Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 41
Capítulo 41




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Hurricane II

Capítulo 18

– Os fidalgos não pararam aqui, Alteza. Não tem o menor sinal de vida. - disse Ripchip para o outro bote, onde estavam Caspian, Edmundo, Eustáquio, Lúcia, Lena e Colin marinheiros, após uma boa observada na ilha, enquanto ainda se encaminhavam até lá.

Estavam descendo dois botes até a ilha vulcânica que podia ser observada no dia seguinte. Lena ainda sentia-se mal, e emocionalmente fraca, pelas aventuras que passara nos últimos dias. Chegava até a ser difícil decidir qual teria sido mais assustador: a guerra, na primeira vez em que viera a Nárnia, ou ali agora, enfrentando seus medos e receios em relação aos pais.

– Tem razão. - concordou Caspian. - Assim que chegarmos à ilha, você e seus homens vão procurar comida. Nós quatro vamos procurar pistas. - disse, gesticulando a ele, Lena, Lúcia e Edmundo.

Eustáquio ficara indignado ao perceber-se excluído.

– Não quis dizer nós cinco? - perguntou ele, na ponta do bote.

Seus companheiros de bote olharam-no interrogativamente.

– Por favor, não me deixem sozinho com aquele rato! - implorou o menino.

– Eu ouvi, rapaz. - disse o rato, do outro bote.

Eustáquio ficou momentaneamente calado, até que virou o rosto e murmurou para si mesmo. - Orelhudo.

– Continuo ouvindo. - disse o rato e todos ali riram; menos Eustáquio, emburrado demais para demonstrar qualquer emoção longe do desprezo.

Desceram, então, na ilha, e Eustáquio rapidamente conseguiu fugir, saindo de fininho para seu interior. Caspian e os outros três já percorriam atrás de alguma coisa. Lena permanecera calada em seus próprios pensamentos masoquistas até então, provocando uma onde de preocupações em Edmundo, que sempre sabia quase exatamente as emoções que atravessavam a fisionomia da namorada.

Encontraram uma corda amarrada numa pedra, e indo até o fundo de uma fenda rochosa.

– Vejam! - exclamou Caspian, se aproximando. - Não somos os primeiros nessa ilha!

– Os fidalgos? - perguntou Edmundo.

– Pode ser... - respondeu Caspian.

Caspian pegou uma pedra e jogou, procurando calcular sua profundidade. A pedra bateu algumas vezes, carregando um eco fino e incerto.

– O que será que tem lá embaixo? - perguntou-se Caspian.

– Vamos descobrir! - exclamou Edmundo.

Edmundo o primeiro a descer, tendo certa dificuldade em fixar os pés nas paredes pedregosas para manter o equilíbrio. Virou-se e se deparou com uma gruta extensa, e não parecia ter um fim à vista. Muitas colunas de pedra argilosa e um lago logo à sua frente. Ele então ouviu um barulho atrás de si e viu que Lúcia vinha descendo. Ajudou-se a descer, amparando-a pela cintura. Quando Lúcia colocou os pés no chão, Edmundo esperou por Lena, sabendo que possivelmente ela seria a próxima.

Lena desceu, e sentiu as mãos firmes de Edmundo segurando-a pela cintura. Em qualquer outra ocasião, teria sorrido para ele e dado-lhe um selinho logo em seguida. Mas não era qualquer ocasião. Era a umas das ocasiões mais constrangedoras a ela, pois Lena havia passado por sua tentação há menos de três dias. E não era fácil ter que olhar para os olhos negros e preocupados de Edmundo quando achava que ele tinha pena dela.

O que será que está acontecendo?, perguntou-se Edmundo, estranhando mais uma vez a atitude dela, enquanto ela se afastava.

Quando Caspian desceu, ele se juntou aos três, analisando a água.

Havia alguma coisa ali dentro, que Edmundo reconheceu como sendo uma estátua em ouro de um homem. Era meio estranho, na verdade, que houvesse uma estátua justamente ali, e com as expressões faciais e a posição do corpo.

– O que é aquilo? - perguntou Caspian.

– Eu não sei. - respondeu Edmundo. - Parece que é uma estátua de ouro.

Lena sentou-se sobre uma pedra, prestando total atenção na água do lago.

Edmundo olhou em volta, à procura de algo, e arrancou um pedaço de raiz que descia pelas colunas de pedra. Voltou para perto do lago, e se agachou. Assim que colocou a raiz na água, ouro começou a se formar nas pontas, seguindo direto para a mão dele, mas antes que a tocasse, o menino soltou a raiz na água, com um grito de surpresa. A raiz virara ouro, e isso explicava porque a estátua parecia mais real e autêntica do que deveria. Caspian se aproximou da água, ainda surpreso.

– Deve ter caído lá dentro. - disse.

– Pobre homem. - disse Lúcia.

– Tá mais pra pobre Lorde. - Edmundo disse sarcasticamente, vendo o brasão de ouro na água.

– O brasão de Lorde Restimar. - disse Caspian, reconhecendo o brasão no escudo.

– A espada dele! - Edmundo exclamou, apontando para a espada.

– Precisamos dela. - disse Caspian, após o momento de choque em ver a prima tão frágil.

