Hurricane escrita por Rocker


Capítulo 25
Capítulo 25


Notas iniciais do capítulo

Eu sei, demorei quase um mês pra postar, mas vocês têm entender que nem sempre é fácil e eu estou tentando o possível e espero que surjam mais comentários para me animarem ainda mais! Não se esqueçam que o texto base de Hurricane II vem da minha fic Inesperado. Aliás, deem uma olhadinha nela ;)

Capítulo dedicado a Doce Luar, pela linda recomendação que me mandou. Não importa se foi sua primeira recomendação, ou a vigésima. Foi especial pra mim do mesmo jeito. Ficou linda, e eu jamais me esqueceria dela, como tantas outras. Mto obg, fofa!!



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Hurricane II

Capítulo 2

Como eu queria que estivessem aqui com a gente. Tem sido uma aventura, mas nada que se compare aos nossos tempos em Nárnia. Os EUA são bem divertidos, só que nunca vemos o papai. Ele trabalha demais. Eu fui convidada para uma chá no Consulado Britânico por um oficial da marinha, que aliás é muito bonito. Eu acho que ele está me paquerando. Parece que os alemães não deixam ninguém cruzar o Atlântico. São tempos difíceis. Mamãe espera que não se importem de passar mais alguns meses em Cambridge.

Lúcia, que lia inicialmente a carta com alegria, mas que sua estima diminuíra à medida que Susana relatava sobre o oficial da marinha, agora interrompera a narrativa de forma exasperada.

– O quê?! - perguntou Lena, dando um pulo de seu lugar ao chão.

– Mais uns meses? - ela perguntou alto, para ninguém em especial, mas chamou a atenção do irmão, que analisava um quadro que havia no quarto de Lúcia.

Lena suspirou cansadamente. Estava tão farta daquela casa quanto qualquer um dos dois. - Lu, é por pouco tempo. Já superamos quase um ano disso, mais alguns meses não podem nos matar tanto assim.

– Diga por você. - resmungou Edmundo, bufando. - Falta pouco para eu enterrar Eustáquio vivo.

– Não é esse o ponto. - disse Lena, tentando melhorar alguma coisa. - Ainda podemos aguentar.

– Como vamos sobreviver? - perguntou Lúcia.

– Deu sorte. - disse Edmundo, sentando-se ao lado de Lúcia e tomando a carta. - Pelo menos pode dividir o quarto com Lena. E eu que durmo com aquele chato?

– Susana e Pedro é que são sortudos. - Lúcia disse tristemente, levantando-se da cama. - Vivendo aventuras.

Edmundo jogou-se de costas na cama, com a carta ainda em mãos. Lena se aproximou dele e se apoiou na cama para reler a carta também. Edmundo, quase inconscientemente, levou o braço até os ombros de Elena e a abraçou lateralmente.

– Ainda vamos viver nossas próprias aventuras. - disse Elena, tentando amenizar a angústia da amiga. - Nárnia ainda nos espera novamente.

– Não é a mesma coisa. - disse Lúcia, indignada.

– Não é. - concordou Lena. - Porque Nárnia é mais fantástico que os EUA.

– Ainda não entendo porquê não podíamos ter ido com eles para os EUA. - resmungou Lúcia baixinho.

– São mais velhos e nós somos os mais novos. - Edmundo disse ironicamente, mas ainda assim tinha uma pontada de tristeza em seu tom de voz. - Não somos tão importantes.

Lúcia caminhou até o espelho que havia ali no quarto. Não era de hoje, mas sempre pensava em sua aparência, perguntando-se se garotos de sua idade reparavam nela e sentia-se inferior à muitas garotas que ela julgava ser mais bonitas. E ao ler a carta da irmã, sua auto-estima, que já era baixa, chegou a níveis extremos de inferioridade. Jamais chegaria aos pés da irmã que, nem ainda completava vinte anos, e já tinha homens aos pés. Mesmo que Lúcia jamais pensasse em Edmundo como Lena pensava, sabia que até ela tinha alguém e se odiava por invejar esse fato nela.

– Vocês me acham parecida com a Susana? - perguntou Lúcia, tentando não mostrar um tom de voz muito afetado por seus pensamentos.

– Não precisa se importar com isso, Lu, eu já lhe disse. - Lena disse à menor. - Você é linda do jeito que é.

Edmundo deixou a carta de lado e se levantou. Já estava cansado de perguntas do tipo feitas pela irmã e, para não se irritar, preferiu perguntar sobre algo que realmente o incomodava.

– Meninas, vocês já tinham notado esse barco?

O moreno se referia a um quadro que mostrava um barco ao longe, navegando por águas desconhecidas e sendo levado pela correnteza. Lena se levantou de onde estava e foi até o garoto e Lúcia suspirou derrotadamente, sabendo que seria difícil conseguir qualquer resposta do irmão sobre o assunto.

– Já. - ela respondeu, virando-se de costas para o espelho. - É bem o estilo de Nárnia, não é?

– É. - concordou Edmundo, observando tristemente o quadro. - Só serve para nos lembrar que estamos aqui e não lá.

