Final Destination - Risk Of Death escrita por Paul Oliver


Capítulo 10
Titânio


Notas iniciais do capítulo

Ei, pessoal! :)
Voltei desse looooongo hiatus que acabei colocando a fic. Obviamente não planejei ficar tanto tempo sem atualizá-la assim. O final do ano passado foi bem corrido... Último ano na escola, formatura, assuntos pessoais entre outras coisas. Enfim, coisas que alguns de vocês já passaram e outros ainda vão passar. Sei que é chato, mas foi o que aconteceu.
Nas notas finais do capítulo darei mais detalhes sobre os próximos caps. Mas façam o favor de não ver antes de ler todo o cap, hein. Vai ter spoiler, cara.
E sobre esse cap em especial, demorei para postá-lo (já faz algumas semanas que ele está escrito) pois estava revendo algumas coisas e pans. Tudo para entregar um capítulo decente, né? XD
Recapitulando... Aconteceu o acidente no acampamento de Louise e Oliver pouquíssimas horas antes da 1° cena desse cap, à partir dae acho que dá pra entender tudo. XDDD

Tenham um ótima leitura!



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Angel caminhava pelos corredores do Hospital do Centro, vestindo seu típico uniforme branco. Este era muito parecido com o seu antigo uniforme do St. Mary. Metaforicamente era apenas o uniforme, pois sem dúvidas todo o ambiente de trabalho e colegas do seu novo emprego, era muito diferente do antigo. Angel já se acostumava com toda a correria do novo hospital. E isso mesmo pegando o turno da madrugada, que era levemente mais tranquilo.

A loira avistou a porta do quarto onde Shaniqua estava. Ela sabia que não poderia visitar a amiga no meio de seu turno, mas precisava contar as novidades. Entrou no quarto, e então acabou percebendo que pela hora, Shaniqua deveria estar dormindo. Mas para sua surpresa, a negra estava acordada, sentada no sofá dos acompanhantes lendo um livro sob a luz do abajur. A negra percebeu a presença de alguém no quarto, e quase soltou um grito de susto. Mas por sorte, percebeu que era alguém conhecido.

— Ai, Angel! Quer me matar de susto, sua vaca! — Shani levantou do sofá e colocou a mão sobre o peito. — Quase que eu dou um grito mais alto do que o que a Aguilera dá no começo de Ain´t No Othe Man!

Angel riu e se desculpou enquanto abraçava Shaniqua.

A negra então sorriu.

— Eu não estou conseguindo dormir, amiga! Eu estou tão ansiosa, amanhã eu vou finalmente voltar a minha vida normal. Depois de todos esses meses aqui, eu não tô acreditando ainda!

Ambas se sentaram na cama, e Angel ficou em silêncio admirando o semblante de felicidade no rosto da amiga. Sentia-se tão feliz por ela, era como se sentisse exatamente o que Shaniqua sentindo.

— Eu estou tão feliz por você, Shani! Eu também nem acredito que a partir de amanhã a gente vai poder voltar a vadiar pela cidade juntas!

Shaniqua bateu algumas palminhas em sinal de comemoração enquanto gritava baixinho. Angel rindo, fez sinal pra ela se acalmar.

— Eu estou no meu turno, amiga. Não posso chamar atenção! — Disse sussurrando, mas Shani deu com os ombros.

— Desculpe gata... Mas enfim... Você nem imagina quem veio aqui hoje, você não vai acreditar!

— Quem veio?

Shaniqua foi rápida na resposta.

— O Wen!

Angel não ficou surpresa e nem expressou nenhuma reação. Shani não entendeu a falta de reação da loira.

— Aquele que também se salvou do acidente no St. Mary... O cadeirante! — Shaniqua insistiu.

Angel desviou o olhar para o chão e bufou.

— Aquele que você me disse que salvou no estacionamento meses atrás!

— Shaniqua, eu sei quem é ele! Eu sei!

A negra ficou ainda mais confusa.

— Ué? Mas... Não entendi esse seu desdém pra essa notícia. E eu nem te contei o resto! Ele está...

— Andando. — Angel rapidamente completou a frase, e antes de Shaniqua perguntar ela se explicou. — Eu encontrei com ele. Quando estava vindo trabalhar... Parece que ele está morando no mesmo prédio que eu.

Shaniqua não precisou se esforçar muito para entender que não fora um encontro amigável.

— Mas o quê houve nesse encontro? Deve ter sido ruim... Você parece que não gostou de lembrar.

— Não foi bom. — Angel passou a mão sobre seus cabelos loiros. — Nós discutimos e eu acabei até dando um tapa na cara dele.

— Eu também... — Shaniqua disse enquanto levantava da cama e se aproximava da mesinha próxima a ela.

