironicamente. - A culpa é minha por não ter colocado outro medo menos apavorante na sua mente até agora!

Algo forte se chocou contra o navio, dando-lhe uma sacudida, e os marinheiros foram ao chão. Mesmo irritado com as piadas fora de hora de Lena, Edmundo se adiantou e a ajudou a levantar.

– Você está bem? - ele perguntou, preocupado.

Lena apenas assentiu, preparando-se por algo mais.


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