Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 39
Capítulo 39




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Hurricane II

Capítulo 16

E caiu.

Mas não sem antes Edmundo utilizar de sua extrema agilidade para correr até a borda e segurar a menina pelos pulsos, impedindo-a de ser rachada pelas violentas ondas que quebravam agora apenas alguns poucos metros abaixo de seu pé.

– Lena! - gritou Edmundo, procurando chamar a atenção da menina.

Sua mão encharcada pela chuva e a visão embaçada dificultavam a já quase impossível tarefa de segurar a mão escorregadia da menina que pendia pelo lado de fora do barco. Lena ainda tinha o corpo balançando, a mão direita, livre, estava esticada à sua frente, implorante.

– Pai, mãe! - ela gritava, olhando desesperadamente, porém sem realmente enxergar, para as águas turbulentas logo abaixo.

– Lena, me escuta, não vou aguentar por muito tempo! - gritou Edmundo por cima do barulho dos trovões. - Você me fez garantir que sua vinda a Nárnia era real, mesmo eu tendo medo de perdê-la na guerra! Agora me garanta você que não me abandonar agora, que vamos voltar bem pra Inglaterra para que eu continue mantendo minha promessa! - ele ainda tentava inutilmente arrancar Lena daquele pesadelo proporcionado pela névoa verde.

Mas então algo fez click na mente de Lena e ela finalmente teve sua visão de volta à realidade, onde entrou em desespero quando percebeu que pendia perigosamente pelo lado de fora do Peregrino e que Edmundo mal a aguentava segurar. Olhou para cima, encontrando os olhos escuros do moreno a encarando desesperado, ainda repetindo o discurso anterior, que trouxera-a de volta.

– Eddie! - ela gritou por ele, assustada e desesperada.

– Lena, se segura, eu não estou aguentando! - disse Edmundo, aliviado por vê-la livre do feitiço, mas estando por um fio de entrar em pânico ao perceber a mão da menina escorregando.

Lena, ao também se dar conta desse fato, girou levemente o corpo, conseguindo segurar-se mais firme à mão do menino, que tinha certas dificuldades em também se segurar na madeira encharcada. E então Lena realmente percebeu que não duraria por muito tempo.

– Eddie, solte! - gritou Lena, sentindo lágrimas misturando-se à chuva que açoitava sua pele. - Não vou deixar que caia junto!

Ela tinha medo de morrer. Muito. Mas nem por isso iria sacrificar a vida de Edmundo.

– Ninguém vai cair hoje! - disse uma terceira voz e, segundos depois, uma corda aparecia ao lado de Lena.

Quando ela levantou novamente seu olhar, ela pode ver Colin ao lado de Edmundo, segurando a outra extremidade da corda. Edmundo não fez qualquer objeção. Viu que Colin estava disposto a ajudar e, no momento, apenas a corda a salvaria. E Lena também reparou nisso. Logo que reuniu coragem suficiente, ela soltou uma das mãos e agarrou a corda, girando-a seguramente ao redor do pulso. E momentos depois, após certa força dos marinheiros, Edmundo pode envolver um braço na cintura de Lena, que ainda tinha as pernas para o lado de fora. Ele a ajudou a retornar ao convés, e a abraçou protetoramente contra si, querendo ter certeza de que ela continuaria ali.

– Foi horrível. - murmurou Lena, a voz embargada.

– Shh... - sussurrou Edmundo, acariciando os cabelos dela. - Me conte depois, mas agora você precisa descansar.

Ele se levantou, e a ajudou a se levantar. Mas antes que ambos pudessem se encaminhar para o camarote dela e das outras meninas, Edmundo se virou para um Colin preocupado.

– Obrigado.

~*~

Enquanto isso, no camarote das garotas, Lúcia estava deitada ao lado de Gael. Se lembrava de como estava como Susana e, principalmente, de como se sentira bem com aquilo. Era noite e Lena ainda não havia se deitado e, por mais que estivesse preocupada com a tempestade e ela lá fora, sua mente no momento rondava o fato de como se sentira linda no rosto de Susana. Então deu uma espiada em Gael e, quando percebeu que esta dormia profundamente, tirou a folha do feitiço arrancada de um dos livros de Coriakin de debaixo das cobertas e repetiu as palavras escritas, em voz alta.

– "Transforme tudo direito,

Me torne um ser perfeito.

Cílios, lábios, sem defeito,

Faça-me ela, tão mais bela,

Do que eu tão singela."

Estava tão concentrada em suas palavras que nem ao menos notara uma névoa verde e incomum rondando por ali. Ao terminar de recitar, olhou para si mesma, procurando sinais de mudança, e ficou decepcionada quando viu as mesma imperfeições de sempre. Lúcia se sentou; a tempestade havia sumido e já era dia novamente. Levantou-se e foi até o espelho que havia ali e observou. Algo foi mudando à medida que se aproximava. Primeiro a camisola. A saia subiu, as mangas encurtaram e o detalhe da camisola formou uma fita amarronzada na cintura. O branco se transformou em azul claro e pequenas bolinhas brancas se formaram pelo tecido. Estava lindo.