— Você também bateu nele, Shani?

— Não! Claro que não! Eu quis dizer que também discuti com ele... Bem, mais ou menos.

— Mas por quê? E... Porque ele veio até aqui te ver, afinal? Vocês não eram tão próximos assim. — Angel seguia a negra com o olhar, enquanto esta pegava um copo de água na jarra em cima da mesinha, e então tomou o primeiro gole.

— Ele se declarou pra mim, disse que sempre gostou de mim e... Bom, eu meio que tive que dar um fora nele. E ele não reagiu bem.

Angel tentava assimilar as informações, e então deu sua opinião.

— Você fez muito bem em dar um fora nele. Ele é uma pessoa ruim, quando eu olho pra ele eu sinto uma energia ruim... É como se ele fosse um prisma, sabe? Mas que reflete só coisas ruins... Como se não pudesse emitir nada bom.

Shaniqua tomou mais um gole de sua água e se sentou na cama novamente.

— O pior... É que eu não consigo discordar desse seu pensamento. Talvez seja por isso que eu não sinta a mesma coisa por ele. — Olhou para a amiga. — Mas eu ainda me sinto mal! Ele saiu daqui tão cabisbaixo, Angel!

— Shani, você não é obrigada a amar uma pessoa só porque essa pessoa ama você! Não é assim que o amor funciona.

Angel fez uma pausa, e de repente sentiu um nó no peito. Será que ela própria sabia como é amar alguém? Nunca havia feito essa pergunta a si mesma. Sempre tivera namorados, nunca havia ficado muito tempo sem ficar com alguém. Mas não se lembrara de um amor devastador, apenas eram pessoas com quem ela se identificava ou se atraia fisicamente.

Aquela era uma questão difícil.

— É Angel, nós duas nunca tivemos sorte no amor... — Shaniqua disse como se tivesse acabado de ler os pensamentos da amiga. Angel sorriu de lado.

— Mas a gente sempre vai ter uma à outra, sempre.

A negra tocou a mão da Angel. Então a loira rapidamente se lembrou de Kramer. Por um breve momento se assustou por lembrar-se da imagem dele bem quando conversava sobre amor. E antes que sua mente pudesse lhe sugerir algo, se lembrou do motivo de estar ali. Embora este também tivesse a ver com o médico.

— Shani, na verdade eu tenho que contar uma coisa... Uma coisa doida que passou pela minha mente e que agora não sai mais.

A negra começara a ficar curiosa, e arqueou uma das sobrancelhas.

— Sabe o Kramer? Bom, na verdade o nome dele é Scoot como eu disse esses dias... Bem, eu saí com ele hoje e...

Shaniqua arregalou os olhos e mais uma vez bateu palminhas enquanto deu um grito em comemoração.

— Você tá brincando? Que ótimo! Esse cara flerta com você faz um tampão! — Shaniqua não conseguia esconder a alegria pela amiga. — Mas porque você resolveu dar uma chance pra ele agora e não antes?

— Eu não sei. — Angel olhou para o chão. — Mas Shani fica calma! A gente só tomou café, não aconteceu nada de mais!

— Nem um beijo?

— Não.

Shaniqua fez uma cara de desaprovação e cruzou os braços. Angel suspirou e tentou voltar ao assunto principal.

— Nem teve clima, amiga... Bem, eu acho que vou direta a minha suspeita: Eu acho que o Kramer pode ser o tal filho da Selly. Aquele que ela deixou no orfanato após... "Usar" para escapar da lista da morte. — Fez aspas com os dedos.

Shaniqua se mostrou confusa, então Angel continuou seu pensamento.

— Ele me contou que é órfão... A idade dele bate... Olha a cidade onde ele mora... Ele é filho de uma enfermeira e olha o que ele acabou se tornando... Um médico! Daí ele aparece do nada na minha vida, justamente depois de toda aquela história. É muita coincidência, você não acha?

— Bom... Mais ou menos. — Shaniqua olhou a amiga de cima a baixo, então se aproximou dela e tocou sua mão carinhosamente. — Angel... Você não acha que talvez você tenha chagado a essa teoria, apenas porque você não quer acreditar que talvez o Kramer seja o homem da sua vida?

— Tá maluca, Shani? É claro que não, e isso não impediria um relacionamento!

— Eu sei Angel... Mas talvez você esteja com medo, e inventou essa ideia na sua cabeça pra desviar o que você realmente sente pelo... Scoot. — Fez uma pausa, se lembrando de algo.

— Viu só! Teve também essa história do nome dele que você trouxe faz alguns meses! Tudo pra te desviar desse cara! — Shaniqua tocou levemente o rosto da amiga. — Eu sei que seu último relacionamento com o Kurt, foi bastante horrível... Mas você tem que seguir em frente, eu quero ver você feliz!

