Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 31
Capítulo 31




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Hurricane II

Capítulo 8

Caspian tentava de todo modo se livrar das masmorras durante horas, mas parecia impossível. Ouviu um suspiro ao seu lado e olhou por impulso, mas era apenas Edmundo acordando.

– Tudo bem? - perguntou Caspian.

– Argh... Tudo. - Edmundo se sentou, gemendo.

E então se lembrou de Lena. Virou-se rapidamente, vendo a garota ainda desacordada ao seu lado. Ela permanecera assim desde que fora jogada ali por aquele homem nojento que a queria levar para si. Edmundo estava preocupado, estavam ali há horas e ela ainda não havia acordado. Ele a balançou e, aliviado, viu-a se mexendo, acordando finalmente.

– Graças a Aslam, você está bem. - ele a abraçou, preocupado, mas logo a ajudou a se levantar.

– Onde estamos? - Lena perguntou, sentindo sua cabeça rodar.

– Nas masmorras. - respondeu Caspian, antes de chutar as grades mais uma vez.

É inútil!– disse uma voz vinda do canto mais escuro daquela caverna, onde não entrava luz alguma. - Vocês nunca vão sair daqui.

Os três permaneceram parados.

– Quem está aí? - perguntou Caspian.

– Ninguém... Só uma voz na minha cabeça.

Caspian se aproximou e viu um senhor de meia idade apareceu à luz. Tinha uma barba cumprida e cabelos ainda mais longos e brancos. Tinha a pele enrugada e seca, com as roupas sujas e rasgadas.

– Lorde Bern? - perguntou Caspian.

O homem tomou um leve susto e cruzou as mãos. Como aquele jovem poderia tê-lo reconhecido tão rapidamente.

– É... eu... Eu já fui um lorde. Mas eu não mereço mais esse título. - o homem disse, e abaixou a cabeça envergonhadamente.

Caspian trocou um olhar com Edmundo e Lena.

– Ele é um dos sete? - perguntou Edmundo.

Caspian assentiu e se aproximou do lorde, mas este se afastou com receio.

– Seu rosto... Me faz lembrar um rei que amei muito.

– Esse rei era meu pai. - disse Caspian, orgulhoso.

–Ooh... Milorde... Me pedoe, por favor.

O homem tentou fazer uma reverência, mas seus ossos estavam muito fracos e quase caiu no chão, se não fosse por Caspian tê-lo segurado a tempo.

– Não, por favor. - disse Caspian, ajudando-o a se levantar.

Gritos romperam o silêncio que se estabelecera ali. Edmundo subiu pela parede e se segurou nas barras de uma pequena abertura na parede, que servia de janela. E observou o que se passava do lado de fora. Uma carroça cheia de pessoas andava pela cidade e um homem com cerca de trinta anos corria atrás dela e gritava o nome de uma mulher.

– Elaine! Elaine!

O homem pegou a mão de uma mulher algemada e mais atrás vinha uma garotinha.

– Mamãe! Mamãe!

Um outro homem que vinha atrás da carroça, tentou deter o homem, mas o suposto marido o empurrou para longe, mas levou um soco que o deixou no chão. E a garotinha vinha logo atrás.

– Não se preocupe! - gritou o homem, levantando-se com a ajuda da menina. - Eu vou encontrar você!

Caspian e Lena subiram depois, observando as pessoas serem colocadas em botes.

– Pra onde estão levanto eles? - perguntou Caspian.

– Vai olhando. - respondeu o lorde.

O bote navegou rapidamente, com a ajuda da correnteza. O céu ficou escuro, nuvens surgiram, uma grande sombra se formou na água. Dessa sombra surgiu uma névoa verde que foi direto para o bote, enrolando-o e o escondendo. Quando se dissipou, não havia mais nada nas águas. Lena sentiu seu estômago se revirando, e desceu dali antes que todo o nada que havia em seu estômago resolvesse sair.

– O que aconteceu? - perguntou Caspian.

– É um sacrifício. - respondeu o lorde Bern.

– Mas... Pra onde eles foram? - Caspian voltou a perguntar.

– Ninguém sabe.

Caspian desceu.

– O nevoeiro foi visto primeiro no Oriente. - Edmundo desceu, ouvindo atentamente a narrativa do lorde. - Notícias de pescadores e marinheiros, desaparecendo no mar. Nós, fidalgos, fizemos um pacto. De achar a fonte do nevoeiro para destruí-la. Todos nós partimos, mas nenhum voltou. - Caspian e Edmundo se entreolharam, e o mais novo percebeu que Lena ficara pálida, mal conseguindo permanecer em pé. - Se não venderem vocês pros mercadores de escravos, é capaz de parar no nevoeiro.

Edmundo se intrometeu.

– Temos que achar a Lúcia... Antes que seja tarde.

~*~

Em outro lugar não muito longe das masmorras, Lúcia estava sobre o sol rachante, sobre um pequeno palco, de cabeça baixa e esperando algum lance de leilão. Estava de frente para alguns homens sujos e esquisitos, que berravam lances para tê-la como escrava.

– Eu dou sessenta!

– Eu dou oitenta!

– Eu dou cem pela mocinha!

– Eu dou cento e vinte!

– Eu dou cento e cinquenta!

Lúcia sentia uma vontade louca de matar todos aqueles homens que faziam lances por ela, mas, principalmente, o chefe de todos, sentado ali atrás, com roupas confortáveis e um sorriso maldoso. E não muito longe dali, algumas mulheres olhavam o leilão, amedrontadas e rezando para não serem pegas.

– Mais algum lance? - perguntou o leiloeiro.

Lúcia sentiu uma pesada corda em seu pescoço, com uma placa de "vendido".