– Vamos voltar um dia, Edmundo, basta ter fé. - disse Lena, tentando acreditar em suas próprias palavras.

– Fé nem sempre resolve as coisas. - disse Edmundo tristemente. - Eu daria qualquer coisa para poder voltar.

– Era uma vez órfãos desocupados - ouviram a voz irritante do primo e viraram-se para a porta -, que acreditavam em Nárnia e contos de livros empoeirados.

Edmundo bufou furiosamente. Uma coisa era mexer com a condição dos três estarem presos ali na Inglaterra, outra coisa era mexer com a condição de órfã de Lena.

– Agora você apanha... - Edmundo ia furiosamente até o primo, mas Lúcia segurou seu braço.

– Não, Eddie, está tudo bem! - Lena pediu, mesmo que lhe doesse que, mesmo Eustáquio sendo quem era, usava sua condição contra si.

– Não está tudo bem, Lena, é sempre assim! Não tem que aguentar as bobagens que ele fala. - Edmundo disse a ela, e então se voltou furioso para o primo. - Não saber bater?!

– A casa é minha. Entro onde eu quiser. São só convidados. - Eustáquio disse convencidamente, mas tinha medo de apanhar do moreno. Ele adentrou o quarto e se sentou na cama. - O que há de tão fascinante nessa pintura? É horrorosa!

– Não dá pra ver do outro lado da porta. - Edmundo disse sarcasticamente, mas sem lhe dirigir o olhar.

– Edmundo, parece que água está se mexendo. - disse Lúcia, ignorando o primo e admirando o quadro com o irmão.

– Quanta bobagem, viu?! - disse Eustáquio, sem se importar que a fala não lhe fosse dirigida diretamente. - É nisso que dá ficar lendo esses romances imaginários e contos de fadas.

– Era uma vez Eustáquio, o chato. Só lia livros inúteis, de fato. - contra-atacou Edmundo, arrancando uma risada discreta de Lena.

Irritado, Eustáquio tentou argumentar.

– Gente que lê contos de fadas viram sempre um fardo horroroso para gente culta como eu, que lê livros com informações reais.

Edmundo, que já não sentia mais a paciência que mantinha com o primo durante todos aqueles meses, virou-se irritado.

– Ih, lá vai. - resmungou Lena para si mesma, vendo o humor do namorado mudando completamente.

– Fardo horroroso? Eu não vi você mexer uma palha desde que nós chegamos.

Eustáquio se levantou assustado e tentou fugir, mas Edmundo era mais velho, mais alto, mais rápido e mais forte, e conseguiu bater a porta antes que o primo corresse.

– Eu devia era contar pro seu pai que foi você que roubou os doces da tia Alberta. - o moreno continuou.

– Mentira!

– Ah, será?!

– Edmundo, a pintura! - Lúcia tentou chamar a atenção do irmão.

Lena virou-se para Lúcia, perguntando-se o que ela queria dizer com a pintura. Sentiu o ventou balançando seus cabelos e alguns pingos de água salgada banhando seu rosto e mais uma vez teve a impressão de que o barco se mexia de acordo com as ondas do mar. Viu uma fina linha de água escorrendo pelo quadro, e soube que não estava ficando louca.

– Edmundo... - sussurrou a mais velha, procurando chamar a atenção do namorado de alguma forma.

– Eu achei eles debaixo da sua cama, e sabe o que eu fiz? Eu lambi um por um! - Edmundo continuou, absorto demais em descontar os meses de sofrimento para reparar no que as meninas falavam.

– Urgh, eu fui infectado por você! - gemeu Eustáquio.

– Edmundo! - Lena tentou mais uma vez chamar a atenção do namorado, sem tirar seus olhos do quadro.

Um espirro de água saiu do quadro e molhou Eustáquio. Isso chamou a atenção dos garotos para fora da briga e Edmundo rapidamente olhou assombrado e esperançoso para o quadro.

– O que é isso aí? - Eustáquio perguntou assustado.

– Será que...

– Só pode ser um truque. - Eustáquio disse rapidamente, procurando uma razão lógica para a água que escapava pela moldura. - Pára, senão vou contar pra mamãe! - ele ameaçou, se aproximando da porta. - Mamãe!

Agora a água saía aos jorros e, no auge de seu desespero, Eustáquio correu até o quadro e o arrancou da parede.

– Eu vou pisar nesse quadro mofado!

Esperaram tempo demais por algum sinal de sua volta a Nárnia, e não seria uma simples birra de garoto mimado e tiraria a oportunidade deles. Então, entre "nãos" e "para", Edmundo, Lena e Lúcia fizeram o possível para impedir o primo e estragar o quadro. A água jorrava em seus rostos e Eustáquio, vencido pelo cansaço, soltou o quadro no chão, que já estava banhado de água. Poucos segundos depois, e já não sentiam o chão sobre seus pés. Móveis se espalhavam pela água, que subia o nível cada vez mais. Edmundo, Lena, Lúcia e Eustáquio nadaram para cima, procurando algum jeito de respirar. De repente, o quarto sumiu e só havia a luz ali no alto.


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