Angel se levantou da cama, um tanto confusa. Seria possível que estivesse apenas inventando aquelas suspeitas para desviar o que realmente estava sentindo pelo Kramer?

— Mas Shani, eu não posso ignorar que talvez ele realmente possa ser o filho da Selly! Eu tenho que contar pra ele... Ou sei lá!

— Eu acho que você tem que ir mesmo, pra resolver isso de vez. — A negra então se levantou da cama e se aproximou de Angel. — Vai amanhã, Angel. O quanto mais rápido melhor! Daí você já tira isso da cabeça e pode viver uma linda história de amor com ele.

Shaniqua fez um coraçãozinho com as mãos.

— Mas a sua alta é amanhã, eu quero estar com você!

— Você vai estar comigo sempre. Não vai fazer diferença você vir me recepcionar amanhã. Temos a vida toda pra vadiar ainda!

Angel sorriu. — Eu realmente te amo, sua vadia! Quem mais poderia ler minha mente como você, não?

— Eu também te amo, gata! — Shani riu e então as duas ouviram algumas vozes do lado de fora do quarto, e sombras de pés embaixo da porta.

— Tenho que ir amiga, ainda tenho que arrumar umas prateleiras no depósito. Uma droga.

— Ué, você é a enfermeira ou faxineira?

— Sou novata, todo o serviço mais bobo acaba pra mim...

A loira deu um forte abraço em Shani e guiou-se até a porta. Antes de sair olhou novamente para a amiga, viu novamente seu grande sorriso e retribuiu com outro.

Então finalmente saiu do quarto.



XX-XX-XX

Um novo dia se iniciava no acampamento Florest Park Castle. O clima meteorológico estava ameno, o céu estava claro e com algumas nuvens. E uma suave brisa passava por entre as folhas das árvores. Nem parecia que na noite anterior um desastre havia acontecido ali.

Dentro de um dos chalés, Louise estava sentada na cama com seu celular em mãos. Já havia tentado ligar para Angel e Shaniqua diversas vezes, mas da área da floresta em que o parque se encontrava não tinha quase sinal algum. Desistira das ligações, e então passou a ver uma das fotos da sua galeria no aparelho. Na imagem, Louise tinha apenas seis anos de idade, usava óculos e seu cabelo era cheio de cachos num tom castanho claro. Ela estava sentada no colo de sua mãe, ambas sorriam e pareciam estar muito felizes. Louise enxugou algumas lágrimas que escorriam de sua face. Estava atordoada e completamente perdida com seus sentimentos. Embora sem entender o porquê, tinha duas certezas: Havia tido uma premonição do acidente com helicóptero, exatamente igual a que Carl tivera do acidente do St. Mary. E a outra certeza era ainda mais aterrorizante: A lista ainda estava em aberto.

Olhou novamente para a foto e a imagem de Rosie. Podia parecer um pensamento meio egoísta, mas Louise não queria estar com sua mãe novamente. Queria continuar vivendo, era jovem, poderia estudar e se tornar uma grande jornalista. Casar futuramente, ter filhos... Eu não quero morrer. Como se eu tivesse escolha...Como se alguém tivesse escolha.

Oliver entrou pela porta da cabana, avistou Louise sentada na beirada da cama com os olhos marejados. Foi até ela e deu-lhe um forte abraço e um carinhoso beijo. Sentou-se ao seu lado, e ali ficaram por demorados seis segundos em completo silêncio.

— Você sabe se ouve muitos feridos, Oliver?

— Não muitos, mas o que foram estão em estado grave.

Louise engoliu em seco.

— Na minha visão, eu me lembro que algumas pessoas morreram além de... Nós.

Oliver suspirou e assentiu com a cabeça. — Teve alguns alunos que morreram, Louise. É uma pena isso estar acontecendo de novo.

A francesa se levantou da cama abruptamente. Um pequeno flashback passou por sua cabeça. Estava de volta a madrugada passada na clareira da floresta. Lembrou-se de um casal de jovens que se sentariam no mesmo lugar, no grande tronco por volta da fogueira, em que ela e Oliver estavam. Mas se nós saímos do local, então eles se sentaram nos nossos lugares, e... Louise se lembrou de que segundos após a visão, quando estava nos braços de Oliver fugindo do local, pode jurar que vira o casal. A jovem ruiva e o cara negro, morreram no mesmo lugar em que Oliver e ela morreriam, da mesma maneira.

Louise sentiu sua vista ficar turva, quase desmaiara. Era demais para ela pensar que talvez, pessoas estivessem morrido no lugar deles, pessoas que de nada tinham a ver com todo aquele pesadelo. Oliver correu apoiar a namorada, ao perceber que ela quase desmaiara. Ainda sem entender, o rapaz guiou Louise até a cama e se apressou a pegar um copo de água para ela.

