Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 48
Capítulo 48




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Hurricane II

Capítulo 25

Era linda.

E grande.

A Ilha de Ramandu se estendia diante dos olhos maravilhados de Lena, no dia seguinte. Ela mal acreditara quando o vigia do dia gritara "terra à vista" de modo tão animado. Parecia um sonho se estendendo diante de seus olhos. Lena estava apoiada sobre a balaustrada lateral do navio, um pouco distante dos outros. Virou-se a tripulação amontoada no convés, e reconheceu algumas expressões nas faces de seus companheiros de viagem. Medo. Apreensão. Ansiedade. Nervosismo. Maravilha. Admiração. Surpresa. Desconfiança. Assombro.

Lena, porém, quando voltou a percorrer o olhar pela espantosa ilha à sua frente - as montanhas rochosas, cercadas por árvores dos mais variados tipos; as cachoeiras que abriam espaços entre as montanhas, procurando um jeito de escoar suas águas cristalinas para o mar logo abaixo; a estrela azul brilhando incessantemente acima de tudo, criando uma imagem deslumbrante ao pôr-do-sol - percebeu que não era isso exatamente que ela sentia. Deslumbramento? Sim. Surpresa? Sim. Encanto? Sim. Receio? Sim.

Um pouco de tudo? Também.

Mas o que Lena mais sentia ao ver aquela ilha, era uma esperança crescente. Uma esperança de que os pesadelos parassem de assombrá-la. Uma esperança de que a loucura que ela sentia a espreitando fosse afastada definitivamente.

– Lena.

Lena deu um pulo no lugar, surpresa e assustada quando sentiu uma mão pousando levemente em seu braços. Ela virou-se, e deu de cara com uma expressão divertida de Lúcia.

– Desculpe. - a menor pediu, tentando disfarçar uma risada.

Lena bufou, constrangida. - O que foi, Lu?

– Sabe, Lena, Caspian já chamou para descermos à ilha. Só falta você.

Lena ficou verdadeiramente contrangida, sentindo as bochechas queimando, enquanto seguia Lúcia a um dos dois botes que desceriam à Ilha de Ramandu. Sentou-se ao lado de Lúcia, de frente para Edmundo, Colin e Caspian, mas evitou qualquer tipo de olhar direcionado.

– O que foi, Lena? - perguntou Caspian, ao reparar na atitude estranha da amiga.

– Nada. - ela respondeu simplesmente.

Lúcia soltou uma risada, e Lena a olhou levemente furiosa.

– Lúcia! - repreendeu, irritada.

– O que foi? - a menor perguntou ironicamente.

Lena bufou de novo e se virou para ilha que se aproximava cada vez mais. Edmundo e Caspian trocaram um olhar confuso, mas acabaram achando graça da atitude da menina. Minutos depois, eles desembarcaram na ilha e caminharam pelas trilhas que levavam para dentro da ilha. A trilha fazia várias curvas por entre as paredes de montanha, e se inclinava, subindo. Andaram e andaram, quase chegando a lugar nenhum, e a noite se iniciava acima deles. Em certo momento, eles atravessaram uma ponte antiga de mármore. Velha, cheira de rachadura e coberta de musgo. Em suas laterais, estátuas de aves desconhecidas eram assustadoras à luz do luar e da lanterna de Edmundo.

Lena, porém, evitava ao máximo mostrar seu medo. Não um medo em si, mas aquela cena chegava a ser assustadora. Era uma calma que chegava a assustar - e quem sabe enganar - mais do que as Ilhas Solitárias. Se lá havia mafiosos escondidos, o que ali teria? E então, eles finalmente desembocaram no fim da trilha. Uma árvore grande e ressecada. Sua raíz partia-se em duas, dando abertura para o que pareceu ser um salão de jantar. Edmundo foi o primeiro a passar e Caspian foi logo em seguida. Lena e Lúcia trocaram um olhar desconfiado e receoso antes de cruzarem juntas o portal.

Ali, no centro do piso de mármore, estava uma mesa. Grande, velha e de pedra. Cheia de alimento, como se tivesse sido posta há segundos atrás. O banquete parecia saboroso e irresistível, que deu água na boca dos marinheiros. Mas o que mais chamou a atenção de Edmundo foi o outro lado da mesa, onde, aparentemente, haviam três cadeiras ocupadas. Edmundo passou a luz da lanterna por ali e deu um pulo para trás. Pessoas, eram realmente pessoas. Barbudos e com longos cabelos brancos, eles estavam cobertos por ramagens e ervas que cresceram. Caspian e Lúcia empunharam as espadas com o susto do movimento brusco do menino. Edmundo se aproximou novamente, cauteloso. Um fio. Um único de cabelo em frente ao nariz de um deles se mexia. Céus! Estavam vivos! E respirando!

– Lorde Rivilian. - anunciou Caspian, depois de se aproximar de um dos homens sentados e analisar o anel dele. - Lorde Mavramorn. Lorde Argos.

Os marinheiros embainharam novamente suas espadas, mesmo ainta levemente receosos. Lúcia tirou os cabelos da frente do rosto do último Lorde dito por Caspian. Lúcia tentou puxar o cabelo mais para trás mas a cabeça do homem se moveu de acordo com o movimento da mão da menina, esta retirou a mão apressadamente, assustada. Ela tinha a respiração rápida e os olhos agitados. Caspian aproximou-se mais.

– Ele está respirando. - ele disse.

– Eles também. - disse Edmundo, apontando a lanterna o lorde ao seu lado. - Estão enfeitiçados.

– É a comida! - exclamou Caspian, de repente, e todos se afastaram da mesa, como se nela tivessem insetos.

– Espera. É a faca de pedra. - disse Edmundo, apontando a lanterna para uma faca posta sobre a mesa. - É a Mesa de Aslam!

– As espadas deles! - disse Caspian, desembainhando a espada de um dos lordes sobre a mesa.

Depois de colocaram as espadas que tinham sobre a mesa, formando um leve desenho de uma estrela, eles se afastaram, observando a colocação.

– Tem seis. - Edmundo comentou.

– Ainda falta uma. - completou Caspian.

As espadas começaram a brilhar em um nítido azul celeste, mas Lúcia percebeu que não era uma luz própria delas. Olhou para cima, por entre as ramagens e galhos, e viu a estrela azul brilhando como nunca.

– Olhem! - exclamou, chamando a atenção de todos.

Todos os olhares levantaram-se e perceberam a estrela azul descendo entre os galhos. As majestades afastavam-se aos poucos dos três dorminhocos com os olhos presos na estrela que descia aos poucos. Caspian retirou sua espada. Edmundo, Lena e Lúcia já não tinham mais nenhuma. A estrela já chegava ao chão, sua luz projetava as sombras dos galhos em todos ao redor da mesa. Parecia que havia uma fumaça ao seu redor que aos poucos aumentava tomando forma e seu brilho diminuía.

Uma mulher linda, de cabelos brancos platinados um vestido branco que deixava os braços nus. E estava envolta de um brilho azulado.


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