Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 38
Capítulo 38


Notas iniciais do capítulo

Esperem por fortes emoções nesse capítulo! ;)



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Hurricane II

Capítulo 15

Por razões além da minha compreensão, aceitamos o conselho de um louco senil que não se barbeia e desfila por aí numa camisola. Portanto voltamos à esta banheira e estamos perdidos numa tempestade. Sensacional. Catorze dias sendo virados como panquecas sem o menor sinal de terra. O único consolo é que estão quase todos finalmente tão infelizes como eu. Menos aquele rato metido e falante, ele é o daqueles meio chatos, pra aqueles que o copo está sempre cheio."

Tempestade, falta de alimento, noites mal-dormidas e marinheiros infelizes; este era o resumo do tempo que passaram ao mar após a saída da Ilha das Vozes, como chamaram o lar de Coriakin. Numa tarde, Caspian, Drinian e Edmundo estava reunidos no camarote do capitão, discutindo os próximos passos, as próximas decisões.

– Estamos presos aqui - disse Drinian, demarcando o local num mapa sobre a mesa, com uma peça redonda e entalhada. - com meias porções diárias. Água e comida para duas semanas no máximo. Essa é a única chance de voltarem, Majestades.

Caspian e Edmundo se entreolharam. Podiam estar preocupados, mas não podiam recuar depois de terem ido tão longe.

– Ninguém garante que vamos avistar a estrela azul tão cedo - continuou Drinian - Não nesta tempestade. É uma agulha no palheiro, esse lugar chamado Ramandu. Passaríamos direto por ele até cair na beira do mundo.

– Ou ser devorados por uma serpente? - perguntou Edmundo, estressado e frustrado.

– Só estou avisando que os homens estão nervosos. Estamos navegando em mar estranho. De um tipo que eu nunca vi na vida.

Caspian se levantou de onde estava. - Então quem sabe capitão, o senhor não quer explicar ao senhor Rince por que vamos abandonar a busca pela família dele?

Drinian ficou momentaneamente sem palavras, até que assentiu e disse. - Vou voltar ao meu posto. - ele pegou a capa e a colocou. - Mas quem avisa amigo é. O mar prega preças malvadas na mente da tripulação. Bem malvadas. - colocou o capuz e se foi.

– Devia pegar mais leve. - disse Caspian, assim que Drinian saiu.

Edmundo olhou-o confuso. - O que quer dizer?

– Sobre a Lena e o Colin. - Caspian disse, apoiando-se na mesa e cruzando os braços sobre o peitoral.

Edmundo bufou, lembrando-se de como o filho do capitão estava quase sempre com Lena, tomando-lhe o único tempo que tinha para ficar com ela.

– Não suporto aquele cara. - assumiu o moreno, revirando os olhos.

– Do que tem medo? - perguntou Caspian. - Se for de perder a Lena, não precisa se preocupar, porque o Colin já tem uma pessoa o esperando em Nárnia.

Edmundo ficou calado, absorvendo aquelas palavras. Será que ele conseguiria relaxar? Será que ele deixaria de se sentir ameaçado pelo loiro que passava bastante tempo com a sua namorada?

– Por quê não tenta uma trégua? - sugeriu Caspian.

– Não vou virar amiguinho dele! - Edmundo reclamou quase imediatamente, fazendo o outro soltar uma leve risada.

– Eu não disse para virar amigo dele, disse para dar uma trégua. - explicou Caspian. - Pararem de implicar um com o outro, porque a Lena sempre acaba no fogo cruzado. Ela é sua namorada, mas também se tornou amiga dele. E, acima de tudo, ela é sua melhor amiga. Dê um voto de confiança.

Caspian tinha razão, e Edmundo sabia disso. Mas ele sempre fora teimoso demais e não ia se dar por vencido tão facilmente.

– Vou pensar. - resmungou o mais novo, mesmo a contra-gosto.

E alguns segundos se passaram de um silêncio pensativo de ambas as partes. Até que a porta se abre num estrondo, dando espaço a um Colin encharcado pela chuva e um brilho desesperado no olhar competindo com o esforço de manter a compostura.

– Com licença, Majestades. - pediu educadamente, mas ambos os morenos ali perceberam por seu tom de voz que algo estava errado.

– O que houve, Colin?! - perguntou Caspian, a preocupação de que algo sério possa ter acontecido lhe vinha com força.

– É Lena. - soltou Colin em uma lufada de ar, o desespero o tomando finalmente por completo.

E as coisas não foram diferentes para Edmundo, que logo esqueceu-se da pequena rixa com o loiro e se levantou da cadeira, completamente atento às palavras do marinheiro.

– Ela está prestes a pular do barco. - continuou Colin e, segundos depois, quase foi empurrado do batente da porta, tamanha a velocidade com que Edmundo passara por ele.

Assim que pisou no convés que estava sendo constantemente atingido, Edmundo logo correu para perto da cabeça do dragão, onde ele conseguia ver os cabelos castanhos de Lena batendo-lhe às costas enquanto essa estava sobre a balaustrada lateral. Edmundo desviou-se de marinheiros que trabalhavam, e de outros curiosos que, apesar de ver a situação da menina, nada faziam para melhorar. Mantinha os olhos na menina, enquanto corria até seu encontro. Mas parou assim que a viu.

As vestes largas agora permaneciam encharcadas e grudadas na pele, definindo as curvas perfeitas que sempre o deixara abobalhado, os cabelos castanhos, agora quase negros, faziam pequenas ondas, grudando-se contra a nuca e a camisa. A pose confiante, mas ao mesmo tempo sonhadora e fora de realidade. E então, ainda se mantendo firme, segurando em uma corda ligada ao mastro, Lena se virou para observar a platéia que finalmente se juntava as seu redor. E os olhos passou por Edmundo, sem realmente enxergá-lo, fazendo-lhe doer o coração. Os olhos castanho-esverdeados agora tinham apenas um tom fosco de verde, sem brilho ou vida, como se o que ela enxergava não fosse o que realmente tinha ali.

– Enfeitiçada, ela parece enfeitiçada. - Edmundo assustou-se ao som da voz de Caspian atrás de si, e finalmente se deu conta de que ele e Colin com certeza o seguiriam.

– Lena, por favor, desça daí! - pediu Edmundo, sua voz ultrapassando o som da tempestade que já o inundava por inteiro e balançava o barco furiosamente.

E Lena ali em cima da borda, confiante e aparentemente inabalada pelas sacudidelas que as ondas violentas proporcionavam ao barco. Edmundo foi se aproximando pé ante pé, evitando assustá-la a qualquer custo. Estava quase chegando, precisava tentar convencê-la a descer dali. Direto para o convés, claro.

– Lena, desça! - tentou mais uma vez, ainda se aproximando e sentindo a tensão entre os marinheiros.

Mas Lena não pareceu ouvir a voz do rei. Ela apenas virou-se novamente em direção ao mar, e olhou para ondas com um sorriso nato, como se estivesse finalmente feliz. E então ela disse para o nada, ou para as ondas que ameaçavam rachar a madeira lateral do barco.

– Já estou indo, papai, me espere.

E caiu.


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