Uma névoa fina e verde nadava pelo lago, aproximando-se da estátua e se espalhando por ali. Se algum deles tivesse visto-a, saberiam que estavam para ser testados. Edmundo desembainhou a espada, a de Lorde Bern, e pegou a espada de Lorde Restimar, com cuidado, e a trouxe à superfície.

– As espadas não viraram ouro. - observou Lúcia.

– Ambas as espadas são mágicas. - disse Caspian.

Caspian pegou a espada do Lorde Restimar e a secou.

– Ele nem deve ter se dado conta do que aconteceu. - disse Lúcia, referindo-se ao Lorde.

– Pode ser. - concordou Edmundo, deixando sua própria espada sobre uma pedra. - Mas quem sabe ele não foi tentar alguma coisa.

– Por exemplo? - perguntou Caspian, confuso.

Edmundo ajoelhou-se e pegou uma concha. Colocou-a rapidamente na água e a soltou à sua frente, no chão, antes que o ouro o atingisse. A água penetrou a concha e a transformou em ouro. Edmundo tinha um olhar assombroso. Lúcia olhava-o assustado e Lena levantou-se depressa da pedra que estava sentada, finalmente percebendo uma postura estranha em Edmundo. A postura relaxada e admirada... Quase relaxada demais. Tão relaxada que chegava a ser sonhadora. A mesma postura de quando ela se lembrava dos minutos em que estava enfeitiçada.

– Lu. - Lena chamou pela amiga, assumindo uma postura tensa de quem se preparava para uma batalha. - Tem alguma coisa errada com Edmundo.

Lúcia percebia isso também. Pois Edmundo tinha uma expressão tão ganaciosa no rosto.

– O que é que você está olhando? - perguntou Lúcia.

– Quem tiver acesso a esta fonte, pode ser a pessoa mais poderosa do mundo.

Caspian olhou para Edmundo com reprovação.

– Lúcia, ficaríamos tão ricos, que ninguém poderia nos dizer o que fazer ou com quem viver. Lena - ele virou-se para a namorada -, poderíamos lhe dar tudo. Você não precisaria ficar naquele internato idiota. Lhe daríamos um lar.

Lena engoliu em seco, sabendo que aquilo era errado, mas que não deixava de ser uma oferta tentadora.

– Você não pode levar nada de Nárnia, Edmundo. - disse Caspian, e Lena começou a perceber uma breve mudança no brilho de seu olhar também.

Será que a mesma tentação estaria agora valendo para ambos?

E sua pior parte era que Lena não imaginava nada que conseguisse fazer a respeito.

– Quem disse? - perguntou Edmundo, ainda observando a conha em ouro em sua mão.

– Eu disse. - respondeu Caspian, com a voz tão determinada e autoritária que Lena até mesmo se assustou. Mas ela não deixara sua surpresa tão à mostra quanto Lúcia, que tinha os olhos arregalados e a boca aberta.

Edmundo pegou sua espada e se levantou, com um brilho assustador no olhar.

– Eu não sou o seu súdito. - disse ele.

– Ficou só esperando, não foi? - perguntou Caspian, como se já soubesse de tudo. Seu tom começava a aumentar para a acusação e a briga já era iminente. - Pra me desafiar? Duvida da minha liderança?

– Você duvida de si mesmo!

– Você é uma criança!

– E você é um covarde sem força!

– Edmundo... - Lúcia tentou chamar o irmão, mas este apenas a empurrou para longe.

– Estou farto de ficar em segundo plano! Primeiro com Pedro, e agora...com você! Sabe que sou mais corajoso do que vocês dois! Por que ficou com a espada do Pedro? Eu mereço um reino só meu! Eu mereço governar!

– Se você se acha tão corajoso, prove! - disse Caspian, empurrando Edmundo.

Começaram a duelar e Lena percebeu que finalmente era hora de intervir.

– Lúcia, tente impedi-los! Estão sendo testados! - exclamou a mais velha, indo junto com Lúcia para o cento de tudo.

Lena segurou firme o braço de Edmundo, que tinha a espada empunhada, e Lúcia foi à frente, parando a briga, mesmo correndo o risco de ser apunhalada por uma das espadas.

– Parem com isso! - ela disse. - Vocês dois! Tomem vergonha, não veem o que está acontecendo?

Lúcia olhava-os tristemente, finalmente percebendo como Aslam se sentira em relação a isso.

– Isso era um dos testes. - disse Lena, soltando o braço de Edmundo e vendo-o embainhar a espada quase automaticamente. - É um lugar enfeitiçado.

– Era disso mesmo que Coriakin estava falando. Vamos sair logo daqui. - disse Lúcia por fim e se retirou.

Caspian saiu logo depois. Edmundo abaixou os ombros, e Lena pode perceber como ele se sentia. Inútil e fraco, exatamente como ela se sentira quando acordara do feitiço que via seus pais. Então por isso, quando Edmundo jogou a concha na água, decepcionado e amargurado consigo mesmo, Lena permaneceu ao seu lado até que ele saísse, com um sorriso reconfortante quando viu um brilho interrogativo em seus, perguntando porquê ela ainda não saíra.


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