Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 43
Capítulo 43


Notas iniciais do capítulo

Dedicado a Káh Pevensie e a Maleficient, pelas lindas recomendações! ♥



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Hurricane II

Capítulo 20

Os marinheiros já haviam voltado para o Peregrino, para levar as cestas de volta. Lúcia e Gael ficaram apoiadas na balaustrada lateral do barco, observando a praia ao longe, apenas esperando que Caspian e Edmundo voltassem com o menino desaparecido e Lena, que insistira em esperar por eles. Um barulho alto, parecido com um rugido, chegou aos seus ouvidos desde a ilha, e fogo e fumaça foram vistas por entre os cumes centrais da ilha. E não parecia ser um vulcão.

– O que é que é aquilo? - perguntou Lúcia a Drinian, que observou outra rajada de fogo.

– Será que é um vulcão? - perguntou Gael inocentemente.

– Não, não. - respondeu Drinian. - Aquilo não é um vulcão. - e saiu de lá, indo para o convés. - Todo mundo para o convés!

Um silêncio mortal entre eles, enquanto seguiam as ordens do capitão. O rugido foi ouvido novamente.

– Arqueiros à postos! - Drinian gritou mais ordens. - Preparem-se!

E então um dragão apareceu por entre os cumes. Sua sombra na água aproximando-se ainda mais do Peregrino. As asas batiam com força e dificuldade, claramente sem qualquer experiência em voo e lutando para não cair nas águas do mar, mas os marinheiros nem ao menos repararam nisso. Passavam as bestas rapidamente entre si, tentando se armarem antes que o animal se aproximasse o suficiente para incinerá-los. Um dragão jovem e desengonçado, com escamas grossas e resistentes brilhando em dourado à luz do sol, unhas e dentes afiados, prontos para agarrar e matar os marinheiros. Ou ao menos era o que pensavam.

– Assumam posições, esperem minhas ordens! - gritava Drinian.

O dragão passou pelo mastro, quase girando o barco. Um fauno pulou para o convés, tentando não ser pego pelas garras do dragão, que pousou sobre o mastro.

– O que ele está fazendo? - perguntou Lúcia alarmada, abraçando Gael de forma protetora.

– Todos na mira! - gritou Drinian, enquanto os marinheiros se juntavam ao redor do mastro e apontavam suas bestas para cima, para o dragão que se mantinha no mastro desequilibradamente. - Disparem!

Todos dispararam, e algumas flechas pegaram nas escamas do dragão. Não o haviam ferido, mas claramente o assustado mais do que já aparentava. O dragão bateu as asas e, com dificuldade, voltou a se empoleirar no mastro, que era bem mais frágil em comparação ao animal de grande porte.

– Vai quebrar o mastro! - gritou Drinian para ninguém em especial.

– Deixe comigo. - prontificou-se Ripchip, colocando a pequena espada entre os dentes e subindo pela madeira do mastro.

Enquanto os arqueiros lançavam flechas, o dragão se dependurou apenas pelas patas dianteiras e acabava soltando fogo pela boca desesperadamente. Ripchip pulou em uma corda e se aproximava do dragão, enquanto segurava a espada com a outra mão.

– Tome isso! - urrou o rato, fincando a pequena espada entre os dedos do dragão, fazendo-o cuspir fogo mais uma fez e soltar-se do mastro.

O dragão voou para longe, por pouco não caindo na água, e os marinheiros ficaram momentaneamente aliviados quando viram o animal indo para a praia. Lena, que insistira a Drinian que ficasse um pouco mais, para pensar e esperar os reis, viu o dragão se aproximando e ficara paralisada. Até que Edmundo e Caspian se aproximaram e o dragão foi direto até eles. Lena se mexeu, correndo em direção a Edmundo, mas antes que fizesse qualquer coisa, Caspian gritou por Edmundo segundos antes do dragão segurá-lo pelas garras. Por pouco Lena não conseguiu segurar o menino pelas mãos e apenas o viu se distanciar em direção ao Peregrino novamente.

– Edmundo! - gritou Lúcia, desesperada ao ver o irmão com o dragão.

– Lúcia! - gritou Edmundo, como se pedisse ajuda novamente.

O dragão voltou para a ilha. Foi em direção ao interior da ilha, passando por desfiladeiros e colunas de fumaças, até que Edmundo viu. As letras em chamas no chão plano formando as palavras "Eu sou Eustáquio".

– Tá brincando comigo! - disse Edmundo, mais surpreso do que sarcástico.

~*~

O capitão, o minotauro, os reis, a rainha, a menininha, o rato, a marinheira e o marinheiro - todos em volta do dragão, observando-o abismados. Já entardecia, e eles ainda não tinham ideia do que fazer. O dragão mexia o pulso e tentava arrancar o bracelete do braço esquerdo com os dentes, mas ainda não adiantava.

– Ele deve ter sido tentado pelo tesouro. - supôs Edmundo, vendo o dragão raspando o pulso na areia em uma tentativa falha de tirar o bracelete.

– Mas todo mundo sabe que o tesouro de um dragão é encantado. - disse Caspian e o dragão o olhou ofendido e indignado. - Todo mundo... Em Nárnia.