– Vendida! - e o leiloeiro pegava Lúcia pelos braços e a colocou no chão, enquanto o outro homem pagava pela nova escrava.

Nas masmorras, enquanto Eustáquio era colocado sobre o palanque de leilão, Caspian, Edmundo e Lena eram algemados novamente e empurrados para fora.

– Agora, por este... belo espécime... Quem vai abrir o leilão? - nenhum dos negociantes pareceu muito interessado no garoto, então o leiloeiro precisou dizer mais palavras. - Entusiasmo! Ele é magricelo, mas é... bem forte. - e apertou seu braço como comprovação.

– Ele é forte mesmo. - disse um homem entre os compradores. - E fedido como o traseiro de um minotauro!

Muitos riram, mas Eustáquio se sentiu ofendido.

– Mas isso é uma mentira absurda! Eu ganhei o prêmio de higiene escolar dois anos seguidos.

E isso apenas gerou mais risadas do pobre coitado.

– Alguém, faça um lance!

– Eu alivio você dessa carga. - disse um homem encapuzado, adentrando o espaço com alguns outros. Caspian, Lena e Edmundo subiam as escadas para fora das masmorras e reconheceram aquela voz. Caspian espiou de cima, vendo o momento se desenrolar. - Eu alivio você de toda essa carga!

O homem tirou o capuz, e se revelou Drinian, com Ripchip em seu ombro. E outros homens encapuzados tiraram os capuzes e se revelaram marinheiros do Peregrino, prontos para lutar.

– Por Nárnia!

– Nárnia! - todos gritaram em uníssono.

Homens jogaram capuzes por cima dos outros, distraindo-os e Eustáquio, sem saber o que fazer, desceu do palanque. O homem que tirava Caspian, Edmundo e Lena das masmorras, distraiu-se com o barulho e Caspian conseguiu dar um soco no homem que estava atrás e empurrou pela beirada o que estava à sua frente. Edmundo defendia-se da espada, colocando-a entre as algemas para livrar-se delas. Ripchip pulou no leiloeiro e Lena abaixou-se para evitar que a espada de um dos homens arrancasse sua cabeça. Aproveitou a chance, chutou o homem no peito e pegou sua espada antes que caísse também pela beirada. Os moradores permaneceram quietos, assustados. Drinian socou um homem e Ripchip libertou Lúcia.

– Obrigada, Rip, sabia que ia aparecer!

– Majestade. Iáá! - o ratinho bateu na mão de um homem que tentava roubar o dinheiro no meio da confusão.

Ripchip pulou em um outro homem que ia atacar Lúcia, e esta pegou um caderno na mesa ao seu lado e bateu contra o rosto do homem. Colin correu por entre os homens, correndo em direção à garota e suas majestades.

– Colin, as chaves! - gritou Lena, assim que viu o menino se aproximando.

Colin assentiu, mostrando que entendera o recado, e tentou correr até o homem que tinha as chaves, mas ainda precisava derrotar muitos que se aproximavam.

– Pegue as chaves! - Edmundo disse ao lorde, que os havia acompanhado.

O lorde pegou as chaves. Caspian jogou um homem no chão e dois minotauros lutavam facilmente contra outros homens, jogando-os para longe.

– As chaves! - gritou Caspian e o lorde as jogou a ele.

Um homem foi jogado próximo a Eustáquio, que se escondia ao máximo ali, paralisado pelo medo. O menino pegou as chaves, livrou-se das algemas e correu. Os aldeões desciam para ajudar, jogando vasos de plantas e outros objetos pela frente, jogando-os nos mercadores. Caspian pendurou-se em uma corda e jogou um homem pela janela. Ele pulou atrás, pronto para confrontá-lo, quando viu Lena enfiando a espada no coração do homem. Ele sorriu e ela retribuiu, antes de voltarem à luta. Eustáquio já se aproximava do bote onde vieram e ali entrou, mas nada fez. Mas não percebia que o chefe dos mercadores de escravos estava por ali, aproximando-se.

– Você é um barco numa terra mágica, não podia remar sozinho?!

O chefe sorriu maldosamente, tirando um punhal de suas vestes e andando sorrateiramente até o garoto, que tentava mexer nos remos distraidamente. Eustáquio se desequilibrou e bateu o remo no rosto do homem, que acabou caindo na água.

– Ai não, será que era o cônsul britânico? - perguntou-se Eustáquio.

Na cidade, a luta foi ganha e os aldeões gritavam, aplaudiam e agradeciam. Caspian, Edmundo, Lúcia e Lena iam na frente, com Drinian um pouco atrás.

– Majestade! Majestade! - ouviram um grito e ao se virarem, depararam-se com o homem que gritara pela mulher que sumira no nevoeiro.

– Calma! - Drinian o deteu, segurando seus braços.

– Majestade - implorou o homem -, minha mulher foi levada esta manhã.

– Está tudo bem, Drinian. - disse Caspian.

– Papai! - a menininha chegou, agarrando-se ao braço do pai.

– Eu imploro que me leve, por favor. - disse o homem, aproximando-se de Caspian.

– Gael! - gritou uma mulher atrás da menina.

– Eu quero ir! - implorou a menina.

– Não. Gael, fique com sua tia. - disso o homem à filha, antes de se virar para Caspian. - Sou um bom marinheiro, passei minha vida inteira no mar.

– É claro, venha. - concedeu Caspian, e se distanciou, seguido pelos outros.

– Obrigado.

– Mas papai... - insistiu a menininha.

– Eu já deixei de voltar pra você?

Gael negou com a cabeça e lágrimas nos olhos. Seu pai a abraçou.

– Seja boazinha.


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