E então Lúcia levantou seu olhar e viu seu rosto. Os cabelos cresceram e escureceram, sua pele ficou branca e delicada, as sardas eram mais claras e menos concentradas, e os olhos mudaram para o azul. Seus lábios se encheram e ganharam uma cor mais avivada. Tocou seu rosto com cautela e sorriu. Estava linda como a irmã. Ouviu música vinda do espelho. Empurrou-o e ele abriu como uma porta, dando um lindo lugar. Um jardim exuberante. Não era nada parecido com a Inglaterra. Havia garçons andando com bandejas, carregando bebidas e petiscos, servindo para a aparente alta sociedade - mulheres de longos vestidos e jovens atraentes olhando para ela.

– Senhores, a senhorita Pevensie.

Todos a olharam e aplaudiam, fazendo alguns comentários.

– Que bela moça.

– Uma graça.

Susana abaixou a cabeça envergonha e continuou até encontrar Edmundo, oferecendo-lhe o braço.

– Edmundo?

– Está muito bonita, irmã.

Susana sorriu. E Pedro chegou logo depois.

– Como sempre. - disse, estendendo o braço do outro lado de Susana.

– Pedro! - disse Susana, surpresa e animada em ver o irmão.

Um homem com uma câmera apareceu e eles pararam.

– Com licença, professora. Posso tiar uma foto? - ele perguntou.

– A mamãe vai adorar! - disse Pedro, virando-se para a câmera e sorrindo. - Todos os filmes dela numa mesma foto.

– Sorriam! - o fotógrafo disse.

Então Susana percebeu que algo estava errado. - Espera! - disse a Pedro e Edmundo. - Aonde é que eu estou? - os irmãos estranharam sua atitude. - Cadê a Lúcia?

– Lúcia? - perguntou Edmundo. - Quem é Lúcia?

Edmundo e Pedro sorriram para a câmera e um flash quase cegou Susana, que estava ficando confusa. El tentou se soltar dos braços dos irmãos, procurando entender a situação.

– Susana, o que foi? - perguntou Pedro.

– Por favor, senhorita. - disse o fotógrafo amigavelmente, limpando rapidamente a lente da câmera. - Um belo sorriso.

– Edmundo eu não sei de nada disso. - disse Susana, tentando se soltar. - Eu já quero voltar.

– Voltar pra onde? - perguntou Edmundo, confuso.

– Pra Nárnia. - respondeu Susana como se fosse óbvio.

– Mas o quê que é Nárnia? - Edmundo e Pedro continuaram a sorrir para a câmera.

– Que história é essa? - Susana perguntou, desesperada.

Os dois olharam-na preocupadas e ela finalmente conseguiu se soltar dos braços deles.

– Para com isso! - ela pediu desesperada para o fotógrafo, que continuava a tirar inúmeras fotos.

Susana colocou a mão sobre o rosto, desesperada para que tudo aquilo sumisse. Não podia ser possível! Lúcia ou... ela... não podia simplesmente ter saído do mapa. Mas então tudo sumiu e ela entrou em um silêncio. Tirou as mãos do rosto e encontrou-se novamente no camarote, com o espelho à sua frente. Era Lúcia novamente. Era Lúcia o tempo inteiro, mas apenas na casca de Susana. Estava confusa, com os lábios trêmulos e se assustou ao ver Aslam andando atrás de si, até parar ao seu lado.

– Lúcia. - disse com firmeza.

– Aslam? - perguntou surpresa, e se virou para encontrá-lo frente a frente, mas ele só aparecia a ela pelo espelho.

– O que você foi fazer, filha? - perguntou o leão, triste e decepcionado, e Lúcia começou a realmente se desesperar.

– Eu não sei. - ela disse sinceramente. - Foi horrível!

Aslam assentiu. - Mas foi escolha sua, Lúcia.

– Aslam, eu não escolhi tudo aquilo! - disse ela e Aslam a olhou confuso. - Só queria ser bonita como a Susana. Só isso.

– Você desejou sumir, portanto tudo o mais sumiu. - ele explicou e Lúcia abaixou a cabeça, envergonhada. - Seus irmãos e irmã não teriam vindo a Nárnia sem você, Lúcia. Você descobriu primeiro, se lembra?

– Me arrependo tanto...

– Você duvida do seu valor. Não fuja de quem você é.

Aslam se retirou e um estrondo foi ouvido, fazendo Lúcia se sentar rapidamente em sua cama com um grito.

– Aslam!

A tempestade ainda acontecia ali fora e Gael ainda dormia ao seu lado - e ainda sem sinal de Lena. O papel ainda estava ali e, com raiva, ela o amassou e se levantou para jogá-lo na lareira. Das chamas, Aslam apareceu rugindo e a estranha fumaça verde que a perseguia sem ser vista, saiu pela porta. No exato momento em que Lena e Edmundo entravam pela porta, visivelmente abalados.


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