— O que houve, amor?

Ainda meio tonta, Louise gritava toda a história do casal para Oliver. Gritava. Estava totalmente sem controle, aquilo era cruel demais para ser verdade. O rapaz tentava conter a francesa, mas Louise ainda soluçava incrédula com o ato, que mesmo que sem intenção, cometera. Oliver colocou a cabeça dela sobre seu peito para consolá-la, enquanto ele mesmo tentava digerir tudo aquilo. Então o suicídio do meu pai não deteve a lista, ele apenas morreu na mesma hora que deveria morrer... E a lista continuou, e era pra mim e pra Louise ter morrido ontem, mas ela teve a visão e esse outro casal morreu no nosso lugar?

A expressão no rosto do rapaz era de pavor, ódio, medo e bizarramente... Alívio. Por um momento Oliver pensou que talvez ele e Louise pudesse estar salvos da lista, já que outra pessoas tomaram seus lugares. Mas será que realmente estavam livres? Oliver resolvera poupar esse diálogo com Louise naquele momento, a garota ainda soluçava e chorava sem parar, como se fosse ela mesma que havia retirado a vida do pobre casal.

No meio daquele momento, Kiara entrou na cabana sem nem sequer bater na porta. Viu o dois ali sentados, e ficou um pouco sem graça.

— De-desculpe, eu só queria avisar que o ônibus que vai vir buscar os alunos vai demorar ainda mais para chegar. Parece que a pista está congestionada e a prioridade é levar os alunos feridos.

Louise se desvencilhou de Oliver e levantou da cama, forçou um sorriso para Kiara enquanto disfarçava as lágrimas e guiou-se para o banheiro da cabana. A garota de cabelos rosa ficou encarando Oliver por mais alguns segundos.

— Valeu por avisar Kiara. Er... Eu realmente estou muito feliz de você estar bem. — Oliver se aproximou da moça e sorriu, então meio sem graça fez o que achava que era melhor no momento. — Eu não quero ser rude, mas você pode nos dar licença? Err... A Louise passou por tanta coisa nos últimos meses, nós dois na verdade, é difícil ter de lidar com isso.

— Com a morte?

Oliver por um momento se arrepiou com a pergunta de Kiara. Mas tratou de responder rapidamente, enquanto ela continuava a olhá-lo fixamente com seus brilhantes olhos negros.

— S-sim. É sempre um assunto triste, não?

— É. Eu conhecia aquela garota ruiva que morreu ontem... A gente erámos muito, muito, muito, muito... Próximas. Se é que me entende.

Oliver assentiu e entendeu o que Kiara quis dizer, mas não perguntaria nada do que estava pensando naquele momento. Namorou Kiara e a conhecia ligeiramente, mas não eram íntimos e aquele não era o momento.

Kiara o abraçou rapidamente, Oliver arregalou os olhos surpreso.

— A gente se vê mais tarde, Oliver. Dá um abraço na Louise.

Antes que Kiara saísse e fechasse a porta da cabana, Oliver correu até ela e rapidamente perguntou:

— Por acaso você ouviu... — Oliver fez uma pausa, enquanto Kiara o encarava. — Ouviu esse barulho de carro?

— Não. — Kiara fez um careta sem entender a pergunta.

— Ah, ok. Acho que eu estou um pouco fora de mim. — Oliver riu, e então Kiara se afastou da cabana e Oliver mudou a expressão na face. Ainda estava em dúvida.

Será que ela ouviu alguma coisa da minha conversa com a Louise?



XX-XX-XX

Wen estava sentado no chão do box do banheiro de seu novo apartamento. Por muito tempo de sua vida ele apenas tomava banho assim, sentado. Como não podia andar ele usava uma cadeira para tomar banho. Ás vezes sozinho e outras com a ajuda do irmão. De alguma forma ficar sentado daquela maneira o ajudava a ficar mais tranquilo. Com os olhos bem fechados, tentava espairecer sua mente. A declaração de amor que havia feito para Shaniqua, não causara o resultado que ela achou que causaria. Ele estava andando agora, não era mais um aleijado... Mas por que ela ainda não sentia nada por ele?

Por que as pessoas não gostam de mim? Eu não sou uma pessoa má, não sou.

O ex-cadeirante colocou um roupão e guiou-se até seu quarto. Esse novo apartamento era bem menor que o antigo que dividia com seu irmão, embora muito bem decorado. Para Wen estava melhor assim. Não queria se sentir ainda mais solitário num enorme apartamento. Enquanto se enxugava, Wen separava algumas camisas que usaria para sair dali a pouco. Iria recepcionar Shaniqua na sua alta.