Lena abafou um riso e Lúcia olhou-a de modo quase repreendedor. Se aproximou do dragão e Edmundo deu-lhe licença. Pegou o bracelete com cuidado e tirou com força, arrancando um grunhido de dor do dragão. Balançou o pulso para amenizar a dor, mas olhou agradecido para Lúcia, que apenas riu, se afastando.

– Tem algum jeito de virar a ser gente? - perguntou Edmundo.

– Não que eu conheça. - respondeu Caspian, olhando para Drinian em busca de uma resposta mais completa. Este apenas balançou a cabeça de modo negativo.

– A tia Alberta não vai gostar disso. - comentou Edmundo, depois de alguns segundos de silêncio.

O dragão bateu o punho na areia, frustrado.

– Desculpe ter machucado sua mão, amigo. - disse Ripchip, tentando amenizar o clima. - Às vezes eu me empolgo um pouquinho.

O dragão olhou com o antigo olhar de deboche de Eustáquio.

– Os botes estão prontos, senhor! - gritou o minotauro.

– Não podemos deixá-lo aqui. - insistiu Lúcia.

– Mas não podemos trazê-lo a bordo, Majestade. - disse Drinian.

O dragão respirava rapidamente, assustado com a possibilidade de ser deixado para trás.

– Drinian, você e os outros vão num boté só. - disse Caspian, entregando ao capitão a espada recém-encontrada de Lorde Octasiano. - Vamos ficar aqui esta noite e ver o que fazer.

– Mas estão sem previsões. - disso o marinheiro. - E sem meios de se aquecer, Majestade.

Caspian suspirou, sabendo que ele tinha razão, e o dragão, percebendo que ainda havia a possibilidade de ser deixado ali, deu-se conta de uma ideia e soprou fogo em um pedaço de madeira ali no meio deles.

– O que disse? - perguntou Ripchip ironicamente.

Lúcia riu e todos, mais aliviados, riram também. E Eustáquio, depois de uma leve careta após a experiência do fogo passando por sua boca, sorriu com seu próprio feitio.

~*~

– Eu nunca havia visto essas constelações. - comentou Edmundo, observando o céu escuro, mas pincelado de estrelas. Ele estava ao lado de Caspian e, por mais que fossem orgulhosos demais para simplesmente pedirem desculpas, tentariam reforçar o que restou da amizade após aquele teste.

– Nem eu. - disse Caspian, depois de alguns segundos de silêncio. - Estamos bem longe de casa. Quando eu era garoto, me imaginava navegando até o fim do mundo. E encontrando meu pai lá.

Edmundo ficou momentaneamente desconfortável. Não imaginava que Caspian fosse-lhe contar um sonho daqueles, principalmente depois de terem brigado. Talvez, afinal, nada estivesse perdido.

– Talvez encontre. - disse por fim.

~*~

– Saudades da mamãe. - disse Gael, não muito longe de onde Caspian e Edmundo tinham sua conversa.

Lúcia, ao ouvir a voz da menina, virou-se e a viu revirando um cordão com uma imagem entalhada.

– Saudades da minha também. Não se preocupe, vai voltar a vê-la.

– Como é que você sabe? - perguntou Gael, meio incerta.

– Basta você ter fé nessas coisas. - respondeu Lúcia, acalmando a menina. - Aslam vai nos ajudar.

Lúcia levou a mão à cabeça, procurando um modo confortável de dormir.

– Aslam não impediu que ela fosse levada.

– Vamos achá-la, eu prometo. De algum modo.

Lúcia virou-se, um pouco culpada. Como prometera algo assim à Gael quando nem mesmo tinha certeza de que encontrariam todas as espadas?

~*~

Ripchip dormia encolhido perto do fogo, mas acordou o choramingo de alguém. Levantou a cabeça e viu o dragão soluçar baixinho antes de deixar uma lágrima escapar por seu olho. O rato se levantou, e se aproximou do dragão.

– Está sem sono? - perguntou.

O dragão o ignorou, levando a cabeça para longe do rato. Mas Ripchip nunca desistiu de nada sem antes lutar!

– Veja bem, nem tudo está perdido como parece. Posso ficar acordado com você. Se quiser companhia.

O dragão fungou.

– Eu aposto que não acreditava em dragões hoje de manhã.

Silêncio completo, e Ripchip começava a se sentir bobo ali. Mas ainda não desistiria.

– Pois é... Sabe... coisas extraordinárias, só acontecem à pessoas extraordinárias. - o dragão levantou a cabeça interessado, e o rato continuou. - Vai ver é um sinal, de que você tem um futuro extraordinário!

O dragão o olhou, acreditando em suas palavras sinceras.

– Um futuro...maior do que você possa ter imaginado.

O rato arrumou o cinto da espada.

– Posso te contar uma ou duas aventuras minhas se quiser. Só para...passar o tempo.

O dragão ajeitou-se, levou um braço para debaixo da cabeça e deitou esta ali.

– Pode acreditar se quiser, mas você não é o primeiro dragão que eu conheço. Há mais anos, mais anos do que eu queria dizer, eu estava com um bando de piratas e conheci outro dragão. Mais feroz que você.


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