Eu não vou desistir fácil. Ela vai ter que me dar uma chance, eu sei que ela vai dar. Ainda mais que ela está com aquela cicatriz no rosto, não vai achar ninguém que queira ficar com ela, daí vai correr pra mim... Eu si[pu capaz de tudo, até ficar amigo da Angel. Wen deu uma risada com o fato de um dia se dar bem com Angel. Eles simplesmente não batiam, pareciam ser tão parecidos que simplesmente não aguentavam ficar mais que dois segundos juntos.

Escolheu uma das camisas sobe a cama, e guardou as outras de volta no guarda-roupas. Wen acabou escolhendo uma camiseta polo branca com três grandes listas pretas, uma na gola, outra no meio da camisa e outra na parte inferior. Havia ganhado ela de presente de aniversário de Phil um ano antes, na época odiara a distribuição das listas na camisa e até havia falado isso na cara do irmão, prometendo que nunca ia usar. Mas agora, via ela com outros olhos. Estava decidido, não só com a ideia de usar a camisa, mas também de lutar pelo amor de Shaniqua.



XX-XX-XX

O barulho da campainha fez Kramer despertar do sofá da sala de seu flat. Ainda usava seu pijama composto por um shorts curto azul e uma camiseta regata branca, todos de um tecido que parecia muito confortável. Ajeitou os cabelos e foi daquela maneira mesmo atender a porta, em sua cabeça seria o entregador de jornal do prédio querendo cobrar algum jornal que se esquecera de pagar. Abriu a porta, e para sua surpresa não era o tal entregador.

— Angel? Que... Surpresa!

— Agradável, eu espero. — A loira usava uma bela jaqueta cinza escura com detalhes brancos nas mangas e uma calça skinny preta, além de seus já habituais, acessórios dark. Após os cumprimentos, Kramer a chamou para se sentar no sofá enquanto ia à cozinha pegar uma água. Nos breves segundos que Angel ficou sozinha não pôde deixar de notar a zona que era o apartamento de Kramer.

Sorriu.

Até nisso os dois tinham em comum.

— Aqui está Angel. — O médico colocou os copos sobre a mesinha de centro e se sentou ao lado da loira. Angel não pode deixar de fitar as pernas do homem, que agora estavam bastante amostra em razão ao shorts. Kramer percebeu rapidamente.

— É, realmente eu não sabia que receberia sua visita agora... Se isso te incomoda eu posso colocar outra roupa.

— Não, Kramer... Você é lindo!

Angel colocou a mão sobre o rosto do médico, e olhou profundamente para seus olhos castanhos. — Eu gosto de olhar pra você, pro seu corpo. Pra sua boca...

Angel decidiu-se entregar de vez aos seus sentimentos. Se deixando levar pela situação, esquecendo totalmente o motivo principal de estar ali... E então o beijou. Sentiu como se aquele beijo fora a melhor sensação que tivera em toda a sua vida, e o médico se deixou levar pela atitude da loira, a atitude que queria ter tido há meses. Enquanto ainda se beijavam com toda a intensidade, Kramer tirava as peças de roupa de Angel aos poucos... A jaqueta, a camiseta, e enfim o sutiã. Angel também retirou a regata de Kramer em uma só tentativa, enquanto ele mesmo abaixava seus shorts. E então ela rapidamente tirou sua calça skinny e jogou-a num canto do apartamento, pulou no colo do médico fazendo com que seus seios se tocassem no peitoral dele. Foram então para o quarto de Kramer e ele soltou Angel sobre sua grande cama de casal, e foi de encontro aos seus lábios novamente. Ela gemia alto enquanto ele fazia os movimentos, estavam em esctasy.

Era como se tivessem esperado a vida toda por esse momento.



XX-XX-XX

Oliver terminava de fechar a última mala de Louise, e colocou junto às outras. Em um breve momento sentiu uma sensação de dejá-vu, e então se lembrou de que fizera o mesmo do dia anterior em sua casa. Ainda era muito difícil entender que o pesadelo não havia acabado e que a morte apenas fizera uma pausa. Uma pausa? Uma droga de uma pausa! Pra que? A gente já não sofreu o suficiente?!

— Maldita!

Oliver jogou uma das malas contra a parede, ela rapidamente se abriu e caiu todas as roupas de seu interior. Uma delas era uma camiseta com a estampa de um mágico, que caiu sobre os pés de Louise que saía do banheiro.

— Oliver se acalma... Não vai adiantar nada.

O rapaz estava totalmente vermelho, parecia que somente agora a ficha estava caindo. Somente agora ele havia se tocado que os meses que viveram em paz, eram uma mentira.

— Por que essa pausa?! Será que ficou sem ideias, hein?! — Oliver gritava olhando para o alto. — Ou ficou com preguiçinha mesmo?!

Louise olhava incrédula para o namorado, jamais vira ele daquela maneira. Era notório que assim como ela, ele estava apenas expondo seu medo. Só que de uma forma diferente dela, não chorando. Ainda assim, aquilo a assustava.

— Porque você não me mata agora, hein Dona Morte? Faz um helicóptero cair na cabana, faz! Não é assim que funciona?!

— Oliver, você está me assustando. — Louise se encostou na parede acuada, o rapaz nem notara a fala da garota.

— Ah, esqueci que tem a listinha... Me desculpe. De tão fodona que você é, ainda precisa da ordem para matar?! Me mata agora, seja quem for você! Vai! Agora!

Louise caiu no chão de joelhos, ainda muito assustada. Então começou a chorar novamente, Oliver se aproximou ainda com os olhos cheios de fúria e sentou-se ao lado dela.

— Eu só quero que isso acabe. Só isso. Se for pra morrer que seja rápido... — Louise virou para Oliver. — Eu só não quero sentir dor.

Louise colocou a cabeça sobre o peito do namorado. Oliver não aguentou ouvir aquilo e se entregou as lágrimas que vieram com a velocidade de um raio em sua face. O real medo de Louise muito verdadeiro. Então parou para pensar e percebeu que quando se fala em morte a primeira coisa que vem na mente da maioria das pessoas, é um acidente. A dor. Será que doí morrer? Será que depois que a gente morre... Continua doendo?

O rapaz passou as mãos sobre os cabelos de Louise, enquanto ela ainda chorava. Louise ainda estava bem temperamental e isso com toda a razão do mundo. Oliver novamente pensou em contar sobre a teoria de o casal ter morrido no lugar deles, mas não contou. Aquela teoria não fazia parte das que Angel contara, quando leu o diário de Selly. Além de preferiu poupar Louise de outra falsa felicidade. Os meses que passaram pensando estarem salvos após o suicido de seu pai, haviam sido o suficiente.

Então Oliver olhou despreocupadamente para o chão e olhou a camiseta com a estampa do mágico, os olhos vermelhos da figura o encaravam de uma forma assustadora. Sua mente fez um click, o fazendo se apavorar completamente.

— Meu Deus! Onde eu estava com a minha cabeça!

Louise se assustou. — O quê?

— A gente tem que ligar pra Angel ou pra Shaniqua! Agora!

— Não tem sinal, Oliver. Eu já tentei.

— Não podemos esperar nenhum segundo a mais. A lista vai continuar depois da nossa vez! Qualquer deslize e alguém morre!

— O ônibus vai demorar pra chegar, o celular não tem sinal... — Louise colocou a mão sobre os cabelos e fechou os olhos se lembrando da imagem de Angel e Shaniqua. — A gente não pode fazer nada... Nada!

Oliver envolveu a amada em mais um abraço. Aquilo era desesperador, cada vez se sentiam como um peça de um jogo. Um jogo que eles estavam perdendo.



XX-XX-XX

Eram quase duas horas da tarde, e o Sol estava intenso nas ruas da cidade. Angel caminhava pelas ruas com um grande sorriso no rosto. Não apenas por ter finalmente se entregado aos sentimentos que tinha por Kramer, mas também por poder colocar um final na última coisa que ainda a ligava com toda a história da lista: A suspeita do filho de Selly.

Antes de deixar o apartamento de Kramer após terem feito sexo, ele e Angel tiveram uma breve conversa. A loira foi direta contando sua dúvida, mas logo foi interrompida pelo médico. Kramer contou que já conhecera sua mãe biológica anos após ela ter o deixado num orfanato, explicou que não tinha muito contato com ela, mas que já a conhecia, já havia feito testes de DNA e etc. Angel ficou surpresa com a história, e pôde ter certeza que Kramer não era o filho de Selly. Ainda caminhando por entre as ruas, Angel parou para pensar por um instante. Será que o filho perdido de Selly estaria vivo? Será que ele procura a sua mãe verdadeira? Angel sacudiu a cabeça, por mais que amasse Selly e ficasse feliz em ajudar os outros, de que adiantaria essa pessoa descobrir a identidade da mãe agora? Selly estava morta, de nada adiantaria.

A loira sorria enquanto admirava a paisagem das ruas. Estava a duas quadras de chegar ao Hospital do Centro, onde finalmente Shaniqua receberia sua alta. Angel não podia conter a sua felicidade, tudo finalmente estava bem agora. A amiga ter alta do hospital era a única coisa que faltava para tudo ficar perfeito, agora Angel poderia voltar a sua vida de antes do acidente do St. Mary. Obviamente nada seria como antes, perdera pessoas importantes como Carl e Selly, mas em compensação ganhara outras pessoas maravilhosas como Oliver, Louise e Kramer. Pessoas que jamais encontraria se não fosse o destino. O mesmo destino que lhe tirou coisas boas, colocou outras. Parecia o certo.

Olhou para a entrada do hospital ainda de longe, com certo esforço conseguiu avistar Shaniqua parada em frente a grande portaria do local. Ela admirava a rua e o céu, já que fazia muito tempo que não sentia aquela liberdade. Angel parou de andar e a olhou carinhosamente. Tudo pode não ser como antes mais... Mas com a Shani do meu lado, eu vou ficar bem. Ela não imagina quanta força me dá.

— Angel?

Wen se aproximou da loira, que logo fez uma expressão fria para com ele. Ambos estavam parados perto de uma banca de jornais e revista, onde o dono escutava alguma coisa em seu antigo rádio de pilhas. O aparelho parecia não funcionar, apenas emitia ruídos sem sintonizar em estação alguma. Perto dele tinha alguns cd's empilhados, um deles estava bem amostra. Era de uma cantor que Angel não conseguiu reconhecer, só conseguiu ler o título do álbum: Nothing But The Beat.

— Veio ver a Shaniqua, né? Você não sabe mesmo o quanto é inconveniente, hein Wen? — Angel virou-se para falar com o ex-cadeirante, este a olhava com desdém.

— Você que me salvou Angel, não lembra? Se eu estou aqui, andando e tudo... É graças a você. Como é a palavra mesmo... Ah, sim: Obrigado.

Angel fechou o semblante, e antes que pudesse falar alguma coisa. Sentiu como se alguém apertasse seu coração com toda a força possível, pendeu para frente e Wen a amparou antes que caísse.

— O que houve?

A loira ainda tonta, se deixou guiar pelos ruídos do rádio do dono da banca de jornais, foi quanto uma estação finalmente sintonizou:

—Acaba de ser divulgado pela polícia local, um terrível acidente no acampamento Florest Park Castle, perto das montanhas. David Urban, o último fugitivo da rebelião da prisão de Starlike, pilotava um helicóptero em mais um das suas fugas da polícia. Foi quando infelizmente a aeronave caiu nas montanhas, mais precisamente no Florest Park Castle. Havia dezenas de jovens acampando no local, era o passeio de formatura das duas maiores escolas particulares da região. A última atualização da polícia é de que 28 jovens foram feridos gravemente e 7 morreram...

Angel sentiu seu chão desabar, se desvencilhou de Wen rapidamente, este ainda estava totalmente confuso a situação.

— David Urban? Acampamento? Meu Deus... A Louise, o Oliver...

A loira sussurrava as palavras, não conseguia entender absolutamente nada daquilo. Olhou para o longe e avistou Shaniqua ainda distante, na entrada do Hospital do Centro. Angel não soube por que, mas por impulso gritou pelo nome da amiga.

— Shaniqua!

A negra estava totalmente alheia de tudo ao seu redor, mexendo em seu celular com os fones de ouvido que estavam no volume máximo, tocando uma música:

You shout it loud

But I can't hear a word you say

I'm talking loud not saying much

I'm criticized but all your bullets ricochet

You shoot me down, but I get up...

[...]

— Essa música me persegue! Mas eu a a-m-o! — A negra disse pausadamente. Estava radiante de felicidade por finalmente ter tido alta, se sentia mais viva do que nunca. Colocou o celular no bolso da sua jaqueta e iria sair dali, mas sentiu o telefone vibrar então o pegou novamente e parou de andar. Devido ao volume da música, não podia ouvir absolutamente som nenhum ao seu redor.

Ainda de longe, Angel olhou para cima no alto do prédio do hospital. Foi quando viu uma das janelas se quebrar e algo começar a sair dela: Uma prateleira com algumas placas de metal estavam prestes a caírem do alto do prédio, em direção à calçada. A loira colocou a mão sobre a boca, Wen percebera também, e ambos se olharam com a total certeza do que iria acontecer. Angel ainda gritava o nome da Shaniqua, enquanto ela e Wen corriam até ela.

You shoot me down but I won't fall

I am titanium

You shoot me down but I won't fall

I am titanium

[...]

Shani leu a mensagem de texto, era apenas mais uma daquelas mensagens de agentes bancários oferecendo seguros de vida e etc. A negra então voltou a se concentrar na canção que tocava em seu fone. Então tocou levemente seu maxilar... Agora eu sou definitivamente de titânio.

Sorriu.

A placa de metal caiu com toda a força, exatamente no pescoço de Shaniqua. Sua cabeça foi arremessada no meio da rua, fazendo com que o fone de ouvido se desconectasse de seu celular e fosse parar no meio do tráfego, enrolado a cabeça. Então outra placa caiu, cortando exatamente a área debaixo dos seios de negra, fazendo com que essa parte caísse no asfalto. Quase que no mesmo segundo uma terceira placa de metal dividiu o resto do tronco da garota em dois, atingindo sua cintura. Levou rápidos segundos para que as pernas de Shaniqua caíssem no chão se juntando ao resto de seu corpo.

Wen e Angel finalmente chegaram ao local, mas somente a ponto de ver as tripas de Shaniqua caídas no asfalto em meio a muito sangue e órgãos expostos. As pessoas gritavam em volta deles, Wen estático olhou para a rua e viu a cabeça de Shaniqua ainda com o fone de ouvido, ela ainda estava sorrindo. Desviou o olhar rapidamente, então viu os restos do corpo da negra, sentiu um embrulho no estômago, e então vomitou.

Angel continuava parada olhando fixamente para uma das placas de metal no chão. Caiu de joelhos no asfalto. As reconheceria de qualquer lugar que as visse.



XX-XX-XX

Na madrugada anterior...

Com uma prancheta em mãos, Angel andava num nos depósitos do Hospital do Centro, este ficava em um dos andares mais altos do prédio. Nele ficavam diversas ferramentas que eram usadas em cirurgias e alguns tratamentos. Após encerrar a conversa com Shaniqua, Angel havia passado praticamente todo o seu turno arrumando algumas prateleiras e checando quantas caixas de tais ferramentas faltavam.

Ainda andando por entre as prateleiras, continuava marcando algumas anotações em sua prancheta. Angel olhou pro seu relógio de pulso. Bufou.

— Odeio fazer esse tipo de trabalho, qualé? Eu sou tão enfermeira quantos vocês! — Angel se referia ao fato de ser novata e os trabalhos mais bobos ficarem para ela fazer. Suspirou. Não podia fazer nenhum barraco, tinha aguentar aquilo senão perderia o emprego. A política de funcionários nesse hospital era bem mais rígida que no St. Mary.

A loira ficou feliz por ver as horas em seu relógio. O Sol já estava se pondo e seu turno logo acabaria. Porém, ainda tinha uma das prateleiras que deveria ser checada, Angel se aproximou dela e viu que tinha apenas três placas de metal ali, placas de titânio. A loira sabia que esse tipo de metal era usado para tratamentos medicinais como próteses, pois não era rejeitado pelo organismo humano se tornando uma espécie de novo osso. Exatamente o que fora usado no tratamento no maxilar de Shaniqua.

Angel lembrou que se alertasse que as placas daquela prateleira estavam acabando, teria, além de anotar em seu bloco, retirá-las dali com a ajuda de alguém. Isso tomaria algum tempo. Angel ainda tinha que voltar em seu apartamento descansar, depois ir ter uma conversa definitiva com Kramer para resolver a questão de Selly e recepcionar Shaniqua à tarde, na sua alta. Então resolveu arrastar a prateleira para um canto do depósito, perto de uma grande janela, onde devido a outras dezenas de prateleiras em volta dali, ninguém a acharia. E então ela poderia resolver isso em outro dia.

A loira saiu do depósito e fechou a porta. Pensou ter ouvido um ruído de algo, mas então pensou ser coisa da sua cabeça. Estava cansada, teria um dia longo e cansativo...

Só não imaginava o quanto.














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Notas finais do capítulo

Bom, gente.

Sim... Shaniqua morreu. :( Sei que era uma personagem querida (eu mesmo a adoro), mas sempre esteve nos meus planos ela morrer exatamente nesse capítulo. Juro que até tentei fazer um final com ela viva, mas não rolou. Sobre todo o lance do "titânio" no maxilar de Shaniqua, JURO que não havia pensado nisso ao escolher a música do David Guetta como sinal no acidente inicial e tal. Só sabia que Shaniqua iria sofrer um acidente de carro e morreria assim que recebesse sua alta, mas dae tive essa ideia quando escrevi o acidente de carro com ela, Kurt e Dora. E sei lá, curti bastante! o/
E falando do final... Então, a fic entra nos últimos caps! O próximo é o penúltimo capítulo, vocês não perder por espiar... Não pera, desculpe tava vendo BBB...
Mas então. Fiquei contente com o final que criei, pois é exatamente o primeiro que pensei quando bolei a trama doida de toda a fic. Então quase nada foi mudado.
E pois é, ficamos então com Angel, Wen, Oliver e Louise, veremos no que vai dar. ^^
Não darei previsão do cap 11, mas posso falar que boa parte dele já está escrito.
Bem, fico feliz que tenha lido! Espero que tenham gostado, e qualquer coisa fala pra ali pra mim.

Abs e até breve! :D